sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Relatório de guerra


A primeira batalha foi mesmo ganha. Todos os perigos e riscos que na véspera despontavam no horizonte (quer dizer nesta cabeça atribulada...) afinal não passavam de "moinhos de ventos". Depois de algumas pequenas escaramuças, que começaram na viagem de madrugada e ataques de filas de trânsito no Fogueteiro, ultrapassados com perícia pelo bombeiro que nos trouxe, com manobras de duvidosa legalidade... e chegado ao local da batalha, fui logo atacado para recolha de sangue, nada que não se resolvesse, com duas ou três picadelas e alguns ais !!!


Depois passámos a outros meios mais pesados, mas menos penosos: raio x, electrocardiograma, ecocardiograma. Como viram que não cedia, a partir daí trataram-me como um príncipe. Instalaram-me em cadeira de suma-a-pau no refeitório, e lá passei a manhã toda, esperando o desfile das diversas armas. Safei-me pois foram dando comidinha, o que em teatro de operações não é normal. As "consultas" iam sendo dadas por ali mesmo, incluindo a dos diabetes, minha nova "coqueluxe", isto porque a sala para o efeito não estava "available"...


No final da manhã a guerra terminou com uma refeição, no mesmo local, cheio de outros pacientes, e eu, que ainda não aprendi como se come com uma máscara, que tapa o nariz e a boca ao mesmo tempo, lá tive de a retirar, coisa que me tinha sido dito que em hospital "jamais", e comer a minha comidinha, no meio das bactérias, sem máscara, não me consta que elas a tivessem posto... se calhar era aí que queriam que me fosse abaixo.

Se era isso que queriam, devo dizer que tudo afinal parece bem, o coração funciona como relógio suiço, as análises estavam impecáveis, e os restantes exames não indicavam qualquer sinal inesperado. Não há sinal de qualquer rejeição, infecção, contaminação ou outra situação indesejável, o "meu médico", ficou muito contente com a situação. Afinal a primeira batalha correu bem para todos, sobretudo para mim, e quinta feira próxima repete a dose.

Como compensação ofereceram cinco garrafas de água para o caminho, para o transplantado, e os outros utentes a beberem baldes da torneira...

Os piores fantasmas, afinal verdadeiros "moinhos de vento", desta cabeça de "charroco", ficaram desde já pelo caminho. Uff...

1 comentário:

  1. Caro Amigo Carlos,
    Cá me parece que nesta Guerra, as Batalhas vão ser ganhas , uma a uma e que o exito vai ser total.
    E que só lhe falta arranjar uma mascara para os "bichinhos" que de vez enquando lhe "atacam" o seu imaginário.
    Para as bactérias não vale a pena. Elas têm medo de si.
    Um Abraço,
    Ana

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