segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O adeus à fera, benvindo o monstro

Estamos a dizer adeus à fera, que foi 2012, e temos de dar as boas vinda ao monstro que será 2013. Na realidade já o temos entre nós. Diria mesmo que 2013 já começou, foi no dia 7 de Setembro de 2012, aí começou 2013, e terminou 2012, que se tinha iniciado a 5 de Junho de 2011. Confuso, não !

Julgo que 2012 começou com a eleição de PPC. Nessa altura muitos não tinham dúvida do que iria ter de ser feito. Estávamos, não diria de acordo, mas resignados a que sacrifícios íam ser pedidos e teriam de ser feitos, até já vinha da governação de Sócrates, e só podia ser pior, mas sempre se pensou que PPC, embora inexperiente, sabia ao que vinha, parecia sério, as suas palavras tinham alguma credibilidade, em oposição ao fala barato de Sócrates e seus acólitos, para quem com um pé no abismo estávamos no melhor dos mundos.

Daí até 7 de Setembro, fomos aceitando, murros no estômago, desculpando inépcias, algumas incompetências, previsões erradas, políticas que se anunciavam, avançavam, recuavam, resultados que não se obtinham porque ainda não tinha entrado esta receita, ou teria sido contabilizada uma despesa extraordinária. E fomos aceitando até as diatribes de Relvas, a postura aparvalhada de Gaspar, ou as palavras pouco medidas de Álvaro, bem como as metáforas de mau de gosto de PPC. O bom senso dos Macedos, o credibilidade de Crato, o estilo "british" de Aguiar, a experiência de Portas, compensava um pouco, a pequenez de Cristas ou de Veiga. E aí chegamos a 6 de Setembro, e deu-se a passagem de ano.

A mensagem de Ano Novo lida por PPC em 7 de setembro, mostrou outra coisa. Um governo que não foi capaz de acertar qualquer previsão, que não previu o que era óbvio e toda a gente avisava, assumia um rosto que não lhe conhecíamos antes. Ainda há menos de um mês PPC no Pontal dava sinais do mais positivo. Mentia e sabia que mentia. Afinal de repente a imagem de Sócrates reapareceu. A mentira afinal fazia parte dos genes de PPC também, e um governo eleito tornou-se assumidamente num governo ladrão, e é o que temos agora. Propor-se retirar 7% ao salário para dar aos patrões é algo mais do que uma medida de política fiscal ou contributiva, é um roubo, e um PM que não tem consciência da dimensão de tal proposta, que até os patrões recusam, não está moralmente preparado, nem tem dimensão para governar. A partir dessa "passagem de ano" jamais haverá confiança nestes eleitos, e este já é um ano novo, e um ano em que todas as injustiças podem ser cometidas sem vergonha nem arrependimento. Sabemos que cada um terá de tratar de si, e a confiança foi-se. O ano de 2013, que já começou em 7 de Setembro vai ser um longo inverno soviético, só esperamos que os enviados para o Gulag acabem sobrevivendo.

Mais tarde, daqui a muitos anos, este ano 2013 vai ser recordado. Durante dezenas de anos muitas alterações houve no país, mas mantendo a superestrutura ideológica, de raiz social, ou social democrata. E em muitas coisas as mudanças de governo não mexiam. Neste ano temos alguém que corta com essa raiz. Corta pensões, salários, reduz pagamentos extra, acaba com feriados, torna os impostos insuportáveis, procura roubar aos pobres para dar aos ricos, "brinca" com as leis, desrespeita a Constituição, ignora a oposição, ignora a voz dos sindicatos, mas também se apresenta contra os empresários de pequena dimensão, sob a santíssima trindade das exportadoras, das privatizações e das grandes empresas, um dia deste faz como Ceaucescu, que exportava as batatas necessárias a matar a fome do seu povo, para equilibrar a "balança externa". Da mesma forma se enbandeira em arco com esse equilibrio, pois não tem de admirar, não há dinheiro (nem crédito) para importar, e não estou a falar importação de bens de consumo mas matérias primas e equipamentos para produção. Alguns governantes brincam com a economia como se se tratasse de um jogo de "Monopólio", com a impreparação de iniciados. Mas atenção não estamos num tabuleiro, e sim no país real.

Deus nos livre e guarde destes salteadores e das suas políticas para "salvar" o país.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Kim Il-peixoto, dentro do segredo

Porque é que alguém há-de visitar a Coreia do Norte, integrado no estimulante programa  Kim Il-sung 100th Birthday Ultimate Mega-Tour , para ir procurar aquilo que já sabe que vai encontrar, pois apesar de fechado ao exterior, não custa prever o que se vai encontrar neste imprevisível destino turistico, onde tudo acontece por intervenção divina de três indivíduos, todos da mesma familia, todos de nome Kim, todos sobredotados, que desde serem campeões de golfe a escreverem ópera sem saber música, são alvo da admiração de todo o mundo, rendido a tamanho fenómeno. Talvez para escrever um livro Dentro do Segredo. É o que fez o escritor José Luis Peixoto, com a humildade de um grupo de turistas sem história, e, apesar de formalmente proibido de escrever acerca da viagem, uma das  condições da visita, regra que quebrou, dedicou 3 semanas da sua vida a aturar um chorrilho de idiotices, proferidas pelos seus guias, por coincidência a menina Kim e o senhor Kim (apre.... ), e a visitar todos os locais onde os Kim`s se sentaram, visitaram, onde tocaram, onde comeram, onde urinaram, onde dormiram, onde escreveram, onde falaram (sendo que o segundo Kim nunca falou em público). E porque é que alguém há-de ler tal livro ? Eu li.
Li porque tive curiosidade acerca de qual seria a abordagem a essa visita, por um, já agora grande escritor, que de forma anónima e integrado num grupo de turistas, sem qualquer margem senão submeter-se às regras iníquas, teria para sobreviver ao universo do tédio. Sem telefone, sem internet, sempre vigiado pelos "hipersimpáticos" guias, sorridentes, respondendo apenas ao que queriam, esterotipados, imagem de um país que é um "cliché", uma invenção em banda desenhada de mau gosto, onde quase nada funciona como esperamos, tudo igual repetitivo e com o mesmo pretexto, no final do livro não entendi bem qual foi o apelo a que tal viagem deu resposta, para além do masoquismo. Nada viu que valesse a pena, que não fosse mentira, prepotência, nacionalismo irracional, estradas esburacadas, mentiras esfarrapadas, encenação, fotos dos mesmos líderes, nem sequer viu comunismo ou estalinismo, apenas demência.
Vale pelo que descreve de carinho entre as crianças e os idosos, as mulheres e os homens, os homens e os homens, gestos que seriam inapropriados aqui no Ocidente. Um pitada de  humanidade, no meio de um país de robots de primeira geração, colados com "fita gomada" e pintados com "caneta de feltro". A ler, se tem curiosidade.
PS: Como será que o José Luis se derenrasca da punição por escrever este livro ? Felizmente os Kim não lhe podem  lançar uma  fatwa

