sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Porquês

Afinal não vamos aos mercados apenas para "vender" dívida, forma eufemística de dizer que vamos pedir emprestado. Não, nada disso, agora vamos "comprar" dívida, ou seja amortizar dívida, a quem nos quiser vender. E comprámos mesmo 1,3 mil milhões de euros, embora pareça que todos esperavam que houvesse muito mais gente interessada nesta venda, só não nos venderam porque acham , e com razão, que ter divida de Portugal é um grandessissimo e belissimo negócio !!! . E porquê comprar? Porque tínhamos dinheiro a mais !!! Mas então se tínhamos dinheiro a mais porquê cortar nas pensões e aplicar a CES, cortar nos salários acima da fortuna de 600 euros ? Devo ser muito estúpido, para entender estas nuances ...

O meu 25 de Abril (4)

E aconteceu ! O Maio de 68, aconteceu nesse ano em que estive no barracão da Rua de Buenos Aires. Se ali não estivesse teria sabido do que se passava o mesmo que a generalidade dos portugueses, isto é, nada !!!  Ali no Instituto o Maio de 68 foi acompanhado com muita informação, embora eu, através de um colega com quem travei amizade e de cujo nome nem me lembro, mantinhamos conversas sobre o assunto. O que acontecia em França em 68 quase não era referido na imprensa, e na rádio ou televisão nem pensar. Era uma não notícia, ou apenas passou a notícia quando já no final o General De Gaulle passou ao ataque e convocou uma grande manifestação de apoiantes que o confirmaram no poder. Isso sim foi largamente publicitado. De resto havia a informação disponível no Instituto e pouco mais. Para um jovem de 15 anos como eu, acabado de entrar num mundo bem diferente do que julgava tudo aquilo me parecia estranho, e nada parecia fazer sentido. Porque se manifestavam se já tinham o que nós nem sonhávamos vir a ter. Reinvidicavam o impossível ? Diziam "Sejamos realistas exigemos o impossivel" ou "É proibido proibir!" Porquê? Claro que a informação chegava atrasada e  pouco detalhada, sabia-se da revolta dos estudantes, do apoio da classe operária, a partir de certo momento, mas não se perspectivava o seu significado, não havia comentadores políticos, ou os que existiam, Artur Anselmo ou João Coito, lembro-me ainda deles, eram totalmente fascizantes e os seus comentários eram louvaminhas ao poder da altura, só assim podia ser e assim era, e este era assunto tabu ! De resto, nós sabíamos que aqueles acontecimentos se passavam no outro lado do  mundo, e o nosso era outro, jamais Portugal chegaria a um nível de liberdade que permitisse tais desatinos, políticos, sociais, culturais e de valores, pois o movimento de Maio, embora perdido no domínio político, até por que era dirigido por maoistas, trotskistas, anarquistas (sei-o agora...), tendo um olhar desconfiado da esquerda comunista, teve um enorme impacto nos valores e na cultura. O mundo nunca mais foi o mesmo, e até Portugal não fugiu à regra, mas teve de esperar uns anos...

Ruela

Uma rua fica sempre bem numa parede, sobretudo se for de uma vila de que gostamos, se o céu estiver cinzento a prometer chuva, e melhor se tiver as cores azul e amarelo. Uma receita, que falha todos os dias, pois os gostos não são normalizados, e ainda é preciso que pelo menos esteja bem feita. Fica aqui um exemplo de uma rua com as características indicadas para gostos normais. Afinal o que é uma rua senão uma passagem para o "outro" lado. E é esse o lado que interessa !!!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Exposição "Pintura Solidária"

É o contrário de pintura "solitária", e trata-se um grupo que animei entre Maio e Dezembro de 2013, e cujos proveitos, poucos, reverteram para a Loja Social. Agora entre 3 e 20 de Março pode-se ver na Biblioteca Municipal, em Ourique, a apresentação de trabalhos feitos pelos participantes. Todos são iniciados, e são os seus primeiros trabalhos, e o próprio animador também é apenas um artesão iniciado, que procura ocupar o seu tempo de forma positiva. O que é que se pode ver ?  Pintura em tela feita pelos participantes, em pano por uma das participantes, telas minhas que exponho e cuja hipotética receita vai para fins sociais, e telas de uma pintora convidada, para que possamos ver algo de diferente, sendo que a convidada é a Clara Andrade, de que já aqui falei e que vem de uma exposição na Casa Manuel Teixeira Gomes em Portimão, excelente pintora e pessoa de uma enorme sensibilidade artistica. Na imagem deixo uma prova do que digo.

O meu 25 de Abril (3)

