Estávamos em Novembro de 2003, data da inauguração do Museu Picasso, na sua cidade natal, Málaga. Decidimos uma visita à cidade e aproveitar para visitar o Museu recém inaugurado, com a qual a cidade pretendia homenagear o seu vulto maior. Na altura a partir do Algarve ía-se de carro, e assim foi, apesar dos cerca de 500 quilómetros que ainda separam. Uma pernoita num local esconso pelo caminho, e pela manhã já se estava na fila para comprar bilhete para entrar, A cidade encontra-se numa baixa junto ao mar e muito se tem de descer para lá chegar, após quilómetros feitos a uma altitude razoável, da qual só nos apercebemos quando temos de descer até ao nível do mar.
Conta-se que em 1953, a delegacia da cultura da cidade natal de Pablo Picasso, pediu duas obras ao artista, que entusiasmado com a ideia, terá dito que não oferecia duas obras, mas dois camiões de obras, oferta recusada pelo governo franquista, que excluia o génio espanhol, conhecido como comunista e inimigo do ditador Franco. Só em 1992 foi retomado o processo, tendo a família do artista feito a doação de 285 obras que estão expostas no Museu inaugurado em 2003.
Entrámos no Museu e podemos usufruir de obras de todos os estilos que Picasso utilizou, e períodos da sua pintura, ou escultura, que também está exposta. Não estarão ali as principais obras do autor, mas das mais de 2000 que criou, estão 285, em particular muitas do cubismo. É um encher o peito com a criatividade deslumbrante do artista, sendo que muitas das obras nos questionam, se nós próprios não as faríamos, agora que as vemos, tal a liberdade e a simplicidade de algumas, só que ele as fez hà cerca de 100 anos, quando os conceitos de pintura eram outros, daí o seu carácter tão inovador e irreverente, mesmo para os dias de hoje. Da cidade nada mais interessou. Voltámos, uma noite em Benidorm, ali perto, na altura de inverno uma cidade fantasma, e "ala que é cardoso" de regresso ao Algarve. Valeu a pena !
sábado, 31 de outubro de 2015
João
Na tomada de posse do Governo, ontem ao final da manhã, uma imagem marcou mais do que qualquer cavaquice, passismo, ou entrevistas de rua, a quem não queria ser entrevistado. O senhor deputado Galamba, "enfant terrible" do socratismo, radical da esquerda do partido que perdeu as eleições, homem de verve acutilante, lingua afiada e em geral pouco siso, de brinco na orelha, normal, mas pela primeira vez, para mim, com a camisa apertada e gravata, e com um tom de grande moderação. Será que já se está a imaginar a subir aquelas escadas para tomar posse como ministro do governo que os portugueses rejeitaram. Assis tem razão, quando "desapadrinha" tais papagaios, enfim "tigres de papel" como dizia o outro !
Contra o cinzento, atirem flores !
Pois seria bom que o cinzento e o cinzentismo, pior do que a côr, uma atitude que nos leva a aceitar algumas coisas que parecem de "desaceitar", pudesse ser derrotado apenas com flores. Já lá vai o tempo em que acreditavamos nisso. No entanto perseguindo a minha obsessão pelos exercícios florais ficam aqui mais algumas, para dar a quem lhe falte. É apenas um exercício que estou a fazer para ver se me liberto do "quadradismo" das linhas rectas e bem direitinhas, que vêm dos meus tempos do Desenho Técnico I e II, no saudoso IST, e da Geometria Descritiva do 7º ano do Liceu de Oeiras, coisa que diga-se sempre adorei, e tive as melhores notas da turma. Mas reconheço que é muito limitativo, não será ?
Alentejanos não gostam de dias nublados ?
Parece que estamos sempre dispostos a associar o campo a dias bonitos, cheios de sol e com muita alegria. Hoje estamos mesmo no contrário disso tudo. A chuva veio de levezinho, o dia cinzento instalou-se e os campos não têm graça nenhuma. Dado que fui a Beja, a minha capital, hoje de manhã, sempre pelas mesmas razões, há algum tempo que o meu "turismo" se chama "turismo de saúde", ou seja prosaicas idas ao médico, aproveitei para bater umas chapas, e apenas encontrei, chuva, lama, cinzento, para além de obras intermináveis, os sempre apreciados semáforos de circulação alternada que enxameiam o chamado IP2. Mas também encontrei uma planície que começa a apresentar-se verde, querendo na sua lonjura dizer que afinal no inverno também existe beleza, côr e equilibrio. Como diz a canção de Adriana Calcanhoto " cariocas não gostam de dias nublados..." e os alentejanos gostam ? Eu gosto, mas não sou alentejano !
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
Londres
Apenas visitei Londres duas vezes, uma em 2005 e outra em 2007, esta última já um pouco debilitado, e confesso não ser a cidade das minhas maiores simpatias, talvez por não ser muito fluente em inglês. Hoje em dia tenho lá a minha filha Joana a residir, que gostaria de visitar para falta-me a coragem, e sobretudo as forças. O que quero aqui recordar é a minha última visita a Londres em 2007, e que teve dois focos em concreto, a visita ao Museu Britânico, onde estava uma exposição do Exército de Terracota, da China, e uma ida ao Royal Albert Hall, que não conhecia, para um espectáculo, no caso um concerto de Harry Connick Jr, um americano, durante anos indicado como o "crooner" sucessor de Frank Sinatra, mas ainda hoje a grande "Voz", não encontrou substituto, apesar de ter deixado o lugar em aberto. Mas além do show, era a sala que me atraía, uma sala emblemática, onde muitos dos meus ídolos actuaram. E lá fomos.
