domingo, 31 de dezembro de 2017

Todo o ano num só dia (balanço pessoal)

 
Volto ao blog pra fazer um balanço.

Imaginenos que o ano de 2017 se resumia a um dia. Manhã cedo começou nublado. Logo aí recebi um estranho convite que nem sabia que ía mudar o meu dia lá para o inicio da tarde, mas como é meu hábito para com a pessoa que o fez, aceitei. Na realidade, segundo a própria tudo se resumiria a fazer uma pequena viagem por mês e dar uma ou duas horas do meu tempo. Tinha de ser, e o que tem de ser tem muita força.

A manhã foi decorrendo com muita calma. Dando pinceladas nos meus pobres trabalhos, procurando levar alguns outros a interessarem-se, e oferecendo préstimos pra uma maior ocupação das pessoas que querem mais do que o diz que disse.

Cada dia a minha neta povoava os meus dias, via pelo Skype, apreciava a sua curiosidade a sua energia contagiante a sua carinha sempre risonha e positiva.

Chegamos assim ao final da manhã. A filha regressou do UK e a neta passou a estar mais próxima, e a engraçar com o avô e ele com ela. O calor veio, e recordo o dia em que não fui ao seu primeiro aniversário. O calor era insuportável. Nesse mesmo dia, 17 de Junho, ela faz um anito, e 64 morreram em Pedrogão vitimas da brutalidade da natureza selvagem e da incompetência dos homens e da sua fraqueza face à natureza. Esse foi também um momento de reencontros. Por mero acaso, ah ah ah, encontrei uma pessoa com que partilhei vida durante um ano, há já muitos anos. Aconteceu.

O inicio da tarde deu-se com muito calor e os ecos de muitos problemas com aquele convite aceite logo cedinho. Pensei com os meus botões, numa tendência para premonições muitas vezes comprovada, e se aquela gente abandona o barco, barco onde tinha apenas alguns dedos dos pés, pois ninguém me pedia mais do que isso.

O facto é que como já tem acontecido outras vezes, o receio auto realizou-se, e fui projectado para o dilema seguinte, ou atirar a toalha ao chão e ficar com a minha consciência num farrapo, ou dar passo em frente e ficar com a saúde num frangalho, o que aliás já estava.

Assim antes do lanche, a meio da tarde, corri, junto com outros poucos, esse risco. Entrar num projecto solidário financeiramente falido, tecnicamente afundado, de gente em desmotivação, sem salário nem atenção, mas fortes e habituados a viver com muito pouco. Nem sei como suportei o impacto deste Titanic à deriva, no casco da minha frágil constituição. Mas aguentei, aguentámos e o pior foi controlado, as previsões de morte anunciada acabaram goradas,  e o lanche decorreu sobressaltado mas tranquilo. Acabei até fazendo amigos, e receber sinais de reconhecimento de pessoas que quase nem conhecia.

O final do dia aproxima-se e o reencontro virtual tornou-se mais físico. Reencontrei afectos antigos, caminhos partilhados em contextos de grande intensidade. Renovei laços e reconheci espaços, locais e olhares. Foi contagiante e senti que me foi insuflada uma dose de adrenalina que me puxou do buraco. Ainda bem. A noite cai e as perspectivas para um novo dia parecem promissoras, encontrar um equilíbrio entre prazer, obrigação, necessidade, entre a arte e o pensamento, entre amizades e afectos, reais, virtuais e outros que tais.

Pra 2018 vou ver mais o meu diabinho, vou ter mais arte no meu universo, vou ouvir mais música, vou ver Bob Dylan ao vivo (já tenho bilhete), vou fazer mais contas e contornar os momentos duros, vou fazer novos reencontros e alimentar as novas amizades. Se a saúde não trair, se o dinheiro não sumir, se a dor permitir, se a net não ruir.

Se alguém leu esta prosa cifrada, e tirou conclusões certas ou erradas, então que tenha um 2018 tão bom que sinta pena de não o ter começado já em 2017

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Weekend (apresentação 41)

Era uma vez uma neta que veio passar o fim de semana com o avô e a bisavó. Consigo trouxe a mãe a tia e um cão pachorrento, com ar ameaçador, embora pacífico, uma carrinha preta, e muita vontade de agradar. De inicio parecia que nem o conhecia, de forma que no colo da mãe se afastava do velho avô que a queria beijar. Mas vá-se lá saber, o sangue rapidamente permite reconhecer os seus, e aconteceu o "coup de foudre" ! A neta chamou vô, e este logo lhe quis pegar, no que ela correspondeu abrindo e fechando as mãozinhas, para que, Upa, amaranhasse pelo avô acima como alpinista em busca do cume. E pronto, quebrado o gelo, a partir daqui o avô passou a ser a novidade da semana. Pegou, caminhou, fez carícia, brincou ao esconde esconde, viu dar banho e ainda molhou, e a doce F a tudo correspondeu com um amplo sorriso, um olá permanente e um adeusinho sempre que voltava as costas. Uma doçura, uma afectuosidade permanente num corpo pequenino e fofo. Claro que eu
entrava em grande felicidade pelo contacto com tanta energia positiva. Em resumo, cansei mas adorei.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Estranho amanhecer

Digno de um filme de Hitchcock a preto e branco, amanheceu com nevoeiro misterioso e o sol não rompe ainda. Só falta de algum lado aparecer um bando de gaivotas endiabradas atirarem-se sobre as pessoas, e arrancarem os seus pertences, cravarem as unhas na carcaça, ou atirarem com a mine para o chão. Estou apenas a sonhar com um filme, como num filme. A realidade é que depois do nevoeiro virá o calor de brasa que  ainda prevalece. Não julgues um dia pelo seu amanhecer. Ainda tem muita pedra pela frente.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

ATLsauro

Hoje último dia da minha intervenção no ATL de Verão, em Garvão, depois de referir animais em vias de extinção, como camaleão, o priolo ou o peixe palhaço, trabalhámos os já extintos dinossauros, Desta forma procuramos desenhar e pintar dois dos mais conhecidos, um deles carnívoro, o T Rex, e outro herbívoro, o braquiosauro, assim uma vaca gigante. Um tirano e um pachorrento comedor de verduras. Não foi fácil, pois a fotocopiadora decidiu sabotar, mas lá conseguimos trabalhar, dentro das condições, e com muito entusiasmo, mas também algum sono característico da segunda feira lá fomos desenhando e pintando. No final saíram trabalhos que aqui exemplifico. E por este ano encerrei, um grupo simpático, meninas e meninos muito bonitos, que eu agora que sou avô babado ainda mais aprecio. E também o trabalho da educadora Daniela que muito organizou e disciplinou este grupinho.