Este senhor irrita-me

À imagem do que fiz o ano passado neste dia, decidi atribuir um prémio Mostarda aos senhores e factos nacionais e internacionais que mais me irritaram neste ano de 2012. Este ano houve muitos motivos de irritação, de forma que a escolha é dificil. Assim no nível internacional escolheria como facto mais irritante, um não facto. A "ausência de decisão dos líderes europeus para tomarem medidas eficazes de combate à crise" é o que mais me irritou. Adiar, não decidir, decidir mas não aplicar, conversa fiada, reuniões, cimeiras, conselhos europeus sem fim, que se iniciam com entrevistas em que já se anuncia que nada vai ser anunciado, este o modelo de gestão adoptado, e assim, sem decidir nada, alguém aproveita, desde logo a Alemanha e os países ditos mais ricos. E nós países do Sul aguentamos´, "ai aguentamos, aguentamos". Quanto a personalidade irritante em termos internacionais e para não bater sempre no ceguinho (no caso na "gorda"), escolheria o super irritante David Cameron , primeiro ministro inglês, e porquê, porque quer tudo e o seu contrário, apoia, bloqueia, avisa, contesta, impede, e tudo faz para defender os mesquinhos interesses do Reino, e da sua praça financeira, onde nasceram muitas das estratégias que aqui nos conduziram, borrifando-se na Europa, nos interesses comuns, dá palpites sobre o euro a que não pertence, e no final ameaça bloquear orçamento europeu. Ninguém entende o que este senhor faz nos conselhos europeus, que já por si pouco servem, com ele ainda menos.
Em termos nacionais, a facto mais irritante do ano foi "o anúncio da alteração da TSU" como exemplo paradigmático das decisões desastradas, de como se dá cabo de uma medida que até podia ser positiva, mas que se transformou num simples plano Robin dos Bosques, mas ao contrário, exemplo de uma decisão desavergonhada, anunciada por um primeiro ministro que não tem noção do que é retirar 7% aos rendimentos dos trabalhadores para os entregar aos patrões, medida a que até os patrões se opuseram, quando ele sabia que tinha ainda mais a confiscar aos mesmos.
Quanto a personalidade mais irritante poderia ir para os óbvios, mas existe um outro que é a irritação em pessoa, António Borges. As suas intervenções públicas irritam pela petulância, pelo auto convencimento, pela pesporrência, pelo desprezo que manifesta pelos vulgares mortais, sejam trabalhadores ou empresários, pela forma como usa a sua manifesta competência para "sugerir" medidas que são mais do que sugestões, ainda por cima alguém que não entra na política, salvo ter sido presidente da Assembleia Municipal de Alter do Chão, provavelmente porque não "compensa". Quando todos sofrem, todos são levados a empobrecer este "super consultor", faz-se pagar como um Deus, apenas para abençoar algumas das medidas deste Governo.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

"Negócios obscuros"

Cada vez que se fala em privatizações vem Zorrinho falar em negócios obscuros. Agora a propósito da ANA. Este clima de desconfiança é inaceitável da parte de um partido que governou nos últimos 20 anos cerca de 15. Das duas uma, ou sabe do que fala, por experiência própria, ou não resiste à difamação permanente. Lembremo-nos que o PS foi quem mais privatizou... Estranha forma de fazer política para alguém que se diz "pronto a governar amanhã". Que tristeza de oposição. Aceita-se do PCP ou BE, nos quais não temos esperança de ser alternativa, agora se a alternativa é representada por Zorrinho chegamos ao fim da linha e não se vê o caminho. Claro que há interesses obscuros, mas o senhor deputado se sabe que fale claro, não se esqueça da história de Pedro e do Lobo, quando o lobo vier ninguém acredita.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Janela ao abandono

Como muitos dos prédios ne centro de Ourique, mais um que está abandonado. Espera-se que o programa de reabilitação urbana promovido pelo Município convença alguns a abrir os cordões à bolsa. A janela claro ficou esquecida, semi aberta, sem vidros, sem pintura, uma ruína do que terá sido. Para mim tentei dar vida ao seu abandono, Será que consegui ? Esta não tem "croché"...

Pedro e os amigos

Na rede social Facebook Pedro escreve aos amigos. E que diz Pedro ? que merecíamos um melhor Natal. Diria de outra forma, merecíamos melhores políticos. E não me refiro apenas ao Pedro, mas também ao António, aos Josés, a Aníbal, e outros que nos últimos anos nos serviram este Natal de 2012 e nos vão apresentar o tsunami que será o ano de 2013. Pedro diz que já aqui estivemos. Eu que sou mais velho que o Pedro não me lembro de tamanha desesperança, lembro-me de falta de liberdade, de um país cinzento e sem ar puro para respirar, mas ainda assim a situação de hoje tem algo novo, um enorme sentimento de perda, e uma falta de esperança, pois agora não pensamos que um dia teremos democracia, como no antes de 25, mas que já a temos e ela nos conduziu ao buraco negro. O pior, não temos confiança nos políticos, nem do poder nem da oposição, nem vemos a escada ou a corda por onde sair do fundo. Pedro bem escusavas de perder o teu tempo, Trabalha na sombra, vê se nos tiras do buraco, mas não nos dês conversa fiada. Poupa-nos.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Dois anos de uma nova vida

Faz hoje dois anos sobre a data em que realizei a operação que me permitiu manter a coisa que mais conta: a vida. Para que isso acontecesse alguém perdeu a sua. Isso acontece todos os dias, mas essa vida não se perdeu completamente, o seu sopro "contagiou-me". E não digo mais nada. Deixemos que o silêncio fale... ou escreva.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Janela rural

Fica em Ourique, na saída para Castro Verde, já a pintei uma vez, mas num quadro de maior dimensão. Agora decidi fazer em pequeno formato, 27x35, e ficou assim. Hoje dia de Natal, é melhor não fazer comentários e deixar esta janela para que o olhar adivinhe algo através dela. Pensamentos positivos precisa-se neste final de ano, quando caminhamos para o temido 2013.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Uma janela de aldeia

É em Casével uma janela que fica no meio da terra que vai deixar de ser freguesia. Gosto particularmente das suas ruas, do colorido das suas casas, muito brancas, com listas coloridas, e muitas portas e janelas muito bonitas, que apetece pintar. Vou dedicar mais tempo a Casével. Rodeada pela planície, muito verde, é uma pequena maravilha !