Voos baratos, Easyjet até Gatwick, e depois hotelzito, apesar de rasteirinho, caro, como sucede em Londres, onde a comida e o alojamento têm pouca qualidade e são sempre muito caros, ou se quer ficar bem alojado tem de se abrir bem a carteira. Bilhetes para o Royal Albert Hall, muito caros, apesar dos lugares, comprados na net serem, no ultimo lugar do ultimo balcão, mas comprados aí não tanto pelo preço, proibitivo, mas por a sala estar quase esgotada com muita antecedência. No dia e hora, 20h30, lá fomos até Kensington, onde fica a célebre sala, e entrámos pela cave, onde existem muitos bares, e restaurantes onde se pode jantar antes de show, não foi o caso, pois tudo era proibitivo, ficou-se por um café, tipo balde, e uma pequena tarte. depois procurar o lugar, uma odisseia, elevadores, escadas, rampas, sempre subindo, pois o lugar era mesmo lá no alto. Quando se entrou na sala, um susto. A sala era linda, mas o lugar parecia à beira de um precipício, tal era o desnível para o palco, que se situava lá no fundo, e nós estávamos de lado e quase a ver de "helicópetro". O show iniciou-se, o som era bom, mas a vista um pouco deficiente dada a posição, mas não havia um único lugar vazio, o "artista" era um virtuoso, já sabia, quer a cantar, próximo de Sinatra, mas também a tocar piano. No intervalo tivemos a noção mais exacta do local, quase um estádio de futebol coberto, onde decerto cabiam mais de 5 000 pessoas (sei que são 5272 lugares), e onde a movimentação é afinal muito facilitada por bons acessos no interior. Ficou a memória deste dia, e coloquei mais um visto na minha lista de locais emblemáticos a visitar.
Voos baratos, Easyjet até Gatwick, e depois hotelzito, apesar de rasteirinho, caro, como sucede em Londres, onde a comida e o alojamento têm pouca qualidade e são sempre muito caros, ou se quer ficar bem alojado tem de se abrir bem a carteira. Bilhetes para o Royal Albert Hall, muito caros, apesar dos lugares, comprados na net serem, no ultimo lugar do ultimo balcão, mas comprados aí não tanto pelo preço, proibitivo, mas por a sala estar quase esgotada com muita antecedência. No dia e hora, 20h30, lá fomos até Kensington, onde fica a célebre sala, e entrámos pela cave, onde existem muitos bares, e restaurantes onde se pode jantar antes de show, não foi o caso, pois tudo era proibitivo, ficou-se por um café, tipo balde, e uma pequena tarte. depois procurar o lugar, uma odisseia, elevadores, escadas, rampas, sempre subindo, pois o lugar era mesmo lá no alto. Quando se entrou na sala, um susto. A sala era linda, mas o lugar parecia à beira de um precipício, tal era o desnível para o palco, que se situava lá no fundo, e nós estávamos de lado e quase a ver de "helicópetro". O show iniciou-se, o som era bom, mas a vista um pouco deficiente dada a posição, mas não havia um único lugar vazio, o "artista" era um virtuoso, já sabia, quer a cantar, próximo de Sinatra, mas também a tocar piano. No intervalo tivemos a noção mais exacta do local, quase um estádio de futebol coberto, onde decerto cabiam mais de 5 000 pessoas (sei que são 5272 lugares), e onde a movimentação é afinal muito facilitada por bons acessos no interior. Ficou a memória deste dia, e coloquei mais um visto na minha lista de locais emblemáticos a visitar.
Minha querida lavandaria
É o título de um grande filme do britânico Stephen Frears, alguém se lembra? Mas aqui na terra também existe uma que me ajuda a tornar a vida mais simples, Se é preciso limpar, limpa, engomar, engoma, se falta um botão põe-se, se está descozido, coze, um serviço à medida do cliente, barato e sem complicações. As instalações são modestas, mas isso de nada interessa pois o que faz a diferença são as pessoas e a maneira como encaram o serviço que prestam. E no caso há muita simpatia, uma relação cordial e competência no serviço prestado. Prestar serviço aos outros com competência e um sorriso é também um gesto de amizade, para além dos objectivos comerciais. Neste caso temos aqui mais uma resistente, numa terra onde o comércio está moribundo, mas onde, um cliente que se não conhece é geralmente tratado com muita hostilidade, não é o caso na "minha querida lavandaria".
O Velho
Ouvi ontem a entrevista de Jerónimo na SIC. Uma maravilha !!!! O que disse, pouco, o que não disse, e que a Ana Lourenço deixou, sobretudo o que deixou transparecer. Um Velho com V grande, sem qualquer menosprezo da minha parte. Ficou claro que o PCP não mudou um milímetro. Que acha que "a vida lhes vai dar razão", e que já se começa a notar a "evolução do PS", pois o PCP nada tem de mudar, a vida dá-lhes razão e assim vai ser. Lentamente, com a sua habilidade, vão encostando o PS à parede, e vai chegar uma altura em que o PS está de tal forma comprometido que já não pode voltar atrás e dizer que não há acordo, e aí está tudo preparado para a estocada final, e para servir as ambições de Costa vai ter de aceitar tudo o que Jerónimo quiser ! Uma lástima, Costa vai cair que nem um pato, apesar de ser um politico experiente, na armadilha que o PCP lhe preparou. Nesse aspecto o BE são apenas "amendoins". Vai mesmo haver acordo apesar de tudo, mas será um acordo de rendição de Costa, que "precisa" de ser primeiro ministro para se salvar como secretário geral do PS, e tudo cederá. Aqui o Velho está a dar lições, ele estudou o "Que Fazer ?" de Lenine, e sabe bem distinguir entre a questão principal e as questões secundárias. Para ele Costa é mesmo a questão secundária, apenas um detalhe para obter o objectivo principal, correr com Passos.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Barcelona
Dizem que é uma cidade vibrante, acredito pois todas as cidades de Espanha assim são, e esta em particular tem os dons de uma cidade portuária, que afinal não é espanhola, assim, mas catalã. Apenas a visitei uma vez e já foi há alguns anos, 1998, para ser mais exacto, e mais uma vez juntou-se um compromisso profissional, com um pouco de turismo. Das suas extraordinárias benesses arquitectónicas e artisticas não falarei agora, mas muitas passam por Gaudi, por Juan Miró ou Picasso, que ali dispõe de um museu que lhe é dedicado, entre muitos outros, como Dali, ou até literárias, lembro a boa recordação de romance "A sombra do vento", de Carlos Luiz Zafon, ali passado. Mas de nada disso quero agora falar, ou recordar, mas a minha recordação de hoje está ligada a uma coisa mais prosaica, um estádio famoso na cidade, que se confunde com ela, e com a própria Catalunha. O Estádio Olimpico de Barcelona. Mas não é de desporto verdadeiramente, mas de um facto por mim vivido que tem algo de curioso. Tinhamos ido a Barcelona para assistir ao lançamento europeu de um automóvel da marca para a qual trabalhava na altura. Uma daquelas operações de massas, em que aviões fretados e uma organização impecável colocam milhares de pessoas numa cidade. Assim foi, chegámos a meio da manhã, e fomos deslocados para a zona de Montjuic, onde se tinham realizado os Jogos Olímpicos em 1992, que fomos visitar, e por ali se andou, a ver o museu Miró, que também está na zona, mas onde a populaça visitante, composta em grande parte por vendedores de automóveis, com uma cultura inversamente proporcional ao tamanho dos nós das gravatas, bocejava de fome, pois a hora de almoço chegava e não se via por ali local onde se pudesse amesantar tantos "gentilómens". Nisto a ordem é para nos dirigirmos para o estádio Olimpico, e directamente para o relvado, e ainda houve comentários acerca do estranho conteúdo da refeição. Mas não. Ao entrarmos vemos um conjunto de tendas montadas no relvado, para onde se entrou, e onde muitas mesas, buffet de excelentes entradas, escandalosas sobremesas e um serviço de mesa para refeições quentes saciou a fome daqueles milhares, que têm para contar terem almoçado no próprio relvado do grande Olimpico onde a nata dos atletas desfilou, e bebido grandes vinhos e melhores digestivos ( coisa que um bom vendedor de automóveis jamais dispensa). Fiquei com essa recordação gravada, desta grande cidade, e ainda hoje apesar de ter visto grandes obras nos seus museus, é o almoço na relva que perdura. Obrigado vendedores de automóveis !!!
