Penso ser este o último post desta estadia de 23 dias. Segundo já percebi, poderão seguir-se outras, mas um dia de cada vez, esta etapa estará para já ultrapassada, indo concluir-se a casa o resto da recuperação. De facto o hospital é a partir de agora o pior local para estar, dado o permanente risco de infecções que aqui existe, e de bactérias bastante resistentes, que implicam antibióticos específicos. As minhas defesas também estão propositadamente reduzidas.
Conheci aqui várias pessoas transplantadas que vinham ao acompanhamento. Desde transplantados de meses, de 2 ou 3 anos, ou mesmo de mais de 10 anos. A maioria apresenta-se normal, satisfeito com o resultados, apesar de umas mazelas de quando em vez. Os mais recentes referem problemas na fase inicial, desde dificuldade em recuperar os movimentos, falta de massa muscular devido a longos internamentos, edemas, tal como eu, diabetes induzidos pelas fortes medicações, entre outras situações. Para tudo foram tendo solução, excepto para o desleixo, o laxismo e o não cumprimento do que lhes foi recomendado. Casos fatais, também, mas mais associados a comportamentos de risco, do que a rejeição do orgão transplantado.
A lição está tirada e vou de novo para casa consciente disso e da necessidade de valorizar esta oportunidade, apesar das "intercorrências" que podem advir.
Estou cheio de vontade de ter o meu espaço vital, os meus momentos, o meu silêncio, de que tanto preciso, ou o contacto das pessoas de quem gosto. Estar perto dos meus objectos, dos recantos da casa, da largueza dos campos, de poder ir até à barragem poder andar lá, poder espraiar a vista de novo pela distância dos sobreiros, pelas curvas das estradas, ver as estevas, respirar, finalmente respirar de novo outro ar. Dar isso tudo a conhecer ao meu novo coração.
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