terça-feira, 29 de novembro de 2011

Presidente em entrevista

No passado sábado assisti a entrevista do Presidente da Câmara de Ourique na RTP Memória. Tratou-se de um programa directo, a pretexto de uma antiga peça, com cerca de 20 anos, feita aqui na vila pela RTP. Uma entrevista simples, que falou das mudanças que se operararm na "terra", as quais são reais, embora eu só acompanhe de há cerca de 10 anos para cá, altura em que nos mudámos para cá, e das vantagens de viver na província. Claro que aqui tenho médico de família, não há filas nas Finanças, na Segurança Social ou nos Correios, não havia mas já há Biblioteca, não havia mas já há uma sala de Cinema ou de Teatro decente, embora com pouca programação, não havia mas já há um Centro de Convívio, embora seja um deserto em termos de actividade, agora até há Pingo Doce, para mal do comércio tradicional, enfim, a qualidade de vida como é entendendida num grande centro começa a surgir. Poderia o sr Presidente ter falado de turismo, como uma das razões que poderia levar alguém a investir aqui, para lá da agricultura ou pecuária, mas não se quis meter por terrenos movidiços. Ainda assim penso que este "interior" merece ser considerado pelo que colabora para a sanidade mental de quem cá vive, embora pense que a falta de oportunidades, eu já não me queixo disso pois já não tenho necessidade, permanece, associada à falta de postos de trabalho disponíveis, o que faz da maioria das pessoas dependentes da Segurança Social, ou de um emprego na Câmara agora como há vinte anos. Há realidades que demoram a mudar.

sábado, 26 de novembro de 2011

Troncos

No ciclo de renovação as árvores morrem mas outras renascem. Ontem de manhã aqui nos arredores de Ourique a Mª Augusta obteve estas imagens. Troncos destas árvores que nos inspiram.

Cegonhas e outros patrimónios que se cuidam a si mesmos

Já regressaram as cegonhas que começam a ocupar e a tratar dos ninhos que deixaram no início do Verão. Recomeça tudo de novo, a reparação dos ninhos, a limpeza dos galhos velhos, em breve põem ovos e nascem crias. Tudo isto se passa diante dos nossos olhos sem que nos custe nada, sem investimentos, aprovações, definição de responsabilidades ou alvarás. Só nos pedem para não interferir no ritual que se repete e que deixemos o mundo correr por si mesmo. Assim os campos, aqui em Ourique, começam a mostrar um dos seus melhores sinais, o da vitalidade da vida que se renova. Contráriamente a outras intervenções humanas, para esquecer, aqui o património cuida de si mesmo. Só pede que ninguém chateie.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Património pouco cuidado

Talvez devido às sobreposições ou alguma indefinição acerca de quem manda, a zona junto à Barragem do Monte da Rocha, aqui em Ourique, permanece num abandono confrangedor, é pena pela beleza e potencial deste local. Veja-se nas fotos, as palmeiras foram aparadas à cerca de dois meses, mas o lixo lá permanece, já secou, vai apodrecer sem que ninguém o retire, o campismo selvagem continua, não havendo um único balde do lixo, ou instalações adequadas para acolher os muitos estrangeiros que ali passam temporadas em autocaravanas, e que não deixam um tostão no concelho. De facto somos muito bons a desbaratar os nossos recursos. Talvez se algum investimento turistico estruturado se pensasse para aquela zona, e está nos planos, aqui del rei, vêm logo as aves agoirentas do costume a prever cataclismos e hacatombes para o ambiente, a fauna, a flora, os crocodilos, zangãos e outros bichos, alguns dos quais gerados pelo lixo que agora muita vezes se acumula.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Greve a duas velocidades

Em curso a greve geral. Já ontem, a partir das 22 horas, os jornalistas pululavam para dar notícias e não notícias. Hoje os lideres proclamam as vitórias, por enquanto o governo ainda não respondeu, e ainda não vi números nem a habitual esgrima de valores que passam por ser únicos e verdadeiros de ambos os lados. Acho bem que as pessoas se exprimam e se estão descontentes, estão de certeza, que o expressem. Mas não venham dizer que isto ajuda a resolver algum problema, pois só complica...
Aqui na minha vila do interior, Ourique, passava pelas ruas e tudo normal. Não verifiquei adesão do cidadão normal. Talvez na escola, talvez na autarquia, talvez nas finanças ou no centro de saúde, talvez, não pude confirmar. É aí que está quem pode suportar os custos, entidades patronais (o Estado em todas, isto é o contribuinte) e funcionários. Um dia de compras para se ir à Guia adiantar algumas prendas, pobres prendas este ano. De resto, quem precisa de viver está no seu posto a batalhar. Sei que estou a ser um pouco cínico, eu sei e peço desculpa por isso, mas é de novo o país a duas velocidades. Quem trabalha para o Estado, e os outros. Quem tem garantias e quem não tem. Quem está nos grandes centros, onde a vida é mais automática, e o salário lá vai estando pois o Estado acaba por pagar, e quem tem o fim do mês dependente do que faz ao longo dos dias, e sem trabalho nada feito. E depois nestas terras de provincia, o peso dos reformados, dos que auferem o RSI, ou um subsídio de desemprego tirado a ferros. E estes não estão de greve, há muito que estão condenados ao banco do jardim, ou ao biscate. Desculpem se fui reacionário !!!

