quarta-feira, 30 de junho de 2010

Jérôme Kerviel


Quem é este obscuro personagem , bem apessoado, que parece, ao que ouvi na rádio, ser em França ainda menos popular que o Raymond Domenech, treinador da selecção francesa de futebol ? Pois é um jovem de 33 anos, de altíssimo potencial, que em pouco anos, e a partir de operações especulativas, fez perder à Societé Genéral cerca de 4900 milhões de euros, assim qualquer coisa como o preço de 12 submarinos, daqueles que tanto se discutiram há uns dias. A sua actividade diária era passada numa torre de La Defense em Paris, 10 a 12 horas em frente ao computador a acompanhar as bolsas, desde a abertura de Tóquio ao fecho de Nova York. E dedicava-se a fazer milhares de milhões de lucros para o seu patrão, a SG, a apostar nas variações dos valores bolsistas ao longo do dia entre as várias bolsas do mundo, aproveitando oportunidades que duravam segundos. Quando deu para o torto, o banco denunciou-o à Polícia, e diz agora, que quando o Jérome ganhou dinheiro actuou de acordo com os seus chefes, quando perdeu, agiu contra as instruções recebidas. O seu julgamento começou agora, e para ajudar, o jovem "yuppie" escreveu agora um livro em que descreve tim-tim por tim-tim como o seu departamento funcionava, curiosamente chamado Delta One, como se fosse uma força militar e não um departamento financeiro. E ao que parece a excepção seria a regra. Diz que o seu chefe comentava, nos dias em que as coisas corriam mal, "É pá que saudades que tenho da minha Playstation..." E foi jogando em playstations que as coisas chegaram aonde agora se sabe... O livro chama-se "L' engrenage: memoires d'un trader", e saiu há pouco. Vou ver se compro.

Mais sinais dos tempos que correm... aquilo a que alguns chamam a "economia de casino".


segunda-feira, 28 de junho de 2010

24 lugares comuns acerca do norte (vistos pelo sul)

O sul é prazer o norte é depressão.
O sul é alegria o norte é neura.
O sul é azul o norte é cinzento.
O sul é dos mouros o norte dos afonso henriques.
O sul é luz o norte é nevoeiro.
O sul é sábado o norte segunda feira.
O sul é "quando puderes" o norte é "mal possas".
O sul é ocupação o norte é trabalho.
O sul é muito lento o norte é pepe rápido.
O sul é olhanense o norte é fêcêpê.
O sul é grandes espaços o norte grandes montes.
O sul é da salada o norte da batata.
O sul é preguiça o norte é cobiça.
O sul é sardinha o norte é rodovalho.
O sul é caracóis o norte francesinha.
O sul é berbequim o norte é amorim.
O sul é costa pinto o norte é pinto da costa.
O sul é zé almiro o norte é belmiro.
O sul é cataplana o norte é plangana.
O sul é seixo o norte é pedregulho.
O sul é flauta o norte é bombo.
O sul é romanos o norte viriatos.
O sul é compensação o norte rendimento.
O sul "logo se faz" o norte "vai-se fazer".

Super Mega Hiper


Segundo se sabe está em curso uma reestruturação do mapa das escolas que conduzirá à formação de uma coisa que já é conhecida na imprensa por "mega agrupamentos". Será coisa boa? Desde logo para os principais actores deste processo, os alunos? Para a sociedade que tanto espera da escola ?
Tomemos um exemplo aqui do Sul. A Escola Secundária de Silves, com cerca de 600 alunos, vai constituir um desses mega agrupamentos com a Escola do 2ºe 3º ciclo de Silves, que deve ter outros tantos, a de Algoz, que deve ter 300 alunos, a de Armação de Pêra que deve ter outros 300, e ainda uma vintena de escolas de 1º ciclo ( antigas primárias). Deve dar origem a uma estrutura com cerca de 25 estabelecimentos de ensino, cerca de 2500 alunos de todos os graus de ensino, talves 500 professores, tudo por alto. Agora sabe-se que a gestão é de um Director que não tem formação de gestor profissional, a estrutura intermédia não existe, os departamentos de áreas especificas não existem, ou são "dirigidas" por professores que se consideram "iguais" aos colegas e recusam assumir-se como lideres, é como imaginar uma grande empresa, dirigida por um amador que se "desenrasca", onde não há um Departamento de Pessoal, não há autonomia financeira sequer, quanto mais um Departamento que a tal se dedique, não tem estrutura própria de formação, nada. Todas estas funções são centralizadas num super Ministério da Educação que decide para todo o país o tamanho dos agrafos a utilizar...
Para não falar que não se faz contabilidade analítica, centros de custo nem pensar, e só se sabe quanto se gasta num bolo, não sendo possível conhecer onde e por quem. Orçamento é uma miragem, e avaliação de pessoal está a começar. Acho que o mais parecido será um "manicómio em autogestão"... E esta hem?

