De partida de Munique para Genebra. O comboio partia de manhã pelas 10h00, e a viagem ía fazer-se de dia com acesso pela janela do comboio às paisagens campestres e montanhosas da Baixa Baviera, e Alpes Suiços. Recordo um momento em que repentinamente, a janela do comboio se abre sobre uma paisagem de um lago lindíssimo, o Lago Constança, onde se juntam as fronteiras de três países, Alemanha, Austria e Suiça. Uma maravilha que se abria para os meus olhos, uma imagem libertadora, para mim, que começava a regressar a Portugal, onde as liberdades eram mitigadas. Ainda hoje essa imagem de há 40 anos permanece na minha memória.
A chegada a Genebra deu-se pelas duas ou três da tarde, e a estação era pequena, nada comparado com a grandiosa Alemanha. O comboio continuava, salvo erro para Lyon, em França. Agora falava-se francês e era mais fácil. A saída da estação dava-se para uma praça grande, rodeada de prédios de média altura. O trajecto para o albergue fazia-se a pé, pois era próximo dali mesmo, tendo passado primeiro pelo posto de turismo, para obter um mapa da cidade, e como era norma, trocar agora os poucos marcos por ainda menos francos suiços. Com estas notinhas no bolso, lá fui à procura do albergue, que encontrei facilmente. Nada de especial, um pequeno edifício, com meia dúzia de quartos, nos quais havia três ou quatro camas em cada um.
As primeiras impressões era de uma cidade organizada, regrada, lembro um detalhe que muito me impressionou, os jornais diários estavam empilhados em caixas, das quais eram retirados ordeiramente pelas pessoas e que religiosamente deixavam o dinheiro numa caixa, lá colocada para o efeito. Confesso que desta vez não roubei qualquer jornal, mas fiquei admirado, e nem imaginava tal sistema no Portugal da altura, e menos ainda no de agora. No final do dia não haveria nem jornais nem dinheiro.
Fiz uma visita pela cidade no dia seguinte. Como sempre não entrava em restaurantes, menos ainda ali onde tude era exorbitante dado o valor da moeda. Comprava num supermercado umas coisas que comia nalgum banco de jardim, ou no local de dormida e assim tudo era mais barato. Visitei a célebre zona do lago, onde se situa um repuxo, no meio do lago, e a zona circundante era muito agradável.
Os suiços falavam um françês esquisito. Parecia que não falavam, cantavam. A cidade parecia uma grande pequena cidade, as dimensões eram humanas, as pessoas simpáticas, ajudavam, havia muitas pequenas lojas, e muita actividade nas ruas. Tudo parecia simples. Longe da ideia da Suiça da grande finança, que já na altura era, mais a Suiça dos relógios e dos canivetes.
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