A intensidade de um trabalho

E em tempo de efemérides, também hoje passam 21 anos sobre a morte de Michel Giacometti, alguém a quem a música portuguesa tudo deve, nomeadamente a de raíz popular, que cuidadosamente ouviu, apreciou, registou e editou. Os célebres LP's revestidos a serapilheira que se viam nas montras da Sassetti ou do Valentim de Carvalho nos anos 60 e 70 entre outras edições no Chant du Monde em França. Entre 1960 e 1990 realizou um imenso trabalho quase clandestino, mas sem o qual muito se teria perdido e o mundo não conheceria, incluindo Portugal. Não creio que tenha continuadores...

A intensidade de uma voz

Uma voz que não se apaga. Passam hoje 20 anos sobre a morte de Freddy Mercury, vocalista dos Queen, cuja voz de longe ultrapassa tudo o que admiramos no grupo de que fazia parte. Essa voz marcou um tempo, os anos 70 e sobretudo os 80 no século passado, mas o comércio tem-na mantido viva e vendável até hoje, reeeditando, reciclando, reinventando a bem do negócio do "show bizz". Fica a voz e as canções que nos agitaram, e do resto mais nada.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Uma democracia original

O PSD Madeira já arranjou uma solução para o facto da sua maioria não ser folgada, e reduzir o risco dos deputados regionais faltarem e ficarem à mercê da oposição. Assim, aprovaram uma emenda ao Regulamento da Assembleia Regional que permite o voto em bloco, isto é, basta a presença de um deputado que poderá votar em bloco por todos os outros da sua bancada, e, alterou também o quorum, isto é, basta a presença de um terço dos deputados em efectividade de funções para que a votação seja válida. Assim podem tratar calmamente dos seus "assuntos privados", não esquecer que na Madeira não há lei das incompatibilidades. Agora sim, vida descansada !!! Pergunta-se, como perguntou uma deputada do PND, neste caso para quê pagar tantos salários a deputados regionais ? Designava-se um de cada partido e estava o caso resolvido, e poupava-se no depauperado orçamento regional. E assim se credibilizava a classe política que nos despensava destes espectáculos...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Uma greve muito geral

Quinta feira dia 24, depois de amanhã, greve geral. Na mesma data do ano anterior 2010, para comemorar, e da mesma forma CGTP e UGT juntam-se, o que é raro. Se a confederação comunista é useira e faz da greve a sua principal arma, em qualquer circunstância, a UGT, dada a sua proximidade a PS e PSD, só pode estar a embarcar num comboio que não quer perder, sob pena de deixar as "massas" ao sabor das diatribes de um partido que pouco mais vale que 7% em termos eleitorais. E faz bem, claro. Não faço greve, pudera, sou reformado, e estes de pouco contam, embora sejam dos que mais vão suportar o preço da crise, mas no activo também não faria, embora a entenda. As pessoas estão muito sacrificadas, e ainda a parte séria não começou, pelo que há que enquadrar e canalizar o seu descontentamento, para evitar situações descontroladas, que em Portugal não me parece estarem em agenda, mas nunca fiando. Sabe-se que as centrais sindicais detestam "massas" que não controlam, e a sua presença é garantia de que as coisas se mantêm no tolerável. Agora, é pouco útil, lá isso é.
Não estamos perante reivindicações económicas, que se resolvam com pressões, mas perante uma grave crise europeia, diria mundial, e as soluções não passam pela maior ou menor mobilização de pessoas voluntaristas e lutadoras. Passam por medidas corajosas que os governos têm de tomar, pela imobilização de forças que intervêm de forma desregulada na economia, controlo da especulação, das off shores, políticas monetárias adequadas e até medidas políticas ousadas, como a maior coordenação nas políticas da União Europeia. Assim, a greve geral até pode ser muito geral, mas será muito pouco eficaz, fará perder um dia de salário a muita gente, e um dia de riqueza que o país deixa de produzir, e não modifica nada do que é essencial para sair da crise, pois está desajustada do alvo. Mas se com isso se pouparem muitos carros queimados, candeeiros e montras partidas, ganharemos todos qualquer coisa.

O frio nos ossos

Definitivamente temos o frio e a humidade a tomar conta do país. A minha coluna não gosta, e tem dado sinais de grande desagrado. Nada feito !!! Tem de suportar. Continuo a percorrer as minhas caminhadas a pé, mas só Deus sabe, quando chego junto de dois bancos que estão a meio caminho, já só vejo os bancos e não o caminho. Não há analgésico ou relaxante muscular que resista, e, após uns minutos sentado pôr-me de pé é uma luta dolorosa contra as forças da gravidade que se agrava à medida que o dia avança. No final do dia os pés parecem ser de chumbo, ou possuidores de um estranho magnetismo que os atrai para o centro da Terra e lavantá-los é obra para gigantes. Em breve já farei um ano de transplantado e parece que a recuperação é leeeeeenta e morosa. Para quando um regresso a uma normalidade adiada ?

Em busca do azul

Novo disco de Fausto, "Em busca das montanhas azuis", saiu ontem, e termina uma trilogia começada em 1982 com "Por este rio acima", prolongou-se em "Crónicas da terra ardente", em 1994, e agora se conclui. Não ouvi tudo, mas do que ouvi gosto. Mantém-se o estilo, a roupagem, agora mais refinada. Fica aqui a canção usada para lançamento, "Velas e navios sobre as águas".

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Isto não é serviço público

Acompanho desde há muito as "crónicas do Professor Marcelo" na RTP, TVI, desde há muito tempo. No passado recente, sobretudo após a mais recente transição da RTP para a TVI, a qualidade destas não pára de descer. Espanta, tanta improvisação, pressa e falta de rigor. A ideia de "meter tudo lá dentro", falar acerca de tudo, desde a inenarrável lista de livros ( sem qualquer critério que se aviste), as "entrevistas" a convidados sabendo-se que o "professor" não as sabe fazer, nem prepara as entrevistas, pelo que o improviso impera, os comentários que vão desde o futebol, à justiça, passando pela política, com juízos definitivos, como se o país estivesse em suspenso das suas decisões, as respostas às perguntas de "lana caprina" postas pelos espectadores, quer-se fazer muito com pouco. Agora junta-se aquele tique irritante de estar sempre a mexer no pescoço, ali junto ao colarinho, o que haverá ali perguntamos nós, ninguém será capaz de o alertar ? Acho que TVI o está a destruir, ou ele a autodestruir-se. A exposição tem sido demasiada, e agora já não se consegue seguir com interesse. Continuamos a ver por "obrigação", um vício de que não nos libertamos, mas como qualquer vício, mais dia menos dia, descarta-se. Não seria melhor parar para pensar, seleccionar assuntos, e centrar-se sobre duas os três ideias fortes, como ele proprio recomenda aos outros ?

Um vendaval

Mais um governo arrastado na voragem da crise, agora em Espanha, Mariano Rajoy e a direita regressam ao poder muitos anos depois. Como alguém disse em tempos, "até o Rato Mickey ganharia estas eleições contra Rubalcaba". Quem está a governar está a ser arrastado, segundo a ideia que está na cabeça dos eleitores de que "para pior é dificil, o melhor é mudar". Mas arriscam-se a que tudo fique na mesma, ou piore, seja qual for o governo eleito. As ideologias agora já pouco interessam, e o pragmatismo e a tecnocracia parece ser o único dom capaz de nos salvar. A superioridade moral da esquerda é treta, a ganância da direita e a sua falta de percepção social é embuste. Ambos se alternam em torno das mesmas políticas, das mesmas palavras e das mesmas receitas, a saber, crise, austeridade, dívida, deficit, "default", redução de custos, reduzir funções do Estado, privatizações, contenção, rever o estado social, desemprego, falências, etc, etc.
Assim as alternativas parecem esvair-se numa unanimidade, disfarçada apenas por detalhes sem importância e que não se levam a sério. Já não importa tanto quem faz, ou em nome de que ideias. O que importa é que se faça e se obtenham resultados, contando com competência, honestidade, transparência e já agora um pouco de sorte...

