quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Profissionais


Há uma questão que não tenho falado aqui, mas hoje que estou bem disposto e já vou no terceiro post, é o dia.

Tenho de referir o profissionalismo e a competência destes homens e mulheres da Unidade de Cuidados Intensivos/Intermédios de S. Marta. Numa altura em que a tendência é vilipendiar o SNS, o serviço público, esta gente arregaça as mangas e em permanência corre até à exaustão para que nenhum pedido de ajuda ou socorro fique sem resposta.

Reconheço que este serviço não está imaginado para doentes de longa duração, como é o meu caso, sou aqui caso único neste momento, mas isso não impede que, com os meios que têm, e tantas vezes são escassos, se excedam em simpatia, amizade e se desdobrem em esforços.

E aquilo que eles aturam, meu Deus... só estando aqui se pode ter ume noção do estado de certos doentes, e do seu comportamento, exigência que roça a má educação (talvez por descompensação, desorientação), mas que não os faz perder a cabeça.

Não imagino certos enfermeiros de outros hospitais que conheci sobreviverem a uma semana aqui, tal o ritmo. E que grande coração é preciso. Já ouve vários óbitos, outos doentes com urgências imediatas (eu próprio...)

Mas para não dizer só bem, há algo que bem podiam melhorar, o ruído. Sei que são quase todos muito jovens, mas por vezes excedem o neccessário, e tornam a unidade insurdecedora, a que só os meus tampões de ouvidos, que coloco com frequência, vão resistindo como podem. Aqui poderíamos dizer que para o doente o silêncio é de ouro, mas para estes grandes profissionais é apenas de lata.

Obrigado a todos eles.

3 comentários:

  1. Caro Amigo Carlos,
    Esses profissionais têm que ler este Post.
    Será uma alegria para eles.
    Ainda bem que alguem se lembra de os elogiar, pq nem todos apreciam e mto menos verbalizam.
    Há muito bons profissionais de saúde em Portugal, como tambem noutras profições, mas as boas noticias não vendem.
    Estamos no pais do Fado, e só a desgraça, preferencialmente alheia, vende jornais.
    Tem que se dizer mal.
    O copo está sempre meio vazio.
    Considere o barulho deles, como musica, chilrear de passaros, alegria.
    Um abraço,
    An
    PS: Hoje deu-me mto trabalho ( 4 comentários).
    Amanhã quero mais.

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  2. Olá Carlos, tudo em ordem, muito bem!
    Que chatice esse barulho... talvez possa falar com eles e pedir um pouquinho de silêncio.

    Curioso, quando estive aí, achei tudo tão silencioso... mas também o meu dia-a-dia é uma barafunda constante.

    Beijinhos fortes!

    Cláudia

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  3. O ruído passa-se sobretudo nos inevitáveis momentos de urgência, quando alguém está entre a vida e a morte, mas também durante as suas refeições, telemóveis nos corredores, ou quando chamam ajuda dumas enfermarias para as outras. Isto quando no meio de silêncio arrepia. Mas já tenho solução: os meus tampões de piscina, que são estanques. Têm apenas um pequeno defeito, salienam os nossos ruídos interiores, que para um doente, não são menos incomodativos...

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