sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Sol de Inverno

Dia de inverno frio e depressivo, uma chuva miudinha que chateia, enquanto esperamos pelo final do ano e o inicio de 2014 e com ele a entrada em vigor do orçamento mais recessivo de que há memória. Entretanto, como em tudo na vida, no meio do cinzento surge um raio de sol que bate nas casas no final do dia. O fotógrafo estava lá, no meio do terraço e tentava proteger a roupa no estendal, da chuva que por vezes caia. Surpreendido pelo sol inesperado bateu a chapa, e ficou uma foto de há poucos minutos, correu para o computador e expressou a surpresa. Este é o sol de inverno, que dá nome a novela, a canção da Simone, a nossa a portuguesinha da silva e não a bettencourt de oliveira, e que é um sinal de esperança, uma metáfora da alegria de acreditar que por mais negativo o panorama, o sol reaparecerá. Há três anos retirava um ventilador que me asfixiava, e do meu corpo saiam mais de uma dezena de fios e tubos, hoje sou autónomo e assisto a estes raios de sol que na altura pensava não voltar a ver ... e como bolo rei, sem exageros.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Homens e deuses

Sendo de 2010 vi agora e gostei, " Des Hommes et des Dieux" de Xavier Beauvois, filme em DVD que recupera um acontecimento verídico dos anos noventa na Argélia, em que monges de um Mosteiro no centro do país foram massacrados por extremistas islâmicos. Recupera-se assim a questão do convivio entre religiões e a crueldade das guerras ditas santas e dos seus protagonistas, questão que ainda hoje assume uma enorme importância.

Renascer

Três anos sobre a data do meu segundo dia aniversário, um dia especial em que a vida e a morte se uniram numa estranha aliança que reverteu a meu favor. Não que me queixe, Deus me perdoe,  mas que me deixa a questionar a estranheza deste nosso mundo, deixa. Nesta exacta hora a que escrevo estava o Black&Decker a abrir o meu externo, de onde iria retirar aquele musculo que nos comanda para desviar a circulação, e colocar um outro. Reconheço que se fazem milagres, mas se do coração agora está tudo bem, ainda hoje não recuperei de muitas das mazelas que quatro anos de insuficiência cardíaca provocaram, mais três de medicação imunosupressora, corticoides, e outros mimos da farmacologia. Naturalmente pior para o meu dador, e isso ajuda-me a suportar as dificildades, a aceitar o sofrimento e agradecer a dádiva que me permite escrever este post. Por isso estive em silêncio durante esta semana que hoje termina. Obrigado.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Prova

O estado como patrão tem direito a fazer a prova aos professores, mas apenas aqueles que se candatam para a carreira docente. Para todos os restantes a prova é o reconhecimento de que os sistemas de avaliação existentes não servem para nada. agora também me parece que havia coisas mais importantes do que comprar esta guerra com os professores, já tão castigados, vilipendiados e mantios num regime de contratação iníquo.

Prenda

Seguro e PPC deram hoje uma prenda ao país, o acordo sobre o IRC. Independente do conteúdo do acordo em detalhe, que não conheço, o simples facto de se ter chegado a um acordo é uma excelente notícia, pois é destas coisas que precisamos e menos de palavreado, demagogia e conversa fiada.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sol

Quando nasce é para todos, disponível na planície hoje de manhã um pouco antes das sete horas. Anunciava um dia frio, o que se confirmou, mas a partir da tarde uma invasão negra que mais pronunciava chuva e trovoada. Não são nuvens mas uma escuridão que metia medo. Não sei o que prefiro. Quando no verão costumo dizer que para mim, para as minhas condições cardíacas o inverno é melhor, pois o calor reduz-me a uma grande inanidade, diria mesmo moleza, e jamais dispenso duas horas de sesta. Mas quando chega o inverno, o frio prende-me ao sofá á salamandra, e as saídas tornam-se mais dificeis, com impacto na mobilidade. Assim o sol é esperança de um dia mais quente menos trôpego, e mais luminoso. Essa luminosidade que me alimenta. mas em simultâneo me chateia a vista. O sol é para todos mas nem todos vêm nele o mesmo sinal. Na foto agorinha mesmo acabado de nascer.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Uma vida