85
Pois lá passou ontem mais um aniversário, neste caso 85, o que é um longo percurso de vida. Naturalmente contou com a presença da curta família que ainda resiste, dado que todos os irmãos, cunhados e cunhadas já faleceram, pelo que se pode considerar o único "exemplar" vivo de uma família em que tudo desapareceu. Acaba por não desculpar a si própria o ter resistido, e pensa sempre que o seu lugar já não é por aqui, O problema é que se não é não há outro lugar que possa ser ! É a minha mãe, nota-se ao lado do próprio filho também ele único e também já a dever uns anitos a Deus nosso senhor !!!
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Madrid
É dificil falar de uma cidade onde há pontes e não há rio com água, onde há presunto e não há porcos, onde há castelhanos e não há espanhóis. Por isso é melhor falar daquilo que tem a rodos , por todo o lado, arte, artistas, museus, e um dos mais ricos patrimónios do mundo. Mas aqui apenas quero recordar um quadro um artista, sobretudo um momento que me fez ir às lágrimas. Já lá vamos. Esta foi a última viagem que fiz fora de Portugal, a partir daí a minha saúde tornou estas aventuras inacessiveis. Estava em Novembro de 2007, já lá vão 8 anos, e fomos a Madrid com um único objectivo, ver a exposição retrospectiva da obra de Paula Rego, que estava no Museu Rainha Sofia, ele próprio inaugurado havia pouco tempo. E assim foi, de avião até Barajas, hotel Ibis, acessível, e no dia seguinte de metro para o museu que fica para os lados da tristemente célebre estação de Atocha. Na exposição centenas de quadros da artista portuguesa radicada em Londres, desde os seus primeiros anos em Portugal, anos 50, dos primeiros tempos de Londres, até à celebridade consagrada nos quadros que agora todos podemos desfrutar, as suas histórias infernais, com as personagens brutais, que nos causam um impacto inesquecível. Uma maravilha, de técnica, inspiração e trabalho. Saliento o quadro, "O baile", julgo que é o nome, em que um casal desliza, quase sem os pés tocarem no chão, no meio de outros casais. Terminada a visita , e uma vez que ali estava decidiu-se ir ver o resto do museu, pois a Paula Rego tinha uma exposição temporária. De repente entramos numa porta e levamos um murro. Um murro artistico diga-se. Na nossa frente de carne e osso, a "Guernica" de Picasso ! Reconheço a minha ignorância, mas desconhecia que o quadro se encontrava ali, naquele museu. e o impacto foi maior. De frente da enorme tela de alguns metros por outros metros (3,49 metros por 7,76 metros), fiquei esmagado e não pude conter as lágrimas. Jamais poderia imaginar, perante aquelas figuras saídas de um inferno na terra, a reação que me provocava. Percebíamos ali ao vivo o que é uma "obra prima", algo que num ápice nos faz compreender tudo aquilo que já sabíamos mas ainda não tínhamos "integrado". Uma coisa é olhar numa reprodução, outra ver, tocar (não se pode...), cheirar, respirar do mesmo ar !
Visita de "estudo"
Aproveitei para uma foto nas oliveiras |
Visitantes "estudam" o azeite com uma sopinha de pão |
Spray de azeite, Não levar para o "banheiro". |
domingo, 25 de outubro de 2015
Viena
O sonho de qualquer apaixonado por música, o meu caso, é assistir a uma ópera em Viena. Concretizei esse sonho em 1995, e em vez de uma assisti a duas, em dias diferentes, e na Ópera Nacional, e pela Companhia Nacional de Ópera. Os espectáculos foram o "Otelo" de Verdi, e as "Bodas de Fígaro" de Mozart, e logo Mozart na sua cidade, uma combinação perfeita. Para estes espetáculos existem meses de antecedência de reservas, pelo que a hipótese de chegar, comprar bilhete e entrar, é bastante remota. Mas na realidade foi isso que aconteceu. Em condições muito particulares veremos, mas exemplares acerca da forma como a música é vista na Áustria. Estávamos de visita a Viena, por motivos profissionais, mas como sempre nestes casos aproveitou-se para fazer um pouco de turismo. Devo dizer que na época de Ópera existem representações todos os dias, em duas sessões, á tarde e à noite, sendo que o espetáculo da tarde difere do da noite, e nos dias seguintes podemos ainda ver espetáculos diferentes, o que dá a ideia do que é, em termos de montagem e desmontagem, de organização e de número de artistas envolvidos.