domingo, 20 de agosto de 2017

Palavras (Apresentação 40)

Chegou agora a altura das palavras. Seguindo o seu próprio dicionário e as orientações dos progenitores sempre prontos a enriquecer o vocabulário, a neta prossegue o seu destino de "esponja inteligente" que absorve, repete e melhora, e se acham graça repete as vezes que forem necessárias, até se articular com precisão e se identificar o objeto pretendido com a ditongo mais adequado. Uma gracinha que ajuda a aprender, um estimulo que ajuda a falar e o mais importante a comunicar, por palavras, gestos ou atitudes. Tudo fala, da boca á ponta dos dedos dos pés. Comunica-se de todas as formas e obtém o que quer sem ter de pedir, basta apontar e articular um ditongo. Mamã, pópó, titi, papá, áb, vô ... são alguns dos presentes com que nos brinda.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Energia (apresentação 39)

Hoje aproveitei ida a Lisboa para ver a neta mais bonita de todas, Nove da manhã lá estava no meu posto. Ela correu, estranhou um pouco, mas logo viu que era pessoa de confiança, e em menos de nada já estava no colo do avô, a saltitar por todo o lado, com a maior energia do mundo, logo cedinho. Esta menina, não chora, não faz birra, não aborrece, a gente não consegue deixar de estar com ela, tal a energia que nos comunica. Bem disposta, nada negue, tudo aceita com sorriso na cara. Tem bom feitia (por agora). Do seu lado só se sai bem disposto.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Morning has broken like the first morning

Sim rompeu hoje aqui pela planície, felizmente livre de fogos. Promete uma semana quente e cheias de praia e areia para uns, e pedras e maus caminhos para outros, É sempre assim. Desigual. Aqui pelo interior contamos mais com as segundas, do que com as primeiras. Tudo corre para uma semana de luta. Veremos se Deus apoia os audazes, os que se comprometem, ou antes os outros. As palavras deste título são de uma musica que muito gosto, de que lembro muitas vezes quando a tristeza invade e ainda por cima de um cantor que decidiu mudar tudo na vida, em pleno sucesso, o nome, a religião, o modo de vida, o aspecto exterior, para abraçar algo novo, para ele. Cat Stevens, quase 70 anos, não dirá muito a muitos, para mim continua ser o Cat Stevens de "Bad Night", "Mathew and son" ou "Father and son". Já que falamos de manhã que rompe fica aqui este belo romper de hoje. No Alentejo profundo. Em Ourique BA.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

A furia do "like"

A discussão de opiniões agora está muito facilitada. Basta por "like" naquilo que se gosta ou não se entende. E naquilo que não percebemos ou não interessa nada passa-se à frente. Sugiro que criem um "unlike". Assim dávamos sinal de participação. Aí chegamos a este mundo a preto e branco, mas na realidade não chega a haver conversa, discussão, reflexão, análise, Qual quê ! Isso não interessa nada, Alguém diz um "bitaite", a gente acha que é assim mesmo, bolas, faz um "like", a seguir se esse "like"foi dado por conhecido, like puxa like e em menos de nada temos opinião unanime, se tanta gente "like" é porque é verdade, foi mesmo assim, são uns malandros estes gajos, só roubam, isto não pode continuar. Assim se forma uma opinião "informada", como nas aldeias as cuscuvilheiras na soleira da porta, enterram-se vivos, desenterram-se mortos.

Peixes

Hoje no ATL o tema foi um peixe que os miúdos muito apreciam, devido ao seu papel num filme, "A procura de Nemo", acontece que a procura pelo pequeno peixe palhaço tanto cresceu que o colocou em risco de extinção, para além de outros riscos já existentes. Criançada meteu mãos à obra e fizeram um aquário completo destes pequenos peixes. E num pouco de tempo estes ficaram feitos, e o aquário completo, aqui fica um exemplo.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Dez de Agosto de Dois Mil

Nove da manhã estávamos no aeroporto, malas e malas, excesso de bagagem, dentes cerrados, olhos húmidos e a certeza de ser pra sempre, não sei se suportava a dor que sentia mas resguardava para não causar mais sofrimento. procuravamos forças onde só a fraqueza morava, procurávamos ser racionais onde a emoção tomava conta, ser lógicos onde a estupidez era insuportável. O check in foi feito depois de espera prolongada onde o nosso sonho era derretido em banho maria, para causar efeito, para completar uma noite de separação, para que mais cedo que tarde o esquecimento se instalasse, facilitasse as coisas, desse um ar inteligente áquilo que era uma incisão profunda no sitio errado do corpo. Prontamente foi pago o excesso de bagagem para que nada ficasse para tras, restos  de vida, pedaços de sonho, sons de nossa ilusão, resíduos sólidos de uma vida insustentável. Insuportável, a mágoa instalou-se no lugar da esperança, e a mágoa deu origem à perda, e a perda ao vazio. Trocaram-se olhares e sabia que para lá daquela corrente estava a palavra fim. E sem mostrar hesitação a corrente foi transposta e tu desapareceste naquela escada evitando olhar para trás. Talvez para me poupar.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

25

Vinte cinco anos atrás estávamos tristes, envolvidos pelo sofrimento de uma morte prematura, pela revolta da partida, inapelável, sem recurso e sem regresso. Uma vida que se destroçou na vertigem da doença prolongada, como agora chamam de uma forma benevolente. Um corte com a esperança de prosseguir o sonho, com a liberdade de conhecer filhos adultos, netos, de acompanhar o desenvolvimento daqueles que se ama. E a consciência da morte não alivia, apenas tortura, por isso também foi libertação do fardo de um corpo que pesa. Sei que muitos torceram o nariz a muito do que se passou, ou supõem ter-se passado. A reação de cada um perante a força da morte é assunto seu. A morte nunca é um problema bem resolvido. Apenas desilusão, frustração e falhanço. Para quem morre e para quem sobrevive. Muito mais tarde estive também esperando a morte entrar pela porta da enfermaria. Mas eu tinha a possibilidade de também a salvação chegar antes. Aconteceu. não posso imaginar como seria se ela tivesse falhado.