sábado, 26 de junho de 2010

Banda Sonora

Que tal um pouco de música do meu iPod para o fim de semana. Nem mais que António Pinho Vargas, um criador e pianista como há poucos no país e não só, pouco reconhecido ainda. Tem muitos anos, talvez mais de vinte, foi integrado nos albuns recentes "Solo", este tema chama-se Tom Waits (cantor que eu detesto...), e foi gravado no CCB.

Passo a passo (5)


Se não está pronto, está quase. Dei-lhe um pouco mais de cor, acrescentei umas ervas e pequenas flores na zona inferior e refiz a água do lago e o céu. Não sei se serei capaz de o melhorar. Ficou talvez um pouco vulgar; certo que o tema não é de uma grande originalidade.

A rola apresenta-se ao mundo


Esta é a vantagem da mundialização das comunicações. Este casal de rolas, cuja fêmea se vê, decidiu acasalar e fazer ninho numa árvore mesmo encostada à parede do escritório da Cláudia. Logo os "cuscos" começaram a violar a privacidade do casal, procurando saber detalhes da sua vida íntima. Chegaram ao ponto de contratar um "paparazzi" para os apanhar em flagrante, e agora acompanham a gestação cheios de curiosidade para saber se são meninos ou meninas rolinhas, desconfio que deve haver dos dois géneros... A mãe rola esconde-se como pode, mas foi fotografada no seu ninho. Essa foto veio parar-me às mãos e eu, pior que eles, coloco-a aqui para que o mundo a conheça. Quando houver "bebés" digam...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Simplicidade do Alentejo


Estas são as célebres "costas" que se fazem e vendem no Alentejo. Coisa entre o pão e o bolo, que se deve partir sem usar faca, e que se pode comer simples ou a acompanhar com queijo fresco ou seco. A arredondada é sem recheio, a mais comprida tem um recheio de doce de gila. Eu prefiro a segunda. Simples e delicioso. Compradas no Rosário.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Amanhecer no lago


Obtida hoje de manhã no lago da barragem da Senhora da Rocha, de que falei várias vezes, durante uma pequena caminhada. O lago parecia um espelho onde as margens se reflectiam, e a ilusão de paz fazia lembrar o saudoso Louis Armstrong a cantar "what a wonderful world". Infelizmente é só uma ilusão de óptica.

Natureza viva


Estes os elementos de muitas naturezas mortas, mas está viva e muito tentadora. Dizem que as melhores coisas da vida são grátis. Não é o caso destas coisas, mas são muito baratinhas.

Belo pão alentejano estaladiço à porta de casa comprado na carrinha do Miguel por um euro e dez cêntimos; um queijinho muito fresco, de cabra, do Monte da Chada, por um euro e dezanove cêntimos; um copinho de vinho, neste caso da Amareleja, por menos de vinte cêntimos. É do melhor !!!
A foto é da minha autoria, e tirada na cozinha, onde um cafézinho já estava a cheirar.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Xico Fran


Durante o festival de Jazz em Lagoa do último fim de semana estava exposta uma exposição do pintor Xico Fran, cuja temática era o jazz. Numa palavra: notável. Veja-se aqui só um exemplo.

Norte contra Sul

Rui Rio como que fez um apelo, sob a forma de uma previsão, à desobediência civil, contra o pagamento de portagens nas SCUT's. Será que é contra o princípio de utilizador pagador? Não. Será que acha justo que os contribuintes paguem para que outros usem as autoestradas à borla? Não. Será que acha que há meios no país para pagar este luxo? Não. O que acha é que é uma "injustiça". Porque os interesses do "Norte" estão a ser tocados. Vejamos, quais os troços não portajados abaixo de Coimbra? É o acesso Sul, vindo do Fogueteiro e da Caparica, à 25 de Abril, o IC 32 do Barreiro à Vasco da Gama, o IC 21 Coina ao Barreiro, a A5 entre o Estádio Nacional e Ponte Duarte Pacheco, a CREL, num total 60 km por alto, e a Via do Infante no Algarve. De resto tudo se paga incluindo as Pontes, só a vetusta Marechal Carmona em Vila Franca é grátis. No Norte e Centro Norte, tão defendido pelo autarca, nada se paga nas três pontes do Porto, nem A20, A22, A23, A24, A25, A28, A29, A41, A42, A43, A44, talvez estejamos a falar de mais de 1000Km. Acho bem portagens no Sul, até na Via do Infante em parte usada por muitos estrangeiros, mas não venham com desculpas esfarrapadas que "ou há moralidade ou comem todos" e o país não aguenta mais demagogia. Como dizia o outro "o tempo da Maria da Fonte já lá vai".

