Não é que eu seja um incondicional do Dr Medina Carreira, mas tenho de reconhecer que, com a sua verve pedagógica, diz por antecedência muita coisa que devemos ouvir, e de forma clara. Ontem o programa foi arrasador, pois falou-se do Estado Social, aquilo de que tantos falam, mas poucos compreendem e explicam. Bem documentado apresentou e explicou como foi "inventado" ( uma ideia da direita, pouco apoiada pela esquerda que via aí um aplacar de convulsões sociais no final do sec XIX), como de um Estado Social baseado em redistribuir as contribuições quando havia dificuldades, se passou a Estado Social para todos (contribuintes ou não), e de como ele se encontra ligado à industria e mantê-lo sem industria é quase impossível.
Depois passou a explicar como têm subido as despesas e diminuido a capacidade de pagar,pois o crescimento é residual, num processo permanente, que em 2010, 88% do que se cobra em impostos tem como destino pagar este monstro, das quais 60% só para pensões e subsídios. Ao pé disto as despesas de Saúde e Educação são coisas menores. E esta tendência não é de agora, já nos idos dos anos 90 a tendência lá estava e foi "ignorada" pelos políticos baseados apenas na "capacidade de prometer" e distribuir como diz M M Carrilho. Não tirando conclusões dos sinais já presentes, continuou-se pela década 2000 2010, rumo ao abismo, que nos levou à falência de 2010.
Assim não há direitos adquiridos que se mantenham, Constituição que nos salvaguarde, pois não havendo com que pagar o Estado Social afunda. Para que exista, segundo Carreira, é preciso "economia" e "prudência" na gestão. Coisas que como se sabe falta em Portugal.
Na próxima semana continua no mesmo tema. Recomendo, para quem não acredita em contos de fada.
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