domingo, 20 de novembro de 2011

Serviço público quem o salva

Sabe-se que muito se tem falado do célebre relatório acerca do serviço público de rádio e televisão. A maioria dos comentadores mandam pendurar o relatório no WC, com o verso, parte mais útil do relatório, voltado para cima. Sem polémica veja-se um exemplo. Ontem a RTP2 apresentou um documentário, excelente, chamado "O meu nome é António da Cunha Telles". Nele se traça o percurso de vida cinematográfica deste produtor, realizador, exibidor, etc, que tanta influência teve no cinema português, desde os finais dos anos 50 até aos dias de hoje, pois continua a trabalhar. Quem não lembra a produtora Animatógrafo, o cinema Universal ou o Quarteto, ou o filme "O cerco", e mais recentemente os filmes produzidos para a SIC. É talvez a maior personalidade do cinema em Portugal, estando inclusive ligado à obtenção de um Óscar. Nem sempre gerando unanimidade, mas por todos reconhecido pelo que fez e pela dedicação, muitas vezes sacrificando certos preconceitos, em nome de um pragmatismo necessário. Ontem, desde há muitos anos, vi a figura inesquecível de Maria Cabral, no filme "O cerco", talvez o maior sucesso comercial do chamado Novo Cinema Português, em 1969, em pleno marcelismo, que ali é o pano de fundo. Pergunto: em alguma TV privada este documentário seria passado ?

sábado, 19 de novembro de 2011

Reduzir salários nas empresas privadas ?

Mais uma ideia da troyca, embora não tenha sido formalizada no relatório, portanto é apenas uma opinião. Agora o que me parece estranho é que estes economistas liberais, agora de forma tão pouco liberal, defendam que o Estado decida sobre as remunerações daquilo que não lhes pertence, empresas privadas, onde os salários são definidos pelas condições de mercado, pela situação concreta das empresas e pelas suas políticas de recursos humanos, pelas negociações salariais, quando for o caso, pois algumas pagam acima desses valores negociados. Se são assim tão liberais, deixem o mercado funcionar, e não se metam onde não são chamados.

Fados

Eu sei que é defeito meu, mas não gosto de fado. Agora que se prefigura a escolha do fado com património imaterial da humanidade, pela UNESCO, e espero que sim, que seja escolhido, continuo com um preconceito contra esta canção dita imagem do país. Por mais que me esforce não consigo gostar, e na minha prateleira apenas consta um disco de fado, que comprei, mas que nunca ouço, e mais dois que me foram oferecidos, mas que são um quase fado. Sei que estou acompanhado neste meu gosto, ou falta dele, e que é provável que se trate de mais uma extenção da juventude, dos célebres três F's do salazarismo. É preconceito mesmo, não será ? Isto vem a propósito da Quadratura do Círculo, na SIC Notícias de 5ª feira passada, que nos apresentou um excelente programa em que este assunto foi abordado, com música ao vivo, e comentários dos habituais. Esclarecedor mais uma vez.

Mas que justiça é esta ?

Os últimos dias têm sido marcados pela detenção de Duarte Lima. Mais uma vez os rasquícios do cavaquismo dos anos 80 e 90 continuam a incendiar sentimentos e a abalar a imagem de seriedade impoluta do Presidente, mesmo que ele nos diga, cinicamente, que "não tem acompanhado o caso" e " à justiça o que é da justiça" abandonando as suas escolhas da altura, que se estão a revelar uns "grandes artistas" na arte do enriquecimento ilícito.
Mas apesar disto tudo ser verdade, o que espanta é outro aspecto. Buscas feitas em directo para as televisões abrirem noticiários. Mas quem avisou ? Quanto se pagou pela informação ? A quem ? Será que o próprio detido também foi avisado ?  Poderia ter fugido se quisesse ? Poderia ter destruído provas ? Tantas perguntas sem resposta...  Qual o sentido de o deixar em prisão preventiva por risco de fuga, quando sabemos que se quisesse ter fugido poderia tê-lo feito !!!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ministro decreta fim da crise

 O ministro da Economia decretou o fim da crise em 2012. Será que a crise vai obedecer ? Ou fará  como das outras vezes em que que se declarou em desobediência civil. Nesse caso a crise terá ir a tribunal por desobediência à autoridade, mas dado o atraso da justiça, duvido que a declaração do ministro tenha algum efeito prático. Assim mais valia estar calado.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Diabetes

Hoje é o Dia Mundial da Diabetes. Ao que se tem comentado, um verdadeiro tsunami, que se multiplicou por 10 nos últimos 30 anos no mundo "conhecido e rastreado", pois em muitos locais nem sabemos o que se passa. O número de afectados passou de 30 para 300 milhões em todo o mundo, com particular incidência no mundo civilizado, pois ao que parece, não é a fome, o excesso de trabalho ou a falta de actividades viciosas (tabaco, alcool,etc) que povocam a diabetes mas exactamente o excesso de consumo e o pouco esforço físico. Para além doutras causas. Para mim penso sempre que tal sucedeu a partir do agravamento da minha insuficiência cardíaca, com irrigação insuficiente do pâncreas, tal como uma fábrica mal aprovisionada reduz a produção, nesta caso de insulina.
É uma doença "estúpida", pois por mais que se procure conceptualizar, jamais se obtem uma regra no seu tratamento. São tantos os parâmetros que influenciam, que o mesmo acto feito à mesma hora pode produzir resultados contrários. Depois é "chatinha" pois, no meu caso, picar o dedo 3 vezes por dia, para medir a glicemia capilar, e dar insulina duas vezes por dia, com picada na barriga já é demais. Mas muitas são as pessoas que têm de o fazer muitas mais vezezs.
Mas não há escolha e o que tem de ser tem muita força. Assim adeus às gulodices, comida saudável, pouca e tomada várias vezes, exercício frequente, tratamento rigoroso nos horários são alguns dos cuidados que procuro ter. Mas que chateia um pouco lá isso chateia... e que potencia riscos de outras mazelas é uma realidade muito conhecida. Rins, olhos, pés, pernas, coração, vasos sanguíneos, não convivem bem com a diabetes, é certo. Por isso criancinhas obesas, adultos incautos, nada de excessos.

domingo, 13 de novembro de 2011

Ancorados

Fui ler e terminei o "Anjo Ancorado" de José Cardoso Pires. É bom de vez em quando ler estes autores que parece o tempo não passar por eles. Livro de 1958, um ano antes da "Aparição", já aqui falado. Uma geração, a de 45 no pós guerra, vista  muitos anos depois, em confronto com a geração dos finais dos anos 50, urbana, adaptada, instalada isto é "ancorada". Olhamos para hoje e vemos também, alguns dos que "fizeram", apoiaram, tiveram esperanças com o ínicio dos 70, muitos anos depois, a evolução que tiveram. Alguns enriqueceram, e sabe-se agora como, em nome de uma democracia entendida de forma bem "pessoal", outros muitos, empobreceram, alguns desistiram, outros desanimaram, outros reformaram-se. Tudo se repete de forma cíclica e as aldeias de S. Romão, pobres, isoladas do mundo, onde um Talbot Lago é pretexto para um acontecimento, cá permanecem.

Estou a citar ...

Paulo Trigo Pereira no jornal Público de hoje

"O OE 2012 é económicamente irrealista, éticamente reprovável e viola a Constituição"

E prova-o! O problema é que é a "única alternativa" como agora se diz quando não há mais argumentos.

Subversão da democracia ou ditadura da realidade ?

Há agora uma grande discussão acerca do facto de os governos entrarem em queda, e serem substituídos por tecnocracias, por "imposição" dos mercados, como se existisse uma regra "juros superiores a 7% implica queda do Governo"...

Tenho dúvidas!!!  Irlanda, o Governo caiu porque perdeu eleições após resgate europeu; Portugal, Sócrates caiu por derrota de um documento estratégico, o PEC4, no Parlamento; Zapatero, demitiu-se para permitir uma governação eventualmente mais forte, após algumas medidas que surtiram efeito, e devolveu palavra ao eleitorado; Papandreu, demitiu-se após um tiro no pé, ou uma jogada "genial" que se revelou uma burrice (depende do ponto de vista), mas o povo sentiu-se aliviado (por quanto tempo não se sabe) ; Itália, Berlusconi demitiu-se por perder a maioria no Parlamento após anos de "lindos" serviço ao país, que respirou de felicidade, agradecido a quem o libertou de tal personagem.

Não vejo assim onde estão esses terríveis monstros que actuam nos bastidores contra a democracia, a derrubar Governos legítimos e muito amados pelo seu povo. De qualquer forma quer na Grécia, Itália ou Espanha as eleições estão ou marcadas ou no horizonte. Não será mais a dureza da realidade que se impõe ?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Malabarice

Ontem a língua portuguesa ficou mais rica. Uma nova palavra foi inventada e logo aplicada na AR durante a discussão do OE 2012. A palavra "malabarice", inventada por PPC e, segundo a verve criativa de Louçã, é a fusão entre duas outras, malabarismo e aldrabice, tão comuns na nossa vida diária. Então é recusada pelo primeiro ministro a "malabarice" nos números do Orçamento, imaginando folgas que não existem, almofadas que não estão lá, e dividir a riqueza que não existe. Acredito. Mas Louçã, que é mestre em manipulação, pegou na palavra e fez uma intervenção em que a tudo aquilo que se propõe no OE, ele chama de "malabarice", confundindo tudo e todos, lançando lama para a ventoínha, e agitando com as suas soluções de "passe de mágica", credibilizadas pelo seu currícula de académico emérito, mas escavacadas pelo seu passado de trotskista excelentíssimo. Em que ficamos? A sua intervenção foi um "brilhante" exemplo de "malabarice". Tire-se o chapéu, acabou por provar que a palavra faltava no nosso léxico.

Jogos florais

A discussão do OE 2012 iniciou-se ontem com uma manhã recheada de jogos florais. Falou-se sobretudo de folgas, almofadas e travesseiros, tendo o PS baseado toda a sua argumentação na lógica de que se pode distribuir mais e penalizar menos, a que o Governo responde que este OE não tem "folgas" nem "almofadas". Como se houvesse muito para distribuir, e estivessemos a tratar de dividir um bolo que está ali recheado e o problema do país é não saber por onde cortar as fatias que sobraram. Ora se a discussão é esta, parece que o país de que se fala é outro. É sabida a tendência do PS para viver em países virtuais ( já vem de Sócrates) , mas agora o problema agravou-se, pois quem pode prever o futuro, como saber se este Orçamento é realizado quando a realidade macroeconómica muda todos os dias, e ainda ontem a CE reviu em baixa o "crescimento" ( ou seja a recessão...) de Portugal para 3% negativos. Assim esta discussão assemelha-se à do sexo dos anjos. Se o maior partido da oposição não tem mais nada a dizer e nada mais a fazer do que alimentar esta guerra de almofadas, é melhor estar calado, para não ouvir o que não quer...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Coelho no Jardim

Mais uma vez ontem o deputado regional madeirense Coelho quis interromper a sessão de tomada de posse de Alberto João para fazer uma intervenção. Foi impedido e ameaçado de ser levado à força para fora da Assembleia. Percebo a dificuldade em entender a provocação que o corajoso Coelho acabou fazendo àquela classe política, que mais parecia um desfile de naftalina numa qualquer Sucupira. Mas afinal até o entendo. Não há outra forma de fazer face àquela paz mal cheirosa, cheia de conveniência, vassalagem e obséquios, que não seja partir tudo, chatear, provocar. Aliás essa a arma do chantagista Jardim. Que dizer de um governante que dá tolerância de ponto para os pacóvios o irem ouvir na Assembleia, aliás fizeram fila à porta como se podia ver...  Não é maior provocação ao povo português e aos madeirenses que estão na situação que se sabe do que a interrupção do deputado Coelho ? E que dizer do discurso de tomada de posse, em que parece que todos têm culpa de tudo menos o homem que tomou as decisões ? É preciso ter lata, e ainda vai impôr condições !!! Está visto só mesmo os métodos do Coelho, e só espero que fazendo juz ao nome do simpático animal, os coelhos se multipliquem por mil.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Uma coragem do tamanho do mundo

Reportagem de ontem no 30 minutos da RTP. Alguém que está na cama de um Hospital há 16 anos. Dependente fisicamente mas independente de cabeça. Impressionou-me e deixou a léguas o meu internamento de alguns meses e o meu transplante. Como manter a esperança, em torno de que impulsos de vida ? Que enorme coragem! E no entanto escreve, publicou um livro, mantém um ou vários blogs que alimenta num computador especial, cujo teclado e rato é acionado por toques com a cabeça. Impressionante de força de viver, dúvidas também tem, e percebi que teve muitas e muitas vezes. Ultrapassou-as e a força de vida mantêm-se. Nada poderemos dizer, porque não há palavras perante tal exemplo. Mostra que o homem é um ser muito especial, e a medida de todas as coisas. Apenas dgo que um dos seus blogs se chama "Doçuras e Amarguras", porque é público, consultável e actualizado todos os dias. Propositadamente não coloco nem nomes nem fotos.

Muito talento


Não sou eu, que não sou ninguém, quem o diz. A próxima participação (neste fim de semana) nos Festivais de Jazz de Cartagena e de Barcelona, comprovam que Luisa Sobral já ultrapassou as fronteiras deste paíszinho e afirma o seu enorme talento. Estamos muito longe da rapariguinha que participou e quase ganhou a primeira edição dos Ídolos, na SIC, nos inicios da década. Com estudos musicais nos EUA, afirma-se como cantora de jazz que canta em português, também em inglês, compõe, interpreta, acompanha-se à guitarra, produz, e o seu primeiro disco "Cherry on my cake" é pura diversão. Embora se apontem Ella, ou Billie como suas grandes influências, eu escuto o estilo de Madeleine Peyrroux, não sei se será grande referência, mas eu gosto. Quanto à Luisa, aos 23 anos, deixa já transparecer uma grande artista no futuro. Fica aqui esta brincadeira.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

À beira do precipício

Criou leis para si mesmo, meteu-se em esquemas de prostituição, envolveu-se com menores, nomeou meninas para a política por dotes pouco "relevantes" para os cargos, isto é pela "pinta", esteve em escandalos sexuais, corrupção, maltratou jornalistas, deputados, políticos, comportou-se nas "arenas" internacionais de uma forma boçal, envergonhando o seu país e os seus interlocutores, misturou política, sexo, futebol no mesmo saco, tudo dominava, tudo comprava, com um simples telefonema, como disse há pouco, e nada o derrubou. O povo gostava, quanto mais "besta" mais "bestial". É o retrato da "coisa" como Saramago uma vez lhe chamou. Agora a economia, essa coisa de "estúpidos" derruba-o. Afinal o dinheiro fala mais alto, e o sr. Berlusconi até sabia disso. Nem é preciso o próximo, a Itália parece que é melhor governada quando não há governo...