De visita à cidade e ao edificio da Opera Nacional, apenas para uma vista de olhos, pois jamais pensaria assistir a um espetáculo, consultámos o programa, e naquele dia à tarde estava em cena o Otelo de Verdi. Constatámos que pessoas compravam bilhete, e entravam, o que me deixou espantado. O que era então ? Apesar de tudo estar esgotado, havia um conjunto de bilhetes que só podiam ser vendidos na próprio dia, e quem chega primeiro compra. A questão é que esses bilhetes só permitiam ver o espetáculo de pé, num local previligiado, mesmo atrás da plateia ( na foto um pequeno rectângulo atrás da ultima fila ) e de frente para o palco, e tendo por apoio uns corrimões onde as pessoas podiam apoiar-se para estarem mais "confortáveis. Comprámos bilhete que era muito barato, e entrámos embora o espetáculo só começasse dentro de duas hora, fomos ver o lugar que estava destinado e era um espaço aberto com 4 ou 5 alinhamentos de corrimões de apoio, onde as pessoas penduravam cachecois para reservar os lugares, e assim fizemos. Deixamos os nossos cachecois, pendurados voltámos a sair e fomos dar uma volta . No regresso ocupámos os lugares, e durante cerca de 3 horas assitimos de pé a um espetáculo fabuloso duma cenografia maravilhosa e excelentes cantores, e como havia a possibilidade de dois dias depois assistir ás "Bodas de Fígaro", lá voltámos para o mesmo procedimento. Nos dois casos a representação estava esgotada para os restantes lugares, mas estes lugares baratos e de última hora estão sempre disponiveis para os amante de musica que não se importem de passar 3 horas ou mais ( as óperas são sempre muito longas) de pé apenas apoiados num corrimão. Grande musica merece grande esforço. Para mim, vinte anos depois até subir a minha rua me atrapalha. Outros tempos! Mas na lista dos locais visitados onde diz "Ópera em Viena" está para sempre um visto !!! Esta já ninguém me tira ! Agora ouço em CD ou no Spotify ... música para paraliticos... paciência !!!
De visita à cidade e ao edificio da Opera Nacional, apenas para uma vista de olhos, pois jamais pensaria assistir a um espetáculo, consultámos o programa, e naquele dia à tarde estava em cena o Otelo de Verdi. Constatámos que pessoas compravam bilhete, e entravam, o que me deixou espantado. O que era então ? Apesar de tudo estar esgotado, havia um conjunto de bilhetes que só podiam ser vendidos na próprio dia, e quem chega primeiro compra. A questão é que esses bilhetes só permitiam ver o espetáculo de pé, num local previligiado, mesmo atrás da plateia ( na foto um pequeno rectângulo atrás da ultima fila ) e de frente para o palco, e tendo por apoio uns corrimões onde as pessoas podiam apoiar-se para estarem mais "confortáveis. Comprámos bilhete que era muito barato, e entrámos embora o espetáculo só começasse dentro de duas hora, fomos ver o lugar que estava destinado e era um espaço aberto com 4 ou 5 alinhamentos de corrimões de apoio, onde as pessoas penduravam cachecois para reservar os lugares, e assim fizemos. Deixamos os nossos cachecois, pendurados voltámos a sair e fomos dar uma volta . No regresso ocupámos os lugares, e durante cerca de 3 horas assitimos de pé a um espetáculo fabuloso duma cenografia maravilhosa e excelentes cantores, e como havia a possibilidade de dois dias depois assistir ás "Bodas de Fígaro", lá voltámos para o mesmo procedimento. Nos dois casos a representação estava esgotada para os restantes lugares, mas estes lugares baratos e de última hora estão sempre disponiveis para os amante de musica que não se importem de passar 3 horas ou mais ( as óperas são sempre muito longas) de pé apenas apoiados num corrimão. Grande musica merece grande esforço. Para mim, vinte anos depois até subir a minha rua me atrapalha. Outros tempos! Mas na lista dos locais visitados onde diz "Ópera em Viena" está para sempre um visto !!! Esta já ninguém me tira ! Agora ouço em CD ou no Spotify ... música para paraliticos... paciência !!!
Nomear
O que é que Sócrates, Passos Coelho, Santana, Durão têm em comum ? Pelo menos uma coisa, todos no seu final de mandato procuraram salvaguardar os seus mais indefectíveis colaboradores, assessores, consultores, apoiadores, amores, e outros que tinham sido escolhidos por motivos políticos e agora em fim de ciclo, devem ser aconchegados nalgum "colinho" do Estado, pago pelos contribuintes, mesmo que para isso não tenham nem competências nem experiência. É uma "paga" pela sua fidelidade e pelo seu "afecto" aos lideres. Aqui não há que negociar, todos estão de acordo. È a dança do desempregado.
Marcelo
Quem pense que é o "candidato" da direita que se cuide. O candidato da direita não faz comicios na Voz do Operário, nem aborda um discurso nos limites do não cavaquismo, inteligente, claro e sem afrontamentos ideológicos. Todos gostámos de seu alinhamento, em que corta com a sua tradição de comentador. e desenvolve um discurso voltado para o futuro, no exacto momento em que as decisões e discurso do PR geram tanta controvérsia. Assim acena a um eleitorado de centro esquerda e dá passos de gigante para uma vitória logo na primeira volta. Tira assim partido da sua grande notoriedade e faz-nos crer que está á altura das responsabilidades. Procura assim dar KO ao candidato "redondo", e atirar para o voto de partido a candidata Maria de Belém. Em grande parte para Marcelo vai ser um passeio.
Everest
Fui ver ontem, mas a versão em 2D, pois aqui não há condições para 3D. Para quem gosta de aventura e de superação, e aceita que a natureza é sempre mais forte, e não fica desiludido quando esta vence, deve ver este filme. Por muitos apelidado de "longo e monótono", para mim julgo ser a imagem da realidade do longo caminho que atrai muita gente para um objectivo, apenas porque ele está lá ! Ou seja "porque sim". Só assim se compreende (?) o aceitar este desafio que se sabe poder ser fatal, desafio ao medo, que é claro nalgumas das personagens, desafio a um poder que não podemos controlar, a um poder que não sabemos quando se vai abater sobre nós. O ser humano também é feito por este tipo de pessoas. Claro que o filme não passa ao lado de alguns pormenores tais como, a escalada do Everest se ter tornado num negócio, e de se ter facilitado em certas regras, talvez por aquilo que disse atrás. E quando se falha, depois é sempre possível explicar as razões, o difícil é prever a falha. O final é triste e previsível. Ainda assim valeu a pena. Veria de novo, agora em 3D, claro !
sábado, 24 de outubro de 2015
Cão feio
Faço referência na minha apresentação a um cão feio, parte integrante da família. como compete a pessoas que respeitam os animais. é o caso. Pois aqui se apresenta o tal animal. Agora que os animais estão representados na AR, não só pelo partido PAN, mas também por muitos que eles próprios se apresentaram a eleições e foram escolhidos. sem desprimor para os verdadeiros "bichos", temos mais razão para os tratar com as nossas melhores condições. De facto este que aqui se apresenta, é um primor de afectividade e de gosto pela brincadeira, estando sempre disponível para "conhecer" pessoas e negociar com elas. Aceita todas as coligações, não é de esquerda nem de direita, mas é sempre do lado donde vêm os biscoitos. Assim fossem alguns dos que se sentam na AR...
