sábado, 7 de dezembro de 2013
Cidades
No Mundial do próximo ano Portugal joga em Salvador, Manaus e Brasília. Conheço Manaus, Salvador e em Brasilia apenas fiz uma paragem de duas horas, num voo, mas sem sair do avião. Isto em 1995, já lá vão quase 20 anos. Nos tempos em que estava em condições de viajar, coisa que agora está longe dos meus horizontes. De Salvador recordo uma cidade emocionante, um verdadeiro retábulo onde se mistura o melhor do Brasil e de Portugal, onde a cultura negra e branca floriram numa cultura própria, onde a religião cristã se transformou nos terreiros de orixás. Uma cidade onde se recorda a velha Lisboa, as cores são tão nossas que nos fazem rever uma Lisboa que já desapareceu, ou se calhar só existiu na nossa imaginação. Manaus marca para mim a exuberancia do verde. Mas sem encanto. Na altura, à noite milhares de baratas saiam à rua, os esgotos tinham as tampas abertas, e uma humidade suja estava por todo o lado, e em todo o lado se sentia a presença do Amazonas, e a cidade parecia um enorme estaleiro onde por todo o lado se viam passeios esventrados, ruas esburacadas, lojas de pechibeque, electrodomésticos, electrónica, que derivavam de ser zona franca e os brasileiros terem o hábito de lá ir fazer compras desse material, que depois era amontoadao em aviões cheios de caixotes. Duas realidades bem diferentes, da emoção de Salvador, que nos toca bem fundo, a uma Manaus desprezível e cheia de lixo e baratas. Mas isto foi há quase 20 anos, hoje será talvez muito diferente, assim espero.
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