Foi hoje a enterrar Mandela. Dele tudo já se disse e algo que se diga apenas repetirá o que milhares já disseram num unanimismo que, embora merecido, chega a irritar. Tanto lugar comum, tantos seguidores, tantas juras de eterna fidelidade, já cheiram a esturro, Vejam só o exemplo do execrável Zuma, actual presidente, um crápula da pior espécie, corrupto, violador, polígamo, entre outros mimos , a fazer juras deste tipo. Mas para que retomo o tema ? Apenas para recordar como este fim de vida enterra também um dos últimos grandes lideres do século passado que se moviam por ideais. Ele foi de comunista a libertador, nada percebia de economia e finanças, mas não deixou de ser o que era, pois era um político na dimensão da palavra. Hoje temos sobretudo manipuladores de dinheiro, de mercados, gente sem sentido de estado, sem dimensão, veja-se só o triste espectáculo de Cameron no funeral, de Hollande, Rajoy, PPC , para não falar de Berlusconi. Mesmo Obama, um dos melhores mas ainda assim onde está a dimensão das convicções ? As ideologias parecem mortas, e é preciso vir a Igreja, chega a ser estranho, através de uma personalidade impar, o Papa, para nos recordar que as ideologias ainda existem, e as políticas não são todas iguais. Que bofetada meu Deus, a personalidade mais "política" do inicio do século acaba por vir de um sector que deveria estar a cima das "políticas". De resto tudo raso, rasteiro, sem chama e sem alma, gente que se move por "pragmatismos" sem programa e sem orientação. Esperemos que a história não se repita e não tenhamos de tudo recomeçar de novo, com mais um Hitler, e talvez surjam então os novos Churchill, De Gaule, Brandt ou outros, sobre os restos de uma nova hecatombe. Deus nos livre...

sábado, 14 de dezembro de 2013

Eu mesmo

Não gostando muito da promoção pessoal, fica aqui a foto de alguém cheio de frio hoje de manhã no mercado fazendo umas pinturas. Agradeço a quem a tirou, um jovem que normalmente está noutra banca com a namorada a vender umas pequenas prendas. Curioso o que me aconteceu, que foi, repentinamente, alguém disse, "esta casa é a minha", e era mesmo !!!

Mercado

Hoje "Mercado da nossa terra" em Ourique, Por lá estive, foi a terceira vez, e gosto do ambiente, embora muito frio, o que me obrigou a protecção especial. Agora é nitido que a participação diminui, quer quem venda, quer quem compre ou apenas visita. Contratriamente ao que pensava o Natal afastou gente e não aproximou. Para mim, que não tenho interesse comercial, tudo bem, gosto de lá estar embora me canse um pouco, mas julgo que é de pensar numa boa utilização deste recurso que é bom, pode gerar alguma saída para quem quer vender mas deve passar duma fase inicial um pouco improvisada. Fica aqui uma foto da minha "banca" com o meu "artesanato" e eu ben agasalhado vou pintando. Uma manhã diferente.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Amália ( ? - 2013)

Morreu hoje a lontra Amália, imagem da obra mais excepcional da saudosa Expo 98, o Oceanário de Lisboa. Foi há 15 anos e vivíamos num país em que tudo parecia possível, e ao que dizem, fui uma entre 17 milhões de pessoas que a viram. Hoje sabemos como estávamos enganados, mas aquele momento alto já ninguém nos tira. Pensámos que seríamos uma capital dos Oceanos, um país que teria um papel numa Europa em expansão, onde o equilíbrio ambiental, o crescimento e a prosperidade iriam conviver e dar-nos o melhor, perante a imagem da simpática lontra. Afinal lontras eramos nós, mas resigno-me e aceito que mais vale uma ilusão bem vivida que a desilusão permanente. E aquele momento do país, como dira uma senhora ex ministra sempre detestada, "foi uma festa". Ficam as canas dos foguetes para se apanharem.

Outras conversas

Mais um debate quinzenal hoje, por breves momentos parece que fiquei animado, com os desafios para debater aparentemente aceites pelos contendores principais, PPC e Tó Zé. Sol de pouca dura, pois em breve já estavam enredados em expedientes processuais para "defesa da honra" e outras patetices parlamentares, enquanto rapidamente os problemas do país passavam a segundo plano. Continuo a seguir estes debates com atenção, embora aproveite para fazer outras coisas enquanto os acompanho. Mas outras conversas são precisas para que não se condenem os próximos anos a uma situação larvar, seja quem for que governe, pois serão estes protagonistas mais prováveis do nosso futuro nos próximos anos para o bem e para o mal. Mas porque esta gente não se entende para fazer o que é preciso, enquanto temos tempo, pois ao contrário do que parece, ou do que se quer fazer crer, continuamos na beira do abismo, e é nesse terreno a esboroar-se que estes políticos guerreiam.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Eterno

Cento e cinco anos para o realizador de cinema, para o corredor de automóveis ou para o campeão de salto em altura, Nasceu em 1908, tinha o meu avô 7 anos, reinava D.Carlos, e quase não havia automóveis. Será eterno ?  Podemos detestar, não é o caso, mas que trabalha trabalha ! e até já pediu a prenda ao secretário de estado, o "guito" para mais um filme. E vão lá falar-lhe da crise ...

ENVC

Todos os dias estas iniciais nos entram porta a dentro, a entrada dos estaleiros, as pessoas a passar, um operário com um enorme rolo de mangueiras às costas, não sei para que serviriam numa empresas que há dois anos nada faz, nada produz, e tudo gasta. Todos os dias a mesma imagem enjoa. Como dizem os açoreanos "pescada aos três dias enfada". A imagem é a mesma e deve ter anos, mas a novela muda cada minuto que passa, de privatização a concessão, devolve dinheiro já não devolve, readmitidos já foram 400, 1000, 120, 140, 160. A Martifer já foi portuguesa, angolana, russa, chinesa, tudo no mesmo dia, já meteu tribunal, comissão parlamentar, polícia judiciária ou GNR, sem nada se ter passado, uma coisa é certa, e essa parece a mãe de todas as notícias, 600 out !!!! Qual estratégia para o mar, política de recursos marinhos, exploração da plataforma continental, alargamento da dita, navios de cruzeiros, barcos de pesca, ferries, asfalteiros para fazer auto estradas no fundo do mar, nada disso que nessa não podiamos pôr portagens, um chorilho de mentirolas, ficção, invenção pura e simples ou especulação jornalistica. E isto tudo sobre o futuro de 600 pessoas. Mas que presente de Natal amaldiçoado, esta gente não se enxerga e não poderá estar calada, a tentar resolver problemas em vez dos ampliar ???

Frio

O frio tomou conta dos ossos, o inverno aproxima-se, o Natal já cá está com as figuras do costume, e quais são, pois a Popota, a Leopoldina, já são mais famosas que o Pai Natal lançado pela Coca Cola, e este há muito destronou o Menino Jesus dos meus tempos de menino, em que punha o sapatinho no lar da cozinha, junto da chaminé, e esperava toda a noite, para de manhã lá ter uma prendinha dentro das posses de meus pais. Aqui em Ourique, curiosamente existem nas janelas estandartes do dito Menino, mais do que aquelas horrorosas escadas com o Pai Natal a subir nas varandas. Certo que todas vêm do mesmo lado, ie, a RPC, e as suas lojas, o grande bastião do "comunismo", é o maior exportador de panos com o Menino estampado, escadas com Pai Natal, árvores do dito, iluminações, bolas decorativas, associadas a uma religião que nada lhes diz, e fabricadas por mulheres e crianças escravizadas, por um regime que eu chamo "o mais hipócrita do mundo", pois em nome de grandes ideais, se ainda se lembra deles, explora como nem os capitalistas fizeram nas mais cruéis descrições dos livros de Emyle Zola. É o ar dos tempos, e estes estão cada vez mais gélidos, e pessoas como eu sentimo-nos cada vez mais, pessoas a mais, num mundo que já nos custa a compreender. Deixo aqui uma foto do Castro da Cola, tirada hoje. Tem tudo a ver, pois funda-se no mais ancestral que estas terras possuem, o tempo dos guerreiros, mesmo que imaginários. e prefiro esse chão ao das popotas daninhas.

Nadir Afonso (1920 - 2013)

Morreu hoje. Arquitecto, pintor e muito mais, transmontano de sete costados, deixa uma obra extraordinária mas talvez pouco conhecida dos portugueses, talvez por não ser do tempo da arte espectáculo e do marketing cultural. Nos anos quarenta já pintava assim como se mostra na imagem. Um homem muito à frente do seu tempo talvez mais reconhecido internacionalmente que no seu país, embora já lhe tenham dedicado uma fundação sediada em Chaves, sua terra natal, e a inaugurar em breve.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Cidades

No Mundial do próximo ano Portugal joga em Salvador, Manaus e Brasília. Conheço Manaus, Salvador e em Brasilia apenas fiz uma paragem de duas horas, num voo, mas sem sair do avião. Isto em 1995, já lá vão quase 20 anos. Nos tempos em que estava em condições de viajar, coisa que agora está longe dos meus horizontes. De Salvador recordo uma cidade emocionante, um verdadeiro retábulo onde se mistura o melhor do Brasil e de Portugal, onde a cultura negra e branca floriram numa cultura própria, onde a religião cristã se transformou nos terreiros de orixás. Uma cidade onde se recorda a velha Lisboa, as cores são tão nossas que nos fazem rever uma Lisboa que já desapareceu, ou se calhar só existiu na nossa imaginação. Manaus marca para mim a exuberancia do verde. Mas sem encanto. Na altura, à noite milhares de baratas saiam à rua, os esgotos tinham as tampas abertas, e uma humidade suja estava por todo o lado, e em todo o lado se sentia a presença do Amazonas, e a cidade parecia um enorme estaleiro onde por todo o lado se viam passeios esventrados, ruas esburacadas, lojas de pechibeque, electrodomésticos, electrónica, que derivavam de ser zona franca e os brasileiros terem o hábito de lá ir fazer compras desse material, que depois era amontoadao em aviões cheios de caixotes. Duas realidades bem diferentes, da emoção de Salvador, que nos toca bem fundo, a uma Manaus desprezível e cheia de lixo e baratas. Mas isto foi há quase 20 anos, hoje será talvez muito diferente, assim espero.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Mandela

De poucos se pode dizer, como dele, que o seu trajecto pela vida permitiu que deixassem o mundo melhor do que o encontraram.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Alegria

Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver.

Ricardo Reis, Odes

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Caminho

Esta a estrada rumo a Lisboa, um caminho que não quero percorrer, pois na maioria dos casos só o faço por más razões, idas a consultas, hospital ou visitas algumas forçadas. Um caminho que perfiro na sua versão descendente, rumo ao sul, onde me sinto bem, a calma, o silêncio controlado, a rotina que a minha autonomia, embora limitada ainda permite, e a música sempre presente no dia que se alonga, mas que é pacífico. O sul é para mim a toca, o local e o estado de espírito que me ajuda a ultrapassar cada dia, um de cada vez.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Manhã

Hoje de manhã um belo dia de Outono pelo Baixo Alentejo. O jardim do miradouro onde costumo fazer os meus passeios, interrompidos pelo frio intenso dos últimos e parece que também dos próximos dias, está nesta foto de hoje de manhã. Um prazer para respirar.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Júlio Resende e Amália

Não deve estar longe de ser um dos grandes CD do ano em Portugal. O pianista de jazz Júlio Resende toca músicas de Amália e tem o arrojo de a acompanhar ao piano, no fado "Medo", uma excepcional gravação que só a coragem e a tecnologia permitem, uma faixa com a força da interpretação de Amália Rodrigues e o belíssimo acompanhamento ao piano de Resende. Na música Portugal dá cartas com artistas deste calibre.Arrepiante.

Inside Job

Vi agora este DVD  que ganhou o Oscar para melhor documentário em 2011. "Inside Job" explica os mecanismos que conduziram à crise do " sub prime" nos EUA, que afinal foi a mãe de todas as crises. E apesar de ter já 3 anos mantém toda a actualidade e deve ser visto por quem não viu. A forma como os gestores do sistema financeiro americano actuaram, com influência em todo o mundo, acolitados por tecnocratas que se deveriam ocupar da regulação e não o fizeram, e apoiados nas agências de rating, é criminal, e comparar o que todos estes senhores fizeram, conduzindo conscientemente milhões de pessoas ao abismo, para defender os seu interesses e o acesso a bónus pornográficos , basta um exemplo, o CEO do Lehman Bros quando faliu, tinha recebido no ano anterior 490 milhões de dólares de bónus, e o banco era AAA mas agências de rating, e perto destes figurões, Sócrates, Passos, são meninos de coro. Desta gente ninguém foi preso ou julgado, e muitos foram despedidos com chorudas indemnizações outros mantêm os seus postos ou estão agora em lugares de designação política. É a economia de casino no seu esplendor. A ver por quem não viu e ficamos chocados e a perceber onde chegámos e porque o Papa tanto tem intervindo nos últimos tempos. É que está carregado de razão e conhece a natureza da ganância.