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sete a Zero

De repente, éramos uns trastes, agora somos os maiores do mundo. O público agita as bandeiras, e procura no futebol um escape para a tristeza de um cenário sem esperança. Dizia alguém no outro dia "para poupar até apagaram a luz ao fundo do túnel". É bom ganhar, mas melhor é ter juízinho.

Passo a passo (4)




Continuei durante o fim de semana a aventura por terras da Chada. Desanimei, desatinei, usei pincel, depois espátula e finalmente lá avancei. Agora já aparecem as primeiras casas. Vamos ver a pepineira que vai sair.

Jazz em Lagoa e o Sítio das Fontes

Como se deduz do post anterior estive este fim de semana num dos espectáculos do Jazz em Lagoa. Depois de no anterior comentário ter criticado a política de difusão do jazz, que não o festival em si mesmo, não ficaria bem que não fizesse aqui um apontamento do que considero uma excelente organização. Desde o momento em que se entra no parque de estacionamento até ao momento da saída, tudo cheira a uma organização impecável. Segurança para ajudar as pessoas e permitir que tudo corra bem, limpeza dos locais, incluindo WC's, locais arrumados, musica de fundo adequada, espaço a que chamam "lounge", junto ao rio Arade, impecável, restauração dentro do que se esperaria do local, anfiteatro um pouco desconfortável, mas enfim, puseram forro de cortiça para evitar o cimento (almofada recomenda-se), e já agora centenas de velas repelentes para evitar a melgaria... O espaço por si só é quase mágico, o Sítio das Fontes em Estômbar, com a iluminação à noite é um local "sagrado". Pessoal diligente e disponível, mesmo para parar uns jovens mais interessados em filmar com um iPhone do que em ouvir a música.
A boa música e o público faz o resto. E estes não faltaram. Pena não se ouvir jazz com mais frequência durante o resto do ano...


Amina Figarova


Fui ao festival Jazz em Lagoa, mas apenas no sábado, para ver a, para mim desconhecida, pianista Amina Figarova. O jazz tem destas coisas e o apreciador não tem de conhecer o artista para o desejar ver, como sucede com outros registos musicais onde se tende a ir porque se quer ver um tal artista. Aqui a surpresa faz parte do espectáculo e diria mesmo, é a sua parte mais interessante. Trata-se de uma azeri ( não azerbaijanense, como vi num comentário...), proveniência improvável para uma pianista de jazz, pois daí imaginamos só virem mulheres de gurka e islâmicos fundamentalistas de faca nos dentes.

O espectáculo foi muito bom e Amina esteve à altura do que se esperava. Para além de temas num estilo de jazz "clássico" assinou intervenções a solo de uma grande limpidez, cristalinos e envolventes. Dos músicos que a acompanhavam, era um sexteto, saliento Ernie Hommes, um luxemburguês, no trompete, e Bart Platteau em flauta, instrumento não muito frequente em jazz, tendo entre os dois realizado belos "diálogos" e solos expressivos. Dos restantes (sax, contrabaixo e bateria) prestações normais, sendo o sax para mim o menos conseguido. Como se diz "de trás de uma fraca moita sai um bom coelho". Gostei muito da Amina.
Quem quiser um pouquinho pode ouvir aqui.

Nota: aquando da entrega dos Prémios Autor deste ano, tinha estado também uma excelente pianista azeri de nome Aziza Mustafa Zadeh; afinal no Azerbeijão há algo mais do que petróleo e gás natural.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago (1922 - 2010)


