Vocês, estimados leitores, já viram o que é ter, numa instituição que deve ter centenas de médicos, aquilo a que chamamos "o meu médico" ? E seguramente existem mais de dez que se ocupam de mim, cada dia uma cara nova, um com bata, outro de calças de ganga, homens e mulheres, que me fazem as mais diversas perguntas, algumas contraditórias entre si, auscultam à velocidade da luz, fazem caras simpáticas ou fecham-se num ponto de interrogação. Mas esses não são "o meu médico". Esse é outro. Não direi o nome, ele próprio não gostaria, é discreto, acompanha o meu presente em nome do meu futuro (o transplante), quase todos os dias me visita, nem que seja um aceno da porta da enfermaria, faz-me poucas perguntas, mas coerentes, com o meu objectivo final, fala pouco, mas em poucas palavras diz o que é preciso (nem demais nem de menos), responde a qualquer pergunta que faça, mesmo delicada, com sinceridade e um ligeiro sorriso nos lábios, derrama esperança pela sua tranquilidade que não pelas suas palavras que são sempre parcas e resumidas ao essencial, sinto empatia com ele, mas tal não deriva de palavras mas de actos simples e cativantes. Que bom eu poder ter, nesta instituição de centenas de médicos "o meu médico" e ele ser assim.
Caro Amigo Carlos,
ResponderEliminarQue bom que é ter o "seu médico".
Para si e para ele.
A empatia é um coadjuvante terapeutico.
E por vezes, os olhos e o sorriso dizem muito mais que conversas da treta.
Um abraço,
Ana