quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Profissionalismo

Surge aonde menos se espera, e não está obrigatóriamente associado às "grandes" profissões, nem aos grandes baluartes do conhecimento.


Querem um exemplo mais simples?

Imaginem uma "auxiliar de acção médica" (agora parece chamados de assistentes operacionais, pois ninguém acha bem uma profissão que consista em "auxiliar"), cuja função está no fundo das funções hospitalares, dominadas por médicos, enfermeiras e técnicos, muito cheios de si, para quem estes "auxiliares" são em muitos casos "moços de recados".

Mas imaginem uma chamada Maria José, que quando chega, dá bons dias a todos os doentes, pergunta como passaram a noite (ou o dia, conforma o caso), limpa, lava, retira urinóis, limpa arrastadeiras, leva-as e retira-as aos doentes com rapidez (nada mais aviltante que fazer "as necessidades" deitado na cama, e quanto mais rápido tudo se passar, melhor), ajuda os doentes a limparem-se, limpa bancadas, aprovisiona e arruma os medicamentos, mantém mesas de apoio, monitores, varões das camas impecáveis, apoia as enfermeiras nas lavagens dos doentes, e no fazer das camas, se um doente pede, vai comprar uma garrafa de água ou um jornal, tudo isto e muito mais sempre com... um sorriso na cara.

No fim do dia, ainda se despede de todos os doentes com desejos de melhoras, mas de todos os 14 ou 15 que se encontram nas várias enfermarias do serviço. Talvez por 600 euros líquidos, mais coisa menos coisa, mas para o profissional a verdadeira retribuição é o resultado obtido todos os dias... o resto toca na motivação, mas estes não deixam que esta se imiscue com o que sabem ser o seu papel, e é com alegria que o desempenham pois têm consciência da sua importância para os outros. e por isso para si próprios.
A dona Maria José existe mesmo....

3 comentários:

  1. Das vezes que estive internada, devo dizer que não me recordo de nenhuma 'Maria José'. É preciso muita sorte para encontrar uma. São raras essas pedrinhas preciosas, não são?

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  2. É verdade são pedras a resguardar.... no nosso coração para nos sentir-mos menos sós quando lá estamos estendidos, e alguém nos conhece e trata como pessoa e não apenas como mais um "doente".

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  3. Tens toda a razão, Pai!São verdadeiros herois e heroinas as auxiliares...e pela ninharia que recebem!...É como eu lhes digo às vezes mais valia atender telefones. Por isso, acho que se estão na profissão é por gosto!

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