Que dizer perante a morte de um prémio Nobel, e ainda por cima português ? Nada mais do que aquilo que ele próprio disse, "sempre chegaremos ao sítio onde nos esperam". E foi o caso, já lá era esperado para acertar umas contas com o Altíssimo.
Perante a sua morte a unanimidade tem sido tal que até irrita. Se alguém era, e era muito grande, era quem mais detestava unanimidades, e sempre viveu para semear desassossego nos seus leitores e nos seus detractores. E a sua vida fala por si, para o bem e para o mal.
De jovem à descoberta dos livros das "Pequenas Memórias" (2006), ao serralheiro mecânico, do tipógrafo ao escritor, de jornalista a director do DN que saneou jornalistas em 1975, a saneado, do comunista arrogante de 1975 ao comunista rezingão dos anos 90, de escritor obrigatório a escritor proscrito, a sua vida foi uma permanente inquietação. Dele li entre outros, "Memorial do Convento", "Ensaio sobre a Cegueira", "Intermitências da Morte", "O Homem Duplicado" e o já referido "Pequenas Memórias", todos livros excelentes. Poucas personalidades marcaram o sec XX português como ele, e depois dele nada é igual, por muito que alguns lhe não reconheçam o mérito, sempre a invejazinha do "portuga". Teve o dom de colocar o livro no centro da discussão, e não apenas nas estantes das salas de jantar. Foi amado e odiado como nenhum outro.
A ele ainda me liga outro aspecto pessoal, pois nasceu no mesmo ano do meu pai (ele em Novembro, o meu pai em Janeiro), a pouco mais de 50 km de distância, e este já morreu há 12 anos.


Este homem escrevia muito bem !!!

Feriados, pontes e outras obras de engenharia


Ouviu-se ontem uma proposta de PS para juntar feriados com fim de semana, salvo Natal e Ano Novo. Ora como tenho muito tempo livre, isto já não me afecta, mas peguei nas agendas de 2009/10/11 e fui fazer umas contas. Assim, em 2009, segundo a lei actual gozou-se efectivamente 14 dias, e com a nova seriam 13; em 2010, pela actual 13 dias e pela proposta do PS 12 dias; em 2011, um pouco diferente, pela lei actual 16 dias gozados, pela proposta 13 dias. Porquê? porque a proposta junta feriados a fim de semana, mas se for sábado ou domingo o feriado passa do sábado ou domingo para a segunda feira seguinte. Um "estudo" de uma Universidade diz que cada feriado "custa" ao país 37 milhões de euros em perda de produtividade, assim em 3 anos haveria um ganho de 185 milhões de euros. As minhas contas partem ainda do princípio que todas as pessoas no activo gozam as pontes todas, o que não é bem verdade.

Ora sabemos que todos os meses o Estado pede emprestado no exterior sempre mais de 500 milhões de euros (contas por baixo), e que a redução de feriados se gera receitas numas empresas, faz perder noutras (na indústria do lazer, por exemplo, restaurantes, viagens, hotéis, etc, etc).

Tudo concluído, não estaremos perante mais uma das iniciativas demagógicas para entreter as pessoas??? Fica a pergunta... sem resposta.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Jazz em Lagoa

Vai ser realizado este fim de semana mais um Festival de Jazz em Lagoa. Já vi um dos músicos, Michel Portal, francês, no S. Luís em Lisboa, há muitos anos, para uma sala quase vazia, dado que se trata (ou tratava), de um músico experimentalista, na altura não muito popular e de audição algo complexa. Não sei se se mantém nesse registo, pois nos últimos anos não o tenho acompanhado. Nos outros dois dias temos uma pianista do Azerbeijão, e um colombiano que toca harpa em jazz. Muito bem, mas... como se sabe agora há um festival de jazz em cada aldeia, e não há município que não queira ter o seu, de preferência com músicos que poucos conhecem, para dar assim o ar de "coisa para entendidos". Ora um festival deste tipo só se justificaria para acrescentar algo, a uma presença assídua do jazz na programação das actividades do município coisa que não acontece. Mais ainda, há tanto excelentes músicos portugueses, mesmo no Algarve, que poderiam garantir essa programação mais assídua, e até estar no Festival, mas os "iniciados" no jazz responsáveis pelo Festival ignoram-nos este ano. Depois, como um dos espectáculos é do programa Allgarve, o preço desse dia é 20 euros/pessoa ( recordo que na Casa da Música do Porto se vêm excelentes espectáculos por 15 euros..), para se estar sentado ao ar livre, num anfiteatro em cimento e a apanhar com as melgas que são mais que muitas. Um casal que quisesse assistir a todo o festival pagaria 72 euros no fim de semana, fora as águas, as bifanas e o repelente de insectos. Um pouco complicado nos tempos que correm...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Banda Sonora

Desta vez vamos ouvir Cristina Branco. Desde logo uma declaração de interesses: não gosto de fado, nem do antigo nem do novo. Se calhar o defeito é meu. Toda a gente gosta, porquê esta embirração? Deus sabe que tentei gostar... ouvi, comprei um ou outro CD, até já fui a um ou dois espectáculos, mas nada daquilo me toca cá dentro. Até aprecio ouvir a nossa amiga Ondina nos seus improvisos, mas gostar não gosto. Agora, embora chamada de fadista, a Cristina Branco é algo de diferente, pois para mim não é fado, e não é mesmo!!! Acrescenta ainda o seu ar de Isabella Rosselini, a que Julio Pomar, que vai pintar para as comemorações dos 100 anos da República uma imagem da República inspirada no seu rosto, chama, " o rosto que melhor representa a beleza da mulher portuguesa". Só falta ouvir, e logo numa canção escrita por Sérgio Godinho que eu chamaria apenas "perfeita".

