sábado, 31 de dezembro de 2011

Esquecer 2011, vem aí 2012 para esquecer

Ano para esquecer, dir-se-á de 2011. Começámos o ano com Sócrates acabamos com Coelho. No início estávamos no melhor dos mundos, quase um oásis, acabamos no inferno do resgate financeiro e dos seus traumas "austeritários", esta é inventada. No entanto 2012 apresenta-se como o ano da concretização das medidas mais penosas. Já sabemos o quê, não sabemos se haverá mais, e muitas decisões não dependem nem de nós nem do nosso hipotético sucesso com as medidas tomadas. Se a Grécia... Se o euro... Se a recessão for superior a.... Se o déficit... Se a senhora Merkel... Se a Itália... Se a Espanha... Se aparecerem mais buracos... Se as agências de rating... Tantos ses que nada sabemos por certo que não seja pagar com língua de palmo. Assim quando se deseja Bom Ano de 2012 não sabemos o que estamos a desejar. Mesmo assim que seja o melhor possível. Em termos pessoais não me posso queixar muito de 2011, pois trouxe-me a possibilidade de nova vida, nada pouco, que 2012 lhe dê continuidade nesse particular.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Este senhor irrita-me

No momento em que se fazem balanços e balancetes do ano, decidi fazer o meu balanço, mas ao contrário, instituí assim uns Prémios "Gás de Mostarda", para as pessoas e acontecimentos que mais me irritaram em 2011.
Assim, para o acontecimento internacional que mais me irritou escolho a "criação do Merkozy", essa instituição virtual escorregadia, meio coisa, meio animal, pessoa e meia a passar-se por um continente inteiro, mestre na arte do empata, lateralizando culpas, mutualizando sanções para os pedintes, das entranhas dos quais se alimenta.
Para acontecimento nacional super-irritante, por muito que se entenda, compreenda, não pode ser de outra maneira, tem mesmo de ser, não há alternativa, escolho " o corte dos subsídios de férias e de Natal nos próximos anos". È de tal forma traumático e imprevisível o seu impacto na vida das pessoas e do comércio, que duvido muito que os ganhos suplantem as perdas. Depois penso que será dificil voltar atrás. Uma vez tirado "assobia-lhe às botas".

Quanto a personalidades irritantes, da área internacional escolho "as agências de rating". Quanto tudo parece que vai melhor, cortam para que vá pior, quando nos desleixamos elas dizem que temos de cortar, quando cortamos dizem que cortámos demais, ai que vem a recessão, quando se decide, que a decisão é curta, quando se adia, que havíamos de decidir. Eu sei que não adianta culpar o termómetro pela temperatura do doente, mas que irrita, lá isso irrita.
Quanto a personalidades nacionais irritantes, muitos os candidatos, de todos os quadrantes, mas este ano um foguetão surgiu no mundo da irritação, "o Ministro Miguel Relvas". Aparece em todo o lado, fala de tudo, a propósito e a despropósito, sabe de dívida, finanças, televisão, desporto, autarquias, touradas, impostos, parlamento, cavalos, e acerca de tudo conferencia, afirma, confirma, infirma, conclui, pressupõe, analisa, comenta, canaliza, verbaliza, remata, intui, aconselha, assessora, cochicha, aproxima, afasta, regista, aposta, indica, com um ar de responsabilidade, a seriedade de um especialista em ciência oculta. Uma coisa não faz, não credibiliza, e irrita, irrita muito.
Para ele o Prémio "Gás de Mostarda" nacional 2011.

Terá de ser

Nova deslocação ontem à minha segunda casa, mais um dia de espera mas, finalmente tudo bem. Os resultados parecem bons e a ciência continua a provar. A má notícia é que da próxima terei de ficar pelo menos um dia internado para fazer um cateterismo, previsto em protocolo para final do primeiro ano de transplante. Tem de ser, e o que tem de ser...

Alves Redol (1911-1969)

Passaram ontem 100 anos sobre a data de nascimento de Alves Redol. Talvez tenha sido o primeiro escritor português que li, por vontade própria, isto depois das leituras de Júlio Dinis, Eça ou Camões, cuja leitura era obrigatória no meu 2º ciclo. O seu estilo simples, ao lado dos mais pobres, as situações duras que descrevia tiveram sobre mim uma tal influência, que mudaram a minha visão dos livros e do que podem conter. Estávamos em 1967, tinha cerca de 15 anos. O livro a que me refiro é "Avieiros", que li nessa altura, em que Redol, ao lado de Fernando Namora, eram escritores estrela da Europa-América, já com direito a colecção própria, hoje quase esquecidos. Li outros mais tarde, mas ficou para sempre a marca deste livro e deste escritor, mestre do neo-realismo, depois soube, membro do PCP, e grande em áreas como a dramaturgia. Para que não esqueça as raízes, e aquela colecção de 20 livros que nessa altura comprei, a mensalidades com a assinatura do meu pai um pouco a contragosto, e onde estava esta minha escolha.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Finalmente a luz

Um ano antes no caderno azul:

"Não sei mais nada, apenas sei que o meu novo coração veio do Hospital de S. Maria. A cirurgia iniciou-se pelas 21h30 e terminou à 1h30 de 27 de Dezembro. Acordei pelas sete da manhã no isolamento dos cuidados intensivos. Ventilado, o que me incomodava, e ligado por ume parafrenália de fios a duas máquinas enormes, que por detrás de mim monitorizavam tudo o que podiam. Estava algaliado, dois drenos retiravam restos de sangue a partir da minha barriga para um saco. Tinha um pace-macker exterior, dois cateteres internos, na virilha e no pescoço de onde saíam tubos que conduziam estranhos produtos químicos para as minhas entranhas. As máquinas emitiam ruídos, bips e alarmes esquisitos. Pouco a pouco foram-me libertando do ventilador, ficando a ocupar metade da boca. Não conseguia falar, a sede era muita. Pelas 10h um raio X. Vomitei quando do impulso para colocar a chapa do RX por baixo das minhas costas. Tinha também uma sonda naso-gástrica que depois foi retirada, e acabaram também por retirar o ventilador, grande alívio, e pela hora de almoço já respirava normalmente, falava e ingeria alimentos, embora líquidos.  Permanecia deitado com dores no peito cada vez que me movimentava, pensos e agrafos na zona frontal, e assim passei o dia todo de costas, na cama, a olhar o tecto e observando a enfermeira, no compartimento de entrada do isolamento."

Este foi o primeiro dia do resto da minha vida. A luz aproxima-se e vê-se o fundo do túnel, pois vou sair dele.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Passo para o desconhecido

Escrito no caderno azul há um ano, precisamente.

"Veio o médico e disse que há uma vaga hipótese de termos um orgão disponível. Pode ser que sim, pode ser que não, conforme compatibilidade que terá de ser confirmada. São cerca de 14h, mas segundo ele antes das 18h não se saberá nada de concreto. Há que ficar sem comer até haver notícias e iniciar a preparação para a cirurgia independentemente dela se fazer ou não. Deus me ajude para que esta solução vingue, mas se não for hoje fico agradecido na mesma por me ter permitido hoje ver a luz do dia. Vou procurar manter a calma, fazer tudo na mesma, descansar, até que haja uma informação definitiva."

Na realidade no final da tarde veio a resposta e era positiva. Tinha valido a pena a espera, ía agora iniciar-se um novo passo para o desconhecido.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Negócios da China

A venda de cerca de 21% da EDP a uma empresa chinesa, Three Gorges, e a que está na calha, venda de parte  da REN a outra empresa chinesa a State Grid of China, maior eléctrica do mundo, não me oferece qualquer problema. Bofetada na srª Merkel, que pensava favas contadas para as empresas alemãs, os chineses, que não quiseram participam no FEEF quando convidados, acabam por pôr o dinheirinho aqui, mas com garantias reais, e não com pássaros a voar... Agora sejamos claros. A China e o seu regime é o mais hipócrita que conheço. Comunista na super-estrutura política, na relação com os cidadãos, impondo restrições à liberdade, livre circulação, direitos humanos, etc super capitalista na economia. Assim impõe um regime de exploração de mão de obra, a que o inevitável sr Carvalho da Silva e os fósseis do PCP chamariam decerto trabalho escravo se se passasse em Portugal. Que interessa !!!!  Desde que não tragam para cá essas ideias que venha o dinheirinho, que não tem côr, nacionalidade, ou olhos mais ou menos em bico. Dá jeito...

Só favas !!!

Alguém dizia ontem, e eu concordo, vamos recordar durante algum tempo este Natal de 2011 como o melhor dos últimos anos, apesar dos 50% de desconto no respectivo subsídio. É que nos próximos dois anos nada se receberá, pelo que as compras suplementares serão reduzidas a algo muito próximo do zero. A margem de manobra será pouca, o comércio afundar-se-á, as campanhas promocionais serão muitas, mas o dinheiro será pouco, o país mergulhará em 2012, agora sim, na escuridão e na tristeza. Não nos esqueçamos que este ano as medidas de austeridade apenas foram aprovadas, mas só a partir de Janeiro entram em vigor. E o Governo já deixa cair a ideia que com este OE que acabaram de aprovar o deficit deve ficar acima dos 4,2 que é o objectivo, pelo que ou renegoceia a "cible", ou impõe mais austeridade, desta vez ao sector privado.
Comamos o bolo-rei este ano, que os dos próximos anos só terão favas.

Maus pensamentos

Há um ano anotava no meu caderno azul:

"É dia de Natal, e no hospital a confusão é grande. A unidade está práticamente cheia, creio que os meios humanos estão muito reduzidos hoje, eu por mim só tomei banho pelas 11h, por falta de quem ajudasse, e só agora, meio dia, estou a "iniciar as minhas actividades diárias", como escrever. A noite passou-se bem, com sonhos não identificáveis, várias vezes acordei, e até molhei a cama, devido a um gesto brusco com o urinol, o que obrigou a auxiliar Marisa a coloocar-me um resguardo. Acordei cedo, mas cedo entrou um "emplastro", uma urgência com dor no peito, um homem idoso, com mau aspecto e pouco limpo. Dispensava-se... logo hoje que vou ter almoço melhorado."