Quando a dúvida se instala a resistência começa, mesmo a simples resistência mental. Ficamos abertos a outras visões, a outras leituras, e a minha passagem pelo IIL, Instituto Industrial de Lisboa, durante apenas um ano, marcou essa diferença. O IIL, embora fosse aquilo a que se chamava um "curso médio", que dava acesso a ser "agente técnico de engenharia", funcionava em muitos aspectos como as universidades e era envolvido nas suas lutas, nas mesmas leituras da situação política, pelo que foi um ano de acelrerada formação política para mim. As condições da escola eram deploráveis. Funcionava num velho edificio meio arruinado, tinha um pátio enorme onde se construiram anexos em "platex", que estavam cheios de alunos, chovia no interior, laboratórios quase não havia, nas salas de aulas, os profs, em geral apenas o eram em part time, e as aulas eram um debitar de matérias, para as quais não havia "sebentas", pelo que as aulas eram uma espécie de ditado, e nós limitavamos a tirar notas. A insatisfação era enorme, caldo de cultura para a revolta. Todas os dias eramos matraquilhados com invasões das aulas, para convocar uma RGA, uma greve, informar as últimas da "repressão estudantil", ou dar notas da "guerra colonial". Não queria passar ao lado disso, mas tinha apenas 15 anos, e comecei a ver que esta não era uma escola para mim. Não tinha nem maturidade nem preparação. Eram raros os estudantes que tinham entrado como eu, apenas com o chamado 5º ano do liceu. A maioria tinha o curso industrial mais dois anos de preparatórios pelo que tinham mais de 18 anos. Tudo era confusão, improviso e mal estar !!! Dali, de qualquer forma não se saía da mesma maneira como se tinha entrado. E isso aconteceu comigo. Mas não iria sair sem o melhor ter acontecido, E aconteceu mesmo, e eu estava no sitio certo para ter noticias acerca de um evento de grande dimensão e que quase passou ao lado deste país triste e cinzento. Deixo uma musica desse ano, de um autor que lá me foi "apresentado" e que jamais ouvira na Emissora Nacional ou noutro lado, de seu nome Adriano. Só podem ouvir, a imagem é negra como era Portugal em 1968.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Loira

Depois do "mister blue eyes, do preto, do monhé e do careca", agora temos uma loira, sei que estou a ser politicamente muito incorrecto. Ainda por cima de nome impronunciável, experimentem, Isabelle Vansteenkiste (ufff !!!!), e representa o BCE na troyca famigerada, agora que está de saída. É belga e substitui o dito careca, que era o senhor Rasmus Ruffer. Os nomes pouco interessam e a cor do cabelo ainda menos, agora as políticas que defendem refinam, ao contrário do que parecia pois os governantes nem duvidam que o país está melhor. Terão razão em não dar rédea curta, e manterem a tensão ? Nem sei, pois estes políticos já mostraram do que são capazes quando deixados á solta, agora prefiro uma loira apresentável a um careca sempre de agenda na mão. O resto não é questão de género !

O meu 25 de Abril (2)

Antes do 25 qual era a consciência que tinhamos daquilo em que se vivia ? Era a guerra, a censura, a repressão, a ausência de liberdades, mas até que ponto tinhamos essa perceção, até que ponto isso nos incomodava vedadeiramente ? Creio que tirando uma muito pequena minoria esclarecida, para a esmagadora maioria tudo se passava com normalidade, a chamada "paz dos cemitérios". Mas como vivendo nas trevas se chegava à luz ? Cada um teve o seu momento, o clique que o fez perceber o que se passava, e nada era aquilo que parecia. Para mim, talvez o dia 25 de Novembro de 1967, e seguintes tenha sido o dia em que a escuridão na minha cabeça recebeu os primeiros raios de luz. Tinha feito 15 anos, e tinha há poucos dias entrado no Instituto Industrial de Lisboa, na Rua de Buenos Aires, equivalente ao actual ISEL. O choque era enorme. Havia uma Associação de Estudantes, distribuiam comunicados que falavam de coisas que conheciamos, mas a que chamavam outros nomes, por exemplo "guerra colonial", " ditadura", "fascismo", entre outros vocábulos desconhecidos para os meus ouvidos de adolescente imberbe. Cartazes, mini comicios, e intervenções nas aulas mostravam um ambiente insólito para um "menino" saido do Liceu de Oeiras, onde tudo era equilibrio, paz e um pouco de musica pop. Por ali era mais duro. Na noite de 25 de Novembro de 1967 aconteceu um terrível acidente meteorlógico que mudou a minha maneira de ver. Uma chuva intensa, enxurradas, e destruição na zona de Lisboa varreu milhares de casas construidas em leitos de cheia, em zonas clandestinas, e arrastou consigo oficialmente cerca de uma centena de pessoas. Os estudantes do IIL mobilizaram-se para apoiar, eu não fui, tinha muito medo de me meter em confusões, mas segundo os relatos que eram feitos na Associação, a situação era dramática, e a grande preocupação do Governo da altura, ainda com Salazar, era de esconder o que se passava, de minimizar os danos, de impedir a ajuda se necessário,  se tal permitisse impedir a informação. O país não podia duvidar da qualidade da "governança" apenas por umas "centenazitas" de mortos. No final diversos comunicados mostravam que as coisas não eram como vinham nos jornais, censurados, e ainda hoje fica por saber qual o verdadeiro impacto (falava-se em mais de 700 mortos). Eu que acreditava nos jornais, na rádio, na TV não, pois não tinha televisão, vi ali a derrocada de muitas das coisas que tinha como certas. E quando aquilo que temos como certo começa a ruir instala-se o "caruncho" da dúvida. E foi aí que se instalou e passei a duvidar do que lia, do que ouvia, pois sabia que podia haver outra versão. Habituei-me a duvidar. E quando a dúvida se instala, tudo na nossa cabeça se começa a abrir para a mudança. Afinal um simples acontecimento meteorológico terá sido o início do "meu 25 de Abril". Noticias do acontecimento aqui.

