quinta-feira, 20 de setembro de 2018
Prece
Ontem as passadas levaram-me até à Praça de Londres, em Lisboa, por ali teria mais uma consulta médica do meu rol de rotinas a que o meu estado obriga. Deixei o carro no parque, subi na superfície e por ali aquele local que desperta em mim as lembranças dos meus tempos no Técnico, em que a Praça de Londres era nosso pouso ou ponto de fuga, a Mexicana, entre outros, o porto de abrigo. Passei na frente das escadarias da Igreja de S. João de Brito e senti uma enorme força que puxava para entrar. Por ali as igrejas ainda estão abertas e no interior o silêncio era total, o ar acolhedor, facilitava a introspeção. Tinha um pouco de tempo e por ali estive sentado, não sei se pedi ou agradeci, mas nós não entramos num local daqueles para exigir dádivas ou pagar promessas. Eu, que sou pouco crente nem isso ousaria, mas lembrei das coisas que vão precisar de uma mãozinha de Deus, e pedi sim, que Ele não esquecesse que tem gente que precisa do viver, tem pessoas que recebem tão pouco, e mesmo assim aceitam, pedi também porque há pessoas que precisam que Ele as ilumine nas decisões que tomam, pessoas que precisam das suas indicações, apesar do tal livre-arbítrio que tantas vezes as leva a fazer asneiras. Eu próprio, uma pessoa com tantas limitações, mas com um peso demasiado que aceitei com boa cara, quando me pedem ajuda, ou não pedem mas eu sei que ela fazia falta, não me deixe desanimar ou desistir. Outros que respeito dependem da minha capacidade ou da falta dela para viverem dignamente. É um peso que tenho de compartilhar, e cada vez tenho menos com quem o fazer, e ali pareceu me que alguém ouvia, ou seria o eco do meu pensamento ?
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