Afinal o meu espírito natalício estava pouco apurado, e também sabía ser mauzinho. Merecia castigo por maus pensamentos, afinal acabei sendo premiado.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Não estarão a exagerar ?

Aumento de meia hora de trabalho por dia, 2,5 h por semana, são cerca de 7 dias por ano, mais 4 feriados retirados, e 3 dias de férias a menos, tudo somado serão mais 14 dias de trabalho por ano, aproximadamente.  Sem negociação, sem remuneração, sem partilha de ganhos, é uma grande desmotivação para quem trabalha sériamente, e um tiro no pé deste ministro da Economia, e muitos trunfos para o inevitável Carvalho da Silva, que fala em todas as televisões em "recuo civilizacional". Devemos trabalhar mais e melhor, de acordo, ser produtivo, de acordo, mas ser produtivo é produzir mais no mesmo tempo, e não depende apenas, nem sequer fundamentalmente, da mão de obra, mas da gestão, da organização, da logistica, das políticas da qualidade, de formas de motivação, de enquadramento adequado, tantos factores. Não estarão de facto a exagerar ? A esticar a corda e a penalizar apenas o factor trabalho não me parece que se vá longe. A menos que se queira tornar o país na República Popular da China do Ocidente... agora que está na moda !

Pingos de vida

Hoje faz um ano que registava no caderno azul:

"Chegámos ao conhecido dia de consoada, paz na terra, etc,etc... Aqui vou consoar a três, eu e as duas filhas. Acertou-se tudo com os enfermeiros e vêm jantar comigo trazendo o que bem entenderem. Fazemos uma espécie de picnic na enfermaria, espero sem chatear ninguém, e depois cada um vai à sua vida. Eu vou para a cama do costume, uma das filhas vai para a avó, a outra tem trabalho no hospital. Faltam neste picnic pessoas que gostaria de ter comigo também, mas este ano não é a excepção. Não vale a pena alinhar na utopia de que o Natal junta aquilo que o resto do ano separa."

Até recebi prendas. No entanto a verdadeira prenda estava reservada para daqui a dois dias, sem esperar. Entretanto a torneira donde uns pingos de vida caíam, ía-se fechando, e o meu sentido de sobrevivência pedia "outra" solução.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Esperar ou estar ?

Excerto do caderno azul, faz hoje um ano:

"A noção de "esperar" começa a ser substituída pela noção de "estar". Isto é, arranjei uma organização que me permite estar, de forma mais ocupada e organizada possível, e deixando de me preocupar com a espera e com a ansiedade acerca do momento em que poderei, ou não ser operado. Isso virá um dia sem ser esperado e de nada adianta alimentar a ansiedade. Ela apenas poderá ser castigadora e interferir de forma inútil e penosa no meu "estar" que se organizou de acordo com o meu modo de "ser".

Em breve o estar seria alterado, a espera terminaria, um novo ser renasceria.

Será justo e fará sentido ?

Mais uma vez o Sindicato de Maquinistas nós dá a sua prenda de Natal. O sindicato que representa o pessoal mais bem pago da empresa, pois só assim pode marcar greves de 3 dias em dois fins de semana seguidos, quer que se arquivem TODOS os processos disciplinares levantados a pessoas que não compareceram aos serviços mínimos estabelecidos por lei. E com este motivo, acautelaram o seu fim de semana prolongado. È uma vergonha nacional a chantagem que exercem sobre os colegas, clientes, empresa, contribuintes, pais em geral, privando-o de transportes, e sabemos que não são os ricos que usam o comboio. Estes senhores ainda estão noutra galáxia, defendem interesses de casta, e são joguete político nas mãos de quem não teve votos para realizar a sua política. A empresa afunda-se, os contribuintes pagam com língua de palmo, e eles vão para fim de semana nos seus bons carros rir-se dos parvos que ainda precisam dos comboios. Por quanto tempo ?

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sonhos libertadores

Do meu caderninho azul há exactamente um ano:

"Da noite voltaram os sonhos libertadores. Sonhei de novo que me encontrava em casa, no meio das minhas coisas, não lembro bem o quê, mas sentia-me bem, e só o acordar me fez cair na realidade do local onde me encontrava, na cama do hospital. Mesmo assim a sensação de bem estar manteve-se. (...) Se me mantiver assim, poderei passar mais algum tempo em espera com qualidade de vida,o que é importante, pois estar apenas a olhar o tecto é meio caminho para que não suporte a passagem do tempo que falta."

O tempo que faltava era pouco, e o sonho libertava-me do tecto opressor, o céu parecia cair sobre a cabeça (onde li eu isto?)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

De novo as taxas moderadoras

Foi hoje publicada a portaria que estabelece os seus novos valores. Os aumentos são para o dobro ou quase triplo, tendo sido estabelecido um tecto máximo para o caso de multiplos serviços prestados. Esta publicação dá cumprimento ao art.3º do DL 113/2011, que diz que os valores são estabelecidos por portaria a publicar. Novidade é que os cuidados de enfermagem são taxados a 4 euros nos Centros de Saúde e 5 euros nos Hospitais. O DL 113/2011 confirma ainda a lista de isenções, e no art 4º h) está claro que os doentes transplantados estão isentos das taxas em todos os actos médicos, e não apenas naqueles que se relacionam com a sua patologia, como é o caso dos doentes crónicos (diabéticos, por exemplo). Sorte a minha, pois dada a frequência com que utilizo os serviços podia já preparar o livro de cheques... Penso mais uma vez que imperou alguma moderação e bom senso, dado que a lista de isentos aumentou significativamente. Vamos ver o que fazem agora com a comparticipação nos medicamentos...

Apelo à emigração ou possibilidades de cooperação ?



Tanta gente a rasgar as vestes devido a uma entrevista em que o Primeiro Ministro "manda os professores emigrar". Que falta de senso e sobretudo de assunto, de políticos que deveriam estar preocupados com outras coisas, nomeadamente Seguro, que não perde oportunidade de ir atrás e dizer aquilo que ele acha que as pessoas querem ouvir. Nada na entrevista está dito como nos foi descrito, não há apelos a emigrar, apenas se apontam oportunidades, como na altura do 25 de Abril se promovia a cooperação, e se fala de indicações dadas por alguns chefes de estado de países lusófonos, acerca de necessidades e de formas de cooperar. Alguém pode criticar o PPC por falar deste assunto da forma que falou ? Só por má fé. (Não confundir com declarações recentes de um Secretário de Estado que são bem diferentes). Deixo aqui o video para que se saiba com total objectividade o que foi dito. Deixem o homem em paz com este assunto e critiquem o que de facto deve ser criticado.  Pede-se elevação no debate , o que não passa por os politicos serem "apenas" comentadores das notícias que vendem jornais.

O tempo a vir

Do meu caderninho azul há exactamente um ano. Nesse dia fazia três meses de internamento e de espera.

"Três meses parece não ser tempo demais para esperar por um novo coração. Outros têm esperado mais do que eu, portanto nada de perder a fé e a esperança e continuar sempre a agradecer o dia que se viveu e procurar que Deus nos conceda apenas o dia seguinte. É o que chega, pois cada dia que nasce pode trazer em si toda a esperança do mundo."

Na realidade o que contava mesmo não era o tempo passado mas o tempo a vir, e esse era já pouco, sem eu o saber.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Deficit em 4% ???

O valor do deficit anunciado hoje pelo ministro Gaspar é uma boa notícia. Mas uma notícia com uma pequena nódoa de azeite, o deficit foi alcançado de forma artificial com receitas extraordinárias. O problema é que a nódoa alastra e daqui a pouco só se vê a nódoa e não a camisa... Próximo ano tarefa dificultada, pois aí precisamos mesmo dos 4% mas não há receitas extraordinárias, tudo tem de ser esprimido até ao tutano.

Vida sobressalente

Inicia-se hoje uma semana que termina no dia em que faço um ano de transplante. Foi um renascimento, portanto pode ser comemorado como um aniversário. O ano 1 !!!! Há exactamente um ano escrevia no meu caderninho azul
" Amigos, família, auxiliares, médicos, estão com muita fé nesta época do ano para que a minha cirurgia finalmente se faça. Devo estar preparado para tudo, mas não embandeirar em arco, pois até pode vir uma solução, mas não haver compatibilidade, ou afinal não haver solução nenhuma. Estou aqui para a cirurgia só não sei quando, e ninguém pode prever, só Deus talvez, mas guarda para si esse segredo e não me vai dizer nada, era o que faltava ! Assim continuo na expectativa mas com esperança, aguardando com serenidade e procurando fazer tudo para manter a forma física e chegar lá da maneira mais adequada possível. "
Este o meu sentir há um ano. Hoje sei, pois agora me foi dito, que nesta altura, talvez mais 15 dias ou 3 semanas e o meu velho coração escangalhado não aguentaria. Felizmente veio uma vida sobressalente.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Deus escolhe os que mais ama ?

Se houvesse dúvidas quanto aos desígnios do Senhor, dois factos recentes, aparentemente sem relação, mostram que é indiferente às orientações políticas e ao que cada um pensa da sua própria governação. Em dias consecutivos morreu Vaclav Havel, antigo presidente da Checoslováquia, e primeiro da democracia, reconhecido por todos como um grande homem de cultura, que libertou um povo do jugo da União Soviética, homem que merecia o respeito de todos. Pouco depois Deus "decidiu" compensar-nos, livrando o mundo dessa erva daninha chamada Kim Jong il, o "querido líder" da Coreia do Norte, segundo na dinastia proto-comunista do país, onde sucedeu ao pai Kim Il Sung, fundador da "pátria". Sucede na dinastia o filho mais novo, salvo erro, Kim Jong Un, num sistema "democrático", que se eterniza, escravizando o povo, sob a pata de uma geração sanguinária, que envergonha qualquer regime totalitário que se tenha conhecido (ler a propósito o livro "Os aquários de Pyong Yang"), e que é uma ameaça para o mundo tal a demência e a total inversão de valores de um regime que troca o armamento pelo pão de um povo que passa fome.
Como pode Deus amar da mesma forma estas duas personagens? Fica-nos a consolação de que Deus escreve direito por linhas tortas.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Produto nacional, original e inovador, sem rótulo de origem

Pode-se ouvir, não é parecido com nada, é totalmente original, não é produzido em Lisboa, é declamado, não é cantado, tem grande solo de sax e tal, mas só lá para o final, as palavras rimam, mas não se arrimam, são poucas mas chegam, não tem rótulo, mas é jazz, não tem garantia mas é garantido, não causa irritação mas também irrita, sobretudo os que "fazem fitas de teres e haveres", as damas que ponham as barbas de molho, que não se aceitam devoluções, reclamações ou suposições. Reservado o direito de admissão... Ouça-se sem pré conceitos.

Continuam os jogos florais

Foi uma bomba comunicacional! Pedro Nuno Santos, deputado PS e vice da bancada parlamentar a dizer aleivosidades acerca da dívida de Portugal, "estou-me marimbando para os credores", "para os bancos alemães que emprestaram o dinheiro a Portugal", "ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos", entre outros mimos. Para um partido responsável pela situação de falência a que chegámos só se pode pedir um pouco mais de juízo e de humildade. Mas estes jovens leões pensam que o mundo se arrasta aos seus pés, implorando que aceitemos o seu dinheiro emprestado, o sofrimento do povo não lhes diz nada, e estas afirmações derivam de um populismo primário, que é o discurso de algum PS para o exterior. Para mais uma vez enganar o povão com a sua entradas de leão, pois as saídas já as conhecemos. Merecia um grande puxão de orelhas de Seguro, que ficou calado como um rato. Afinal dá jeito que alguém se disponibilize para o trabalho mais sujo. Na foto podemos ver o Pedro, a atirar mais algumas bojardas....

Cesária Évora 1941-2011

A notícia da morte, ontem, encheu de tristeza o coração de quem acompanha e gosta da música de Cabo Verde, é o meu caso. Esta mulher é maior que um país e como muitos referiram, através dela muito boa gente que não aponta no mapa o pequeno arquipélago, conhece Cabo Verde. Aliás este é talvez um dos países mais musicais de Àfrica, entroncamento de rotas marítimas, mistura de raças e de culturas, Cabo Verde soube filtrar o que há de melhor na tradição musical de África, Mediterrâneo e Brasil, criando os seus próprios estilos musicais, magoados ou exuberantes, melancólicos ou explosivos de alegria contangiante. Deles Cesária nos deu conta, como muitos outros, cantores ou instrumentistas, que seguiram pelas portas que Cesária abriu. Bem haja.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O cante alentejano a património imaterial da UNESCO


A moda pegou ! Neste caso mais que uma moda parece ser uma forma de preservar, salvar ou dar nova vida a uma forma de arte que poderá extinguir-se. O fado estava e está em plena pujança, como canção urbana, mas recordo que já passou pela mó de baixo. Foi fácil dar dele uma imagem de glamour, uma imagem moderna e fashion. O cante como forma de expressão musical rural, onde a ruralidade se extingue, e a juventudelhe não adere, não terá grande futuro, e se não se joga a mão ficará para a história como um fóssil que nos revive épocas já passadas. Por isso me parece de grande actualidade o que se pensa fazer, e talvez seja a forma de o promover como forma de expressão actual, sendo certo que a realidade sociológica que subjaz está moribunda. Gosto da ideia, parece no entanto demasiado ambicioso até 30 de Março apresentar a candidatura, quando se sabe que o fado demorou no mínimo 5 anos a prepará-la. Fica aqui um pouco do documentário que está a ser preparado por Sérgio Treffaut para suporte da candidatura.

Desobediência civil

Os ataques de que têm sido alvo os pórticos de pagamento de portagem virtual na Via do Infante configuram de facto a desobediência civil. Há o direito a esta desobediência ? Sim ! É crime,  penso que sim. Então como é que uma actividade criminosa pode ser um direito ? Não pode, salvo se for para contrariar uma decisão de um governo ilegitimo, não é o caso, ou uma decisão manifestamente injusta, persecutória e discriminatória. Neste caso sim seria legítimo desobedecer. Ainda assim desobedecer é passar sem pagar, pois o ataque e a destruição dos pórticos é crime contra o património que é de todos e pago por todos os contribuintes.
Claro que todos nós ficamos com o nosso diabinho interior aos saltos, quando isto acontece, e ainda hoje passei por baixo do pórtico atacado ontem à noite, e disse para os meus botões, "espero que não esteja a funcionar, menos um dia a pagar..."
Agora atacar funcionários indefesos a tiro, por fazerem o seu trabalho, não me parece boa ideia, e aconteceu.
Enfim tudo se evitaria se tivessem colocado portagens físicas, e ainda criavam meia centena de postos de trabalho... afinal para recolher é preciso semear !

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Renault Nissan deixa cair fábrica

Eu que já trabalhei muitos anos por esses lados sei que tomam decisões racionais. Depois do show socrático parecia que o pássaro estava na mão, mas quem vem investir em Portugal perante aquilo que se vê, sabe ou suspeita? Seria uma decisão temerária. Acredito que seja mesmo apenas uma suspensão do projecto, e que possa ser retomado dentro de 2 ou 3 anos, em função do desempenho do país, dos resultados do modelo a que se destinavam as baterias, e da evolução da capacidade instalada. Davam jeito os 200 postos de trabalho, lá isso davam, mas de momento temos de esperar.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Preço das consultas

Hoje foi anunciado que se vai ajustar o preço das consultas de especialidade em hospitais centrais e distritais. O aumento é de cerca de três vezes, 300%, e vai tornar um pouco pior o que já era mau. O valor nem é exagerado, 10 euros, e dado o grande número de isentos, mais de 5 milhões, parece-me demagogia dizer que as pessoas não vão poder pagar, agora é anti-constitucional, e vai apenas aumentar a receita do estado, sendo que as taxas moderadoras serviam para moderar excessos de utilização dos serviços. Por dez euros seria bom ter uma consulta de ortopedia, urologia, cardiologia, oftalmologia, etc, o problema é que por esse valor não é possível ter consulta e a lista de espera estende-se por largos meses ou anos. Tenho pessoalmente consultas de duas especialidades pedidas desde Março e desde Maio, e até agora é como se o pedido tivesse sido atirado para um poço sem fundo. Claro que, como necessitava "mesmo" dessas consultas já as tive, com os mesmos médicos que me atenderiam no Hospital mas em privado. A "taxa moderadora" nesse caso foi de 60 e de 70 euros, assim eu digo, que venham consultas por 10 euros, o problema é que não as há.

domingo, 11 de dezembro de 2011

É uma confusão ...

Numa coisa podíamos aprender com a Alemanha, a ser mais organizados. O processo de entrada das portagens nas SCUT, a partir do passado 8 de Dezembro tem sido a maior das confusões. Depois de sucessivos adiamentos pensava-se que tudo correria bem, mas não. Para além da contestação, temos ainda que ninguém sabe bem como se paga, os estrangeiros andam numa roda viva para saber como podem não ser multados, vão dos correios para a via verde, agora pelo meio as finanças vão cobrar aos faltosos, mas à maneira que conhecem, penhoram logo o carro, agora é que os tribunais vão ficar inundados em processos. As chamadas descriminações positivas, descontos para os residentes, não se sabe como se implementam nem quando, nem como se regulam, enfim, a improvisação à portuguesa. Quiseram ser tão tecnológicos, só com portagens virtuais, que não há ninguém em lado nenhum para clarificar dúvidas. Não poderiam ter criado umas portagens físicas nalguns locais onde quem quisesse poderia pagar? Pois é, se calhar era simples demais...

Dias cinzentos

É este o clima dos últimos dias. O cinzento paira sobre todas as coisas, como sinal de desesperança e de falta de visão. A neblina é a principal característica das previsões meteorológicas e parece que tomou conta de tudo, e da cabeça dos líderes europeus também. As soluções acordadas são de duvidosa eficácia, a Alemanha pensa que pode resolver a crise criando pequenas alemanhas por todo o lado, a França pensa que pode vir a ser igual à Alemanha, e com isso passar pelos pingos da chuva, e até o pequeno Sarkozy vir a ganhar as eleições em bicos de pés. Esta da cláusula travão, isto é, um limite ao deficit na constituição, e logo no valor de 0,5%, parece uma daquelas soluções de querer decretar por decreto se chove ou se faz sol.  E para chegar ao valor indicado, quando para muitos dos países, o valor de 3% já é quase inatingível, só mesmo da cabeça da tal luterana. É uma expiação pelos pecados da dívida...
De expiação em expiação lá vamos rumo a sabe-se lá o quê.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O mês de muitos requiem's

Pois este é o mês de vários requiem, isto é despedidas, vejamos: adeus 50% do subsídio de Natal 2011, adeus 100% do subsídio de férias e Natal de 2012 e 2013 (na melhor hipótese, pois há outras), adeus feriados de primeiro e oito de Dezembro, adeus SCUT's, adeus taxinhas moderadoras, adeus abatimentos no IRS por despesas de saúde e educação, adeus aumentos de pensões ou salários para compensar inflação, adeus IMI mais baixinho, vem aí um BIG IMI, adeus transportes públicos baratos, há que pagar dividas das empresas de transporte que andaram a desbundar, adeus crédito fácil, mesmo para investimentos ou compra de materiais primas em empresas viáveis, adeus 2,5 horas de trabalho pago por semana que vai passar a borla que se dá à economia,ou ao patronato, ou ao estado, nem sabemos a quem, adeus horas extraordinárias na Saúde, que davam tanto jeitinho, esperemos que não seja adeus às comparticipações nos medicamentos (t'arrenego satanás...), adeus euro (será? ainda não acredito...), e agora até adeus FCP que saiu da Liga dos Campeões para a Liga Europa (dos pobres). É demais !

