quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Nuvens

Olhei pela janela e a forma do horizonte fez-me recordar um filme que vi chamado "Nuvens Passageiras", em 1996, e o qual seguramente nenhum dos meus hipotéticos leitores ocasionais viram. Era um filme finlandês de Aki Kaurismaki. Um filme muito triste, a preto e branco, que na altura não entendi, de um casal em que o marido, condutor no Metro foi despedido, e a mulher, chefe de mesa num restaurante, ficou sem emprego por encerramento do mesmo. Com  o orgulho ferido, queriam fazer pela vida e nem punham hipótese de recorrer aos apoios sociais, e assim se foram afundando, até tentarem tomar conta do restaurante encerrado e procurar recuperar os antigos clientes, o que acabaram por conseguir mas sempre com muitas "nuvens" no horizonte. O que eu não sabia em 1996 era que a Finlândia passava por uma crise idêntica á que temos hoje aqui, e é esse país que hoje exige "garantias reais" para aprovar o entretanto rejeitado programa cautelar da Irlanda, e decerto porá em Maio dificuldades ao de Portugal. As nuvens da foto são de Ourique aqui há pouco, as outras são de um país triste, como o do filme, e que passa agora pelo carreiro da mendicidade europeia, para onde foi arrastado pelos mesmos que hoje querem uma "saída limpa" e ajudado pelos políticos irrealistas e mentirosos. Mas o filme fez-me recordar que "não há bem que não acabe, nem mal que sempre dure"...  ou o contrário.

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