quarta-feira, 30 de março de 2011

Seis meses de vida

Fez ontem exactamente seis meses que fui internado em S.Marta. Recordo bem esse dia, em que vim transferido de ambulância de Beja, acompanhado pela enfermeira Leonor. Tinha já uma semana de internamento em Beja. Essa semana foi particularmente traumatizante, pois embora soubesse ao que ía, quando da confirmação de que iria ser proposto o transplante, o desânimo pelo caminho a percorrer instalou-se. Quando cheguei a S.Marta disseram-me, sabe que vem para um longo período? sim, nem será um internamento, a partir de agora "passarei a viver aqui", e assim foi, por muito tempo. Agora que as coisas começam a tomar rumo, muitos dos momentos lá passados, vêm-me à cabeça, momentos maus, mas também bons momentos, em que vi as pessoas transcenderem-se para me dar apoio, para torcerem por mim, de forma a que a cabeça não estragasse, o que o corpo podía ainda fazer. Muita gente passou por aquela enfermaria, em geral durante pouco tempo, e eu ía ficando. Acabei por me habituar, esse "turn over" já não me tocava. Tinha direito a muitas excepções, por ser "residente". Desde logo ao telecmóvel, ao computador, a partir de determinado momento vinha muitas vezes comida de fora, trazida pela Maria Augusta e as minhas filhas, de forma que no dia do transplante, era domingo, e almocei um "Cheese Burger" com batatas fritas e tudo, vindo directamente do MacDonald. Que podia querer mais ? Quando olho o caminho percorrido, vejo lá muito atrás o início, os primeiros passos, e sinto uma imensa satisfação de com a ajuda de tantos, ter sido capaz.

2 comentários:

  1. Gostava de ter estado mais presente. Desculpe!

    Tenho esta forma de ser... telefono pouco e não devia ser assim.

    Adoro-o!
    Claudia

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  2. Estás presente na minha cabeça, e sei que acompanhas à tua maneira e com a tua disponibilidade.Eu também gostaria de poder acompanhar mais os teus pequenos e é o que se vê...Não vale a pena culpabilizar-mo-nos !

    Um grande abraço

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