Concordo. Todos os que me acompanharam, mesmo à distância, sabem os momentos críticos que passei. No passado dia 27 de Fevereiro, passaram-se 45 anos do nascimento de um dos mais talentosos e emotivos poetas portugueses, e eu, nada assinalei. Morreu cedo, em 8 de Agosto de 78. Trata-se de Ruy Belo. Para a Maria Augusta que acompanhou aqueles momentos de grande incerteza fica aqui o poema de Ruy Belo, escrito em circunstâncias idênticas de dura relação com a morte. É duro mas é a vida.
Contigo aprendi coisas tão simples como
a forma de convívio com o meu cabelo ralo
e a diversa cor que há nos olhos das pessoas
Só tu me acompanhaste súbitos momentos
quando tudo ruía ao meu redor
e me sentia só e no cabo do mundo
Contigo fui cruel no dia a dia
mais que mulher tu és já a minha única viúva
Não posso dar-te mais do que te dou
este molhado olhar de homem que morre
e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente
Poema de Ruy Belo
Felizmente ultrapassei esta fase, e não é dramático ou depressivo recordar estes momentos de que saí, e infelizmente o poeta não. Quem me viu nessa altura, no entanto, viu que jamais deixei de ver uma luz no dia seguinte. E a esperança salva, quando pode, e a medicina deixa. Em breve voltarei a outro Ruy Belo.
PS: hoje saí pela primeira vez para um passeio de 100 metros no paredão da Barragem do Monte da Rocha, fiquei muito bem disposto, e mais uma prova superada.
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