Acreditar

Fecham-se portas outras se abrem. É o ciclo da vida. Depois das deceções podem vir possibilidades novas que nasceram delas, podem-se abrir portas que estiveram fechadas, e como por milagre deixam passar solução. Nem sempre isto é ingénuo, mas aqui o que interessa é o resultado. Acreditar pode dar um resultado, desacreditar só dá desgraça.

Mentalidades

Os últimos dias têm sido muito edificantes para mim. Tenho visto pessoas em stress, fora da zona de conforto, a terem de decidir e as estratégias que montam para as suas decisões ou indecisões. Como a idade também nisso tem relevância. Perante as situações de pânico a primeira opção é passar ao lado ou se possível fugir. Hoje diz uma coisa logo a seguir diz-se outra, o compromisso tomado agora, afinal amanhã já não é, um passarinho passou e disse que o vento soprava para outro lado.  Ouvi dizer que, porque não disseram que (nunca perguntou...), afinal vieram dizer que, assim não é bem como pensava, bolas, e você o que é que pensa !!! No meio contam as opiniões dos outros, mas apenas para justificar a minha que é... pira-te ! E onde ficam os meus valores, onde fica a minha palavra, onde  fica o sentido de responsabilidade, onde ficam os homens com H (e as mulheres ?) Mistério. Olha, ficam os velhos, e os que não podem sair.



quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Estado de espirito

Quando acreditamos em alguma coisa ou em alguém e isso nos trás deceção qual o estado de espirito ? O normal será revolta, vontade de vingança, querer romper com a situação que nos desiludiu, quebrar laços se for esse o caso. Outra atitude é querer recuperar a confiança naquilo que nos desiludiu ou na pessoa que não se portou bem connosco, perceber o que se passou, porque se passou, e recuperar aprendendo com a experiência mal vivida. Curioso que eu sou mais pela segunda solução. Faz-me mal alimentar ódios, é penoso para mim querer a vingança, ou a retaliação. Sou parvo, eu sei, por vezes penalizo-me porque não disse "não" na altura certa. mas detesto a queixa e a vitimização. Se não esteve certo nós, que pactuámos ou aceitámos a situação somos os primeiros culpados. Vitimas de manipulação só o são porque se deixaram manipular, terão de aprender a viver melhor a vida, prever melhor o erro, não confiar tão facilmente, serem mais perspicazes. Também não me atrai a culpa, procuro ver a situação na sua forma positiva, se a tem, e há sempre um lado bom, mesmos nos piores momentos. E as pessoas não são definitivamente más nem boas, são elas mais a sua circunstância.

Nebraska

Vão-me dizer que ando a ver filmes demais. Talvez ! Mas tenho tempo e com o calor melhor estar no AC. Desta vez vi Nebraska de Alexander Payne e fiquei empolgado. É aquele filme que todos os filhos e todos os pais deveriam ver, que devia ser mostrado em todas as aulas de educação cívica, assim como o "Daniel Blake". O filme é de 2013 e comprei na FNAC por 5 euros. Vi agora devagarinho. Vou contar um pouco. Um pai idoso quase demente, recebe uma daquelas cartas promocionais a dizer "ganhou um milhão de dólares", o resto está escrito em letras pequenas... Mas para receber tem de atravessar 3 estados e fazer 1200 km. Convence-se de que é mesmo verdade e foge várias vezes de casa para a pé ir buscar o seu prémio imaginário. Todos o tentam demover mas nada o faz recuar. Quer comprar uma carrinha, embora não conduza, e um compressor de ar, só isso, com o dinheiro, um sonho de vida. Todos o contrariam e desdenhar, mas o seu filho David não, Embora sabendo que é mentira, disponibiliza-se para ir com o pai em viagem de dias, levantar o prémio que sabe não existir, apenas para o pai viver mais uns dias de felicidade. O resto é uma história de amor de pai e filho, jamais escrita, e o epilogo final muito forte e comovedor, de gestos que não imaginamos neste mundo, movido pela cultura do dinheiro, e em que filho não desvia do seu caminho pelo pai. Uma história muito real, provando que a ficção também pode ultrapassar a realidade.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Aquarius

Quem não viu que veja, eu não tinha visto. Um filme brasileiro que nos enche, sobretudo a nós que estamos a viver aquele momento da vida em que damos já mais valor às memórias que a muitas realizações, e que ainda queremos a partir delas realizar bem os dez ou quinze anos de vida que nos faltam, antes da queda definitiva. Aquarius é um filme que se baseia na ideia simples de uma sexagenária pretender manter a casa onde sempre viveu, foi feliz numas coisa infeliz noutras, amou, teve e criou seus filhos, ouviu as suas músicas, e pretende morrer. Contra esta ideia simples e razoável, a ganância de uma imobiliária do progresso, que quer derrubar o prédio para construir uma torre de habitação de luxo. Mas para além desta história vamos desdobrando as memórias, relendo a sua relação amorosa, a sua relação com o cancro, ela é mastectomizada, e a sua relação com filhos, aquilo que lhe resta depois de anos de vida preenchida com as coisas do costume. Sónia Braga, faz aqui de Clara e penso que também de Sónia Braga ela mesmo, também vitima do cancro da mama. Faz pensar muito a quem deu muito, e no momento de se recolher não tem direito às suas memórias.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Bisavó (Apresentação 38)

A netinha mais bonita do mundo (a minha), para lá de ter um avô babado também tem uma bisavó. Para ela, de 86 anos, nem imagino o efeito que lhe provoca contactar  com a bisneta. Carregada de energia positiva, correndo tudo, agora que já anda com desembaraço, contagia a senhora ao ponto de durante uma semana não falar de mais nada. As dores esquecem-se, a tensão está boa, a  enxaqueca recua, a queixa reverte. Afinal a netinha (a mais bonita do mundo) também melhora a saúde.