Vista do terraço


É mesmo uma das coisas boas do Algarve. É grátis, e está sempre disponível. Do terraço vê-se o mar que está a cerca de 500 metros. Afinal ser reformado também tem algumas vantagens.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Com espátula...




Dentro da minha "colecção" de chaminés do Algarve, há uma, branca como todas, mas que foi feita apenas com espátula e tinta acrílica, na sequência de uma pequena sessão acerca desta técnica dada por um pintor de Portimão que apenas a utiliza nos seus trabalhos, Pires Costa, penso que seja o nome, em Janeiro de 2008. Tudo o que neste quadro se vê é feito com essa técnica, e foi o primeiro que fiz utilizando-a. Sei que é um tema vulgar, mas enfim... eu gosto, e isso é que importa.

Passo a passo (3)




Aqui coloquei as primeiras árvores e restante vegetação sem preocupação com os pormenores e as cores definitivas.

Passo a passo (2)


Após escolher uma tela mais adequada, neste caso 38x54, pintei um fundo, em função de cada côr que vai ser utilizada.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Passo a passo (1)





Vou tentar apresentar aqui passo a passo, a realização de um trabalho acerca dos campos alentejanos, para mais tarde poder ver as asneiras cometidas e saber as causas que as originaram. Ou poucos que lêm podem até sentir curiosidade, assim como numa novela, de ver qual o desfecho. Deve ser catastrófico.

O tema é uma pequena aldeia situada junto da barragem do Monte da Rocha, de que já falei em posts anteriores. Pois começo por um esboço em papel para ter noção do que vai sair no final e identificar os traços principais. Ah, a aldeia chama-se Chada, e não tem mais de uma dúzia de casas... Pode-se ver a foto original e o esboço, que são o ponto de partida.

Não há bela sem senão...


Andava encantado com a manhã sem gente, e não é que dei com esta "pérola" na mesma Armação de Pêra de há pouco. Pois há algarvios inimigos de Algarve, e que dizer destes taxistas, numa zona junto de hotéis e cafés (frente ao Busiris para quem conhece), zona pedonal onde se pode caminhar e ver o mar, que decidiram recolher do lixo várias cadeiras, mesas, chapéus de sol, e construíram um palanque, para se sentarem e jogarem às cartas enquanto esperam que os clientes apareçam. Esta é a maior praça de táxis da vila, de uma vila do segundo mundo (da Europa) mas com a cabeça no terceiro ( talvez no Zimbabué...)

O dia seguinte


Após este fim de semana prolongado, ou dois para alguns mais desejosos de praia, depois do regresso maciço de ontem, o "pessoal" regressou às Telheiras, Baixa da Banheira, Massamá, Amadora, Queluz, Brandoa, meter-se nas suas caixinhas e preparar mais uma semana de trabalho. Nós, os sulistas (nem elitistas, nem liberais) ficámos com os espaços para nós, com os lugares de estacionamento a escolher, os "pingo doce" sem filas, os passeios bons para caminhar sem nos atropelarem. Claro há os que não gostam, sem confusão não há comércio. Para mim prefiro assim, a foto é de hoje de manhã em Armação de Pêra, o sol reapareceu, pois andava assustado e o mar foi-nos devolvido. Graças a Deus.

sábado, 12 de junho de 2010

Banda Sonora

São do Sul mas não tanto, de Lisboa para todo o país, da Damaia para todo o mundo. Deolinda acompanha-me com o seu mundo, com canções mesmo ao lado, e cartas com selos, carimbo e remetente. Para ouvir.

Em leitura



No quadro do Clube de Leitura da Biblioteca Municipal de Silves, coordenado pelo José Fanha, estamos agora a ler "A neta do senhor Linh", pequeno romance de Philippe Claudel. É a história improvável de uma amizade entre duas pessoas que não se conhecem, que não falam a mesma língua e não compreendem uma palavra do que o outro diz, estiveram no mesmo país (Vietname?) em campos opostos, sendo que o seu entendimento se faz pelo que cada um "ouve" e "vê", e não pelo que "dizem". Pelo meio há uma neta, um bebé que afinal já não existe... Uma curta citação, porque não?

