sábado, 11 de março de 2017
Viver dá muito trabalho
Parece uma daquelas evidências, um lugar comum do qual toda a gente se queixa, apresentando várias e diversas razões para que o dia a dia nos pareça nem sempre muito divertido, nem sempre muito sexy, nem sempre muito animado, Claro não temos as queixas da formiga pisada a qualquer momento. Não temos a queixa do carapau pequeno, apanhado, queimado e comido sem contemplações e sem aviso prévio. Não temos a queixa da lagosta cozida viva sem lhe pedir licença, isso sim vidas cansativas e perigosas. Mas a nossa não faz inveja, e nem para isso é preciso que nos cruzemos com alguns daqueles doidos islâmicos, nem com as fomes endémicas do Sudão do Sul. Aqui mesmo no meio do conforto, o cansaço assalta-nos, e o "ofício de viver" parece uma tarefa trabalhosa, quando a terra nos chama, a vida respira com dificuldade e o sofrimento toma conta de algumas das nossas horas. As horas mais dificeis em que a doença parece querer apossar-se do sopro vital, e tudo, mas mesmo tudo, se faz para a sacudir, a rejeitar, a esquecer, retirar-lhe espaço, potência, travar, procurar o caminho para lá das pedras. Viver dá muito trabalho quando as pernas te pesam, quando voltar atrás para apanhar uma meia caída no chão se torna num acto heróico, e os olhos te recusam o essencial do que te prometeram. Um momento pessimista, e o pessimismo tem de dar lugar ao optimismo, mesmo o "irritante" como agora se diz...
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