Jeanne Moreau (1928 - 2017)

Morreu a atriz da beleza contida, protagonista  de alguns dos filmes que mais aprecio. Os anos 60 foram a sua praia, sempre em papéis de grande densidade, com desempenhos íntimos e minuciosos, o espavento não era o que mais apreciava, sendo que a sua beleza e talento não precisavam de demonstração. Talvez já diga pouco aos atuais, que interessa, se marcou a vida cinematográfica ao nível das estrelas. Curioso que o ultimo filme em que participou foi em 2011, dirigida por Manoel de Oliveira, "O gebo e a sombra".

domingo, 30 de julho de 2017

O Presidente Rei

Domingo podemos parar um pouco para pensar. Marcelo deu uma entrevista ao DN, em que o menos republicano de todos os presidentes da democracia, digamos um Presidente Rei, declara a sua maior fidelidade ao Parlamento, dizendo que a maioria só deixará cair este governo se quiser. É uma evidência mas também uma forma de dizer, não contem comigo, nem num sentido nem noutro. Vêm aí as autárquicas, a tal linha vermelha de que ele falou, e a partir de agora se querem continuar entendam-se nos projetos fundamentais para o país. Eu por mim nada farei contra. Aprovo totalmente, assim deve ser. Cada vez mais a taxa de aprovação deste Presidente sobe, adquirindo um estatuto quase "real", o que lhe permite uma intervenção sem limites, onde aliás não tem faltado, apagando alguns "incêndios" da política e dos políticos, sempre prontos a aproveitar a desgraça para a "surfarem". Tem estado bem o nosso Presidente, e sem duvida que vamos ter presidente para os próximos oito anos.

sábado, 29 de julho de 2017

A vida é a cores

Eu sei a tendência que temos para o cinzento. Para a lamentação, o pessimismo, para a queixa com muitas ou poucas razões. Mas não fomos sempre assim. Que é feito do povo dos "navegadores", dos "aventureiros" sem limite, da latinidade marítima ? Nada ! Ficou em pó ! Agora rói-nos a inveja, o "poucachinho", a canção da desgraçadinha. Apesar de tantas coisas boas terem ocorrido no último ano e meio. Mas basta uma desgraça para nos atirar, sem hesitação, para a valeta do desânimo. Assim passamos uma semana a discutir quantos morreram. A lançar ultimatos, feitiços, insultos sem nenhuma lógica, a discutir conclusões que ainda não foram retiradas, a pedir comissões e a desautorizá-las. A lançar avisos traiçoeiros, a prever novas vindas do diabo, a falar da inevitável rota para o abismo. Começa a fartar, senhores políticos da oposição ou do governo. Não queremos isso. Arrepiem caminho, e preocupem-se como melhorar, como fazer melhor, diferente, como resolver problemas e não como criá-los. A vida é a cores, não esqueçam. Não queiram condenar sempre as pessoas a escolher entre o mau e o péssimo. O preto ou o branco. Ou melhor, entre dois tons de cinzento.

Mercadinho

Após algumas falhas hoje voltei ao mercadinho em Ourique. A novidade foi que hoje foi ao ar livre, no jardim em frente ao parque infantil. Fiquei a saber que se chama Praça de Garvão. o que me levou  a Garvão inutilmente. O ambiente era o do costume, um pouco mais de gente, pessoas a vender o que fazem, a organização inexcedível em simpatia, competência e boa vontade. Gosto de estar por ali a pintar e a ver o que se passa. Podia ser um pouco mais concorrido, mas para mim, cujo objetivo não é vender, isso conta pouco. O meu interesse é dar a conhecer o que faço, ver a reação das pessoas, pintar ao vivo, coisa que devia fazer mais, e mostrar que alguém que não é da terra, a valoriza. Algumas das "alunas" fizeram grande festa quando me viram por ali a mostrar trabalhos. Correu bem a manhã. Fica aqui uma foto.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Telhados

A partir de uma foto que tirei do local onde costumam decorrer a aulas de pintura acabei por pintar  esta tela que mostra a matriz e uma chaminé na vila de Garvão, aqui bem pertinho (12 Km daqui), e dá para ilustrar a beleza do património urbano local, dentro do que a minha competência me permite. Pintar, mesmo sendo formas geométricas, realistas, e muito próximo de registo do concreto, acaba por dar um grande prazer e de permitir uma expressão de sentimentos que essa capacidade de reproduzir por desenho e tintas afinal é. Gosto assim de me basear no real figurativo, não que o abstrato não me atraia, mas a falta de uma referência para mim é uma grande limitação.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Mão (Apresentação 37)

Este poema é do livro "Poemas Quotidianos" e naturalmente dedico à Francisca, o meu prolongamento mais remoto. Deve ler-se neta onde se lê filha....

Não é a tua mão
filha

que eu levo
na minha mão

é uma raiz

que eu planto
em mim mesmo

António Reis "Poemas quotidianos"

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Desprezo

"Quando a mulher ama, adora. Quando o homem ama, despreza, porque alguma insignificância deve ter a espécie feminina para permitir o erotismo".

Mais uma citação desconcertante de Agustina, no livro que estou a ler, chamado  "Fama e Segredo na História de Portugal" de 2006, pois desde lá que Agustina deixou de escrever, atacada pela doença. Referia-se á relação de Dom João II com as mulheres. Mas a frase é intrigante e nela Agustina apresenta o homem como misógino e contraditório. Como pode o desprezo ser uma forma de amor ? Ainda por cima em nome da menorização do erotismo, quando se passa  a ideia de que o homem lhe atribui uma excessiva importância ? Mas se pensarmos melhor ela terá alguma razão. O homem vê a mulher como uma forma de "pecado" do qual não consegue escapar. Diz-se, o diabo conquista o coração do homem através da mulher, não sei onde li isto, e esta relação contraditória faz do homem um infeliz em potência. A mulher nesse aspeto é previlegiada pois sempre é o centro da atenção, o chamado "objeto do desejo". O homem que despreze, só lhe faz mal.

Os ditadores



"Os ditadores nunca se acham sós. Ou são as reverências dos seus validos, ou o protocolo que simula dedicação, ou sobretudo o eu que está indissoluvelmente ligado ao seu mundo em que decorre a sua realidade. Às vezes, um mundo extravagante de crises em que a culpa parece ser uma forma de aliviar o excessivo consentimento do seu poder. Há momentos em que o rei se declara humilde, pede que não lhe chamem Alteza, e está perto de demonstrar um eu psicótico e delirante."

