quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Last but not the least

Este é mesmo o último post de 2015, aquele com que se fecha um ano repleto de coisas normais, e de duas ou três anormalidades que o tornaram especial. Um ano em que recebo a noticia de que vou ser avô, não que não houvesse já quem me chamasse como tal, mas eram netos "emprestados", e quem dá também tira. Agora é mesmo de sangue, aquele que passa de pais para filhos. Apareceu aquela figura "feiosa" e engraçada chamada Elvis... Assim anormalidades não são muitas mas significativas. De resto é sofrimento, rotina e superação. Mesmo assim viver é melhor que não viver, sofrer não é falecer, antes é pretexto para com engenho e com processos de criar rotinas superar, superar, superar. O Alentejo continua a inspirar os meus sistemas de sobrevivência e a tornar-me mais positivo, embora algumas pessoas me decepcionem. Mas isso que interessa. Agora que temos todos os albuns dos Beatles disponíveis no Spotify, e posso ouvir quando quiser (sem dúvida a melhor notícia do ano ). Quanto à pior diria que este ano não houve más noticias, apenas a confirmação de que o homem é maior inimigo do homem. A todos que leiam este post Bom Ano 2016, bem precisam !

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Elegância


Pois o nosso amigo Elvis prossegue a sua vida de cão "sofisticado", agora com roupa nova, ou emprestada, e pose de cão em concurso de elegância canina. A sua pose deixa marca e o bicharoco sabe bem como dar a volta á cabeça dos donos e de seus familiares. É um amiguinho de quatro patas muito cheio de personalidade, ou não fosse de raça francesa "inventado" para servir reis, rainhas a princesas e ir bem como os seus vestidos, antes das cabeças rolarem na Revolução Francesa. Mas isso agora não interessa nada, pois o bicho não gosta nada é de passar despercebido.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Taxi

Vi agora o recente filme do iraniano Jafar Panahi, em tempo de Star War não pode ser nada mais diferente. Sabe-se que o regime dos ayatolah proibiu Jafar de filmar, depois de anos de uma carreira onde ganhou prémios internacionais, mas sempre à margem daquilo que no Irão se chama "filmes distribuíveis". Esteve preso, foi interrogado, posto em liberdade, é vigiado como um perigoso marginal. Assim decidiu fazer um "filme" que não é um "filme" nos canones do regime. Montou uma câmara no tablier de um taxi e passou um dia ao volante do taxi e filmou "aquilo que aconteceu", isto na teoria, pois na realidade a viagem obedece a um guião, que inclui expontâneos e outros nem tanto. Na montagem "deu um toque", na figuração contou com a sobrinha, que foi buscar à escola, e que quer que o tio lhe explique como fazer um filme "distribuível", pois só sabe o que lhe ensinam na escola, isto é as regras estipulada pela Comissão para o Cinema Islâmico (ou outro nome parecido) para o fazer. E as regras são simples. Promover a moral islâmica, se as personagens forem heróis devem ter nomes de mártires, se forem bons não devem usar gravata, devem ter barba, as  mulheres devem ser exemplares na roupa, tapando-se com véus, assuntos politicos não podem ser abordados, e devem evitar temas do "realismo sórdido", coisa que não se explica o que é. Normal que a sobrinha de 12 anos tenha dificuldade em entender, e o tio Jafar não parece ser a pessoa indicada para explicar. Assim a viagem de taxi prolonga-se com viajantes a trazer os seus problemas, reais ou imaginados, e o taxista tudo regista na pequena câmara. No final, enquanto se ausenta do carro, descuidado, roubam-lhe a câmara. Não sabemos como a recuperou, mas a verdade é que fez o filme e ganhou este ano o Urso de Ouro do Festival de Berlim. Vejam o filme pois até consegue ser divertido. Star War pode ficar para a próxima, são todos iguais...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Festa

Pois Natal quer festinha. Assim também entendeu a Associação Nossa Terra na Aldeia de Palheiros e ofereceu uma festa de Natal à população da aldeia, que se juntou hoje na nova instalação a inaugurar um dia destes. Convívio, gente feliz apesar da adiantada idade, e o traço da doença, do sofrimento e da solidão em alguns rostos. Actuaram os Saramagos, grupo de Garvão, que faz o pleno nas frestas do concelho, houve lanche com tudo o que deve haver num lanche, e a Aldeia reconheceu cantando. Boas iniciativas, para todos, onde não há "recolha de fundos", nem outra razão de ser que não seja revitalizar a Aldeia que é deles e isso não se faz só com cimento ou alcatrão. A mim convidaram-me, foram simpáticos e aceitei de bom grado!

Retrospectiva "Stelar"

Fui ver hoje a exposição retrospectiva da Stela Barreto em Castro Verde. De facto ela é muito especial, pela criatividade, produtividade, talento, irreverência, enfim tudo aquilo de que um artista é feito, segundo ela própria. Lá encontrei as suas pinturas, colagens, carimbos, justaposições tudo o que ela ensina nos seus workshops, e que nós temos dificuldade em aplicar. As suas transfigurações são extraordinárias, os pequenos "retratos" com dedicatória, tudo muito belo, alegre e feliz. Adorei, e sei bem que isto é apenas uma minuscula ilha nos trabalhos da Stela. Está até 15 de Janeiro, Alentejanos vão ver, por favor !!! (na foto dois dos quadros da exposição e a hiperactiva Stela Barreto )

Noticia falsa ?

Segundo fontes próximas de S.Bento António Costa quer reverter o despedimento de José Mourinho do Chelsea, e já encetou negociações com Roman Abramovitch, para o Estado Português pagar 51% do contrato do treinador, considerado pelo Governo como um activo de interesse estratégico  nacional. Ao que apurámos António Costa terá afirmado que "não quer a bem quer a mal" e vai mesmo impor a continuidade de Mourinho, à semelhança do que parece querer fazer na TAP. Diz ainda que o despedimento foi feito de noite, quando estava a dormir, sabendo o magnata russo que o Governo era contra essa decisão. Assim é de prever mais um orçamento rectificativo que permita acomodar os 16 milhões pagos a Mourinho, bem como 51% dos seus salários.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Frank

Faria hoje cem anos, o sempre eterno Frank Sinatra. Reconheço que a minha relação com a sua musica nem sempre foi muito cordial, nos tempos de juventude não era de todo a minha praia, nem fui grade fã dele como actor, coisa que nos remete para os anos 50. Mas hoje tenho de me curvar perante a dimensão da sua carreira, a excelência da sua voz e a qualidade das canções que cantou, hoje referências de interpretação, bem como da sua relação com o mundo do jazz. Claro que se relacionou com muitos outros mundos, mas que importa umas escorregadelas, se o artista é um bom artista, talvez o maior de todos. É o mainstream do mainstream, mas quem pode esquecer as suas magistrais interpretações, que fazem esquecer todas as outras feitas por outros artistas. Era o maior de facto, mas reconheço que compatibilizar Janis Joplin com ele seria dificil.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Olhar

O cão parece que fala, esta a maneira como me olha, e está sempre atento ao que se passa com o seu dono provisório.  è muito afectuoso e atento, parece sempre a aguardar ordens. Os olhos dele atravessam a nossa pele e atingem-nos no coração ! Hoje é o ultimo dia que está comigo, e parece que já tenho saudades dele. Dá um pouco de trabalho mas também dá um retorno em amizade e fidelidade. É um cão feioso mas a sua imagem parece um boneco feio da banda desenhada. Um boneco engraçado, e muito amigo.

Conversa

Para além da actividade própria da pintura aqui também se convive e temos mais um pretexto para um pouco de conversa, e isso também é bom. e permite combater a solidão na pessoas mais idosas, por isso as actividades da Nossa Terra têm sempre adesão. Hoje o ambiente estava bem agitado, e havia muita troca de impressões e "muita interação", afinal o contrário do meu resto da semana. O clima é leve e os padecimentos são atenuados ou até esquecidos.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Reverter

Cá está um verbo que se está a tornar demasiado comum. Espero que o programa desta nova maioria não se resuma a esse verbo, pois se assim for estamos em maus lençóis. Verdade que ainda é cedo para avaliar, mas é mau sinal que todas as iniciativas tomadas se resumam a operações revanchistas e sem qualquer consistência. Sem projecto ou resultado de estudo sério, os dois parceiros do PS apenas têm um objectivo, destruir tudo o que o anterior governo fez. Convenhamos que para programa é muito pouco. Claro que este objectivo esconde outro mais importante, testar o PS, encurralá-lo para em melhor momento desferir um golpe. Espero que não seja fatal para o PS. Como se dizia há muitos anos a propósito dos comunistas, "o PS faz falta à democracia" !

Maria Mendes

Mais uma voz do jazz português, que já obtém apreço internacional, embora por cá seja ainda pouco conhecida. Está na Holanda, e tem agora vários espectáculos em Portugal, e acaba de publicar o segundo CD, "Innocentia", que tenho estado a ouvir e mostra a sua grande capacidade vocal, e um conjunto de músicas em português e inglês (alguns standards, entre outras). Certo que o jazz, sobretudo o vocal, ainda não está nos tops, nem precisa, mas para quem gosta cá está um trabalho a ouvir. Já tem um percurso como cantora de jazz na Holanda e outros países e até já cantou no célebre Blue Note em NY, a única portuguesa que lá actuou. Está no Spotify, para quem quiser, e é muito bom.

Renascer

É um amanhecer visto do meu terraço, não foi hoje pois hoje tivemos nevoeiro e um dia cinzento e algo depressivo, mas há dois dias. Após um intervalo também retomo este diário de impressões e de almas "sulistas". Muitas vezes apetece parar um pouco e interromper o hábito de uma escrita diária sem paragens. As ideias são muitas mas expressá-las implica uma disponibilidade que muitas vezes prefiro não ter, pois estou concentrado noutra coisa. Uma imagem que sempre me persegue é a do nascer do sol, talvez porque a sensação de renascer é algo que me atrai, até porque me considero um exemplo vivo desse renascimento, embora à custa de sofrer e de me limitar a uma vida em "serviços mínimos". Melhor que nada.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Chocalhos

Pois, sem muita conversa, politica politiqueira, interferências, os chocalhos do Alentejo foram considerados Património da Humanidade, depois dos corais, agora é o "coro" dos campos, e a arte de fabricação dos chocalhos, que está em risco de extinção. Centra-se no concelho de Alcáçovas e pelo que sabemos agora. é mais uma tradição do Alentejo que corre riscos por falta de seguidores. Mais um reconhecimento para o Alentejo que está com "bom astral".

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Dia de cão

Fico a tomar conta deste canídio durante uns dias, e este é daqueles a que a terminologia "dia de cão" não se aplica, ou aplica mas de outra maneira. Basicamente este cão tem uma boa vida, aquela a que todos os animais, incluindo os humanos deveriam ter. Aqui na foto a acordar de uma noite dormida. Qual casota, relento, ou rua do desconsolo, nada menos que o sofá da sala e a cabeçorra nas almofadas do "papá". O primeiro, e único latido da manhã, foi quando apareci estremunhado na curva do corredor. Nada de ladrar a carros, motorizadas ou gatos vadios. A refeição da manhã não foi obtida em nenhum caixote do lixo, mas sim da saqueta do Royal Canin, que trincou de uma só vez. Depois saída para as necessidades, e primeiro desentorpecer das pernas no jardim aqui ao lado, onde escrutinou todas as esquinas dos muros para escolher a mais mal cheirosa para deixar a sua marca, que repetiu em vários locais. Nada de vaguear ao acaso, mas tudo programado pela trela extensível. Daí para o carro foi um salto, onde descobriu a enorme proteção para bancos onde se instalou. Depois enquanto carregava o carro assistiu de camarote, com a patorras sobre as costas do banco e a cabeça feiosa e espreitar pela mala entretanto aberta. Uma alegria, que se adensou quando foi recebido no local do atelier como a estrela da companhia. Claro ficou preso num pé de mesa, a vida não é perfeita. Regresso, mais passeio, e sorna a tarde toda. "What a perfect day " !!!

O velho

Procurando ajudar a Rosário na sua busca da "perfeição", por vezes estrago mais do que ajudo, mas tem de se arriscar e "o velho" procura sempre não interferir com o estilo que cada um quer imprimir ao trabalho que faz. Muito repeitinho é bonito assim todos ficam satisfeitos. Cada um tem de fazer o seu caminho, caminhando. Mais uma tela terminada. Apenas precisa de um pouco mais de arrojo e
não ter medo de tentar e errar.

Estatuto

Do alto dos cerca de oitenta anos há um estatuto que temos de assumir, e quem somos nós para dizer que está bem ou mal, melhor ou pior, quando quem o fez usou toda a sabedoria acumulada, que podia dispensar qualquer forma de aprendizagem de algo de novo, mas ainda assim se disponibiliza para fazer coisas que nunca fez, na sua longa vida, e não está ali em processo "ocupacional" mas com vontade de brindar as pessoas com coisas da sua lavra. Será que seremos capazes de o fazer aos sessenta, não me parece, pois muitas pessoas não aceitam expor-se aos outros, como acontece sempre quando mostramos algo que veio de dentro. Mais um trabalho da Perpétua, que tem um estilo próprio, e com a qual por vezes a comunicação é difícil, por surdez, pelo que deve ser a pessoa do grupo que menos influencio-

domingo, 29 de novembro de 2015

Foto de familia

Hoje foi domingo de família, um daqueles raros dias em que a família se junta, raro devido à dispersão das pessoas, não por sermos muitos, mas calhou e tive também uma noticia inesperada. Houve cozido de grão, enfim alentejanices, tarte de requeijão passeio ao sol, e o cão aproveitou para obter novos registos na sua enciclopédia de odores. No final acabou com a foto da ordem, uma selfie do conjunto num enquadramento de janelas pintadas pelo próprio. Um dia que não esperava. Fica o registo para memória futura.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Sofrimento

É de morrer a rir ! Um dos argumentos dados por uma das recém deputadas BE para acabar com os exames do 1º ciclo, é "acabar com o sofrimento inútil das nossas crianças". Até entendo, que parece que vamos entrar num ciclo em que o Parlamento "burguês" (como lhe chamava nos tempos da extrema esquerda) quer decidir tudo, desde a hora do nascer do sol ao tamanho das saias, e portanto a senhora deputada deve achar-se uma "autoridade" em educação, coisa que não é. Quem tem de propor estas decisões são os especialistas e não os políticos. Sobre o "sofrimento" toda a gente sabe que a vida não é o canto de sereias que o BE pensa, e julgo útil que as crianças mais cedo que tarde saibam o que é avaliar, prestar contas, preparar-se para um exame, muitos fará na vida, para que o trabalho do dia a dia culmine numa decisão que foi preparada. Outra questão é saber se avaliar apenas com exames é correcto. Não, não é, mas ninguém quer isso, pois no actual sistema o exame só conta com 30% da nota final. Já que estão numa fúria anti exames (e o PS não tuge nem muge,  pois quer salvaguardar o seu poder), aproveitem e acabem com os exames de condução, os exames de admissão na polícia, os exames na magistratura, para juízes, e aproveitem acabem com alguns exames médicos que causam tanto sofrimento... mas que idiotice !

Assembleia

Penso que a nossa maioria de esquerda começa mal. Numa ânsia infantil de revanche, vai aprovando diplomas avulso só para alterar decisões isoladas do anterior Governo, justas ou não. Sem projecto, fora de qualquer contexto, parece que lha falta o ar, e não há tempo a perder, acabam-se com provas, sem substituir por nada, cortam-se taxas, reverte-se concessões ou tenta-se, tudo à pressa, mostrando bem a falta de consensos sobre o longo prazo e previlegiando consensos em volta de detalhes da governação, sobre os quais há acordo mínimo. Parece que querem aproveitar agora que tem maioria pois podem perdê~la. Que falta de senso ! Se calhar amanhã aprovam a mudança da hora do nascer do sol, o peso do quilograma, ou o comprimento do metro linear. Só há uma palavra, é infantil !

Cante

Faz hoje um ano que o cante alentejano foi considerado Património Imaterial da Humanidade. Hoje aqui pela terra comemora-se com a inauguração de um monumento, aliás bem conseguido, e com um espectáculo à noite. Quanto a outras consequências não estou à altura de avaliar não sei se de facto a projeção deste cantar aumentou, se teve mais impacto no ensino, na economia ou noutras áreas. Afinal podemos apenas concluir que foi uma decisão justa, e que se calhar com ela não há muito mais a fazer do que salvar de uma extinção ou desmotivação esta forma de cantar enraizada no povo. E já não será pouco.

Manhã

Ainda estamos no Outono, mas os campos apresentam já um colorido típico de Inverno. Hoje de manhã aproveitei o sol e fui para os campos de Castro, cheguei a um local de nome Ameixeira. Uma seta apontava afinal para coisa nenhuma, alguma coisa, mas em ruínas. Um caminho apontava para um monte abandonado, uma chaminé que não vê fumo nem fogo decerto há alguns anos, mas uma cor amarela está por todo lado, são pequenas flores que formam um imenso tapete que apetece fotografar. É o Alentejo profundo, aquele que me inspira, assim tivesse talento para o passar à tela. Bem tento !  Fica uma foto dessa incursão pelos campos largos e verdes, ou não estivessemos em Castro Verde. Um passeio pelo silêncio, mas um silêncio que fala.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Imperfeito 4

Pois após muitas voltas trabalho terminado após várias horas passadas. Para já, pois muitas vezes regresso  a telas com meses ou até anos para fazer alterações. Pode-se perguntar porquê ? Ou para quê ? O que move para se dedicar tantas horas a algo que muitas vezes não sai como quero, que ninguém vê, ou partilha ? Pois para encurtar razões, começo por tudo fazer para mim, para me dar prazer, para dar expressão aos meus sentimentos, à minha razão, mesmo que seja uma pedra pintada, uma tela pequena ou grande. Mesmo que outros não gostei, não faz mal, eu sou o meu próprio "cliente", e um cliente insatisfeito, que não se conforma com, podendo fazer melhor, não o fazer. Este o meu motor, a minha energia para fazer as coisa que faço, nmão têm de ser perfeitas, nem excelentes, mesmo nem boas pinturas, pois jamais me considero pintor, detesto mesmo essa desiganção que tem de ser guardada para os verdadeiros artistas, os Van Gogh, Picassos, Pomar ou outros que o são. Sou apenas um artesão, que gosta de ocupar as mãos e passar à tela aquilo que sente ou melhor o que sente acerca do que vê.

Gira Sóis

A encomenda era um mural na parede de uma sala, composto por girassóis, na Associação Futuro, da vila de Garvão. Acedi ao pedido com a disponibilidade de sempre, pois para mim estes trabalhos não são trabalho são prazer. Fazer coisas que por certo não faria por minha iniciativa. Um desafio afinal. Meti mãos à obra e ao fim de quatro manhãs ficou pronto, espero que do agrado do "cliente". Decidi introduzir dois bicharocos muitos comuns por cá (agora ausentes) para dar um ar mais completo a esta "certidão" tirada da planície alentejana. Nunca tinha feito um trabalho tão grande, pois falamos de cerca de quatro metros por metro e meio de altura. Gostei do resultado e penso que quem viu gostou. É algo que se só pode fazer com amor, e isso deve ser entendido pelo "cliente", disso  não estou totalmente certo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Joana

Sempre teve este ar doce, tem onde o ir buscar. Sempre teve sardas desenhadas na cara, e uma mancha no lado direito do rosto, tem muito onde as ir buscar. Determinada e com sentido prático da vida, fascinada por uma boa aventura. A imagem de uma criança alegre, cooperante e afectuosa está sempre presente na minha cabeça. Nesta foto encontro bem presente a imagem que tenho dela. Na realidade um segundo filho tem sempre o "problema" do efeito novidade se atenuar e as recordações dos detalhes já estão menos presentes pois muitas coisas já se tornaram rotinas bem oleadas. Este o rosto que uma memória tem agora, para lá dos olhos que vemos, estão os olhos de sempre.

O 25 dos outros

Hoje é dia 25 de Novembro uma data que dirá pouco ou nada a muita gente. Eu diria que cada um tem o seu 25, alguns têm os dois, outros nenhum, muitos mudaram de 25. Para mim se voar até à minha juventude, na altura tinha 23 anos, bigode, fumava uns cigarritos ( só tabaco ) e tinha casado há pouco mais de um mês, diria que este foi "o 25 dos outros", daqueles que estavam no outro lado da barricada. Recém casados, erámos os dois militantes da UDP, a nossa actividade centrava-se no nosso local de trabalho, que era nos CTT no Terreiro do Paço, a praça que era o local de todas as manifs, rivalizava com o Rossio, vendas de jornais, lembro-me de estar a vender a "Voz do Povo", na porta que hoje se chama Pátio da Galé, e discussões políticas acaloradas, pois a venda da chamada "imprensa revolucionária" era sobretudo um pretexto para "agitprop". Sentia-se no ar que o chamado PREC se encaminhava para uma mudança qualitativa, e apesar de tudo tenho de reconhecer que não acreditava a cem por cento na possibilidade de uma mudança para o que na altura chamava-mos "poder popular". No dia 25, ía mudar coisas na vida, era o primeiro dia de um curso que faria a minha mudança para "técnico de exploração", como se chamava, e apresentei-me nos Restauradores para começar esse curso, e ouviu-se durante a manhã alguns disparos de obuses, que ocorreram, saberiamos depois, na Calçada da Ajuda. Nós da extrema esquerda éramos cautelosos, pois como se dizia "entre fascistas e social-fascistas não havia escolha", e para nós o golpe começou por ser da "esquerda militar" afecta ao PCP, a que se seguiu a reacção dos militares afectos ao "grupo dos  nove". Não era o nosso 25, era o dos outros. Hoje reconheço que não estaria do lado certo, mas tudo tem o seu tempo. Aquele era o tempo de sermos "revolucionários", o tempo de acreditar, o tempo do coração.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Governo

Finalmente há Governo ! Não sou contra !  Penso que é melhor assim face ao impasse em que viviamos e tenho de reconhecer bons nomes. Vamos ver até quando a esquerda mais radical, nas mãos de quem está refém, o deixam governar. Para mim dou-lhe um ano de vida, espero enganar-me ! O caminho é estreito e basta algum percalço que implique medidas mais impopulares, e de imediato o PCP salta fora, e o BE também. Não são forças politicas para assumir compromissos quando não estão a controlar. Não têm vocação de governo, e priveligiam o protesto. Por isso Costa que se cuide.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Inês


Deixo uma foto muito boa da minha filha Inês, parece que o tempo não passa por ela, quando passa por mim e de que maneira. É normal os pais questionarem-se, pois todos imaginamos aquele tempo em que com um só braço metido no meio das pernitas a metia na água tépida para lhe dar banho, ou aplicava o Halibut, após a mudança de fralda. E de repente estamos assim a olhar para a imagem viva da passagem do tempo.

Agitação

Hoje na Aldeia estava tudo muito agitado, com sessão de fotografias e video, entrevista e mais coisas a que o marketing social obriga. Não gosto mas compreendo, afinal vivemos num mundo onde  é preciso dar a conhecer os projectos, pois sem isso vive-se no isolamento e o acesso a fundos é bem mais complicado, e sem dinheiro não há projecto que se aguente. Por outro lado hoje estava de rastos em termos de saúde, tem dias assim, dias em que não devemos sair de casa. Mas isso não irei fazer, por muito que custe saio e procuro mexer-me para "não dar o corpo à moleza". Os trabalhos chegaram a pontos em que as pessoas precisam de ajuda para avançar e aí requer muita disponibilidade, coisa em que a agitação não ajudou. Bom, paciência próxima semana será melhor.

domingo, 22 de novembro de 2015

Imperfeito 3

Dirão que nunca mais está despachado, mas é mesmo assim. Vamos alterando o que nos parece que deve ser alterado, e vamos também estragando, quer dizer introduzindo "defeitos" que procuram cortar com o aspecto artificial que a tela começa a ter. depois de tudo ser muito desenhado. Um traço aqui ou acolá, um pouco mais de informalidade. mesmo quando estamos longe da realidade. Pois para ter imagens da realidade temos a fotografia e não a pintura ! Mais ainda não está pronto...

sábado, 21 de novembro de 2015

Imperfeito 2

Continua a minha odisseia por campos alentejanos, pois foi para aí que a minha mão se encaminhou. