Estava agora na Grande Alemanha, final de Setembro de 1973, e caí sobre a Festa da Cerveja. Na primeira noite confirmava-se a agitação. Na entrada do albergue vestidos a rigor, grupos de homens e mulheres cantavam os hinos bávaros e o "olaréli" prolongava-se, mas em determinado momento tudo se calou e pode-se descansar. O local era bom e calmo.
No dia seguinte, voltei ás ruas. Visitei a Alte Pinakotech e o Deutsches Museum, para o que tinha de tomar várias carreiras de eléctrico, com as dificuldades que já descrevi quanto a fazer-me entender pelos alemães. Nos museus a situação era um pouco melhor, pois havia quem falasse inglês. foi quase um dia de museologia, e a meio da tarde estava estafado.
Nas ruas viam-se os preparativos da Festa da Cerveja ( a Oktoberfest), ruas engalanadas, com muita gente vestida "bavaramente" a rigor. O entusiasmo era grande, havia um desfile pelas avenidas principais, onde desfilavam carros puxados por grandes cavalos, e também por bois, que consistiam em pipas gigantescas de cerveja, em forma de carro, desfilavam bandas, onde vi um instrumento bizarro, xilofone vertical, que o instrumentista tocava com perícia. Desfilavam grupos de pessoas, a rigor.
Aproveitei para provar a tal famigerada cerveja, entrando a custo numa das muitas cervejarias, onde milhares de pessoas se comprimiam, para beber. A custo lá batalhei por uma cerveja. As suas dimensões eram assustadoras, menos de meio litro não havia, e a maioria aboletava-se com canecas gigantescas de no mínimo dois litros, que entornavam em poucos minutos. Comi também uma daquelas salsichas gigantes, afundada em mostarda que parecia dar murros no estômago cada vez que se engolia. Aqui não havia problemas de linguagem, o gesto bastava, para encomendar às empregadas, que corriam dum lado para o outro, trajadas a rigor, e uma banda com três ou quatro elementos dava uns acordes de vez em quando, e as funcionárias dançavam ao som, enquanto equilibravam uma dúzia ou mais canecas de cerveja, num milagre de perícia, a alegria era transbordante, genuina, e ninguém era ignorado, o serviço de uma eficácia apreciável. Ainda guardo as bases ds canecas que se tiravam do balcão, pois ninguém colocava um copo na mesa sem elas.
Saí e ainda visitei a Frauenkirch, a Perfeitura, tudo monumentos que em grande parte a guerra destruiu, mas o esforço e capacidade de trabalho dos alemães e o dinheiro doa americanos recontruiu. Fiquei impressionado. Na igreja retirei um ou dois postais mas não paguei, afinal eles respiravam dinheiro e nós já na altura eramos uns pobretanas. Foi pecado eu sei, mas com o que fizeram aos judeus expiámos todos os pecados que tivessemos cometido contra qualquer alemão.
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