Estou em casa. Após a viagem de ontem e as emoções de um caminho feito atravessando o Alentejo, que neste momento se encontra verde, aquele verde fresco de erva acabada de nascer, acho que foi boa opção ter feito o regresso numa carrinha de transporte dos bombeiros.
A chegada a casa, o sentar-me no sofá, recordou-me aquilo de que estava desligado há tanto tempo. Havia já algumas coisas alteradas, mas como manter tudo na mesma durante tanto tempo. Passado pouco tempo, a minha médica de família e o enfermeiro de Centro de Saúde chegaram, ele fez-me um penso e ela inteirou-se da situação (isto é o SNS no seu melhor, ou sorte?) Um jantar, como já não comia esperava, embora com os mesmos ingredientes daquelas coisas insípidas que comia no Hospital. A casa é sempre a nossa casa, e é aí que nos sentimos bem e é onde se se encontram os nossos sentimentos, afectos, objectos, coisas que nos fazem bem e fazem de nós aquilo que somos. Esta a parte boa!
Depois os senão !!! A sensação de peixe fora de água, pois agora embora com a ajuda da Maria Augusta, vejo as barreiras a ultrapassar, o estar dependente, agora de um familiar, mas dependência na mesma, que significa, não ser capaz, carregar no outro o que deveria ser eu a fazer. Aquelas tarefas que eram minhas. Devido ao edema, as pernas puxam para baixo, e o peso a carregar é maior, o que dificulta tudo.
Hoje de manhã, tudo já parecia diferente. Acordar de forma serena em casa dá força. Havia então uma barreira a passar, tomar banho; sim coisas simples, mas como entrar com aqueles pés inchados, numa banheira normal, ter de tomar banho sentado, e voltar a sair sem escorregar de uma base molhada sem ter como me segurar que não seja uma mão, também muito fragilizada. Parecia tarefa dificil e perigosa, como passar um abismo numa ponte de tábuas. Afinal tudo correu bem e se passei hoje esta dificuldade amanhã será melhor.
E um pequeno almoço em que comi uma quininha de pão alentejano acabado de comprar? Apetecia mais mas tenho de recordar os meus limites. O restante do dia passei-o arrumando algumas coisas necessárias e montando uma enorme mesa de medicação para poder organizar a sua preparação, É dose, mas é aqui que tem de ser feito, pois durante algum tempo vou-me manter por casa, pois todas as saídas podem ser um risco, pelo menos com o frio que este Alentejo oferece nesta época.
Acredito que a adptação será rápida, e adquirida uma maior mobilidade e com estratégias que coloquem tudo mais perto e acessível com menos esforço, e claro "with a little help from my friends"vai ser possível.
PS: este post foi demasiado egocêntrico, mas poderia ser de outra forma ?
Caro Amigo Carlos,
ResponderEliminarUm primeiro dia em cheio.
Dentro em pouco a vida vai ser tão normal que nem se pode referir "egocentrismo".
E não. O post não poderia ter outra forma.
Um abraço,
Ana