Eu criança me confesso ...

Eu que sou uma criança penso que as dívidas devem ser pagas. Não sei, é uma chatice, um defeito que tenho, ou então não devo ter estudado nos sítios certos, pelo menos não naqueles em que o ex- primeiro ministro estudou, isto é nas grandes escolas de engenharia civil, que são a Universidade da Beira Interior ou a Independente, também escolas de referência europeia em Economia...
Assim compreendo mal aquelas afirmações que tão sábiamente proferiu em França. Que as dívidas são eternas, descoberta dele, pois pensei que só a morte o era (ou a vida para os que acreditam), pelo menos sabemos a "filosofia" que esteve por detrás da sua brilhante governação, o que nos deixa descansados. Descansados porque já não o temos a "gerir o  endividamento do país", pois com a teoria da eternidade da dívida, está visto que caminho teria o país. Ele há coisas ....

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A chantagem do costume

Alguma indicação relativa a  adaptações a fazer na barragem do Tua (baixo Sabor), é logo transformada numa ameaça de retirada imediata da classificação do Alto Douro Vinhateiro como património da Humanidade pela UNESCO. Passamos do 8 ao 80, e logo os ambientalistas vêm com o seu coro de desgraças. Não, o que queremos é compatibilizar o aproveitamento hidroeléctrico com o ambiente. Não é por acaso que as barragens produzem energia limpa. São inestéticas as barragens, quem disse??? então e as florestas de torres eólicas são o quê ? Tanta verborreia tanta conversa, tão pouco bom senso e tanta lata !!! Não será possível encontrar soluções técnicas e políticas, que permitam com diálogo entre todos, preservar o melhor dos dois mundos ?

Taxas moderadoras

Ontem só se falava deste assunto, pois o ministro Macedo apresentou os valores no Prós e Contras de 2ªfeira. Neste ponto as taxas serão multiplicadas por dois. Embora pareça muito, foi possível acalmar os nervos dos utentes com um claro aumento de isenções por insuficiencia de rendimentos. Agora mais de cinco milhões estão isentos. No meu caso mantenho a isenção, pela via de ser transplantado, todos estão globalmente isentos, mas também pela doença crónica, a diabetes, embora neste segundo caso a isenção aplica-se apenas nos actos que se relacionam com a doença diabética. Assim penso que estas taxas , que atingem vinte euros nas urgências, se me não aplicam. Fico a ver como será a política de comparticipação em medicamentos, mas para já penso que o bom senso está a imperar.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Prós e contras

Ontem frente a frente, o ministro Macedo e o ex- ministro Correia de Campos. Não vi tudo, infelizmente este programa começa pelas 22h45 e vai até à uma da manhã, para que antes se vejam coisas sem grande interesse, e telejornais gigantescos com notícias repetidas mil vezes (e a RTP nem é a pior...). O que vi gostei. Dois grandes profissionais de acordo no essencial e a recusar a demagogia e o catastrofismo. O ministro, talvez o melhor deste Governo, explicou e bem como vai reduzir 600 milhões, o ex explicou e bem os cuidados que deverá ter e deu pistas de sua vasta experiência, sabe-se que apesar de partidáriamente diferente a política de Correia de Campos na Saúde não diferiu muito da do actual ministro. Pode ser que me escalde, mas tenho alguma confiança no bom senso do ministro Macedo, e na sua capacidade para endireitar o SNS, sem destruir o essencial. Como está é que não pode continuar sob pena de se tornar um serviço minimalista, sem qualidade e destinado aos indigentes.

Afinal havia folga ...

Que grande lata. Agora Seguro, com o ar mais ingénuo do mundo, a dizer que tinha razão na guerra das almofadas. Ora a ver se a gente se entende. Quando é que eu posso dizer que tenho um excedente ? Quando tenho algum dinheiro no bolso, e, não tendo encargos já vencidos, lhe posso dar o uso que entender, comprando uma prenda, um perfume, um livro, ou dando esmola a um pobre. Ninguém tem nada a dizer pois estou em dia com todos os meus credores. Não é o caso. O Governo, ao transferir o fundo de pensões dos bancários para a esfera do OE como receita, equilibrou de forma artificial o deficit, e ficou com dinheiro não previsto, mas as dívidas colossais do Estado a fornecedores, mais de 4 000 milhões de euros continuam. Assim o minimo que se pode fazer é pagar essa dívida ou parte dela, e não distribuir o dinheiro pelos portugueses para que possam dar o destino que entenderem, ficando o Estado com os calotes, os fornecedores a arder, os bancos a quem estes pediram para sobreviver, sem a liquidez correspondente, pois não recebem, e as PME sem crédito, pois se os bancos não têm liquidez não há crédito para ninguém. Esta a verdade. Portanto sr. Seguro, não esteja tão seguro do excedente. Excedente só existe quando não há dívidas. Não seja ridículo com essa sua posição, aliás simpática, pois até o mais simples dos portugueses percebe que se trata apenas de má consciência.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Benefício da dúvida ?

