Permaneço mais dois dias na Alemanha em Munique. Decidi visitar o Parque Olímpico, que tinha sido a sede dos Jogos olímpicos de 1972, no ano anterior, e neles tinham sucedido coisas horriveis, a morte de atletas da equipa israelita, em plena residência olímpica. Na altura o conflito israelo-árabe, estava no auge, fazia parte da guerra fria, mas era muito quente. Spielberg, muitos anos depois filmou "Munique" para evocar tal acto.
O parque era enorme, nomeadamente um estádio gigantesco, que julgo ser hoje o estádio do Bayern, e tudo à sua volta era verde, uma dádiva aos habitantes de Munique, que agradeciam tirando partido do espaço. Era um domingo, por todo o lado se viam famílias desfrutando, bandas a tocar, nomeadamente uma do exército americano, que seria uma Jazz Big Band excecional. Por ali se comia bebia, dançava. O povo estava contente, tão longe do cinzentismo do Portugal marcelista, onde se vivia no medo, na desesperança, na guerra, na histeria patrioteira, nos 8 séculos de história, na castração de uma moral de virtudes públicas vícios privados.
Ali carreguei baterias, depois de já cerca de duas semanas fora de casa. Não tinha saudades de nada que ficara para trás, apenas uma lembrança da família, que tinha ficado em pânico, não sabendo qual era a minha ideia, nomeadamente se voltaria. Mas de facto nunca pensei em não voltar.
Voltei no final do dia ao meu albergue cinco estrelas, e era altura de imaginar nova etapa da viagem, o Inter Rail ía correndo, teria de estar em Lisboa antes de 6 de Outubro.
A próxima etapa no meu projecto seria Genebra, e estava marcado desde o inicio. Fui marcar a viagem que ficou aprazada para o dia seguinte no final da manhã, Desta vez ía quebrar a regra e viajar de dia. valeria a pena pois íamos atravessar os Alpes, e seria interessante ver a paisagem. Por outro lado o trajecto era curto, apenas algumas horas. Assim deixei as strass as platz e a superioridade dos boches.
Sem comentários:
Enviar um comentário