quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A hospitalite


Há aqui um enfermeiro que, por graça ou a sério, não sei, diz que começo a sofrer de hospitalite. De facto fez ontem 7 semanas que estou aqui em S.Marta, a que podemos somar mais 5 semanas desde Julho em Beja, intercaladas com estadias em casa, quase sempre na cama ou próximo dela, e cada dia a sentir-me pior que no anterior.

Em que consistirá esta perigosa doença? Ninguém me diz, mas deve ser fácil indicar alguns sintomas.

Comecemos primeiro pelo contexto. Espaço confinado a uma cama e a um cadeirão, entre os quais se revezam os movimentos, banhos acompanhados e a acabar com a língua de fora, no mesmo espaço se dorme, se sua, se urina e se fazem fezes, e mesmo ao lado come-se (não tudo ao mesmo tempo bem entendido...), caras iguais que se revezam, comida do melhor restaurante aqui da cave, paredes amarelas tecto branco, luz do dia que apenas se adivinha. Podíamos chamar a isto uma prisão, pois também estou preso à parede por sete fios, que embora frágeis não convém forçar, mas não é...

Assim os sintomas são de claustrofobia, quando temos comida a reacção em vez de fome é de náusea, quando temos sono, a reacção é de "espertina", e só o Lorenin 2,5 nos dá a paz dos anjos, pois de noite levanta-se voo deste local, para nuvens desconhecidas, junto de pessoas conhecidas ou não, que nos fazem esquecer o local. Aterramos, ouvimos os plim plim dos monitores e renova-se a consciência.

Apesar de tudo as noites parecem melhores que os dias. Pelo menos não nos enjoam.

3 comentários:

  1. Caro amigo Carlos,
    Hospitalite é igual a "saturação".
    Estar internado, não é bom para ninguem, principalmente durante tanto tempo.
    Falta o apetite, os cheiros são maus e os proficionais esquecem a dignidade do doente.
    É pena, mas é mais uma doença no seu corriculo,
    Um Abraço,
    Ana

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  2. Essa da hospitalite eu ouvi :), foi quando o enfermeiro disse que te ia dar qualquer coisa como friomelina (invento porque não faço ideia!) e tu disseste "ah, estava mesmo a precisar disso"!
    Vistas bem as coisas, tu é que és o especialista no que sentes e naquilo que te faz bem...

    Beijinho pai

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  3. Obrigado Inês, pois o medicamento que ele preconizava era uma "carga de porrada", why not?
    Brincamos hem....
    Beijinhos

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