Ora estamos agora a chegar aos dias 8 e 9 de Dezembro, e parece que "those were the days"... Os líderes europeus reunem-se em cimeira para procurar salvar o que há ainda para salvar, isto é, a Europa da irrelevância mundial. Os dois, ou um e meio, de serviço, lá estão preparados para, substituindo-se às instâncias europeias, fazerem as suas "propostas" que os outros, que parece estarem para compor o ramo, terão de aprovar, se quiserem continuar a respirar. O problema é que as ditas propostas parecem ter mais a ver com as razões internas da Alemanha e da França que das necessidades de toda a Comunidade. Depois, como referiu ontem o ex-chanceler Schmith, a Alemanha já se esqueceu de quem ajudou na saída da Guerra, quem ajudou na integração da ex-RDA, e a srª Merkel só conhece a linguagem da disciplina, do cacete e da falta de visão política. Quando ao pequeno Sarkozy, que dizer ? vai a reboque. Depois disto, qual o papel de Barroso e Van Rompoy, papel de embrulho ? É lamentável, que um país que deve a sua prosperidade em grande parte ao mercado interno europeu, e à moeda única, pareça tão pouco interessado em a salvar. Dar o benefício da dúvida para a próxima cimeira, porque não, mas já é difícil acreditar, quando eles também não acreditam !

O perfumista

Terminei a leitura de "O perfumista". Foi-me recomendado na Biblioteca Municipal e o seu autor, Joaquim Mestre, foi director da Biblioteca de Beja, entretanto prematuramente falecido. Uma boa descoberta, um livro de grande beleza, muito bem escrito, que nos remete para o Alentejo do inicio do século XX, numa altura em que o acesso ao sul se fazia pelo rio Guadiana, e os portos fluviais tinham aí uma importância que hoje está esquecida. Ficção de personagens que atravessam a narrativa e trazem agarradas a si as suas estórias, reais ou fantásticas, do Alentejo como terra de tensões dramáticas, o suicidio por exemplo, ou de mistérios e encantamentos. Em pano de fundo está também a guerra, a primeira guerra mundial, e o seu impacto na vida da pequena localidade, a epidemia, e sempre presente a certeza de que o olfacto pode ser uma forma de expressão.

Uma boa novidade

Mais uma vez pela mão de António Barreto e da Fundação Franscisco Manuel dos Santos uma excelente revista que é um pseudo-anuário, pelo que se espera publicação anual, com artigos muito interessantes, a "XXI Ter opinião" saiu, tem cerca de 200 páginas, com artigos acerca dos chamados "dias inquietos", isto é daqueles que estamos a viver no país. Vários são os temas abordados, da Europa, Crise, Tribunais, Hospitais, etc, por especialistas que ajudam de facto a formar opinião. Bela apresentação no interior, bem estruturada, de leitura acessível sem ser banal. Apenas não gosto muito da capa, mas gostos são gostos. Comprei no Pingo Doce, como é óbvio, e custa 5 euros, nada demais para o produto que é e que se vai guardar por um ano.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Regras

A REGRA DO JOGO


Adivinham-se tempos difíceis:

a obsessão apoderou-se das tribos;

uma vírgula pode ser um crime,

a ameaça esconde-se numa frase incompleta.

Os jornais encheram-se de notícias peregrinas,

os editoriais ponderam. Murmura-se

nas fileiras, a especulação prospera.

Com um salário que é como mau tecido,

depois da primeira lavagem, o funcionário público

poupa na fruta, no tabaco, no queijo. Amanhã,

de comboio, a História enfrentará o seu destino,

ou, pelo menos, uma cópia que levará tempo

(medido em lustros) a rasurar.



Do poeta José Alberto Oliveira, uma vista pelos tempos que correm. Curioso, o poeta é também o chefe da Unidade de Cuidados Intensivos de S. Marta, onde estive três meses a aguardar o transplante e sem saber esta sua faceta, quando muitas vezes me auscultava.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Refundação da Europa

O par Merkel Sarkozy, a que agora se chama para simplificar Merkozy, querem "alinhavar" uma proposta para refundar a Europa. Alinhavar devem ser capazes, mas de resto talvez afundar a Europa seja a maneira mais correcta de definir o que se propõem fazer. Espera-se o pior. E pelo que se sabe até agora o "petit français" tem propostas de lana caprina, como acabar com Shengen, e a "fraulein" acha que tudo se resolve com disciplina para os prevaricadores a Sul ( e a Sueste...), controlo dos OE e penalizações. Esperem pela pancada, quando a crise também lhes bater à porta.

Quarta feira de aventuras

Mais uma ida à minha segunda casa. Desta vez e pela primeira vez de carro. Há mais de um ano que não conduzia durante cerca de duas horas seguidas e fiz o teste. Acho que passei no dito. De resto tudo bem. Óptimo novo coração, rins a melhorar, mas a enfermaria em obras, tornou a estadia um pouco mais pesada pois o local de apoio quase desapareceu. Começa a ser rotina, verdadeira rotina previsível, e é assim que deve ser. Nada de surpresas, que no caso serão sempre incertas e incontroláveis. A ideia é "no news good news" !!!