Muito aguardado



Este um avanço sobre o novo album de Pedro Osório, sim o conhecido maestro que ganhou muitos Festivais da Canção nos idos anos 70, que se chamará "Cantos da Babilónia"  e sairá em breve. Tratam-se, ao que se fala, temas inspirados em cantos do mundo, sendo este "Beijo do Sol", baseado num cântico tradicional do Quénia.  É manifestamente um tema muito bonito, que me relembra alguns dos temas dos discos iniciais de Pat Metheny, não será ? Para ouvir e ficar bem com este mundo conturbado.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Grécia, tragédia ou telenovela mexicana ?

Continua a telenovela grega. Agora chegaram a acordo para um Governo de Salvação, mas nenhum dos líderes dos principais partidos se disponibiliza para o dirigir. Melhor tirar o cavalo da chuva! Afinal quem sabe como se chega às eleições que deverão decorrer nos próximos meses. Entretanto a Europa continua à espera que se entendam, que formem o tal governo, dirigido por técnicos, claro, para tomar mais medidas anti-populares. Uma novela sem fim...

domingo, 6 de novembro de 2011

Verão de S.Martinho

Depois da tempestade vem a bonança. Cá estamos num domingo de sol no Alentejo, após semana tempestuosa. A tradição ainda será o que era ? Isto é, vamos manter este sol que nos aquece a alma até dia 11, o tal dia de S. Martinho ? Entretanto o frio mantêm-se e ao final da tarde só o calor da salamandra deixa a casa suportável. Entretanto um manto gelado cai sobre nós a partir de amanhã. Chega a Troyca para a segunda avaliação trimestral, a ver se liberta mais uma "tranchezinha" de euros que o portuga precisa, e afinal continuamos na filosofia do bom aluno. Já está tudo meio destruído, o povo meio desmoralizado, o comércio a roer as unhas para o Natal que já começou, e promete quebras "colossais", a Popota também já aí está mas nem com ela lá vamos, os políticos do Governo estão cheios de esperança, será vã? Os da oposição prevêm catástrofes de proporções apocalípticas. Entretanto vamos à adega e provamos o vinho... e  ficam todos a falar sózinhos.

Seguro abstém-se

Claro !!! Apesar das críticas de comentadores, políticos e outros mentirosos, ninguém iria entender outro sentido da votação. Se votasse contra, como iria explicar a assinatura que o seu partido colocou no acordo com a Troyca ? Pode-se dizer que estamos além do acordo, conversa fiada, pois na realidade o acordo na sua substância implica um compromisso de deficit e isso é que conta. Se votasse a favor, penso que o seu estatuto de oposição se perderia, e nós precisamos de oposição, sobretudo de oposição que se distinga da oposição comunista e bloquista, oposição viável e não utópica. Assim desta vez estou de acordo com Seguro, e vejo mal que os seguidores de Sócrates desejassem voto contra, eles que beneficiaram da abstenção do PSD no passado. E, talvez por má consciência, agora queriam fazer bonito.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A diabetes na sua mão

Comprei este livrinho que se me afigura muito útil e recomendável a quem, tal como eu, faz parte deste grupo de pessoas, ou seus familiares. Muito bem produzido, muitas explicações acerca daquilo a que eu chamo "a doença mais estúpida do mundo", mas que é muito séria, excelentes grafismos, fotos, esquemas explicativos em linguagem acessível a todos, bons conselhos. Ao longo de 113 páginas fica-se a saber tudo acerca da doença e como lidar com ela de forma inteligente. O preço de cerca de 12 euros também não impede nada.

Dia D

Dizem os analistas que hoje será o dia D para a Grécia, para o euro, para a Europa. Mas de Papandreous não se sabe o que quer. Salvar a carreira política, sair de cena airosamente, manter-se num novo governo de salvação, negociar ou dobrar a oposição, procurar o apoio do povo ou levar com ovos e tomates podres. Que se decida que nós não podemos esperar mais e perder todos os dias milhões de euros à conta a sua hesitação. Hoje apetece-lhe uma moção de confiança, como ontem lhe apeteceu um referendo. Mas que raio de democracia é esta, na pátria da própria democracia. Decida-se homem !!!!

