Dois ou três dias para a minha primeira visita a Paris, em 1973. Noite bem dormida no meu albergue, e ía começar a tirar partido do investimento feito, a saber, 1990 escudos no bilhete e 5000 escudos para as despesas de um mês, isto é, cerca de 10 euros e 25 euros respectivamente, total de 35 euros para uma volta de um mês na Europa....
Fui então ver a cidade. Grande, agitada, gente na rua, ouvia falar português nas obras nas ruas. Tinha um mapa precioso do Metro, que em si, era o primeiro espectáculo a que assistia, e tudo me admirava. Um pacóvio!
Visitei o Louvre, o Jardin du Luxembourg, a Torre Eiffel ou o Arco do Triunfo, pela primeira vez, o Quartier Latin, as livrarias, nomeadamente a "Joie de lire", na Rue S. Severin, das Editions Maspero, que já conhecia de um ou outro livro, e onde comprei algumas coisas que jamais estariam em Portugal. Esta era uma referência das editoras de esquerda e tudo ali se encontrava disponível, para minha admiração. Havendo pouco dinheiro por ali se comia umas sandes num tunisino, que fazia sandes picantes com atum, onde ele aplicava com um pincelão sebento, um molho que queimava a boca. Para o jantar comprava uns sumos, umas sandes, bolachas. E por ali ficava, a olhar as paredes, as lojas, os cartazes, tinha havido o golpe no Chile, e por todo o lado se via a contestação em liberdade, aquilo que eu só conhecia de ouvir falar. Já a conhecia em Portugal, mas aqui era diferente, não era preciso esconder, fugir ou dissimular.
Depois havia a luz, à noite. Quando regressava ao albergue vinha cheio de tudo o que via. Estes dois dias passaram rápido, e como no retorno teria de passar de novo por Paris, deixei mais algumas coisas para mais tarde. Tinha de tratar do meu caminho, ía mais para Norte, e tinha de tratar de marcar a viagem. assim na Gare du Nord, marquei para o dia seguinte, 14 de Setembro, 22h00, a viagem Paris Copenhague. E ficou claro que no dia seguinte andaria todo o dia de mochila carregada às costas.
Sem comentários:
Enviar um comentário