Hoje pela primeira vez saí deste 3º piso, e logo para ir ao 2º, lugar que tanto desejei abandonar. Fui fazer um exame, mas fui a pé e passei junto da Unidade onde estive trê meses. Não resisti, pedi ao médico que me fez o exame e deixou-me lá. Bati e entrei. A recepção do pessoal foi de uma grande cordialidade. Alguns pensavam que já estaria em casa pois tinham-se questionado, e claro, com o ritmo de trabalho diabólico que ali se vive, não dá sequer para me virem visitar ao meu quarto.
Vi com "saudade" a minha anterior cama. Estava vazia, junto a um canto, e a uns arrumos, recordei os momentos lá passados, aqueles 15 dias de infecção e febre que quase me "arrumaram", mas vi também a esperança que ali alimentei, a força de resistir que ali criei, e espero manter, vi a fragilidade a que um homem pode chegar, pensando sempre que não pode ir mais abaixo, que é o fundo, mas afinal ainda existem uns milímetros onde colocar a cabeça abaixo do fundo.
Relembrei que no meio daquela cama e daquele cadeirão passei também "dias felizes", em que li, escrevi, coloquei posts, tive visitas da família que me encorajaram e deram toda a força do mundo, sobretudo nos momentos em que é dificil conter elas próprias o seu desânimo, mas tudo fazem para o esconder.
Revi aquela equipa de pessoal, médicos, enfermeiros, auxiliares, que tanto me deram, para. me manter vivo, e isto não é figura de estilo, mas actos bem concretos.
Só me vem à cabeça uma frase que hoje li, faz parte do Sermão da Montanha: "Porque, aquele que pede, recebe; e o que busca encontra; e ao que bate se abre." (Mt 8:8)
PS: constatei que na cama ao lado, já se encontra um novo candidato a transplante, olhei nos olhos dele e vi-me reflectido.
Caro Amigo Carlos,
ResponderEliminarUm Post adorável.
A evolução do seu crescimento como pessoa.
Um Abraço,
AAna