Paco de Lucia (1947-2014)

Grande guitarrista espanhol, talvez o maior de todos, o flamengo foi a sua praia, mas o seu mar espraiou-se por muito mais longe, pelo jazz, e outras músicas, regressando sempre às suas origens, cigano, manteve sempre essa ligação tornando os seus concertos numa festa, uma verdadeira festa cigana com um dos maiores músicos do mundo. Paco estará para o flamenco como Piazzola para o tango, Paredes para o fado, Jobim para a MPB, foram todos muito mais longe. Dele tenho vários CD´s que ouço quando estou triste, a Andaluzia está lá toda. Além do mais era um excelente compositor. Morreu hoje e morreu demasiado cedo.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O meu 25 de Abril

A partir de hoje, 25 de Fevereiro, faltam dois meses para o 25 de Abril, quando comemoramos quarenta anos sobre essa data mítica. Vou procurar recordar aqui "o meu 25 de Abril", pois todos os que o viveram como eu vivi, têm a sua "narrativa", como se diz agora, com a periodicidade que me  fôr possível. O meu 25 de Abril passa-se nos meus 22 anos, mas tem raízes um pouco antes, e ramos muito para além, até hoje. A forma como o vivi, a maneira como me tornou naquilo que sou, como se passaram aqueles tempos, e como os tempos geraram novos tempos, e que nos conduziram até hoje. Não quero ser muito ambicioso, apenas dar um testemunho "pessoal e transmissível" na exacta medida do que puder. Fica a imagem que mais associo ao 25 de Abril.

Insistência

Se uma imagem vale mais que mil palavras, mil imagens valem mais que uma imagem. Daí a minha insistência nesta imagem de uma igreja com luz ao lado e a correspondente sombra. Para já ficamos assim.

Cores

Visitei hoje uma exposição de pintura aqui na Biblioteca Municipal em Ourique "Cores da nossa terra", muito boa e de um pintor local que assina como Jago, iniciais do seu nome. A maioria são telas com inspiração na vila de Ourique, e onde as cores do Alentejo estão presentes em telas de grande dimensão (a maioria delas). Para a imagem escolhi talvez a menos alentejana das telas apresentadas, em termos de imagem, embora as cores estejam lá. Chama~se "Cidade ao entardecer" e é bem a imagem da noite que se anuncia. Vale a visita e ainda está até final da semana.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ondjaki

Acabei de ler "Os transparentes" de Ondjaki. Não tinha lido nada do autor angolano que ganhou o Prémio Saramago em 2013, e digo que foi um dos livros mais interessantes que li nos ultimos tempos. Poderia desanimar com as mais de 400 páginas, mas não, é de uma leveza de leitura, uma escrita temperada, um humor corrosivo, mas ao mesmo tempo ingénuo,  ao tratar da vida de um grupo de personagens que têm entre si o facto de todos viverem no mesmo prédio, na mesma aventura de sobreviver todos os dias, de encontrar um esquema, uma forma de contornar os que apenas funcionam a troca de um "matabicho", cada um á sua dimensão claro, um político corrompe-se pela cedência de uma concessão de água canalizada, um chefe da polícia por um "bife com batatas fritas , mas com ovo mal passado". Como em todos os grandes escritores angolanos o tema é a sua grande pátria e seus habitantes, todos os dias espoliados por uma clique, num país onde tudo abunda, mas é para muito poucos. De ler.

Torre

Não estando concluida fica aqui um pormenor que tem de ser ainda trabalhado no detalhe. Está em bruto, mas é mais do mesmo, embora tivesse beneficiado do zoom. O monumento até merece, estamos no reino do azul. Por mim vou continuar.

Fim de semana

Um dos trabalhos de fim de semana, entre outros, em que se utilizou a técnica do transfer para o obter. Não será nenhuma novidade, mas para mim não tinha ainda tido contacto com esta técnica. Em qualquer dos casos o modelo na foto foi uma das filhas, para quem conhece deixo que adivinhem qual, embora muitos conheçam de idade mais tenra e agora já vai para os 36... parece impossível. O tom branco surge na foto mas não no original. Perguntem lá porquê ...

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Cati Freitas

Mais uma bela voz que se lança na música portuguesa, tom jazzistico, influência do Brasil, mas musica portuguesa de grande qualidade, no primeiru trabalho de Cati Freitas, "Dentro". Fica aqui uma versão de "Altar Particular", versão de um canção brasileira de Maria Gadú. Muito bom para um primeiro registo da cantora de Braga.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Transfer

Este fim de semana mais um workshop da Stela Barreto, de que sou "cliente habitual" e desta vez tendo como tema o "transfer criativo", isto é, passar uma imagem para um trabalho de pintura. Tudo tem um começo e a técnica é delicada, e tem de ser trabalhada com "dedos de fada", como diz a Stela, coisa que de todo não tenho. Fica aqui um primeiro trabalho feito, não está muito bonito, mas outros melhores farei, estou certo.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Tordo

Li a carta de João Tordo ao seu pai Fernando Tordo, publicada no Público, e fiquei muito emocionado. Gosto muito de ambos, Fernando um grande compositor, mas também cantor e até pintor, João talvez uma das vozes mais inspiradas dos novos escritores, que até ganhou o Prémio Saramago. Não sei se Fernando terá tido toda a razão e não me interessa, o que interessa é que no ano em que se comemora os 40 anos do 25 de Abril ele não estará cá para ajudar na comemoração. Compreendo o desânimo que alguém sentirá quando tanto deu, tantas pérolas compôs, e continua a compôr, e não consegue o reconhecimento dum país que previligia a inveja sobre a gratidão, que desbarata recursos, financeiros, culturais, motivacionais, e condena os que pensam com a sua cabeça a um ostracismo que só julgava possível antes da data que vamos comemorar, e a uma vida de verme sem dignidade nem voz. Percebo, mas lamento, e talvez não seja a melhor palavra, mas neste caso é o que sinto. sinto pena, muita pena, embora reconheça que todos temos culpa, a começar por mim, pois ainda este ano Fernando esteve a cantar aqui em Ourique e eu não fui ver.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Volume

Segue a minha busca pela geometria básica. Afinal estas formas com luz e sombra são propícias a essa exploração de que gosto. Espero não ser o único. Não sei se reconhecem a imagem, mas não é preciso pensar muito. Gosto desta parte do monumento, a traseira a que ninguém repara ou dá valor (calhando nem à frente quanto mais a traseira...), bom já estou a ser maldizente. De resto temos chuva e céu cinzento, bem diferente do céu em brasa da tela. Uma recordação para relembrar que os céus não são sempre azuis como os dias não são sempre claros.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Obsessão

Aqui estão mais duas vistas da Igreja de Santa Maria, em que procurei representar um dos elementos mais salientes do património de Ourique. Soube agora que a Páscoa é dos poucos momentos em que abre. Na sexta feira santa uma procissão sai dali para dar a volta à vila e lá regressa ao final da noite. Penso que o efeito de conjunto de diversas telas de igual tema acaba por se estéticamente interessante. E afinal a minha vertente de "engenharia" acaba por emergir, daí eu adorar linhas rectas, construções, sombras e outras construções geométricas, agora que já esqueci tudo o que aprendi, desde a lei de Ohm, às leis de Kirchoff. Bom, verdade seja dita que nunca me serviram para grande coisa. Tomem lá a Igreja que é o que vos posso oferecer por agora, e espero que não tenha saído muito mal. As telas são 40x30 e todas recuperadas. A obsessão vai continuar em próximos  capítulos.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Viragem ?

Viragem económica, recuperação, crescimento, retorno do emprego, investimento, exportações, milagre económico, ou propaganda ? Como é que alguém que preza a sua sanidade mental consegue navegar neste mar de informação e contra informação, como é que alguém que quer olhar o que o rodeia com isenção, percebe o que se passa num país onde ainda hoje um grupo de políticos descrevia um país cor de rosa, faziam brindes, falavam "só, só, só agricultura", e outras alarvidades, e o lider da oposição dizia, em frente de uma plateia de gente influente e sem corar, que era tudo mentira, que o melhor era manterem o  dinheiro longe deste rectângulo. Caramba, então e os números, as taxas, os ratios, será que se podem sentar e criar um discurso "minimo" em que todos se reconheçam e não darem tal espetáculo, ainda por cima face ao exterior ? Então e o INE, a estatistica, os cálculos, não são ciência ? Em quem acreditar afinal, pois se não estamos perante uma ciência tudo se resume a fé... e a fé, essa sim nunca engana os já convertidos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Saúde

Hoje mais uma visita ao Centro de Saúde, sou um cliente regular de tal serviço, onde se vai sem pressa, e sem deixar "almoço ao lume". Uma espera de umas duas horas, e um atendimento sempre gentil e positivo, e não falo apenas de médicos, falo também de enfermagem, pois fui atendido também por duas enfermeiras  para realizar alguns pequenos exames, ou medir valores, e pessoal administrativo. É certo que as caracteristicas da minha patologia, já me dão algum "estatuto", que naturalmente bem dispensaria. Mas agradeço-o. O que me levou a escrever este post não é distribuir elogios, mas fazer "reclamação". E que reclamação ? Assisti hoje na SIC, nos noticiários, a filas de gente em locais onde não há médico de familia, as pessoas estão à chuva desde as 6h30 para uma consulta, gente a fazer 30 km para ir a uma urgência, pois não têm forma de obter uma consulta normal. E parece que a situação tende a piorar, mas como pode ser pior ???  A reclamação é contra certas pessoas que muito protestam mas que não têm presente que a realidade da saúde é mais a dos que vão para a fila de madrugada do que  a dos que esperam uma ou duas horas na sala de espera por uma consulta certa. Lamento.

Paredes

Uma vista de uma parede não nos mostra nada para além dela própria. Neste caso mostra muito. O branco imenso de claridade da luz do Alentejo. O azul alentejano intenso das listas que tanto caracterizam as habitações mas também os monumentos que adoptam para si a mesma fisionomia que as casas de toda a gente ( mais um exemplo de " em cada rosto igualdade"...), o céu azul, igual ás cores das casas, apesar de estarmos no Inverno (o foto é de ontem de manhã) e as árvores agora sem  folhas aguardam a chegada da primavera, como todos nós, aliás. Na parede projecta-se o sonho de uma sombra, e nada interfere com a tranquilidade da manhã.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Chaminé

Uma chaminé antiga, velha, que se vê por fora mas que não se adivinha por dentro, isto aqui no centro da vila, nas traseiras das traseiras, um imagem de hoje de manhã. Parece sem actividade recente, fazendo parte de mais uma ruina que tarda a renascer. O fotógrafo estava lá e registou o momento.

Beco

Também temos por aqui as pequenas ruelas, carregadas de encanto, mas também de dificuldades. As chamadas "quebra costas", onde para subir é preciso algum "desempenho" fisico. É o caso, e para a subir não contem comigo, A realidade é que temos hoje um belo dia de sol aqui pelo sul o que recomenda o exercício fisico, mas dentro do "beco" permanecem as complicações, uma coluna que não quer manter-me em pé com agilidade, umas pernas que parece que pesam uma tonelada, e uma visão perturbada. Pareço alguém que era para ser mas cada vez está mais longe, e que não sabe onde encontrar os pontos de apoio que permitem "alavancar", como agora se diz, para uma melhor qualidade das vivências (grande profundidade... )

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Novaiorquino

A "The New Yorker", talvez a mais influente revista norte americana apresenta a edição do 89º aniversário, a 21 de Fevereiro, com capa do português Jorge Colombo. Não é novidade nem é a primeira vez, pois a carreira do gráfico português radicado nos EUA não precisa apresentações, mas que para nós povo pequenino e escasso em altos voos é um consolozinho. Curioso que o trabalho feito utiliza como grande ferramenta o iPhone, o que também não é original em Jorge Colombo.

Rua

Mais uma rua da vila de Ourique, este situa-se entre dois poderes, isto é sai da porta do Municipio, local onde estava o fotógrafo (eu mesmo), e onde se pode ver um dos candeeiros públicos caracteristicos da vila, e ao que uma vez me disseram, mandados fazer pelo primeiro presidente de câmara dos pós 25 de Abril, Ramiro Sobral, perdoem se me enganei, e vai subindo até ao segundo poder, o do "Castelo", do tempo da reconquista, castelo que deve ter existido mas que eu saiba já não existe, no seu lugar está o representante de outro poder bem mais actual, a torre de telecomunicações, onde estão as antenas que permitem as comunicações, móveis ou fixas, poderosas e das quais somos súbditos dependentes. Enfim é uma rua bem bonita, afável, colorida, estreita, onde não passa carro por carro, no cimo o jardim onde por vezes caminho, ou melhor, arrasto-me. Ao sábado ninguém por lá passa, e de semana também. É o interior desertificado. Ainda bem ,assim fico com a rua toda para mim...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Ingénuo

Regresso ao meu registo naturalista e ingénuo, donde nunca saí diga-se de passagem, e apresento duas telas cujo tema é o mesmo, a Matriz de Ourique, que se encontra quase sempre fechada. Procurei aqui "puxar" pelas cores que mais me agradam, e que traduzem a paleta presente por aqui. Ainda estão para terminar, e as telas são "low cost", oferecidas, chinesas e ainda por cima reutilizadas, ou seja, fazem parte de um conjunto de 30 e tal telas que me ofereceram já utilizadas, mas a que decidi dar vida nova, todas 40x30, formato que me agrada. Neste momento estou a trabalhar em 8 telas ao mesmo tempo e dentro da mesma temática. vamos ver o que sai. Algumas estão quase prontas, é o caso, outras ainda estão só em esboço.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Critérios

O Governo aprovou os critérios a seguir para extinguir um posto de trabalho e despedir com base nessa extinção. Ora cá está um problema urgente, de grande actualidade, uma questão que estava a preocupar todos os portugueses, e sem os quais nem se poderia respirar. Com cerca de um milhão de desempregados o que todos estamos à espera é quais são os critérios para despedir mais. Sabendo que os parceiros socais discordam, até as entidades patronais não se reconhecem em tal, não se percebe "qual é a pressa".  Parece que o critério obrigatório a considerar em primeiro lugar é a avaliação de desempenho. Acho muito bem !!! Sabendo que seguramente mais de 98% das empresas não fazem avaliação, e muito menos têm avaliação credível, pergunta-se, em que país pensam estes senhores que estamos, no Burkina Faso ??? ( desculpem lá Burkinenses nos últimos dias já falei em vocês várias vezes, se calhar são um país mais decente do que penso...)

Nuvens

Olhei pela janela e a forma do horizonte fez-me recordar um filme que vi chamado "Nuvens Passageiras", em 1996, e o qual seguramente nenhum dos meus hipotéticos leitores ocasionais viram. Era um filme finlandês de Aki Kaurismaki. Um filme muito triste, a preto e branco, que na altura não entendi, de um casal em que o marido, condutor no Metro foi despedido, e a mulher, chefe de mesa num restaurante, ficou sem emprego por encerramento do mesmo. Com  o orgulho ferido, queriam fazer pela vida e nem punham hipótese de recorrer aos apoios sociais, e assim se foram afundando, até tentarem tomar conta do restaurante encerrado e procurar recuperar os antigos clientes, o que acabaram por conseguir mas sempre com muitas "nuvens" no horizonte. O que eu não sabia em 1996 era que a Finlândia passava por uma crise idêntica á que temos hoje aqui, e é esse país que hoje exige "garantias reais" para aprovar o entretanto rejeitado programa cautelar da Irlanda, e decerto porá em Maio dificuldades ao de Portugal. As nuvens da foto são de Ourique aqui há pouco, as outras são de um país triste, como o do filme, e que passa agora pelo carreiro da mendicidade europeia, para onde foi arrastado pelos mesmos que hoje querem uma "saída limpa" e ajudado pelos políticos irrealistas e mentirosos. Mas o filme fez-me recordar que "não há bem que não acabe, nem mal que sempre dure"...  ou o contrário.

ACS Trio

Não é nome de supermercado. mas de um trio de Jazz de alta qualidade musical. Tem uma particularidade, bem especial, é formado por três mulheres que são músicas de primeira água. São americanas, mas isso não importa, e o nome deriva das iniciais dos seus apelidos, a saber, a pianista Geri Allen, a baterista Terry Lyne Carrington, e a contrabaixista, a belíssima e talentosa Esperanza Spalding. São um sucesso, e a sua música é graciosa, e mesmo para os que não adoram o jazz, sentir-se-ão reconfortados com tal melopeia. Esperanza já esteve a actuar em Portugal pelo menos duas vezes, no quadro do injustamente criticado programa Allgarve ( entretanto substituido por... NADA) e canta em português brasileiro como se de uma brasileira se tratasse. Deixo aqui uma amostra pequena do talento de todas e em particular de Esperanza que já é uma certeza !!!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Reindustrialização

Mais um palavrão que se tornou assunto para perorar as glórias perdidas duma Europa que já foi competitiva, glórias perdidas para uma China de escravos, uma India de párias ou um Bangla Desh de sub-humanos. Agora recuperar as indústrias que o país tinha, ou melhor as que afinal nunca chegou a ter, parece que vai ser dificil, e como antigo "industrial", sei do que falo, e não é decerto com uma reforma do estado abortada que lá vamos. Agora ainda não consegui perceber o que é que um rei coxo, um presidente sem chama, e outro presidente quase nonagenário, podem fazer de positivo por esta causa, sem dúvida justa. E julgo que de todos eles o nonagenário, ainda é aquele que tem mais capacidade para influenciar.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sucesso

Como é que a mesma palavra pode ser aplicada a uma situação e significar o certo e o errado, uma coisa e seu contrário. Falo do alto da minha total ignorância em finanças, e com a liberdade que a minha burrice me permite, mas quando se pede um empréstimo a 10 anos e nos pedem 5 % de juros, dizemos que foi um sucesso, se se pensar que há três anos tinham-nos mandado "comer um ganda cão", no ano passado teriam pedido 8 ou 9%, e agora "só" pedem 5. Certo, mas quando se compara com outros que pagam 3 %, foi um fiasco. E já agora experimentem depositar dinheiro a prazo e veremos quanto oferecem, 2% no máximo. Assim grande negócio fizeram aqueles que hoje emprestaram dinheiro ao Estado português. Muitos eram pensionistas, representados pelos fundos de pensões sedentos de bons negócios, mas garanto que muito poucos seriam portugueses.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Lápis de côr

Muitas das casas, ruas, janelas e portas das casas da vila parecem saídas  de um caderno de desenho e coloridas a lápis de côr como num livro de banda desenhada, numa realidade que já não existe. Não existe porque em alguns casos, a ruína tomou conta de tudo, ou a reconstrução não teve em conta preservar o que de bonito e genuino lá está. As ultimas reconstruções feitas têm mantido e valorizado este património, que sendo privado, é também de interesse público. Felizmente. Fica aqui um exemplo de uma das esquina mais bonitas de Ourique, foto de hoje de manhã, quando enfrentei o vento para os meus 30 minutos de exercício... ou será apenas actividade física ?

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Esticar-se

Seguro adoptou uma nova forma de fazer política. Chama-se "quando eu for Governo mudo tudo". Eles cortam as pensões, quando eu for governo reponho. Eles baixam salários, quando eu for governo subo-os. Eles fecham tribunais, quando eu for governo abro-os. Eles vendem os Mirós, quando eu for governo compro-os. E porque havemos de acreditar, uma vez que boa parte destas ideias já vinham de Sócrates ? Porque sim !!! E onde fica a credibilidade do Estado com tais "políticas" ou se quisermos "anti-políticas" ? Não fica !!!  Claro que o homem está mesmo a esticar-se. Compreende-se que socialistas de bom senso estejam em pânico.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Temporal

Tempo de temporal aqui no sul e também no sueste, de certeza no sudoeste. É tempo onde este tempo nos faz regressar ao tempo em que se pende dentro da lareira, e se tem tempo para pensar nos tempos que correm, enquanto o gato se espreguiça, o cão enrodilha e o coelho vai às pensões. Sabem o que é o complemento de reforma ? É um valor que muitas empresas acrescentam ao valor da reforma, para que o trabalhador quando se reforma fique com um valor identico ou próximo do valor que ganhava no activo, constituindo muitas vezes um seguro para o efeito, podendo até o trabalhador comparticipar no seu pagamento. Acontece que muitas grandes empresas promoveram programas de reforma antecipada, daí o valor da reforma será menor, e a importância do complemento de reforma mais importante. Agora o Metro cortou o complemento aos seus reformados (pessoas inúteis, pesos mortos, despesa pura e em estado livre, a combater, abater, mitigar, ou porque não exterminar, segundo a lógica neo-liberal vigente), e os reformados nestas condições tiveram cortes de 50% ou mais nas reformas, o que, isto sim, é um temporal. Então e a boa fé contratual onde fica ? Previam-se para hoje ondas de 13 metros, só não se disse que era no mar da má fé. Alerta vermelho para grande risco de vigarice !!!! A foto é de hoje de manhã em Ourique.

Dôr

Hoje é o Dia Mundial da Rádio. È verdade que ouvir rádio deixou de estar na moda. Eu por mim, passo muito tempo em casa em várias actividades que acompanho com rádio, agora também disponível no MEO canal 602, onde estão disponíveis mais de uma dezena de estações. E na rádio, na Antena 1, sábados 9h - 10h00, pode-se ouvir "No limite da dôr", integrado no 40º aniversário do 25 de Abril, um programa composto por relatos impressionantes passados nas cadeias, masmorras, campos de "trabalho" do chamado "estado novo", ou do mais vulgarmente chamado "fascismo" e descritos na primeira pessoa. Alguns anos passados ainda há detalhes a saber destes tempos duros, em que se mostra que "deus e o diabo estão unidos no coração do homem", como hoje dizia o mais aventuroso, castigado e controverso preso político, Edmundo Pedro, de 95 anos. Para quem não ouviu, este senhor ainda vivo, entrou no Tarrafal aos 17 anos, e manteve-se lá 10 anos, de 1936 a 1945, acompanhado pelo pai, o comunista Gabriel Pedro, que viu morrer no local. É um excelente trabalho que mais uma vez mostra que "serviço público" é isto mesmo, e se para ter isto tiver de pagar 2 euros por mês (taxa do audiovisual), que sejam o euros mais mal empregues que gaste.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Diabéticos

Mais uma do interior "ostracizado". Um programa de apoio aos diabéticos promovido pelo Centro de Saúde, aqui em Ourique, com sessões mensais, dedicadas a temas específicos, para as quais fui convocado por telefone pode ser uma mais valia, quando se sabe a prevalência desta doença e a dificuldade de muitos em lidar com ela. Gosto destas atenções, que fazem lembrar que os serviços públicos servem para prestar "serviço público", e que o SNS sempre tão vilipendiado, a começar pelos utentes que não perdem oportunidade para "malhar", é uma mais valia real na vida do cidadão, mesmo no interior, diria mesmo, sobretudo no interior. Para lançar este programa foi organizada uma sessão/palestra e uma exposição com alguns trabalhos alusivos. Parabéns.

Sorte

Sortear carros pelos contribuintes é para  mim quase insultuoso. É de um mau gosto confrangedor, e é uma imagem miserável que se passa para o país, de que a sorte é algo de relevante, e uma vertente fundamental para que um governo miserabilista recolha fundos.  Quando se corta o que se sabe, mesmo sendo um "bom negócio" cheira a chico-espertice que tresanda. Transformar o Estado numa tômbola gigante é feio, mesmo que seja eficaz.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Tribunais e outros tais

Este meu post vai ser apedrejado, vilipendiado e o pior, ignorado ! Porquê tais reações, porque eu estou de acordo com o encerramento de tribunais hoje anunciado, diria mesmo, do alto da minha ignorância jurídica, que até peca por ser pouco. Na realidade esta ministra loura nada tem de burra, e quando resistiu às investidas do bastonário Marinho Pinto, nada a derruba. Pena não haja mais ministros como ela. Reparem o desperdício de cerca de 300 tribunais num país tão pequeno e na era informática. Interessante a reacção de dizer que ao fechar tribunais, finanças, postos da segurança social se desertifica. Pois estes serviços devem ser dimensionados em função da necessidade, e não são eles a criar a necessidade, se não há tráfego há que limitar os serviços, os serviços reaparecerão se existirem empresas, actividade económica, gente a fixar-se e não o contrário. Já agora digo aos que falam do interior desertificado que nunca tive tanta qualidade nos serviços como desde que decidi morar no interior "ostracizado". Não tinha médico de família, passei a ter, não tinha serviço de saúde em casa, passei a ter se precisar, demorava horas nas finanças, passei a demorar minutos, nos registos predial, comercial ou civil tudo se trata em minutos, e a funcionária é a mesma, na segurança social ajudam a tratar de tudo, nas finanças se for preciso preenchem os impressos, penso um balcão de atendimento chegaria, uma espécie de micro-loja do cidadão. Percebo que os autarcas afiem as garras, estão no seu papel, mas ainda assim só critico que não se tenha optado pela "mãe de todas as reformas", reduzir por fusão o número de municípios e a partir daí redimensionar todos os outros serviços, através de níveis de atendimento, onde não justifica cento de saúde abre-se uma "extenção", onde não justifica um tribunal abre-se um balcão, que pode acumular com as finanças, ou registos. Podem atirar pedras, mas não podemos continuar a querer um hospital e uma universidade em cada concelho, quando o próprio concelho não tem dimensão para existir, e por vezes só serve para atrapalhar e, claro, empregar uma estrutura de gente que vive desse enorme empregador que nos estrangula. Agora para se fazer isto é preciso pensar, coisa que os nossos governantes não parecem interessados, e os da oposição optam pelo politicamente correcto, exceptuo entre outros a "loura" que nada tem a ver com a raça asinina. Muito bem senhora ministra !

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O que compete ao Estado

Proporcionar aos cidadãos o acesso à educação, formação, cultura, parece ser uma das competências de um estado europeu ( talvez não fosse o mesmo no Burkina Faso ...) daí parecer estranho que por cerca de 1% do buraco de BPN se aceite vir a vender a tão falada coleção de 85 quadros de Juan Miró, que em boa hora para o país o doutor Oliveira e Costa, comprou e escondeu, mostrando mais estatuto cultural que o actual secretário de estado, quem havia de dizer. Deus escreve direito por linhas tortas...  digam o que disserem Oliveira compra Xavier vende, assim será recordada a história, ou de como um secretário cujo orçamento é de 0,08% do OE, ainda sente "necessidade" de ser solidário. Não terá sido já demais quando aceitou tal orçamento ?