Van Gogh de chinelos ...
Baseado no célebre quadro do meu grande ídolo em pintura, "Amapolas", decidi também lançar mãos à obra e tornar-me assim num Van Gogh de chinelos, sim só muita ousadia, e ao mesmo tempo humildade me autorizou a tal aventura. E ao meu estilo e dentro das minhas fracas posses lá deitei os pés ao caminho e foi saindo algo que me agradou, e para mim foi um bom exercício. Habituado que estou a temas mais geométricos está-me a agradar estas flores feitas sem um desenho prévio, pois aqui tudo é apenas pintado, não havendo qualquer desenho inicial, o que repugna a minha formação de engenharia, muito quadrada e direitinha. Fica aqui a minha versão das "Amapolas", com o devido respeito para o maior pintor de sempre, no meu ponto de vista.
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Persistir
Nestes momentos conturbados que estamos a viver, e que não antevíamos há um ano, há que persistir naquilo que torna a vida um pouco melhor, mais agradável e mais sustentável, tudo em nome de uma palavra difícil de atingir, a felicidade ! Assim a arte, ou melhor dizendo a beleza, seja aquilo que queiramos que seja, torna-nos melhores, mais aptos a compreender os outros, e desde logo a compreender o que nós somos. Uma jarrita de flores, e neste momento estou para aqui virado, pode ajudar a ver para alem do óbvio. Toda a representação é uma forma de criar a ilusão da realidade, da realidade de cada um, pois cada um tem o seu mundo particular, que vive e não compartilha com ninguém. Enfim deixemos a filosofia barata e olhemos as flores.
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Hábitos
Existem bons hábitos e maus hábitos, devemos guardar uns e rejeitar outros. Em Portugal existe um bom hábito que é quem ganha as eleições governa, quem perde faz oposição. Assim só uma grande ambição pode levar um líder respeitado como Costa a fazer o contrário. Até porque o PS teria mais poder efectivo se permanecesse na oposição, negociando dia a dia as aprovações na AR, do que terá no poder, nas mãos da extrema esquerda. Aí tudo terá de ceder para se manter. E nós a pagar !!! Já vêm pedir a nacionalização da TAP, dos transportes, repor salários e pensões, e donde virá o dinheiro para isso uma vez estamos com os cofres cheios, mas de dívidas ?
Novo visual
Após seis anos de escrita neste blog, sempre com a mesma imagem, vi agora uma oportunidade para mudar de visual, cortar o cabelo, fazer a barba e outras coisas. Perguntarão, como foi capaz ? Pois apenas com a preciosa ajuda de alguém que me criou a imagem que vêm, a Joana Farias, que sabe fazer destas coisas! O blog já se colou à pele, apesar de os blogs já terem tido melhores dias, pois com o Facebook e outras redes, nem é preciso pensar e expôr as nossa ideias, basta compartilhar meia dúzias de loas copiadas dos sites brasileiros, fotos de gatinhos a fazer o pino, ou imagens para alimentar o nosso ego. Nem é preciso viver, pensar, pois há sempre um guru que disse aquilo que nós sempre pensámos. Este blog foi criado por curiosidade em 2009, em 2010 tornou-se parte integrante da minha luta pela vida, aquando do transplante em que estive vários meses entre a vida e a morte. Do diário que na altura escrevi saiu um blog específico chamado "Dicionário de um transplante", que está agora encerrado, pois o que havia a escrever está escrito. De 2011 para cá tem servido para as minhas reflexões, actividades, pinturas, leituras, músicas, pessoas. Interessa a alguns embora perceba que me interessa muito mais a mim mesmo, o seu primeiro cliente. Agora mudou pela primeira vez de imagem, espero que dure e obrigado Joana. (Deixo o seu link se houver interessados em lavar os seus blogs).
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Caneca
Pôr umas flores numa caneca e oferecer a alguém de quem se gosta quando os olhos ainda estão semicerrados de uma noite mal dormida parece um gesto que tudo tem de normal não fosse a sua ...anormalidade. No entanto recordando ainda os ateliers da Stela, que há muito não se realizam, fiz este esboço para servir de modelo para o novo grupo que estou a acompanhar no Centro de Convívio cá da vila. E resulta pois qualquer pessoa, com poucas indicações, em duas horas executa o trabalho e sai com ele debaixo do braço.
Esquerdas
Considero-me uma pessoa de esquerda, o que para mim quer dizer que as politicas devem ter uma particular atenção ao estado social, o estado deve desempenhar um lugar na economia, mas sem se sobrepor à iniciativa privada. Mas a realidade é que nesta palavra cabe um mundo de contradições. Tão distantes como água e azeite. Assim quando se fala de "maioria de esquerda" é apenas um eufemismo que coloca no mesmo saco, os proto comunistas do avô Jerónimo, herdeiros de uma imagem do mundo que passa ao lado da democracia, dos direitos humanos, das liberdades, em nome de um homem novo já desacreditado, a esquerda caviar volátil, e os socialistas, afinal apenas no nome, pois são herdeiros da tradição dos social democratas, e que aliam o respeito de um estado social e de um papel do estado na economia com a liberdade e os direitos civis. Nada têm em comum, odeiam-se mutuamente, e só pensam crescer retirando eleitorado uns aos outros. Basear um governo, depois de tanpo esforço e algumas melhorias nesta solução, sabendo bem que em breve o PS vai o tapete ver retirado por aqueles que só o querem ver tropeçar para lhe saltar em cima é ingenuidade. O PS na oposição teria muito mais poder e capacidade para travar os exageros de Passos, do que tem sendo Governo dependente dos apoio do avô e dos olhos azuis da Catarina.
terça-feira, 20 de outubro de 2015
O valor do vento
Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto
Poema de Ruy Belo (1933-1978)
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto
Poema de Ruy Belo (1933-1978)
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
Jarra
Porque não começar a semana invernosa que se espera, com flores e mais flores e uma jarra de vidro transparente a condizer. Nada nos impede para além da minha particular inépcia a fazer flores, mas agora, num estilo mais livre, cá me vou governando, É apenas um exercício, assim como um treino de ginástica mental antes de me atirar ao jogo, e saiu o que se vê para tentar amanhã no grupo incentivar alguém a fazer algo de parecido. Flores são sempre flores e inverno não é outra coisa que chuva e vento. Já por cá está e bate na janela com força.