Esta  frase de Agustina, citada de um dos seus livros que estou a ler, referia-se ao rei de Portugal Dom João II, que governou de 1481 a 1495, mas podia-se aplicar a qualquer um. Veja-se  a imagem de Nicolás Maduro, um ditador "de esquerda", que na maior cegueira, conduz a Venezuela, que chegou a ser um exemplo de democracia, ao caos e à ruína, por achar que todos os apoiam, ancorado no seu mundo delirante, rodeado de defesas para o seu ego psicótico, surdo à realidade. Esta semana vai fazer uma eleição fantoche para mudar a Constituição, e procurar uma "legalidade" que o eternize no poder, enquanto o povo morre de fome e de falta de bens essenciais como medicamentos, Até quando meu Deus o humano sofre desta vertigem de se sentir bem no lugar do Criador ? Porquê um modesto condutor de autocarros, sem nenhuma preparação, se convence desta ideia de que é um "salvador" ?

Avezinhas

Hoje mais uma sessão do ATL e a criançada foi desafiada a pintar uma avezinha que está em grande risco de extinção, penso que ainda não tinham ouvido falar, o priolo. Como já aqui expliquei vive na zona mais oriental do arquipélago dos Açores e a sua ameaça tem a ver com a progressiva extinção da floresta característica da região, aos poucos substuida por prados para a produção de carne e leite. Arregaçaram as mangas e fizeram tantos priolos que a sua população aumentaria. Com muita ordem e arrumação, coisa rara nos anteriores ATL. A orientadora Daniela é de facto muito responsável e organizada e mantém a criançada bem focada e não dá "abébias" !!! Assim as coisas correm bem.

domingo, 23 de julho de 2017

Sobre os telhados

Uma vista sobre os telhados de uma vila cá do concelho para mostrar que Alentejo não é só campo, planície, borrego, porco e outras "paisagens", também o património construído tem que se diga e apresenta pontos dignos de inspiração. Aqui vemos o pormenor da chaminé e ao fundo a Igreja Matriz. Claro que algumas construções não integram bem o conjunto mas também não podemos ser fundamentalistas, temos de viver no conforto. Felizmente já não há antenas de televisão e poucos cabos elétricos. A luz essa está lá toda como é normal aqui para o sul, e faz as delícias de qualquer um interessado na pintura, pois ela realça tudo e faz contraste com uma sombra tão intensa como a luz. Um desafio.

Priolo

Hoje domingo vamos dedicar tempo a causas. O priolo, um pássaro endémico nos Açores, nomeadamente na parte oriental da ilha de S.Miguel, único local no mundo onde é conhecido e onde se encontra em extinção. Muito tem sido feito para reverter tal situação o que parece estará a acontecer. Mas a maior ameaça é o declínio da floresta laurisilva nas ilhas dos Açores, onde nidifica e se alimenta. Já alguns projectos foram lançados para o salvar, com algum sucesso. Decidi pintar rapidamente um esboço de dois priolos, e amanhã no ATL vamos trabalhar mais um bicharoco ameaçado. Espero que a criançada adira.

sábado, 22 de julho de 2017

O passado e o presente

Estamos em momentos diferentes, em contextos, realidades e suposições diferentes. Passado é passado, presente é presente. Mas será que é mesmo assim ? Será que seríamos o que somos se não tivéssemos aquele passado, será que aquele passado foi premonitório deste presente? Assim a vida é. Um rio em que águas do passado conduzem a uma foz que muda todos os dias, pelo que o rio tem de procurar todos os dias a sua foz. O presente não é mais do que o acumular de muitos passados, interagindo uns com os outros, uns que se perderam, outros que persistem, outros ainda que irrompem sem sabermos de onde. Agora certo certo, é que não podemos modificar o passado, vivê-lo de outra forma da que foi vivido, remendar esses dias, embora se possa olhar para eles de outra  forma, ter deles uma opinião que evolui como o nosso amadurecimento. Afinal o presente também já é passado, e o passado até pode vir a ser presente. Temos olhar para a vida com toda a relatividade. Certo as águas não voltam a passar de novo por debaixo da ponte, mas outras águas virão, água é sempre água.

A casa

"A casa" é uma das mais lindas canções escritas por Rodrigo Leão para Adriana Calcanhoto, e publicada no disco "Alma Mater" talvez já com dez anos, onde Adriana canta como sempre. Deixo aqui o video que alguém construiu, um scrap, e que escolhi porque pode ler a letra que é a de uma maravilhosa canção do amor perdido e recuperado. Ler com atenção. Mais uma grande canção de Rodrigo Leão que acompanha com o seu "ensemble".


Rodrigo Leão e Scott Matthew

Fui ver ontem em Faro, no Teatro das Figuras, e foi bom, para quem gosta da magia da música de Rodrigo Leão, da voz melancólica de Scott, e das maravilhosas canções que escrevem. Ouviu-se um pouco de tudo, os dois juntos, só o Scott com guitarra, só o "ensemble" de RL, onde prepondera a violinista Viviana Tupikova, russa que trabalha há muitos anos com o músico português sendo a autora dos belos solos de violino que aparecem em todos os trabalhos de Rodrigo Leão, um espetáculo muito emotivo e cheio de secretismo. Valeu a pena fazer mais 200 km para os ouvir.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Levanta-te e caminha (Apresentação 36)

Hoje a neta Francisca seguiu finalmente o eterno conselho de Jesus. Começou a caminhar, a andar sobre os seus pés, sem apoios, dúvidas ou incertezas. Como se desde sempre soubesse que é assim que tem de ser. Eu não vi em pessoa, mas uma pequeno vídeo precioso confirma e ajuramenta o acontecimento. Sempre pronto para deduções apressadas diria, era o cabelo que lhe pesava. Agora ficou mais leve e ela que se levanta. Agora já pode fugir. Cuidado ela é muito despachada !!! O avô como sempre admira os acontecimentos como se nunca tivessem acontecido.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Barbara Weldens

Sabem quem é ? Nem eu !!! Jamais ouvi esse nome nem identificava como cantora francesa. Pois ouvi hoje, pois foi noticia quando morreu em palco durante um espetáculo, aparentemente vitima de electrocução. Tal como o saudoso Jimi Hendrix.  Como tenho o Spotify fui logo ouvir a Bárbara e fiquei agradado com o seu primeiro e único álbum, saído em Fevereiro, Para se ver de que artista se trata ganhou em 2010 o prémio Jacques Brel como revelação, E agora participava num festival Leo Ferré. Tinha 35 anos. Impressiona-me que alguém morra assim, uma artista em pleno local onde era suposto dar felicidade aos outros. Triste.

