Esta é outra componente das "estadias" hospitalares. Companheiros que nos querem contar a história da vida, em episódios, todos os dias um pouco, para ocupar o tempo vazio, e afastar os pensamentos da doença. Depois reconstituímos tudo, e eis que surge uma vida vivida, que nos conduziu até ali àquela cama. Por vezes as histórias são contadas para nos tirar daquela posição de infortúnio, que é a doença, e dizer já fomos outra coisa. Confesso que gosto de ouvir, mas jamais aplico a mim mesmo o princípio, a minha vida é apenas património meu, guardado e fechado numa caixinha.
Vem a propósito a história do senhor Jerónimo, meu companheiro de quarto, que após uma síncope, enquanto conduzia, viu a vida salva e dos familiares, porque o filho, do banco de trás conseguiu segurar no volante e manter o carro na estrada, e a esposa, a seu lado, "mergulhou" para os pedais e pegando no pé do marido carregou a fundo no travão, enqunto o filho puxava o travão de mão, isto já com o carro a deslocar-se com bastante velocidade. Uma sorte...
Mas deixo a história para outro post, a cabeça já me pesa, e penso que aquilo que descrevi já é uma verdadeira história de um momento em que a vida e a morte estão ali lado a lado, e nós em cima do muro sem saber para onde se vai cair.
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