Animação
Mais do que fazer grandes obras conta a animação que gera à volta da pintura e das "artistas" que vão fazendo os seus trabalhos com grande empenho. Nota-se uma clara evolução que só é possivel com trabalho e interesse pelo que se está a fazer, e isso nota-se pela núnero de faltas no grupo, que é zero, a menos casos de força maior. Hoje uma das "artistas" que foi operada a semana passada até telefonou para saber como iam as coisas... de facto assim sente-se motivação, e o isolamento não vence, pois todos procuram o convivio, que aqui também se tem !
domingo, 18 de outubro de 2015
Quarenta
Se tudo tivesse corrido da melhor maneira faria hoje quarenta anos da minha primeira ida ao altar ( primeira e única, como manda a Santa Madre Igreja ) . Estávamos no ano santo de 1975, um verdadeiro vulcão sobre as cinzas do qual decidimos dar o nó. Na altura pensámos um casamento dispensando cerimónia religiosa, estávamos nos anos quentes, e a Igreja fazia parte das "forças da reacção". No entanto, ameaçados pela sogra de não visitar mais a filha, e de se tratar de um casal "amantizado", como na altura se dizia, pensámos que não valeria a pena tanta celeuma por tão pouco siso, e fizemos a vontade à família e lá fomos ao Convento dos Capuchos, ali sobranceiro à Costa da Caparica, para uma cerimónia afinal bonita, à qual o noivo se apresentou sem gravata, apenas com camisola de gola alta, e a noiva foi vestida de verde, embora até aos pés, pois o casal na altura era militante da extrema esquerda e certas coisas não nos eram próprias. Daí apareceu a Inês e a Joana, uns anos mais tarde, e quando tudo parecia bem, afinal as coisas acabaram por correr mal. O cancro da mama acabou por pôr ponto final de forma prematura, dezassete anos depois deste dia. Houve "copo de àgua" e no final os noivos foram apanhar a "camioneta", o barco e o comboio para a sua "lua de mel" que foi perto, pois não havia nem carros nem carta de condução. Outros tempos, 23 anitos, como se diz "éramos jovens e tínhamos sonhos..."
Linha do horizonte
Uma linha que se avista quando se passa pelo IC1 no sentido Norte Sul, e se vê muito ao longe no horizonte, onde se adivinha uma vila aqui do concelho. Essa vila é Panóias e pintei este horizonte num pequeno acrílico de 40x30, muito bonito, e agora digo sem modéstia, pois a foto que tirei não lhe faz a devida justiça. Já teve para ser vendido mas o vlor pedido embora pequeno, não agradou ao interessado e assim mantenho-o na minha parede junto de outros horizontes, sendo que este me parece o mais conseguido de todos os que fiz. Fica aqui para apreciação, Já tem pelo menos dois anos.
sábado, 17 de outubro de 2015
Excluídos
Mais um dia mundial que hoje passa, o da Pobreza e da Exclusão Social. Para os bloggers preguiçosos isto é um maná, pois há falta doutro tema, temos sempre um dia mundial que nos relembra algo que nos passaria despercebido. Não é o caso, pois a dimensão da pobreza, ou da exclusão, é tão patente que está próximo do flagelo. Nalguns locais é endémica, como uma doença que se cola na pele, pensamos em África, na India, ou noutros locais onde nos habituamos a encontrar pobreza integrada na "paisagem", outro lado é a pobreza gerada por decisões dos homens, e aí vamos encontrar explicita ou envergonhada, nos "melhores" locais da Europa ou da América, onde ela convive com a abundância que revolta. Agora dedico-me a um pormenor referido hoje na comunicação, as crianças, os doentes e ainda pior "as crianças doentes", excluídas de tratamento, de cuidados básicos, ou até apenas de afecto. Um doente por si, dada a fragilidade muitas vezes sente-se um peso na sociedade, um estorvo para uma vida imaginada no "sucesso", um fracasso de vida, alguém que já "foi", daí a importância de ser "útil", de poder dar do pouco que tem, o que para muitos é incompreensível. A exclusão acentua-se se ainda assim estiver nas "franjas", crianças ou idosos, e para isso não há governos, estados ou potências que possam resolver, pois a solução está na mão de cada pai, de cada filho, de cada pessoa. Será difícil de perceber ?
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Comer
Hoje é o Dia Mundial da Alimentação, ou seja um dia dedicado ao simples gesto de comer. No entanto se no mais vulgar animal, estender a mandíbula, abrir a bocarra, zurzir as gâmbias, amarfanhar, engolir, devorar, são coisas simples e fartas, nós temos uns hábitos mais estranhos. Não comemos qualquer coisa, temos um particular apetite por tudo o que faz mal, procuramos o que nos sabe bem, para satisfazer uma vontade que vem mais da cabeça do que do estômago. Depois para comer é preciso haver, e aí é que está, a escassez, real em zonas do globo desprotegidas por Deus, imposta nos locais onde à vontade de Deus se sobrepõe a dos mercados financeiros, que como são masoquistas, só querem que as pessoas passem fome, para produziram pouco e mal e não gerarem mais valias para os seus investimentos. É o grande capital, o capitalismo monopolista açambarcador, a explicar muita coisa. Assim comer passa de necessidade básica a luxo a que só alguns acedem com toda a qualidade e muitos não chegam de todo além das migalhas, Assim neste dia prefiro lembrar as desigualdades que subnutrem mais do que a igualdade na fome e na miséria que está por aí tão escondida. Assim até comer é um acto político...