Vergílio Ferreira

Terminada a leitura da "Aparição" de Vergílio Ferreira, apenas uma pequena nota. Romance que marca o forte pendor existencialista do seu autor, onde a temática do sentido da vida, do ser, está sempre presente, é talvez a obra mais significativa do vasto espólio de Vergílio Ferreira. Escritor pouco consensual, por recusar alinhamentos forçados, a favor ou contra os ideais políticos da época, foi sempre muito criticado, por vezes esquecido, outras endeusado. Para mim fica a cidade de Évora dos anos cinquenta, o ambiente do Alentejo na altura, a sociedade artificial de uma certa "burguesia" local, esclarecida, mas amedrontada face aos grandes problemas da vida que o jovem professor Alberto Soares levanta. E a morte acaba por invadir de forma definitiva e impor-se sem pedir licença. De facto "A fome da nossa condição não se esgota num estômago tranquilo..."

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Aparição

" Fecho o album acendo um cigarro. Para lá da janela atinjo a linha azul do horizonte que se desvanece na tarde. Penso, penso. Não, não penso: procuro. Outra vez, outra vez. Não, não quero "saber", sei já há tanto tempo... Mas nenhum saber conserva a força que estala no que é aparição. Porque o escrevo de novo ? A verdade é que nada mais me importa. E , todavia, um estranho absurdo me ameaça: quer ser, ter, e uma aparição não se tem, porque não seria aparecer, seria estar, petrificar-se. Queria que a evidência me ficasse fulminante, aguda, com a sua sufocação, e aí, na angústia, eu criasse a minha vida, a reformasse. Mas uma reforma, uma regulamentação é já do lado de fora. Quem é fiel a uma certeza e a pode ver quando lhe apetece ? "

"Aparição" de Vergílio Ferreira, 1959

Aparecer é revelar-se, a revelação de si a si próprio, aparecer não é saber, não é ter ou estar, é ser.

Como inventar uma resposta ?

"Depois viemos para a rua ver a noite, a cidade, a planície obscura, atravessada longe por um pequeno comboio todo iluminado, como por uma larva estranha. Deitá-mo-nos numa rocha, olhando os astros. Eu falava das estrelas, das gigantes vermelhas, das anãs brancas, das novae, da medição das distâncias, das nebulosas, da nossa galáxia. cuja distância máxima, de extremo a extremo, é de cem mil anos luz, da Andrómeda, a mais próxima, a um milhão de anos luz, dos montões de galáxias, algumas à distância de quinhentos milhões de anos luz, das grandezas relativas, da E do Cocheiro, que é maior que a órbita de Saturno, dizia nomes de um sabor terrível para mim, Arcturo, Capela, Aldebarão, Rigel, Betelgeuse, Altair, falava do aspecto da Ursa daqui a cem mil anos, contava de textos indianos em que se falava de certa polar, o que só poderia ter acontecido há x milhares de anos, contava do "movimento de precessão"...
... em cada 25000 anos o eixo da Terra descreve um cone duplo em torno da perpendicular à elíptica...
... e que há 120 séculos a nossa polar não era a estrelinha que sabemos, mas a Vega; e que daqui a outros 120 séculos será a Vega outra vez...

- Pois bem - disse Sofia - Para toda essa coisa brutal, como inventar uma resposta ? "

"Aparição" de Vergílio Ferreira, 1959

Anos que passaram mas as dúvidas do Homem mantêm-se.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

E o que se previa aconteceu

Depois do tiro no pé da proposta de referendo grego, o que se previa aconteceu. Um enorme crash bolsista, o euro em crise, e a Grécia a ser empurrada pela borda fora, e nós portugueses a pagar as favas. É verdade que a democracia deve prevalecer sobre os mercados financeiros, mas depois de tantas aldrabices dos gregos, tantas oportunidades dadas e falhadas, não seria melhor, sem esperas, aproveitar esta última o mais rápidamente possível ? E que democracia é a de um referendo ? Ainda ontem, em entrevistas de rua, muitos gregos reduziam o referendo a votar a favor ou contra o FMI !!!!  Postas as coisas assim estamos conversados e preparemo-nos para o pior.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Tiro no pé

Mas que ideia peregrina de se fazer um referendo na Grécia ao plano de apoio delineado pela União Europeia. Será que se os gregos rejeitarem vão entrar no incumprimento, deixar de pagar as dívidas e, diria mais, aceitar que o Estado deixe de pagar salários e pensões. Percebo que face ao que temos assistido, seria bom um voto favorável por parte da população, reforçaria a posição do Governo, mas não será demasiado arriscado ? E nós sabemos bem que nos referendos raramente se vota no que está em causa, mas a contaminação com outras questões que não estão em causa é a regra. Por isso o referendo esteve proibido em Portugal pela Constituição durante tantos anos. Passávamos bem sem isto. A Grécia não pára de surpreender...