Regresso à aldeia

Feito em 2013, entretanto arrumado nos quartos dos fundos agora veio uma oportunidade de sair da obscuridade, mas para isso tive de fazer uns retoques para o tornar mais equilibrado, colocar-lhe mais mancha, pois era demasiado grande. Ainda assim não ficou "nos trinques". "Há sempre qualquer coisa que eu devia de saber, qualquer coisa que está para acontecer", como se diz na canção. Mas para já sai como está, até tem moldura coisa rara cá por casa. Trata-se de um dia assim chuvoso e foi feito na aldeia de Alcarias, a mais linda deste pequeno concelho, como toda a gente sabe. Ficou no meu estilo mais voltado para o cinzento, estávamos em Março do 2013 e não estava nada bem. Mas a força chegou para o pintar. Assim vai continuar a ser Espero !

Rua

Uma rua igual a muitas aqui do  Alentejo. Esta tem de especial fazer esquina com uma grande escadaria que acaba por conduzir ao alto da vila, onde por norma se situa uma capela. E neste caso não se foge à regra, a capela lá está de facto. A rua essa segue em frente com mais ou menos curvas, até se chegar à mesma capela, ao seu largo, mas de carro, pois o carro não sobe escada... Mais uma proposta de pintura, mais casa de listas azuis, mais varandas com ferragens, que cada vez são mais difíceis de fazer, devido à vista. A velhice avança, e eu não posso exigir de mim as mesmas faculdades. Atá já estou um pouco gágá, não é, sempre a repetir as mesmas coisas.

Viver ao lado

Viver é bom. Viver com, será menos bom. Viver sem, é pior ! Viver para, é redutor. Viver de, é dependência, Viver se, é inaceitável ! Viver quando, é transitório. Viver mas, é duvidoso. Viver para além, é demasiado. Viver apenas é como viver se. mas mais inaceitável. Afinal se viver é bom como é que se deve viver? Talvez viver ao lado !

Mulher tomando chá

Aventurei pelo caminho da representação do corpo humano, coisa que raramente faço, por manifesta falta de competência. Algumas representações que tenho feito não tenho gostado e acabam destruídas. Agora fui desafiado e tentei corresponder ao desafio. Gosto de desafios. Assim fiz este esboço que acaba por não estar totalmente mal. O problema é que como trabalho pouco o corpo humano nunca chego a ter um verdadeiro desembaraço no desenho. Tendencialmente fujo para a caricatura onde me sinto mais à vontade. Afinal é mais o meu registo. Este "boneco" segue um pouco o traço caricatural, mas a "mulher tomando chá" ficou de acordo com a ideia que dela tinha antes de desenhar. Assim deve ser. Concretizar uma ideia que se teve, melhor se for com competência. E dedico este pequeno trabalho a quem me desafiou. (É um desenho sobre papel a tinta da china, pintado com acrílico)

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Cortar o cabelo (Apresentação 35 )

A neta Francisca foi ao baeta, como se costuma dizer. Primeiro corte de cabelo na cabeleireira da rua. Já tinha cabelo de mais e o verão falou mais alto, ficou com o cabelinho curto, e os olhos mais abertos. O corte muda tudo naquela cara, de forma que parece que tenho duas netas, uma antes, outra depois de cortar o cabelo. Se uma já era bom, duas melhor. Os cabelos que vieram da primeira conceção lá ficaram como coisa sem préstimo. Como boa árvore voltam a crescer, para os comentários do avô que tem sempre os olhos postos na neta, mesma que de forma virtual. Mas o que conta é o pensamento. (Nota: a criança da imagem não é a Francisca mas uma foto retirada da net... nada de confusões !)

terça-feira, 18 de julho de 2017

Paisagem

Em geral associamos a paisagem do Alentejo às planícies sem ter fim. Mas quando nos aproximamos do litoral aparece um relevo pouco alto, mas ainda assim interessante, onde floresce vegetação como arvoredo, que corta um pouco com tudo o resto. É o caso nesta foto que tirei em Relíquias que já aqui citei. É tudo Alentejo, tudo bonito, tudo calmo, diria mesmo pachorrento, em todo o lado se vêm muitas mulheres a fazer trabalhos, e se vê homens a beber umas minis, ou sentados junto das paredes que dão um bom encosto. Há exceções claro. Nada de generalizações abusivas senão acontece-me como ao outro.. Qual outro ? O Raposo claro ! Quem se mete com alentejanos leva ! Mas tudo isso é a paisagem, o encanto do lugar onde estar nem parece que se está. Apenas planamos sobre os lugares. Apreciamos sem ser preciso imergir totalmente, pois que não sou de cá e prezo muito a alma alfacinha. Agora a paisagem está-se a impor a Lisboa, ao contrário do que dizia o Eça ( estou-me a referir ao dito "País é Lisboa, o resto é paisagem" ). Paisagem revolta-te !!!!

No amor não há culpa apenas erros de análise

Pois que melhor título para este casal que eu "fotografei" nesta tela, já com uns tempos, do que este processo em que os dois se põem em plena análise a ver os prós e contras do partir e do ficar. Se fico não como, se parto posso encontrar o diabo. Qualquer hipótese é uma escolha entre o mau e o muito mau. O que tem o amor a ver com isso ? Nada. Não têm a culpa de não se alimentarem de ar e vento. São bichos e o mais básico do espirito animal vem ao de cima, a sobrevivência !!! Por isso, armado em consultório sentimental eu digo, até é normal que cada cegonha escolha o caminho, nesse caso quem tem culpa se correr mal ? Como não sei responder acho que o que pode ter acontecido são erros de análise, "nobody 's fault". Agora deu-me para isto ! Mas no fim o autor da tela, "moi même", até nem se saiu mal. Agora vai para uma parede de um restaurante, Pelo menos aí não falta alimento. "Bon appetit".

