Entre 1975 e 1978, existiu o talvez caso único de um grupo que aliava a uma acção de protesto, luta política e actividade panfletária, uma elevada qualidade que colocava na sua produção musical e na suas actuações, pela mão do músico José Mario Branco, o maestro Luis Pedro Faro, entre outros. Saliente-se a música "A cantiga é uma arma", ainda hoje simbolo de uma época hoje adiada, até esquecida ou desconhecida de quem a não viveu. Estou a falar do GAC - Grupo de Acção Cultural, "Vozes na Luta". Ligado de perto a grupos da esquerda mais radical, nomeadamente a UDP. Em 1978 desapareceu enquanto grupo, com o declinio das ideias politicas que o alimentavam, e durante anos apenas o silêncio, embora alguns dos seus membros tenham carreiras musicais, ou outras.
Em 2010 toda a sua obra foi remasterizada e publicada, quando já nada o fazia prever. Agora aproveitei um saldo na FNAC e por 5 euros (isto mesmo...), comprei um livro e os 4 albuns do GAC, que custariam 39 euros, sendo que um album recolhe todos os singles, e três correspondem ao que foi publicado já na altura, "Pois canté", "Vira bom" e " Ronda de Alegria" e o livro faz uma resenha completa da sua actividade. E não é preciso ser de extrema esquerda para reconhecer ainda hoje a enorme qualidade desta música que alia as mais profundas raizes musicais portuguesas, com a acção de protesto. Claro que o conteudo é muito datado, e mesmo nestes tempos de grande raiva, a raiva já não se expressa desta forma. Estou a ouvir com muito prazer... fica aqui um exemplo de inspiração alentejana.
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