sábado, 11 de agosto de 2018
Batatas fritas
O Pingo Doce é o grande centro de encontros aqui do interior profundo. Não há local que atraia mais gente, onde meia vila convive, mostra as crianças, a foto do neto, conversa acerca das pensões, das reformas, de futebol, fala de tudo e de nada. Até a mim, um desconhecido por estas paragens, um peixe fora da minha água urbana, um lisboeta inveterado, mas convertido ao cheiro dos campos alentejanos, isso me acontece. Ainda há poucos dias encontrei uma pessoa na entrada, a que acenei, e de novo na caixa reencontrei e voltei a acenar enquanto fazia um pagamento no multibanco. Reconheci dificilmente, pois habituado a ver essa pessoa fardada, vi a mesma pessoa no seu vestido preto e sapato de tacão, elegante, parecia-me bem diferente. Mais tarde ainda no mesmo dia voltei a ver a mesma pessoa agora na versão pro, até me ofereceu batatas fritas. Fiquei a pensar na vantagem do Pingo Doce para conhecer o outro lado da mesma pessoa. De outra forma não tem pretexto, motivo ou possibilidade. Sem o Pingo esta terra morria de tédio, com o Pingo fervilha de curiosidade. Nem precisa investir em bibliotecas, centros de convivio ou foruns municipais. O Pingo tem os livros, os laços sociais, a cultura junto com as batatas fritas. E quem não precisa que lhe ofereçam umas batatas fritas.
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