O que ontem sucedeu no Parlamento é um desafio a quem gosta da democracia. Assisti no passado a cargas policiais, em particular antes do 25 de Abril, e contestei essas práticas. Hoje não aceito quem diz que "estamos de volta ao fascismo", e essas afirmações só me causam repudio. Porquê ? Simples... naqueles anos o regime era imposto por simulacro de eleições, a polícia só obedecia a poderes autoritários e sem legitimidade, a polícia não dispunha de procedimentos de actuação que permitisse aos cidadãos separar quem quer estar de quem "está por acaso", a polícia actuava sem pré aviso, usando meios desproporcionados, pois "tudo temia", a imprensa não podia nem sequer referir os acontecimentos quanto mais filmá-los e recolher as opiniões de todos os que queira, mesmo daqueles jovenzinhos ingénuos" que hoje na porta do tribunal diziam que " só tinham ido lá e agora até iam em paz beber um copo".
É tudo diferente em democracia. A polícia ali defende o Parlamento eleito pelo povo (mesmo que se não concorde), o Parlamento não pode ser sequestrado, pois se o for toda a democracia está penhorada, felizmente tudo foi filmado e vimos bem onde estão os agressores e os agredidos, a actuação da polícia foi profissional, equilibrada e estóica, ninguém aguentava ser tratado assim pelos desordeiros, e até quando deu umas "porradas" fê-lo em nome de todos os que acreditam na democracia que tanto custou obter. Não está em causa a justeza dos protestos, a razão das "massas" ou a sua justa revolta. O que está em causa é a atitude e esta não pode merecer apoio de ninguèm, apesar dos "lamentos" de alguns, que até lutaram pela democracia, e que agora parece desprezarem.
Sem comentários:
Enviar um comentário