Planicie
Mais um pequenito óleo da planície alentejana. A imagem é vulgar, e vê-se aqui por todo o lado, sem a vista lhe ver o fim. Hoje dia de sol de outono a humidade começa já a estimular o verde e puxar pelas sementes que já nasceram. Assim os campos mudam da tonalidade castanha do verão para este verde intenso. O amarelo por enquanto não está lá, pois ainda não nasceram flores. É um tom mais primaveril. Há muitos motivos de inspiração em todas as estações do ano. A diferença mesmo é que se trata de um dos raros quadros a óleo que fiz. Confesso que esta técnica ainda me deixa pouco à vontade.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Mulheres
As mulheres dão uma particular alegria ao cantar alentejano. Claro que apenas me limito a ouvir e pouco conheço da estrutura deste cantar, mas os homens em geral introduzem uma grande melancolia e um canto sofrido, Já as mulheres trazem a frescura que lhes é própria, para quem quiser ouçam o CD das "Papoilas do Corvo" e lá está um cantar alegre, por vezes malicioso e intencional. Já lá vai o tempo em que o cante era território de homens, aquilo a que chamo fase "feios, porcos e maus". Segue-se a fase de "bonitas, limpas e marotas". Fica aqui uma caricatura de um destes grupos, aqui misto, que também há.
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Pinturas do cante e outras músicas
Atalante
Um dos grandes clássicos do cinema francês, "Atalante" de Jean Vigo, de 1934, ano em que o próprio realizador morreu, com 30 anos. Vi ontem de novo, é a história poética de um casamento em que os noivos, vivem numa barcaça no Sena, onde o noivo é marínheiro, e a noiva, uma campónia que descobre através da viagem no Sena o encanto e a vida agitada da grande cidade, Paris no caso. O seu realismo a sua ingenuidade, a memória do velho marinheiro Pére Jules, fazem desta relíquia um encanto para quem gosta "mesmo" da sétima arte. No tempo da pobreza e da simplicidade onde as coisas eram mesmo o que pareciam, ou não falássemos de um filme realista. Na coleção dos 120 anos da Gaumont.
Campaniça
Sabe-se que a Viola Campaniça, com cordas de arame, é instrumento característico do Baixo Alentejo, particularmente nos concelhos de Ourique, Castro Verde, Almodôvar, e esteve em risco de extinção com a morte dos tocadores que não deixaram seguidores, felizmente Pedro Mestre tomou em mãos a salvação do instrumento, e hoje está em expansão, pois para além de o tocar e gravar, também constrói. Foi em boa hora que em Ourique se mandou colocar na rotunda da entrada nascente um escultura em ferro que relembra a importância da viola campaniça, a sua forma feminina e a música que dela se obtém, e que está gravada por Pedro Mestre, Campaniça Trio, entre outros, Fez bem o Municipio, não só o pão alimenta. Só falta um concerto de inauguração.
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Desastre
Lamento, e sei que na esquerda poucos pensam como eu, mas se não o travam Costa irá iniciar o "caminho do desastre" ! Será que ninguém vê isso, se toma posse um governo com apoio do BE e PCP mais cedo do que tarde, teremos a perda da confiança adquirida e que, melhor ou pior, nos tem permitido ir saído do poço para onde Sócrates nos empurrou com o seu desvairado governo, incentivado por uma Comissão Europeia que mandava gastar, para contornar a crise. Hoje sabemos o que isso custou. Nas eleições Costa foi derrotado e não conseguiu convencer os portugueses da bondade do seu programa, foi pena. Mas agora quer impor mais do que aquilo que os portugueses recusaram, ou seja, o seu programa, misturado em salada russa com o programa anti Europa do BE e PCP, pior ainda do que o que foi recusado, baseado numa hipotética maioria dos que são "contra". O problema é que os governos fazem-se com os que são "a favor", e não consigo descortinar quais os pontos programáticos comuns aos três partidos, tirando serem contra Passos ! Será que Costa acredita, ou como muitos dizem está apenas a salvar a pele à custa de uma marosca. Pois não nos enganemos, aritmética não é política !
terça-feira, 13 de outubro de 2015
Joana "on Iceland"
Pois, um passeio de encher o olho, mas com a chuva, a humidade, o nevoeiro e o gelo em pleno Setembro, assim parece ser a Islândia, que manifestamente apenas vou conhecer pelas fotos espectaculares que me trouxe. De Londres aparentemente é barato deslocar-se em low cost, para algum aeroporto secundário, como é normal na Europa, low cost nos aeroportos principais só mesmo em Portugal. A quantidades de quedas de água deslumbra, e segundo percebi apenas visitou zonas litorais, ou seja o interior é como uma caixa negra visitável com dificuldade. Pelos vistos recomenda-se.
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Esquerda Direita
Que eu saiba nas ultimas eleições não eram candidatos nem a esquerda nem a direita, mas sim partidos diferentes que as pessoas escolheram livremente. Esses conceitos são relativos e não absolutos. Fala-se da esquerda do PS, ou da direita do PSD, da ala mais à esquerda no BE, pelo que ninguém votou nestes conceitos, mas sim em partidos ou coligações que se propunham em formar governo. Assim ninguém votou em maiorias de esquerda, mas em partidos diferentes. E digo que pessoalmente me considero de esquerda, mas se tiver de apelidar o PCP é de ser o mais reacionário dos partidos. Agora uma coisa é certa, o PS foi o maior derrotado das eleições. Como é que um lider derrotado (mais do que um lider que apenas perdeu é um lider derrotado ) pode aceitar ser primeiro ministro, sem ser apelidado de usurpador ! Não vejo outro caminho que não seja Passos formar governo, e a partir dai deixar que a democracia funcione. Então sim, se não puder ser investido, Costa pode ter a sua hipótese, agora não ponham a carroça à frente dos bois !!!
Frutas
Fazem bem, e deve-se comer sem moderação. Agora se as pintar ficam em permanência na nossa cabeça e no nosso coração, por isso pensei em pintar o que estava a comer, uma maçã e uma pêra, o meu jantar em dia de tanta comida com mais um lauto almoço de aniversário.