Notícias da vergonha

Segundo se soube os maiores devedores do BPN já deixaram de pagar as suas dívidas, e não há esperança de vir a receber esses valores. Nessa lista estão figurões do PSD, acredito que estarão do PS, outros sem partido, figuras gradas do "cavaquismo", que parece ter o condão de se rodear de gente sem escrúpulos. Não pagam pois sabem que ninguém os vai penalizar, o dinheiro deles deve estar a bom recato em offshores. Mantendo-se o buraco financeiro, uma vez que o BIC não assumiu tais dívidas, nada resta que não seja pagar o contrbuinte, uma vez que se deu uma nacionalização. Estas dívidas foram contraídas sem garantias, e acabarão por penalizar o deficit. Entretanto deste bando de malfeitores, nem uma condenação, um julgamento, nada, é tudo boa gente, a culpa é só do Oliveira e Costa e este está velho, doente e acabado. Como se dizia num velho programa de humor... "cadê os outros ?"

domingo, 23 de dezembro de 2012

Véspera da véspera

Estamos na véspera do 24 de Dezembro. Próximo chegaremos a 26, dia que para mim tem um significado especial  Quando ouço as notícias da Operação de Natal no trânsito, recordo como ouvia estas notícias há dois anos, quando já desesperava na cama em S.Marta esperando um coração que me salvasse da morte anunciada, que poderia ter algo a ver com acidentes de viação, ou não. Acabou por acontecer, e dois anos depois estou aqui a escrevinhar. Para mim o dia a seguir ao Natal valeu pela vida. Obrigado.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Direitos bem adquiridos

Mais uma intervenção de Bagão Félix, brilhante, em defesa da inconstitucionalidade das "taxas" que vão incidir sobre as pensões, e a penalização dos que não têm voz contra o tratamento "com luvas" dos interesses dos lobbies. Apesar de conduzida pelo "taralhoco" Mário Crespo, a entrevista de hoje na SIC Notícias demonstrou as falácias ( para não dizer mentiras...) de PPC a propósito dos tais pensionistas que não contribuiram, e mostrou quem foram, mostrou ainda que o imposto de rendimentos tem de ser "único" e "progressivo", e o orçamento não respeita este ponto, no mínimo. Portanto não há outro remédio que o TC vir a declarar a inconstitucionalidade da norma, só não sabemos quando, como dizia o outro. Referiu ainda que se há sector equilibrado e que fez atempadamente as reformas que devia, nomeadamente no tempo do ministro socialista Veira da Silva, foi a Segurança Social, não se entende porquê começar exactamente por aqui quando se fala em "reformar" o Estado Social, começar por aquilo que chamou "direitos bem adquiridos" e não pelos "mal adquiridos".

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Uma maratona

Não sei quantas foram mas a tarde na AR foi passada em votações, de forma que até a Presidente dispensou os deputados do gesto de levantar e sentar, por pena dos respectivos joelhos. Ficamos assim a saber quem efectivamente é a favor da fusão entre freguesias, e não há lugar a dissimulação. Eu concordo com os casos que conheço, mas a democracia implica isto mesmo. Esteve bem o PCP que apresentou as suas propostas e forçou esta votação.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A jóia da coroa

Não percebendo nada de economia, nem de negócios, percebo que não havendo garantias bancárias dificil seria vender a TAP. Agora não se entendem os gestos de alegria, de partidos, trabalhadores e outros opinadores, pois a "jóia da coroa" se fosse jóia teria dezenas de candidatos à compra, e não teve, pelo que o negócio não seria tão bom como o pintam, e só mesmo um outsider, como o colombiano-brasileiro-polaco o faria, pois persiguirá outros objectivos. Agora, segundo se diz a empresa está numa situação de precisar de dinheiro urgente, e ainda ontem lá foram injectados 100 milhões pela Parpública, ou seja por nós todos...  só para o dia a dia. Assim nada de embandeirar, e melhor será procurar outro parceiro ou "reciclar" este mesmo que agora ficou pendurado. Não há milagres nem nos explicam como se faz, aqueles que acham que a decisão é uma grande vitória, não se sabe de quem ...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

PPC põe Portugal à venda, segundo El País

Poia é, o mesmo é sempre dito quando se trata de privatizar, embora se tenha privatizado mais em governos socialistas do que quaisquer outros, precisamente a área política mais próxima de El País. Agora será que o jornal diria o mesmo se a TAP fosse comprada pelo grupo Ibéria British Airways ?  Neste momento meus caros, por muito que se queira que "tudo fique igual", se não for privatizada o risco da TAP mergulhar na falência é enorme, pois a dívida é grande, e o Estado não pode lá pôr um cêntimo, mesmo que tivesse pois a UE não permite.
Voltando ao jornal, diz que é estranho uma antiga colónia ser candidata à RTP, no entanto dois ministros espanhóis visitaram por estes dias Angola, a pedir que Angola invista em Espanha e  que pedir abra portas a empresas espanholas. No caso RTP não é Angola que me incomoda, o que incomoda é vender a um grupo privado cujos accionistas são testas de ferro de gente que não se conhece. E tenho sérias dúvidas de ser garantido serviço público por uma RTP gerida por privados, e ainda por cima se forem meros especuladores.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Bom serviço

Continuo a considerar que o perfil do Prof Medina Carreira não é do meu agrado, mas reconheço que tem trazido á antena bons debates, e apresentado de forma objectiva e pedagógica alguns temas. Foi o caso da emissão de ontem, onde esteve António Ferreira, Presidente do HSJ no Porto, considerado o melhor hospital do país num ranking recente. Este apresentou, certo que por vezes em linguagem para iniciados, muitos dos problemas que sentem e que, para serem melhores têm de ultrapassar. Pôs em causa muitas vacas sagradas, como o caso de cirurgiões desocupados (já hoje Macedo teve de comentar), salas de operações desaproveitadas, para cirurgias privadas apenas por ser obrigatório após 3 meses de espera, custeio dos actos cirurgicos sem lógica, por exemplo uma substituição de válvulas cardíacas, 4500 euros recebidos, no público, 30000 euros no privado, para um custo real de 19000, o absentismo, sendo que todos os dias no HSJ estão em falta 600 pessoas (não inclui férias), e parece que o HSJ não será o caso pior... profissionais que chegam a 4 anos de ausência,  pôs em causa as compras centralizadas no caso em que não há monopólio de um fornecedor, o que retira margem de negociação e leva a comprar mais caro, as chefias que se têm de manter eternamente pois a lei obriga, o que leva a que o organograma esteja condicionado por essas vacas sagradas, enfim uma intervenção feita por quem sabe. Dia 7 de Janeiro continua com o mesmo convidado que o tema é vasto, e a não perder, "Olhos nos Olhos" na TVI24, e se não gostam do Prof. Medina, como eu, dêm atenção aos seus convidados.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Celina da Piedade

Estou a ouvir em CD. Já tem pelo menos 3 meses, talvez o Natal tenha dado uma vida nova ao duplo album "Em casa" de Celina da Piedade. Para quem não sabe, embora seja o primeiro CD em nome próprio a carreira desta cantora e acordeonista já vai longa, com participações em dezenas de trabalhos dos principais da música portuguesa, sendo a mais conhecida a participação nos trabalhos de Rodrigo Leão, onde é responsável pelo som de acordeão que se ouve em "A mãe", ou a voz de "Passion". É um dos melhores trabalhos de música portuguesa deste ano. Fica aqui uma amostra.

domingo, 16 de dezembro de 2012

H2O

Água que começa a tornar as barragens um pouco mais cheias. Hoje de manhã obtive esta foto na barragem do Monte da Rocha, em Ourique, e pelo que se vê já muitos metros cúbicos alí entraram este ano, e vão continuando a chegar, pois mesmo sem chuva as ribeiras drenam a água que os campos não retêm. Ainda bem, outro Alentejo reaparece.

É preciso ter uma imensa lata (uma mensagem pessoal)

PPC numa intervenção pública de hoje diz que é justo pedir contributos suplementares aos reformados, porque estes estão a receber muito acima daquilo que descontaram. A quem se estava a referir ? Aos politicos tornados gestores, que por 2 ou 3 anos de trabalho e porque são demitidos, ficam a receber pensões douradas de milhares de euros, não me parece. Aos politicos apenas, que por 8 anos de actividade estão a receber para o que não contribuiram ? Duvido. A pessoas que apesar de receberem pensões pequenas, nunca contribuiram "verdadeiramente", ou seja, descontaram de uma só vez o minimo de anos necessário para ter uma pensão minima, e arranjaram um "patrão" fictício que nada descontou? Não julgo que seja. Estava a referir-se, sem vergonha e com o descaramento de quem nunca teve  uma verdadeira actividade profissional assente numa competência técnica específica, que tem tido actividade empresarial, como se tem vindo a saber, sempre assente em esquemas e com a muleta do Estado e dos Fundos Europeus, à classe média, aos reformados que por seu esforço, contributo, descontos a que não fugiram, sem apoio de fundos comunitários, conseguiram obter com as regras claras, que não foram eles que fizeram, e iguais para todos, uma reforma que sobressai da miséria, e se torna apetitosa para os gulosos, impreparados e inúteis, como o senhor e seus amigos Relvas e companhia. Haja decoro senhor Primeiro Ministro, não precisa de nos dar nada, mas vá ofender a sua mãe e o seu pai e deixe em paz os pais e mães dos outros a quem já fez mal suficiente. O senhor não sabe do que fala, mas continua a falar. Trabalhe, como lhe compete e para que foi eleito, e já agora faça os seus descontos, não espere a reforma "política". E já que mexeu comigo devo dizer-lhe que se não me engano existe uma coisa chamada inflação, pelo que é dificil comparar descontos de 34 anos da minha actividade no privado, no meu caso, com uma pensão em 2012, bem como contrapôr seja o que fôr à evolução da demografia, ainda assim pelas minhas contas, aquilo que descontei em 34 anos à taxa de 11% , e apenas por grave problema acabei reformado antecipadamente, dá para pagar cerca de 9 anos de uma pensão de 2000 euros mensais em 14 meses, coisa que não recebo... Eu sei que a sobrevida média de um reformado é de 13 anos, mas a maioria não recebe nem um terço do valor que indico. Desculpe mas estou a falar-lhe com o coração, e eu nem sou daqueles que mais o ataca e até compreende a espinhosa missão que tem. Mas um pouco de tento e contenção é bom, e escolha as palavras certas que não ofendam quem tanto contribui.

Domingo a Sul

O verde agora está por todo o lado, a humidade tudo invadiu a perder de vista cobrindo a planície com um manto verde. O cheiro é intenso e o ar apenas ar, e chega para todos. No horizonte a aldeia de Aivados. Hoje de manhã.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Uma Janela burguesa

Está na aldeia de Casével, de que já aqui falei. Contorna-se o largo da Igreja, sempre vigiados pela Torre da Igreja Matriz, volta pela traseira da Igreja, contorna-se e quando se curva à esquerda para regressar à frente fica uma casa com esta janela, belíssima. Parei repentinamente a tempo de fotografar, mas a medo, pois os velhos de boina, há porta da taberna ao lado da sede das "Vozes de Casével", olhavam do alto das suas mines, "isto não é gente de cá", mas com ar amigável. Obtida a preciosa foto, tentei refazer um pequeno quadro que a reproduz, com o toque que lhe posso dar. ficou assim.

Cegonhas 2013

Já chegaram há cerca de um mês à planície. Voltaram aos mesmos locais de sempre, e estão a começar a fase de "reconstrução urbana", isto  é , reparar ninhos, colocar uns paus suplementares que procuram por todo o lado. Voltaram cedo, mas uma vez que a humidade voltou a vida renansce e há comidinha. Na foto tirada ontem podemos ver um ninho à beira da estrada, sempre a mesma Ourique-Garvão, mas se olharmos com atenção vemos muitas no chão no horizonte da colina a recolher material para a sua construção civil. Gosto destes bichos exemplares.

Consultas em queda

Há uma clara redução das consultas, sejam nas urgências, seja nos centros de saúde. Uns dizem, canalhas, é por causa das taxas moderadoras, outros dizem, óptimo, as taxas foram criadas para moderar. Vamos por partes, ambos têm razão. Vimos na TV entrevistados a dizer que com pensões de 400 euros não podem pagar as taxas, mas será que estas pessoas não sabem que podem pedir a isenção por "insuficiência económica" ? Ou não sabem ou sabem mas não sabem como se pede. No entanto é preciso ver que o caso é mais complicado pois pessoas há que mesmo sem taxa, não têm dinheiro para os transportes, e é impressionante como 2 ou 3 euros fazem falta, por outro lado, a consulta é apenas o inicio de um processo que arrasta outras despesas, exames, medicamentos, outras deslocações. Desta forma estamos a "moderar", e decerto que consultas inúteis não haverá, agora não parecem boas notícias. Percebe-se bem porque quer a UGT quer a CGTP querem aumento do salário mínimo, nem que seja 15 euros.

Finalmente inaugurado.

Próximo dia 18 de Dezembro pelas 17 horas é a inauguração oficial do Centro de Cuidados Continuados de Garvão, com a presença do Secretário de Estado Carlos Moedas, que como é sabido é natural de Beja. Assim se conclui um processo que inicialmente começou com alguns receios. É a cereja em cima do bolo para todos aqueles que se envolveram para tornar possível a construção, e o funcionamento desta unidade. Estão de parabéns aqueles a quem tal se deve, aqueles que podendo ficar parados no seu comodismo preferiram perder dias e noites para este projecto. Aqui um modesto obrigado.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Acordo na Europa

O acordo a que chegaram os lideres europeus acerca da supervisão bancária, é importante. Assim, com um sistema de supervisão centralizado, o crédito aos bancos, e à economia, não dependerá da sua "geografia", ou seja os portugueses terão de ter o mesmo tratamento ou próximo dos alemães, franceses ou outros, pois o controlo é assegurado pela mesma entidade, e não apenas pela opinião das agências de rating. Agora temos sempre um senão. Um ou vários...  Desde logo só se prever entrar em vigor em Março 2014, aplicar-se apenas a uma minoria das entidades bancárias, as ditas sistémicas, e "last but not the least" a sua direcção deve ser entregue a alguém que no que toca a regulação tem curriculum, mas falhou, chama-se Vitor Constâncio.

Lei dos compromissos faz baixas

Já se tinha visto a inaplicabilidade desta lei na Saúde. O próprio ministro o tinha reconhecido. Mas como não há flexibilidade para abrir excepções, foi para a frente, e agora estão a "cortar na carne" adiando cirurgias, rateando tratamentos, adiando medicações fundamentais, caso dos doentes crónicos. Lembro-me que há dois anos estava em estado crítico em Santa Marta, espero que isto não se aplique aos que hoje estão na minha situação da altura. Tem coisas que não se podem adiar, sob risco de vida, e espero que o bom senso impere. Claro é "só" até ao final do ano, pois aí entra o OE 2013, mas a lei mantêm-se. Ela é justa, sem receitas não pode haver pagamentos, mas há que não ser cego...

Na linha do horizonte (8)

Casével já não se encontra no concelho de Ourique mas no de Castro Verde. Parece-me que será uma das duas freguesias a extinguir no respectivo concelho. É particularmente bonita, esta pequena aldeia, com a sua torre da Igreja Matriz que data de século XIV, o que nos mostra que vamos acabar com cerca de 600 anos no mínimo de história, e as casas pequenas e pintadas de branco com faixas azuis ou amarelas. Apesar de tudo dá que pensar, ao extinguir a freguesia, apesar de ser apenas um acto administrativo que pouco alterará no dia a dia. Existe na entrada da aldeia uma escultura metálica recortada onde se pode ver um coral alentejano, pois em Casével existe um coro, "Vozes de Casével", um dos que participa no CD que estou a ouvir, o "Cante das flores".

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Um golpe de magia

O lider parlamentar do PCP entregou hoje à Presidente da AR um dossier com as propostas do seu partido para alterar a lei da organização territorial, mais conhecida por lei de "extinção de freguesias". A curiosidade é que são "apenas" 700 propostas de alteração na especialidade. Isto quer dizer que se não forem retiradas todas têm de ser votadas individualmente, o que ainda dará algum trabalho... Segundo Bernardino Soares, pretende que os deputados não digam lá na terrinha que até são contra a extinção, e depois, sob a protecção do anonimato acabam por votar a favor na AR. Gosto da ideia ...

Na linha do horizonte (7)

Santana da Serra, uma das freguesias que fica e se salva da fúria "extinguidora" do ministro Relvas. Também pudera é já uma grande freguesia, 200 km2, onde o sobreiro e o medronho impera, o ar é limpo, e a dimensão e diatância à sede de concelho colocaria muitos problemas, e ainda bem que permanece. Fica pois tem um bom presidente de junta, o Dr Paulo Ascenção, que hoje tratou, simpaticamente, da minha conjuntivite no Centro de Saúde, aqui é assim, as pessoas são vistas da hora. A minha vista agradece e Santana da Serra também. Fica aqui uma pintura alusiva, pois ali o horizonte já não é a planície mas a serra.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

12-12-12

Muito se especulou com a data, muitos "especialistas" numa "ciência" chamada "numerologia" fizeram as suas contas e tudo acabou por dar certo, ou seja, as previsões conduzem àquilo que toda a gente já sabe. Para comemorar a data o ministro Álvaro avançou com mais um 12, que é o número de dias por cada mês a pagar em caso de despedimento colectivo. Passou-se assim dos 30 para os 20 dias, e agora ainda é mais fácil despedir. É verdade que não é com prazer que uma empresa procede a despedimentos, mas no caso disso ser necessário o baixar desta barreira parece um incentivo, quando temos a taxa de desemprego galopante. Cada um comemora com o que tem, e começo a pensar que pouco mais tem para oferecer para "estimular" a economia, apesar de nem os empresários acreditarem que estas são as medidas que os vão ajudar a sair da recessão.

Altos voos

Gostaria que me explicassem porque é que, quando alguém assume uma dívida de terceiros, se for na TAP, essa dívida desconta ao valor pago no caso da venda, e ficam uns trocos para o Estado, e até estou de acordo, mas se for o BPN, o comprador, neste caso o contribuinte, paga a dívida, e nem acautela bens para ser compensado do que pagou. o que teria sucedido se incluisse a SLN do perímetro da nacionalização.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Fujam que ele está vivo !!!

"Il cavallieri" ressuscitou do seu estado de hibernação e aos 76 anos quer voltar à ribalta política. Para já, para ajudar a empurrar a Itália para o buraco, mandou o seu partido retirar o apoio ao governo tecnocrata de Monti. Com isso prestou mais um mau serviço ao seu país, e como isto anda tudo ligado, ao resto da Europa. Agora ameaçou que se vai candidatar pela sexta vez. O que será preciso para que nos livremos daquele a quem Saramago chamou, e bem, "a coisa" ?  Talvez seja preciso voltar a fazer eleiçóes e aí derrotá~lo de vez !

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Na linha do horizonte (6)

Santa Luzia é a outra freguesia a extinguir aqui no concelho de Ourique. Está já no inicio da região menos plana, quando se vai a caminho do Cercal. É muito bonita e fica aqui uma muito pálida imagem. Uma igrejinha, muitas casas brancas protegidas numa colina.

Na linha do horizonte (5)

Na linha do meu horizonte está a pequena freguesia da Conceição, uma das duas a extinguir neste concelho. Fica a perder de vista no meio do verde da planície, agora no Inverno. Mais um horizonte característico do Baixo Alentejo, agora que a chuva chegou, pleno de vários tons de "tinta verde". Não sei se consegui dar sequer uma pequena ideia de toda a beleza que tem.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Barroso e um pequeno pormenor

Na entrevista de Barroso na SIC Notícias, indicou que assumia também alguma responsabilidade na situação a que o país chegou, mas recordou que no seu tempo a dívida era 57% do PIB e quando foi pedido o resgate era 107% (seis anos depois). Sem querer defender ninguém recordo um pormenor, a política da UE, de que Barroso era presidente na altura, que foi recomendar aos Estados atirar dinheiro sobre a economia, para estimular o crescimento e combater a crise, o que nos "ajudou" a chegar aqui.

Lido num fim de semana

"O teu rosto será o último" lido neste fim de semana, de 6ª a domingo. Pode-se considerar um dos livros do ano, com o qual o estreante João Ricardo Pedro ganhou o Prémio LeYa 2011, e um estrondoso sucesso comercial. Ficou célebre a situação de ser engenheiro caído no desemprego.  Daí sentir alguma vontade de o ler. Dada a profusão de histórias que o enredo constrói, as multiplas personagens que o compõem, três gerações, acontecimentos da história de Portugal que tocam quase um século, e dado o puzzle que essas histórias compõem acabamos por ser "agarrados" pela vontade de perceber para onde vamos. Acontece que nalguns casos não vamos a lado nenhum, ou seja certas personagens fecham-se sobre si próprias, e certos capítulos nada acrescentam ao enredo, que no final não nos explica tudo, ou diria que explica apenas um pequena parte. Isso seria pouco relevante, mas fica a ideia que algumas narrativas são de "toca e foge", outras acabam por se encaixar. Excesso de ambição, para 200 páginas, pelo que de certa forma a leitura que começa a ser obsessiva, dá lugar a alguma decepção. Fica a escrita, com passagens muito bem escritas, mas para mim soube-me a frustração. Penso que não teria necessidade de o ter lido, desculpe-me a sinceridade meu caro João Ricardo Pedro...

sábado, 8 de dezembro de 2012

Florbela (1894-1930)

Acontece uma coincidência, passam hoje 118 anos do nascimento e 82 anos sobre a morte de Florbela Espanca, isto é a data de 8 de Dezembro está associada aos dois acontecimentos maiores da vida da poetisa. Sucede ainda que, sem saber da coincidência de datas, ontem chegou-me à mão e pude ver o recente DVD "Florbela", de Vicente Alves do Ó. Mulher muito à frente da sua época, pela sua postura social, pela educação, sendo da primeiras mulheres a frequentar o ensino secundário, e Direito, que não concluiu. Poetisa de uma intemporalidade que  nos admira, e de um talento imenso. Vida atormentada, pela visão da mulher naquela época, por uma vida amorosa tumultuosa, três casamentos falhados, relação intensa com o irmão Apeles, doença mental (?), suicídios, demasiado talento para uma mulher no inicio do século. Poderia dizer-se, com razão, aquela máxima "a sua vida dava um filme", e agora cá chegamos. Visto o DVD fica-se com uma certo sabor a "desperdício". Quero dizer que se desperdiçou reduzindo a vida de Florbela a um argumento pobre, que se desperdiçou o talento de excelentes actores (Dalila Carmo, Ivo Canelas e Albano Jerónimo), que andam meio perdidos nunca encontrando o seu "papel", que técnicamente a captação de som é fraca e mais de metade do que o actores dizem não se entende, pelo que globalmente diria que este filme foi uma "oportunidade perdida", para mostrar uma das personalidades maiores do inicio do século XX, não sabemos o que verdadeiramente se quer mostrar, e tudo termina numa imensa e triste monotonia, pelo que me parece que o realizador deveria ter pensado melhor antes de se "meter" numa aventura para a qual não tinha "dimensão". Florbela Espanca merecia melhor destino.

PS: ao pensar no que poderia ter sido este filme relembro o filme "Sylvia" de Christine Jeffs, com Gwyneth Paltrow e Daniel Craig, baseado na vida de Sylvia Plath, poetisa nascida em 1932, e que se suicidou aos 31 anos, e com um percurso que lembra o de Florbela. Sem ser uma obra prima, é um bom filme que recomendo e existe em DVD.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Sinto-me "embaralhado"

Para quem, como eu, costuma ver ao sábado na TVI24 o "Governo Sombra", há um momento em que cada membro do "Governo" expressa um sentimento, ora o meu é "embaralhado". A propósito das "condições da Grécia, sim ou não", já todos disseram tudo e o seu contrário. Das duas uma, ou o povão os ignora, chego a pensar se não será o melhor, ou fica com os fusíveis em brasa. Pois Gaspar diz uma coisa, Trichet a mesma, PPC secunda, Seguro sempre disse isso, a UE diz outra coisa, Trichet altera pois estava num "dark corner", Gaspar muda de ideia, PPC secunda agora a opinião contrária, Seguro afinal não tinha dito, Gaspar reforça e diz que os outros todos é que vêm em contramão, Cavaco contraria, Portas cavaqueia, PPC contraria, desta vez João Almeida, Frasquilho, e outros ainda nada disseram, Marques Mendes está contra, e fala de "enganar o pagode", e no meio disto como nos sentimos, nós que vamos ter pensão reduzida, aumento de IRS, taxa de "solidariedade em regime de voluntariato compulsivo" ( O'Neil), aumento de IMI, corte de subsidio de férias, Natal às fatias, como nos sentimos ? EMBARALHADOS...

Exposição

Entre os próximos dias 15 de Dezembro 2012  e 15 de Fevereiro estará exposta na Biblioteca Municipal de Lagoa, uma exposição de quadros meus, dos últimos que tenho feito, alguns já aqui mostrados. O título da exposição é " Ao Sul", pois este o tema base de todos eles. Não haverá qualquer inauguração  mas durante a tarde de sábado 15 de Dezembro estarei por lá.

Vai hoje a votação

A extinção de mil e muitas freguesias vai ser hoje votada, e aprovada como se prevê. A propósito deste tema temos ouvido as coisas mais disparatas, e a demagogia tomou conta do discurso. A extinção ou fusão de freguesias é um acto administrativo que vai acabar com vários orgãos autárquicos, o executivo da Junta, composto por 3 pessoas, Presidente, Secretário e Tesoureiro, e a Assembleia de Freguesia com composição variável em função do número de eleitores. Ora ninguém vai acabar com a vila ou aldeia sede da Junta, os serviços da Junta vão manter-se, apenas serão geridos por outro executivo, a representação da vila ou aldeia vai ser assegurada noutra assembleia, ou seja a prestação pode e deve ser mantida, reduzindo apenas o número de deputados e de executivos. Chega-se a dizer que "vão acabar com as nossas tradições, perder a nossa identidade", o que é um total disparate, pois as tradições são genuinas do povo e nada têm a ver com a organização administrativa do país. Só se lamenta que a maioria dos municípios não quiseram discutir sequer este tema, que dizia respeito às populações. Quem defende, como eu e a maioria dos portugueses, a redução do número de deputados, não pode ser contra. Agora as coisas não podem ficar por aqui, é preciso fundir municípios e reduzir o número de deputados, certo ?

Uma Janela Rica

Ela própria é bonita. é rica não sendo exuberante. Situa-se em Ourique numa residência situada ao lado da pastelaria chamada "Coração da Vila". Pensei em pintá-la num quadro que tem 80x100, o que lhe dá um grande destaque. Penso que consegui "capturar" ( como agora se diz) o essencial, isto é, a luz.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Açordas e outras estórias

"No tempo de fome no Alentejo, (...) a açorda era o alimento quase exclusivo dos trabalhadores alentejanos durante os meses de Inverno. No Verão, a açorda era substituida pelo gaspacho. Claro que as açordas comidas pelos trabalhadores não tinham os requintes do bacalhau, da pescada ou de qualquer outro acompanhamento. Mesmo o azeite não era empregado na devida quantidade.
À açorda assim comida sem qualquer acompanhamento, chamava-se "açorda pelada", às outras, aquelas bem temperadas, só os senhores tinham acesso. Havia agrários que comiam o bacalhau nas suas açordas e, num gesto magnânimo, mandavam guardar as barbatanas, para serem cozidas na água da açorda da malta. (...) Diz-se que as açordas fornecidas pelos lavradores não fazem bem nem mal (são só pão e água) e, diz-se também, que caem nas calças e não põem nódoas (não têm azeite).
Nas grandes casas de lavoura, havia a cozinha da ganharia onde se faziam, por vezes, açordas individuais, sendo distribuido a cada um um pequeno dedal de azeite. Alguns trabalhadores exigiam que na açorda de segunda-feira, deitassem o azeite a que tinham direito até sábado. assim, comiam, pelo menos, uma açorda como devia ser, bem untada. O resto da semana comiam mesmo só pão e água com o tempero do alho e dos coentros.
(...) No tempo da laboração dos lagares, mandavam-se as crianças, pouco antes do nascer do sol, para que não fossem vistas a roubar, recolher dos esgotos com uma colher, o azeite que, congelado, flutuava na água ruça. Voltavam então para casa, descalços, sobre a água encaramelada, com o azeite para a açorda do dia.
A açorda costuma ter por acompanhamentos o bacalhau, sardinha assada ou pescada. Mas nas casas de gente pobre, come-se a maior parte das vezes a "açorda pelada", sem qualquer acompanhamento, ou então com um punhado de azeitonas que eram contadas e distribuidas por cada membro da família, pois essas azeitonas, apanhadas durante a noite ou nas madrugadas geladas, custavam um preço bem alto. (...) Quem fosse encontrado a apanhar azeitona era severamente castigado. mesmo as que eram deixadas ao abandono."

( em "Os comeres dos ganhões" de Aníbal Falcato Alves, Edição "Campo das Letras", Porto, 1994)

Achei interessante este texto, afinal publicado num livro de receitas de comida de ganhão (trabalhador rural alentejano), para meditar acerca do nosso nível de vida e para as boas almas irritadas por não se "comer bife todos os dias" pensarem melhor no que Portugal já foi e não quer voltar ser.

Isabel Jonet

Entrevista ontem na RTP, após o sucesso de mais uma recolha, explicou aos desatentos, aos detractores e aos que não perdem uma oportunidade para destratar o trabalho dos outros, o que quiz dizer com a "miséria" na Grécia, e disse coisas que nós não sabemos, que não há medicamentos essenciais nos hospitais, que o diabéticos se tratam se tiverem dinheiro, e se não tiverem não acedem ao tratamento caro que eu conheço bem, que em muitos lares de 3ª idade não se podem mudar lençóis de acamados pois não há como pagar, e na ausência de uma rede de apoio, pois a Igrela Ortodoxa não tem essa tradição, como tem a Igreja Católica de se dedicar ao apoio aos carenciados, muitas vezes nem por caridade se consegue alimentar bocas que têm fome. E isso apesar dos problemas de Portugal, que não descartou, não é nada de parecido com o que vivemos, por enquanto. Explicou ainda o que era o "empobrecimento" que sentia inevitável dadas as condições do pais e o papel das instituições como aquela que dirige, que foi apelidada de "caridadezinha" por gente que seguramente tem a barriga cheia. Pois essa "caridadezinha" é para mais de 300 000 pessoas a diferença entre comer todos os dias, ou comer quando calha. E assim se atenua a situação e se limita o impacto de uma crise, coisa que na Grécia só agora se começa a implementar. Nós já sabíamos mas, mais uma vez, o povo tem razão quando diz que "vozes de burro não chegam ao céu".

Oscar Niemeyer

Morreu hoje. Aos 104 anos talvez o maior arquitecto vivo, multipremiado, brasileirissimo, autor de um dos projecto mais arrojados lançados a um arquitecto, construir a capital de um país imenso, populoso, multicultural, transportando para o meio do sertão a milhares de km do litoral, a máquina do Estado, a política, mas também sendo a bandeira de um país que  quis ser algo mais que uma faixa litoral , afirmando a sua soberania sobre um tão vasto território, no meio do nada e a partir do zero, a cidade de Brasília.Em Portugal deixou algumas obras, em particular na Madeira,o Casino do Funchal ou o Hotel Pestana. Fica o homem e o seu exemplo de coerência, cepa que está a esgotar no mundo.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Macedo no Economix

Aqui está um ministro que mantém a serenidade, apesar da tarefa complicada que deve ser gerir um gigante como o Ministério da Saúde. Presente ontem no programa Economix, mostrou mais uma vez que tem um rumo, que mantém, que pensa com a sua cabeça e julgo que vai conseguir equilibrar o barco, apesar dos ventos adversos. Soube, por exemplo, que se gasta 320 euros por ano, por cada português, ou seja 2% do PIB, o que é a 4ª maior despesa em medicamentos do mundo... é muito, e eu sei bem que muita desta despesa é "pouco útil". Basta-me espreitar para dentro de uma terrina que um familiar meu utiliza para guardar medicamentos "usados", sendo que em muitas caixas se retirou um ou dois comprimidos. Também alguns médicos tudo receitam, por vezes com excessiva facilidade. Hospitais falidos, profissionais descontentes, portugueses a criticar, listas de espera para consultas e cirurgias, dívidas a fornecedores, mas utilizadores satisfeitos e indicadores globais positivos, esta a realidade da saúde em Portugal, mas nada que assuste Paulo Macedo. Mostra-nos que apesar de não ser um político de carreira, sabe estar no serviço público.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Prolongue-se a greve e vamos para a OIT

Vitor Dias, leader do sindicato dos portuários, candidata-se a personalidade mais ridícula do ano. Não nos dão o que queremos prolongue-se a greve, até ao infinito. Aprova-se uma lei na AR apresentamos queixa na OIT... este homem não é deste mundo. Está com muito medo que o leva a mandar fazer T shirts onde se diz "don't fuck my job" para a sua tropa de choque vestir nas manifs. Mas desta forma vai mesmo tramar os postos de trabalho dos seus representados, pois esquece-se que o Porto de Lisboa e Setúbal tem alternativa, e uma vez que os armadores a descubram não voltarão mais, pois ficaram escaldados. Atenção, não brinque com o fogo nem goze mais com o portuga.

