A resignação do Papa surpreendeu-me muito. Não sendo um fenómeno de popularidade o Papa Bento XVI, mais conhecido por seu perfil intelectual do que pelo seu carisma, demonstrou-nos que até da Igreja podem vir surpresas. Pois não era verdade a infalibilidade do Papa qualquer que fosse o seu estado, não era uma figura não prevista a de ex-Papa, não era preciso fazer nada, tudo seria resolvido pela intervenção divina, pois este Papa diz-nos com o seu gesto, que é enquanto temos capacidade mental para isso que as grandes decisões devem ser tomadas, e que não devemos deixar que outros decidam o que somos ou o que fazemos, mesmo com a ajuda de Deus. Entre a demência com poder, melhor o poder da consciência, e não deixar que seja o acaso a definir e impôr o seu poder. Que grande exemplo de consciência, humildade e humanidade, um gesto que muda muito na forma da Igreja olhar o mundo. Este gesto terá mais impacto do que aquilo que agora podemos avaliar.
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