Dobrado
Hoje tive direito a dois bolos de aniversário, o que é um excelente augurio. Quis surpreender e acabei surpreendido. Ou seja levei um bolo com a intenção de comemorar com o grupo de pintura na Aldeia, tudo bem, mas afinal as "artistas" já tinham combinado em segredo, um almoço e com o bolo da praxe, adquirido no mesmo local, por pouco que nos tinhamos encontrado a levantar os bolos !!! Que grande coincidência, mas isto só quer dizer que eu gosto de comemorar com as "artistas" e estas retribuem gostando de comemorar com o chamado "professor". É uma confluência de vontades que é bonita e fica bem. Só posso ficar agradecido por ser rodeado de tanta gentileza !
domingo, 11 de outubro de 2015
4.48 Psicosis
No quadro do Artes Performativas 2015, vi ontem a curta "performance" baseada na obra de Sarah Kane, "4.48 Psicosis". Sabe-se que a dramaturga inglesa sofria de um depressão aguda, precipitada por toma de anti depressivos, baixa auto estima, revolta e não aceitação de si mesma. No auge da sua depressão acordava com frequência às 4.48 da madrugada, agarrada pela perturbação, que acabou por conduzir ao suicidio com 28 anos, depois de uma curta carreira de dramaturga. Acerca deste texto três jovens alunas de teatro apresentaram-nos a sua visão, num dramaturgia que resultou bem sob o ponto de vista estético e até da interpretação. Transmitiram bem o universo do suicida, as suas "questões" sem sentido e o seu sentido sem qualquer questão que não seja o circulo vicioso das drogas, da loucura e da morte (como se dizia há muitos anos). Valeu por isso e os poucos espectadores (uma dezena , será ?) sairam a pensar que tyalvez a corda no pescoço, fosse a simples consequência de uma depressão mal curada, como a gripe que origina a pneumonia. Interessante, bom trabalho de fim de curso, mas será pertinente investir neste nível de experimentalismo quando falta a "água potável nas torneiras ?"
Malditos
Já que se fala de cinema francês mais um, de 1947, visto ontem, na coleção dos 120 anos da Gaumont, "Os malditos" do grande realizador René Clement, autor do célebre "Paris já está a arder ?" que vi nos meus 15 anos, na inauguração do cinema Lido na Amadora !!! "Os malditos" é típico do pós guerra, em que um grupo de dignatários do III Reich procura chegar de submarino à América do Sul para a partir daí relançar a guerra quase perdida. Mas uma doença súbita obriga a raptar um médico francês que vai interagir com o ambiente concentracionário de um submarino. Todos são malditos. só ele se salva no final. Traduz bem uma época perturbada quando a Europa saí de um trauma incrível.
Carneiro
A "Famíla Bélier", isto é, carneiro, é um filme francês que obteve um sucesso assinalável, e que vi ontem aqui pela terra. Claro que o cinema francês, para mim tem uma particular preferência, pois em geral está mais próximo de nós, por sempre ter estado ligado a empresa francófona, mas também pelo grande peso que o cinema dito "nouvelle vague" tinha sobre a juventude esclarecida dos finais dos anos 60, com nomes como Godard, Truffaut, Chabrol, Rivette, entre outros. Mas aqui não é nada disso que se trata, é de um filme feito no registyo das produções de Holywwod, para ter sucesso, mas bem feito, e contando com tema de grande consenso, uma familia deficiente auditiva, onde uma das filhas nasce "perfeitinha da silva" e aí serve de suporte e esteio aos pais e irmão, sacrificando até os seus próprios sonhos. Num registo de comédia, vê-se com muito agrado e alguma emoção, e no final pensamos algumas coisas de outro modo, nomeadamente revemos aquela imagem do deficiente coitadinho. Num mundo de "velocidades furiosas, 1,2,3,4 ..... n " sabe vem ver um filme como a vida.
sábado, 10 de outubro de 2015
Cascata
Mais uma bela cascata nas dezenas fotos de cascatas que a Joana me trouxe da Islândia, um destino em que a natureza parece em revolta permanente consigo mesma.
Dar
Hoje é o dia europeu do dador de orgãos, claro que isso não me pode deixar indiferente, como receptor de um orgão que me permite viver mais uns anos, por conta de alguém que ficou pelo caminho. Neste momento em Portugal a lei favorece a dádiva pois todos são dadores potenciais, a menos que se registem como "não dadores". Agora ainda parece ser dificil obter orgãos apesar disso, pois segundo julgo saber, as condições para a colheita de orgãos não estão criadas na maioria das unidades hospitalares, pelo que muitas recolhas ficam por fazer, e as pessoas continuam a morrer nas esperança de que algo aconteça. Sei por experiência própria o que é essa ansiedade da espera, ver-mos a saúde a degradar-se de dia para dia, e o nosso dia não chega, assim eu pessoalmente apenas pedia todos os dias mais um dia, nada mais, pois sabia bem que cada dia era um reinicio da espera, e ao olhar para a porta da enfermaria, que tinha um relógio por cima onde via as horas passar, esperava que um dia por ela entrasse a concretização da esperança e não a morte que se adivinhava cada vez com mais certeza. Ainda assim a esperança entrou primeiro.
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
Fraude ?
Na campanha eleitoral tivemos três tipos de propostas, a Coligação, que de acordo com os referenciais da União Europeia, propunha um caminho de lenta e progressiva recuperação, o PS que mantendo como a Coligação o acordo com as politicas europeias, mas preconizando uma rápida recuperação de poder de compra como motor para crescimento e posterior retoma do equilibrio financeiro, e o BE e CDU, que se opõem aos essencial dos cânones europeus, Euro, Tratado Orçamental entre outros, e fizeram do PS o bombo da festa da sua campanha, não dando mostras de qualquer hipótese de entendimento com PS ou Coligação. Quem votou sabia em que votava, e deu a vitória à Coligação ( goste-se ou não ), e essa a única maioria que deve governar pois tal compete a quem ganha. Vir agora querer à força encontrar pontos de acordo entre PS, CDU e BE, quando em campanha tal nunca foi anunciado sequer como possibilidade remota, pelo que votámos sem considerar tal possibilidade, só tem um nome, fraude ! Temos pena, mas é assim ! Derrotar Passos Coelho, sim, mas ao abrir a porta a estas jogadas estamos a pôr em causa algo mais, a própria democracia, e isso pagar-se-ía mais tarde ou mais cedo. ( Já agora este exercício, se Costa ganhasse sem maioria o BE e a CDU iriam apoiar o seu Governo, quando nunca apoiaram qualquer governo PS ? Claro que não ! E nessas condições que apoio procuraria Costa para o seu Governo ? Nem vale a pena dar a resposta ! )
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