"O senhor Linh olha para o amigo. Vê-o abalado por um profundo soluço, interminável, como se emergisse da última palavra que acaba de proferir. Não se acalma. Todo o corpo de homem gordo estremece, dir-se-ía um navio debatendo-se contra uma tempestade. O senhor Linh procura abraçar o amigo pelos ombros, mas o seu braço é muito curto para uns ombros tão largos. Sorri-lhe. Esforça-se por transmitir muitas coisas através daquele sorriso, mais coisas que uma palavra pode conter. Depois volta-se para o horizonte, dá a entender ao amigo que também precisa de olhar para longe, muito longe, e então, com uma voz que não é triste, é cheia de alegria, o senhor Linh repete o nome do seu país, que soa de repente como uma esperança e já não como uma dor, antes de estreitar o amigo nos braços, e de sentir protegido e não esmagado por eles, o corpo de Sang Diû entre os seus corpos."

O senhor Linh é uma refugiado, o senhor Bark, o homem gordo, um antigo combatente, Sang Diû a neta do senhor Linh, "bebé" de poucos meses.

Cerca de 90 páginas de pura emoção.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Quem vê não esquece







Estas são algumas (poucas) fotos dos campos em Castro Verde tiradas à cerca de 15 dias numa volta para um grupo de quadros que estou a tentar fazer. Vemos o conjunto e o pormenor de que esse conjunto é feito, afinal são milhares de milhões de flores. O número é mais assustador que o do défice público. Perante tal espectáculo da natureza quem quer saber se o Sócrates mentiu ao Parlamento ?... estou a ser demagógico e politicamente incorrecto, mas é o sul no seu melhor.

Mais uma chaminé... uf


Aqui uma chaminé do Algarve, das primeiras que fiz, e das mais simples. A foto original foi obtida aqui mesmo nos arredores de Porches, numa zona rural. Contráriamente a muitas que estão em ruinas esta encontra-se em bom estado e não é daquelas que estão nas "potteries" à beira da Nacional 125. Agora está numa parede, como convém.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cegonhas




Estamos hoje no dia de Portugal, daí lembrar-me de uns bichinhos que não têm pátria, não sabem o que é o "dia da raça", nem são condecorados embora merecessem. Vejamos, são fiéis, coisa rara, ocupam pouco espaço, reutilizam materiais, os ninhos construídos de restos valem de uns anos para os outros, são amigos do ambiente, comem apenas o necessário, apresentam-se sempre bem vestidos, protegem e acompanham a educação dos filhos, preocupam-se com a procriação como nenhuns outros, têm um excelente sentido de orientação, viajam milhares de quilómetros quase sem combustível, vigiam como ninguém os campos, gostam de conviver uns com os outros, não fazem ruído, precisam apenas que não os incomodem. Ainda por cima permitem obter estas fotografias fantásticas. São as cegonhas, que nestes dias enchem de vida os campos do Alentejo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A torre e o relógio


Em Setembro de 2008 fiz este pequeno quadro. Tinha começado as lições na Escola de Artes de Lagoa, e pensei representar Ourique, nos diversos locais que apreciava. Quando nos aproximamos de Sul ou de Leste, a vila situa-se numa elevação, coisa rara no Alentejo, e no seu alto, para além do castelo, encontra-se esta torre, visível a alguma distância. Agora integra o edifício onde se situa o cine-teatro Sousa Teles, inaugurado na altura em que o quadro foi feito. O relógio está parado e sempre me lembro dele assim. Da torre não sei o nome. Que vergonha. Coisas de um estrangeiro em terras alentejanas...

Monte da Rocha




Situada no concelho de Ourique, a cerca de dez quilómetros da sede, caminho de Garvão ou de Panóias, conforme o destino, fica a barragem do Monte da Rocha. A extenção do lençol de água, o ar que se respira, o horizonte a perder de vista, os cerca de quatro quilómetros de paredão, ida e volta, local perfeito para uma caminhada, melhor que um tapete de "cardio-fitness" de qualquer ginásio na moda, compensa qualquer "coisinha" e vale a deslocação. É um verdadeiro pulmão para o corpo carente do oxigénio da vida, um bálsamo para os espiritos mais perturbados. Local muito procurado por caravanas, sobretudo estrangeiros, que ali fazem o campismo selvagem que nas suas terras não lhes é permitido. Enfim, a bonomia alentejana a funcionar em pleno...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Banda sonora

De quando em vez vão aqui aparecer umas pequenas deixas acerca de coisas que correm no meu iPod. Enquanto faço rabiscos este é um grupo que ouço com frequência: Virgem Suta.
São dois "pequenos" de Beja, com muito talento, e até já algum sucesso, coisa que nos tempos que correm não andam muitas vezes juntos. Neste caso ambos presentes o que é excelente, tal como as músicas que compõem e interpretam.