Somos a Grécia ?

Vamos lá ver se nos entendemos. Não queremos ser a Grécia, e Deus nos livre de ser. E depois queremos as condições da Grécia, mais tempo, menos juros, períodos de carência, perdão de dívida, mais dinheiro. Então em que ficamos ?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

5508

É o número de falências verificado este ano em Portugal. Em média 25 por dia, é a imagem de um país à deriva. E parece que por cada uma que fica insolvente. existe mais duas ou três que fecham porque decidiu-se fechar sem processo de insolvência. Verdade que muitas das empresas que fecham seriam inviáveis, não se sabe qual a percentagem, mas estamos a fazer aquilo que se designa por "deixar o bébé ir com a água do banho", quer dizer que muita empresa viável está a fechar, entre outras razões por falta de crédito para fazer face a encomendas. É um verdadeiro desastre ... como nos podemos admirar da taxa de desemprego. dado que a criação de novas empresas está longe de acompanhar ?

Horas extraordinárias

Algo estranho se passa. Numa empresa normal, as pessoas trabalham nas horas normais, se é preciso mais algum esforço, ninguém vem logo pedir horas extraordinárias, o trabalho tem de ser feito, ponto final, e depois se isso for algo de sistemático admite-se mais alguém, ou propõe-se fazer horas extra. Ora parece que para alguns não é assim. Portuários, maquinistas, funcionários das finanças, médicos, são alguns exemplos de profissões em que as horas extra têm um peso que quando se faz greve esta muitas vezes é feitas "às horas extra", e as entidades afectadas param, como se todo o trabalho fosse feito em horas extra. E na realidade a própria lei só permite máximo 150 horas por ano. Acontece que muito provavelmente, não sei como, a lei não se cumpre. Eu nem sabia que afinal os estivadores, que estão a paralisar as exportações e a impôr custos insuportáveis às empresas, afinal "estão a fazer greve às horas extraordinárias", recebendo o seu salário das 8 horas como se não estivessem em greve. Acontece que esses cavalheiros chegam a fazer 1500 horas extra por ano ( ou a ganhá-las...) ou seja dez vezes mais do que a lei permite, ainda por cima existe uma "lei" mafiosa entre eles, em que quando há horas, são os mais velhos que as fazem. e os outros só podem fazer horas se os anteriores na dinastia não quiserem, ou não estiverem disponíveis. É extraordinário !!!

domingo, 2 de dezembro de 2012

Coisas que não existem

PPC diz  em Cabo Verde que não disse o que  disse, que as pessoas discutem coisas que não existem, que até eles decidirem nada existe, mas afinal querem que discutamos o quê ? Melhor de que todos os dias dizer o que não quis dizer, será dizer, e bem, aquilo que quer fazer, de forma a todos perceberem sem equívocos. Mas é isso que ñão quer. Afinal é melhor deixar todos na dúvida e fazer o que entender sem explicar nada a ninguém. Estamos para além de um problema de comunicação, estamos com um problema de atitude política, ou mesmo de políticas.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Problema de expressão

PPC disse hoje, na apresentação de um livro de Camilo Lourenço, que o Governo pode ter um problema de comunicação, mas o problema é de quem emite mas também do receptor, que quer ouvir o que não existe para dizer. Discordo, há mesmo um problema de comunicação, pois o que "eles" dizem entende-se mal, e se falarmos do ministro das finanças, ninguém entende o que diz, tirando que, toda a gente percebe que quando fala é para anunciar medidas penosas. Por outro lado as "metáforas" de PPC ainda complicam mais a mensagem. Mas para além disso há algo mais, a própria mensagem. Quando o seu conteúdo é o que se sabe não existe uma "boa maneira" de dar más notícias. Só se recomenda que diga a toda verdade, rápidamente e se possível toda de uma vez. Esta coisa de todos os dias dizer uma coisa, no dia seguinte o seu contrário, de dar entrevistas que só incluem "explicações" esfarrapadas, notícias castigadoras, e jamais há lugar à esperança, destrói toda a comunicação, por muita habilidade que tenha.

Será que regressam as propinas ?

Em muitos aspectos parece que a falada "refundação" vai passar por cortar umas fatias de educação, de saúde e de pensões, bem como doutras prestações sociais, corta-se também uma pitada de funções de soberania ( segurança, defesa, negócios estrangeiros), até se chegar aos 4 000 milhões, sem qualquer lógica ou pensamento outro que não a redução de despesa.  Desta forma todas as receitas servem desde que rendam dinheiro,  mais à mão estão as "soluções" que já existiram no passado, pois essas nem precisam que se gaste neurónios, é só aplicar, e como o Estado Social se expandiu nos últimos anos, basta desfazer o que foi feito.
Lembro-me do tempo em que se pagavam propinas a partir do chamado ensino preparatório (hoje 5º e 6º anos). No meu caso era isento, pois tinha notas boas, e o meu pai ganhava 1800 escudos, isto é, 9 euros por mês, e eu ía todos os anos à Junta de Freguesia, com um impresso com dois carimbos de uma mercearia e de uma drogaria, e pedia um "atestado de pobreza", em que o presidente da Junta, o Sr. Tirapicos, atestava que era "pobre e sem rendimentos", e com esse papel no Liceu se pedia a isenção de propinas. Se não pagava-se, um valor que não me recordo, mas seriam umas dezenas de escudos por período. Assim meia dúzia de cêntimos, e ninguém se queixava ( nem podiam...)
PPC, não tendo confirmado, parece que comprou a ideia, mas Nuno Crato, que é homem desse tempo, veio demarcar-se.  Digamos que não acho que seja por aì que o abandono escolar vai aumentar, mas vejo mal obrigar a pagar uma coisa que é "obrigatória". Portanto, puxem mas é pela cabeça, e não pensem que as ideias antigas é que eram boas, porque há ideias antigas boas e más, e não é "desfazendo" que se faz. Se a "refundação" se vai fazer por aí, vamos voltar às pensões ainda de maior miséria, "às casas do povo", e à "taxa de isqueiro".