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Os algoritmos têm as costas largas



Título estranho este. Algoritmos são fórmulas matemáticas que aplicadas na programação permitem que se execute de forma automática um tarefa. São muito falados hoje porque ajudam a criar perfis de utilizador e assim fazerem propostas comerciais. Tás a ver, nós consultamos o site do Continente à procura de manteiga, a partir daí todos os dias que se abra o computador querem-nos fazer comer manteiga à força !!! è um algoritmo que faz isso. Ora vem isto a propósito do filme "Money Monster" ultimo realizado pela pequena grande Jodie Foster, com George Clooney no papel principal, Ele apresenta um programa da TV de aconselhamento financeiro. Os espectadores seguiram os conselhos, e de um dia para o outro perdem 800 milhões. Um desses espectadores pega numa bomba e sequestra em directo o apresentador e pessoal da TV, quer saber para onde foi o dinheiro. Vem logo a explicação, o algoritmo que apoia a decisão de investimentos, falhou. houve um crash qualquer e lá foi o dinheiro. A habitual desculpa muito conhecida em Portugal "foi o sistema".  Pois, só que neste caso a matemática ultrapassa o ser humano em honestidade. Na realidade o algoritmo foi "enganado" por decisões tomadas pelo CEO da empresa, que sacou uns trocos, e fazia por si investimentos para o seu bolso que se revelaram ruinosos. Assim deixem os algoritmos em paz, eles fazem o que se lhes manda, e melhor meter na cadeia alguns que ainda hoje se passeiam pela baixa !!! Vejam o filme, é muito bom.

domingo, 16 de julho de 2017

Cem mil

O meu blog "Sul e Sueste" completa hoje 100 000 visitas. É obra. Claro não serão cem mil pessoas mas mesmo assim fico contente pelos contactos. Nem sei quem são na maioria dos casos. mas quero agradecer a atenção, talvez algumas pessoas eu tenha tocado com as minhas palavras, embora muitas apenas leiam o resumo que coloco no Facebook, mas nem sempre. Para um blogger situado no interior do Alentejo, num concelho pequenino, penso que este número mostra que fiz algo interessante para alguns durante oito anos de actividade e 2636 posts dava para um livro ! O meu blog afinal nada conta da minha vida, embora seja um blog pessoal. Primeira mostra a minhas pinturas, sempre associadas a alguma ideia. Depois mostra as pinturas das alunas, quando posso, finalmente é um blog que mostra o meu mundo, o mundo que está para além de mim e que me interessa. Fala das vidas da vida, A minha vida essa pouco interessa, e não estou aqui para fazer catarse, Para isso vou ao psicanalista !!! Obrigado a todos, amigos, conhecidos e desconhecidos. Venham comigo ao meu mundo, um mundo pequenino cheio de grandes pequenas coisas.

Sunday Sunshine Morning

Parece o título de uma música dos Kinks dos meus saudosos idos anos 60, mas na realidade é apenas uma referência a uma manhã de domingo. ensolarada, com a temperatura a subir para os trinta e muitos graus, e o Alentejo como fundo à vista do meu terraço. Este calor mata-me, acabo por ficar numa letargia, uma passividade preguiçosa que não se recomenda a um sexagenário de bom senso que ainda quer dar ares de "estar para as curvas". Quais curvas, mesmo nas rectas o  motor afrouxa, e a preguiça toma conta. Nesta manhã no entanto tratei da roupa, para mim tarefa de domingo, depois tenho mais que fazer. Por agora em vez de desperdiçar o sol, aproveito a sua energia para proceder ao processo físico de evaporação da água da roupa, o que qualquer dona de casa nortenha chamaria, "secar a roupa, carago !!!" ou coisa pior... Mas eu não sou dona de casa, muito menos nortenha !!! E a roupa que se lixe...

Tea for Two

Um conjunto de chá feito por uma das alunas as aulas de pintura. Um senhora que admiro pois sei das suas inseguranças e da dificuldade que tem com a vista. Mas o que falta em segurança sobra em vontade e apesar disso tem feito muitos trabalhos que usa em casa ou dá. Este nem saiu mal, com ajuda do "professor" no desenho, pois aí a maioria choca com a dificuldade no desenho. Ma as actividades são para fazer e facilitar no que se pode e não para criar dificuldades e negar ajudas. Assim ocupamos o tempo de forma positiva e sem stress nem falsas compaixões. Se não consegue a gente ajuda. Esse o meu lema.

sábado, 15 de julho de 2017

Altice rima com...

Durante esta semana muito se falou da Altice, Costa descascou, Passos defendeu, a própria procurou limpar, em causa os "despedimentos" encapotados, a tranferência de pessoal, a compra da Media Capital, a vontade de criar um Banco digital, entre outras manobras, decisões ou confusões. Na realidade temos de ver que esta Altice começa por ser um fundo que visa rentabilidades rápidas, e se possível comprar barato e vender a prazo mais caro realizando mais valias. Por isso vale tudo. Mas para quem tanto critica a compra da PT pela Altice, deve pensar bem pois a fonte de todo o mal foi a venda da Vivo no Brasil, acompanhada pela compra de 30% da Oi, empresa falida já na altura, gerida por um bando de corruptos, alguns hoje presos no Lava Jato, e posterior fusão da PT com a Oi, tudo apadrinhado pela pandilha, Sócrates, Salgado, Granadeiro e Bava. Aí começou a desgraça que levou mais tarde a Oi a vender a PT para realizar capital pois estava afundada. É aí que aparece a Altice, e foi sorte. pois já nessa altura era a Oi e não o estado português a verdadeira dona da PT. Já se percebeu o que acontece a quem se mete com gestores brasileiros. Agora queixem-se. Quanto à Altice o que  posso dizer é como cliente, aí à medida que perdem clientes, sobem os preços para compensar! Talvez seja aldrabice a palavra com que rima...