Alentejo há poucos dias


Um quadro que faz parte de uma ideia que tive, a de registar os campos alentejanos. Pela primeira vez estou a tentar afastar-me da pintura de desenhos préviamente pensados com muito pormenor, o que dá outra liberdade, mas também outra dificuldade de concretização. Aqui as formas são dadas pela sobreposição das cores, procurando-se assim o efeito ondulado do terreno nas suas pequenas elevações, sem um desenho prévio. Terminei-o há pouco tempo e deu bastante prazer. Falta ainda muito para estar à vontade fora das margens rígidas de um desenho...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Algarve do nosso (des)contentamento. Percebes ?


Estão a ver, isto foi mesmo só uma montagem para o retrato. Malandros !!!

Fim de semana em Sitges


Sitges, que nome... não é nome de cerveja, marca de whisky ou outra mercadoria. Sitges é uma conhecida estância turística da Catalunha. Fica apenas a alguns quilómetros de Barcelona, e deve boa parte do seu renome ao turismo gay, mas também a outros turistas mais figurões. É o sueste, para o melhor e para o pior.

No ano passado um jovem casal, escolheu-a como destino de alguns dias de descontracção, e de lá trouxe algumas fotos de recordação, que quis tornar mais perenes entregando-as a um pintor de horas vagas, para reproduzir; o objecto era uma janela, catalã, com o sol de mediterrâneo a dar-lhe toda a sua claridade. Até um vidro partido aparece com nitidez, sendo este pormenor a verdadeira razão de ser desta pinturazinha. O resto é paisagem...

Concluída a encomenda, a dita janela esteve presente numa exposição lá para o sul do país, e foi agora entregue aos interessados. Ocupa um lugar numa parede alentejana, onde parece até ficar a contento daqueles. Já agora para concluir a volta à união ibérica, foi pintado em Tondela há cerca de um ano. Vejam só o resultado desta barafunda!

domingo, 6 de junho de 2010

Um alentejo dentro de si




A propósito do quadro que publiquei, um comentário diz que Van Gogh terá um alentejo dentro de si. Acredito, e é lisonjeiro ao ver as minhas "coisinhas" ir buscar um dos maiores. Não esquecer no entanto que foi daqui que partiu para o suicídio, pondo fim ao seu martírio de doença e de loucura. O seu alentejo foi fatal e sem o ver, viu-o como ninguém. Esta imagem é do seu último quadro.

sábado, 5 de junho de 2010

Um certo olhar


Quadro feito em Outubro de 2009 para a exposição "Olhares", na Escola de Artes de Lagoa. A Manuela pretendeu fazer uma colectiva à volta deste tema, e todos nós tentámos uma leitura pessoal. No site "Olhares" encontrei esta foto a preto e branco e decidi fazer o quadro a partir da foto. Foi a primeira vez que me afoitei a pegar no tema da figura humana. Saiu esta figura, numa tela 70x50. Depois de estar exposto foi oferecido à "neta" Joana, de 12 anos, que o colocou no quarto. Em casa, quando esteve na parede alguns dias, houve quem se sentisse incomodada pelo quadro, pois sentia que estava a ser observada, o que causava desconforto. Afinal a arte não deve ser incómoda??? mas "isto" é arte, ou artifício ?...

Campos do Alentejo na Primavera


Já os campos não estão assim. O Verão vai chegando e as temperaturas chegam agora aos 33 graus. Há cerca de um mês era assim. Os campos eram uma pintura que nos deslumbrava com o colorido verde, amarelo, roxo, branco em grandes extenções a perder de vista. Decidi fazer vários quadros acerca deste tema, procurando reter as flores frescas para além da época... Também a técnica é baseada em pequenas pinceladas que se vão misturando e fazem um conjunto. Aqui um campo em Ourique, numa tarde de primavera, ainda com nuvens negras. Saiu assim, é o melhor que consegui...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

João Aguiar (1943 - 2010)


Faleceu ontem e foi hoje o funeral de João Aguiar. Escritor e jornalista. Fscritor celebrizado pelos seus romances históricos, e literatura juvenil, tivemos contacto com ele, pessoalmente, nas duas visitas que fez ao Clube de Leitura da Biblioteca Municipal de Lagoa. Curiosamente foi o primeiro e o último escritor convidado. Primeiro em 2003, a pretexto da leitura da "Voz dos deuses", última em 2009, a propósito da leitura da obra "Priorado do Cifrão".