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Golpada Americana

Hoje voltei ao cinema, não ao DVD, mas à sala. E fui ver aquele que dizem ser o filme mais "oscarcizado" deste ano, "Golpada Americana" ( tradução atabalhoada de "American Hustle"). É um filme competente, com um conjunto de excelentes actores, argumento baseado numa situação real, passada nos EUA dos anos 70, em que um conjunto de congressitas e senadores foram apanhados numa rede de corrupção, caindo num logro criado para os apanhar, urdido pelo FBI com o apoio de um casal de vigaristas, que foram forçados a participar para salvar a pele, e a batuta de um agente sedento de notoriedade mas pouco competente e menos zeloso. A história nada tem de extraordinário, nunca tanto quanto o percurso da vida dos diversos protagonistas, que procuram, à sua maneira, seguir o sonho de "boa vida com pouco esforço". Daí a justeza do titulo "americano", na realidade os sonhos das personagens tem tudo de americano, ou de como a América se projecta em cada uma delas. No final tudo volta ao normal, a mulher fica com o bandido, o casal romantico fica junto e com a criança, meia duzia de politicos irrelevantes são apanhados, o autarca tem uma leve condenação, pois só quer o bem do seu povo; e "business as usual" os mafiosos permanecem no negócio, e o agente incompetente regressa ao anonimato de onde nunca devia ter saído. É cinema, cinema bem americano e bom cinema, mas que mereça um tsunami de Oscares, não me parece. (nota para os saudosos dos anos 70, como eu, a banda sonora contem muitas pérolas da época).

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Assustador

Pela primeira vez a extrema direita surge à frente nas sondagens para as Europeias em França. Não sabemos se se concretiza, mas assusta saber que um partido xenófobo, anti-europeu, nacionalista, poderia chegar ao poder se as eleições fossem legislativas, e este sucesso da Frente Nacional liderada por Marine Le Pen, deve-se muito à falta de esperança no projecto europeu, e ao desempenho do medíocre François Hollande. Mas não só em França, que dizer de Itália onde palhaços se sucedem na politica, ou mesmo da circunspecta Holanda, ou a progressiva Finlândia, onde a extrema direita também se prepara para cantar victória, e como comentar uma Aurora Dourada na Grécia totalmente nazi, a colocar muitos deputados.  A Europa está a ficar diferente, mas cada vez se parece mais com aquilo que queremos esquecer.

Hospitais

A presidente da APGH, em entrevista hoje na Antena 1, afirma que muitos dos gestores hospitalares não cumprem a lei dos compromissos para poder comprar produtos básicos hospitalares. Segundo Marta Temido, penso que assim se chama, entre ser condenado por desobediência ou por homicidio por negligência optam pela primeira condenação. Diria que se a afirmação não viesse donde vem eu teria duvidas em acreditar, tal a enormidade. Recordo que esta lei obriga a que todas as compras do Estado só possam ser feitas quando houver garantia de receitas que as paguem. Parece uma medida de elementar bom senso, mas se uma empresa só produzisse uma encomenda com a garantia de que esta será paga, a economia estaria paralisada. Assim vai-se "driblando" a lei para poder servir os utentes, como muitos médicos alteram a prescrição para evitar que doentes que residem a 200 km do Hospital apenas recebam medicamentos hospitalares para um mês, como é a regra, e assim pouparem deslocações inúteis e riscos evitáveis. Parece impossível que a palavra flexibilidade não diga nada aos nossos legislsdores, e que se empurre a responsabilidade para cima dos que têm de dar a cara. É sempre o mexilhão que apanha com o bater da onda...

Janela na minha rua

Parece que tenho uma rua por aqui, mas não, a "minha rua"  é a que passa em frente da minha casa e dedicada à memória de um grande homem, Norton de Matos. Na minha rua há muitas janelas, casas, portas, vegetação, mas é pequena a minha rua. Depois, como uma boa rua alentejana, as casa estão bem pintadas, brancas, com a cal que todos os anos as mulheres  repõem, pois caiar é tarefa delas (aliás pergunto-me muitas vezes qual a tarefa que cabe ao homem alentejano, para além daquelas que a natureza lhes atribui ..) e têm listas azuis ou amarelas, muros caiados, e toda a gente tem um ou dois "canitos", que utilizam a minha rua também como WC, o que é um pouco menos simpático. Esta uma das janelas da minha rua, é igual a muitas outras mas quem tem familiares por detrás da janela atribui um valor particular, o valor das memórias, o valor das vivências o valor do afecto. Fica aqui uma das janelas da minha rua, em acrílico 20x20.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

100 anos


Uma centena de anos é o tempo que tem este filme, pois passa hoje o centenário do primeiro filme de Charlie Chaplin, com a sua figura de vagabundo Charlot composta conforme a conhecemos, e que talvez seja a imagem mais conhecida e reconhecida do mundo do cinema. O filme é "Charlot periodista" (Making a living) e foi apresentado em 1914. É uma figura que apaixona, que de forma tão simples contem todos os bons sentimentos que as pessoas podem ter, se no mundo só pudesse existir uma pessoa eu gostava que fosse Charlot.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Vistas

Quando ler começa a ser dificil, e os principais motivos que me ocupam passam pela visão, os olhos desiludem e desapontam, e acabam numa grande preocupação. Vamos manter o alerta e não deitar toalhas ao chão.