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Poemas quotidianos

Cá está mais um post que nada diz a ninguém tirando ao seu autor, um homem do antigamente, que ainda lê livros velhos, e os compra em alfarrabistas, que ouve CDs, um velho de cabelos brancos, olhar desfocado, algo pitosga, muito agarrado aquelas coisas que naqueles anos faziam a diferença, entre os "aburguesados" de gravata que íam às discotecas e engatavam umas miúdas, e nós "os outros" de barba por fazer, desalinho nas roupas, e cabelo por pentear, andávamos com livros forrados com capas de papel, porque os livros que trazíamos sempre debaixo do braço não se podiam exibir em certos ambientes. Estávamos alguns anos antes do 25, e qualquer gesto podia ser mal interpretado. Nessa altura, 1967,  saiu um livro, ou melhor a reedição de um livro original de 1957, chamado "Poemas Quotidianos", de um autor sem nome, António Reis, que teve grande aceitação neste grupo de gente, nós os barbudos e mal vestidos... Os poemas eram curtos, diretos, melancólicos, escritos por alguém sufocado pelo país de opereta do salazarismo. Foi-me emprestado pela minha amiga da altura, a Graciete, rapariga um pouco mais velha, que andava em Letras, como era natural nas meninas da altura, e também gostava desta poesia desesperada e chã ! Gostei tanto que, não havendo papel para o comprar, e não tendo ainda sido inventada a fotocopiadora, decidi copiá-lo com a minha máquina de escrever Olivetti, pois o livro até era pequeno. Hoje a Graciete é catedrática na Sorbonne, decerto reformada, sob o nome Maria Graciete Besse, nunca mais a vi, o autor deste texto já não tem barba, embora continue a vestir-se mal, António Reis morreu em 1991 sem grande obra publicada para além dos ditos poemas quotidianos, os "aburguesados" tiveram filhos das meninas que engataram nas discotecas, o Salazar caiu da cadeira há 50 anos, e o principal motivo desta crónica que já vai  longa é que o tal livro ensimesmado e carregado de melancolia foi agora reeditado de novo, em 2017, altura em que fazem 50 anos da segunda reedição de 1967, Está na "Tinta da China", custa pouco mais de 12 euros, e eu agora vou poupar os dedos. Leiam, talvez não compreendam !

Allons enfants de la patrie, le jour de gloire est arrivé

Hoje é o dia nacional de França, o célebre " 14 juillet", dia da Tomada da Bastilha. Porquê recordar tal data ? Porque hoje de novo a França representa uma esperança para a Europa, a esperança da Europa dos seus ideais mais fidedignos, da liberdade, igualdade e fraternidade, tão arrastados pela lama nos tempos presentes, entre outros por uma personagem que o sr. Macron decidiu convidar para a comemoração, o sr. Trump, cujo reconhecimento nesses valores desse ser diminuto, havendo mesmo merecidas dúvidas se ele saberá o significado de tais palavras. É que para falar delas os 140 caracteres do Tweeter, tão caros a esse milionário que agora é temporariamente presidente, não chegam. E para tudo o que tenha mais que isso ele não entende. Quando os ingleses optam pelo Brexit os valores europeus tremem na sua aplicação, quando hungaros escolhem Orban, valha-nos  Deus, quando os de leste repudiam refugiados, Cristo ajoelha, quando os italianos quase escolhem um idiota para primeiro ministro, que dizer, agora derrotada Le Pen, acredito na França para equilibrar a Europa calvinista da sra. Merkel. Daí me juntar ao  hino "allons enfants de la patrie, le jour de gloire est arrivé, contre nous de la tyrannie, etc ".

Coisas assim

Há trabalhos que parece que nunca acabamos. Vão sendo adiados, relançados, mas como não agradam ficam órfãos das nossas mãos, e arrastam-se sem ninguém que lhes dê atenção, percorrem caminhos em vão e desses caminhos regressam sem fúria nem paixão, resignados ao canto atrás da porta do quarto. É o caso deste em que trabalhei hoje, a ver se lhe dou a dignidade devida. O lago da barragem da Rocha, que o inspira, já encheu, e estava cheio nos idos de 2010 quando o iniciei, já despejou, e hoje está quase seco, devido à seca extrema que vivemos. E ainda não atinei com a côr da água, que já nem existe. Esse sempre tem sido o motivo  do adiamento. A maldita côr da água, mas de cada vez que se corrige outras coisas têm de ser feitas. Um desatino. Hoje tirei de novo de tráz da porta e voltou para o cavalete e ficou assim, Nahhhh !!! Parece que ainda não é desta. Mas ele faz-me falta para satisfazer uma "encomenda". Sete anos é muito tempo para uma simples tela com um lago ao fundo. Mais uma vez Agustina, agora saída da sua História de Portugal em segredos, "Não fixamos aquilo que aprendemos mas aquilo que amamos", Este é manifestamente um mal amado !!!

Tem asas e voa mas não é avião

São andorinhas. Tal como nos anos anteriores a partir de agora e durante algumas semanas sou presenteado logo ao nascer do sol por este desfile de andorinhas que se concentram em frente do meu terraço para "combinar as coisas". E tudo fica tão bem combinado que quando partem o fazem de uma só vez todas em conjunto. Disseram-me que cada andorinha apenas segue as duas os três que lhe estão mais próximo, e assim todas acabam por sair quase ao mesmo tempo. Mas como decidem quem começa ? E o destino ? Estes animais decidem mais depressa que o ser humano, e pelos vistos decidem bem, pois todos os anos regressam e cada vez são mais.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Relíquias

Hoje de manhã deambulei aqui pelo BA e acabei por visitar a vila de Relíquias, numa transição da paisagem alentejana, da planície para zona com mais relevo, que se estende depois para o mar. Fundada no século XVI, deve talvez o seu nome a mais uma Nossa Senhora das Relíquias, das centenas de Nossas Senhoras que o país venera. A visita visava mostrar umas telas num restaurante que me prometera expor para venda, o que de facto aconteceu, com a ajuda da Nossa Senhora claro ! Aproveitei para ver o "vilarejo", ruas sinuosas e estreitas, sempre a subir (até que se desce), muita luz, casa pequenas e térreas, listas azuis, a cor oficial...  Deparei-me então com estas casa de dois pisos, raro por ali, a irradiar luz por todos os tijolos. Linda, luminosa, bem conservada. Vale a pena visitar estes locais, onde repousam memórias, onde encontramos raízes, que nos definem um pouco melhor como povo e como pessoas. E a pouco mais de 30 km da minha casa.

Ana Gomes

Não se trata de uma senhora deputada hiperactiva e guinchona lá do Parlamento Europeu, mas sim da sua homónima de 20 e poucos anos cantora de jazz, mas que em lugar de cantar standards em inglês que toda a gente conhece, optou por cantar jazz em português com canções mais prosaicas de Tozé Brito, autor de grandes sucessos, todas canções de amor cantadas com muito swing, e sensualidade. Excelente esse disco "Balanço" que agora gravou e que nos embala, e que convida ao amor mais intenso e ao afecto entre pessoas. Gostei muito e para já vai estar dia 27 no EDPCoolJazz, a mostar o seu talento. Para quem usa o Spotify, coisa que recomendo a todos os melómenos como eu, pode ouvir JÁ. E começar a amar !!!