Numa altura de escritores que se apresentam como estrelas pop, ou que querem fazer política, ou sofrem muito para escrever, eis alguém que gostava de escrever, vivia de escrever, investigava para escrever os seus romances com rigor, elegância e muita alma.

Uma personalidade de uma simplicidade tocante, avesso ao exibicionismo, que falava com paixão do seu país e da sua história. Dele li, para além dos livros já referidos, uma obra de grande beleza chamada "Uma deusa na bruma". Sei que não será um escritor da moda, aclamado pela intelectualidade, mas é alguém que deixou um vazio nos seus leitores.

No prefácio que de forma tão imediata e gentil escreveu para um livro que a Biblioteca de Lagoa editou, acerca do seu Club de Leitura, e que chamou "Um apelo à guerrilha", na guerra pela leitura resumiu: "Contra a cretinização, marchar, marchar. Obrigado pelo lugar que me deram nas vossas fileiras. "

Obrigado João Aguiar, cá ficamos na nossa trincheira.

A igreja de Santiago em Estômbar


Ía com frequência a Estômbar durante o processo de auto-avaliação do Agrupamento de Escolas. Processo que correu bem, com um grupo de professores/as empenhados/as e de grande simpatia. Numa dessas deslocações visitei a igreja, numa tarde de calor. Ruas vazias. A vila muito branca, a luz intensa e a claridade do Algarve a fechar os olhos para não ferir. Fotografei a igreja. Depois pintei-a, mas muito longe dali. Em Castro Daire, nas férias em Agosto de 2009, numa estadia no Hotel Montemuro, enquanto a Maria Augusta ía a banhos, na estação termal do Carvalhal. Manhãs frescas, na esplanada do Hotel, ou de tarde no jardim fronteiro. Terminei-a no final da primeira semana de Agosto, e esteve na exposição. Não está grande coisa e a foto, como sempre, introduziu-lhe muita deformação. Gosto dos detalhes deste igreja, talvez a mais bonita do concelho de Lagoa. O Santiago desculpa-me qualquer coisinha, estou certo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Vamos ler o jornal ?


Este é o edifício da Biblioteca Municipal de Lagoa. Aqui decorreu a Exposição "Lagoa em 12 minutos" que tive a "lata" de apresentar ao público da cidade.

Ficam para outra altura considerações acerca da exposição, da lata, da qualidade ou falta dela do material exposto. Dizem que este edifício foi no passado um cemitério. E é verdade. Agora "repousam" aqui livros, jornais, DVD's, CD's, quadros expostos, computadores como este onde redijo agora esta mensagem. Há também, e sobretudo gente muito simpática, e sempre disposta a zelar pelo bem estar dos outros. A Clara, a Maria, a Graça, o Miguel, a Filomena, e outros cujo nome não sei, mas cujo sorriso me habituei a descobrir.

Desde os idosos que lêm o jornal todos os dias, às crianças da hora do conto, e da pucca, do noddy ou do geronimo sutton. Gente que procura leitura para preencher os dias, filmes para alimentar o imaginário ou jornais só para ocupar o dia longo dos reformados. Estrangeiros que têm aqui a ponta da linha que os liga às terras de origem.

Há mesmo quem entre para ir ao WC... qual o problema, é serviço público. E depois há os cromos...

Já se percebeu que me encontro dentro de edifício que retrato, e que nele tenho encontrado sempre bons momentos. Recordar o Clube de Leitura, é recordar 6 anos de boas memórias.

Há lugar para todos, e todos têm o seu lugar.

Ao amanhecer


Este prédio está abandonado e à venda. Já foi solar, residência de gente rica, loja de matériais para agricultura. Há alguns anos que entrou em declínio. È muito bonito e está em pleno centro da cidade. Um dia que me desloquei a Lagoa muito cedo, pelas 7 da manhã, tirei-lhe várias fotografias. Decidi pintá-lo, talvez devolver-lhe um pouco da vida que se vai expirando, para que se recorde antes do fim definitivo. Espera-se que alguém lhe dê um novo sopro. Está na Rua Mouzinho da Silveira, no cruzamento com a zona pedonal da cidade. Nessa manhã, muito cedo não havia ninguèm na rua, e o sol estava a nascer. A fachada do prédio está virada a nascente, mas a sombra de outros prédios ocupam a zona fronteira, antes que o sol suba mais no horizonte. Durante a Exposição alguém me disse que o marido, já sexagenário, teria nascido no pequeno anexo que se vê no lado esquerdo da imagem. Daqui a Faro são só 52 km, o Algarve é pequeno, o Sul é mesmo aqui ao lado.