Verdade que durante meses não foi possível ver a minha imagem ao espelho, pela simples razão de não haver como espelhos nos locais por onde andei. Imagine-se o choque que foi chegar a casa e dar de caras com uma imagem estranha, em que não me reconhecia...
É como olhar e ver alguém que não se conhece, não só devido à imensa magreza, menos cerca de vinte quilos em seis meses, mas também um rosto com um olhar escanzelado, e sobretudo uma farripas a que só a contragosto se chamaria de cabelo. E nesta fase não devemos menosprezar aquilo a que agora tanto se chama de "autoestima". Tanta coisa nos puxa para baixo, que algo deve fazer contravapor.
Decidi então comprar uma máquina de corte pessoal e ir ao local próprio tratar do assunto. Não corro riscos inúteis, e fiquei com uma carecada, talvez pouco adequada ao frio que faz, mas ao espelho já não rejeito a imagem que via, e que se tornava quase inaceitável.
Claro que a imagem não é, de certeza, o mais importante, o mais importante é adquirir mobilidade, músculo, carcomido por demasiada cama, alimentação que se rejeita, e movimentos a menos.
Por isso procuro agora comer proteína, carne ou peixe, e precisaria muito de fisioterapia, que parece ir haver aqui no Centro de Saúde, já a partir de hoje, para dar continuidade a um programa de reabilitação cardíaca, entretanto já iniciado em S. Marta. Agora é nítida mais destreza nas actividades de rotina diária, prejudicada apenas pelo edema, que me ataca, sobretudo o pé direito, e que o torna em chumbo, dificultando movimentos. No final do dia, a situação apresenta mesmo sofrimento, sendo complicado ir para a cama sem apoio.
Já em tempos tinha pensado que estas intervenções não são linhas rectas, têm muitas curvas, penso mesmo que têm avanços e recuos, um dia parece que somos capazes, dois dias depois, há intercorrências, e as coisas são diferentes. Cá estou para o que der e vier.
Agora o corte de cabelo deixou-me bem mais aliviado !!! e bem melhor com o meu dia.
Ainda das minhas leituras do hospital em que tanto reflecti cito, porque é o que vai cá dentro dia após dia
"Não vos inquieteis tanto com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal" (Mt 6:34)
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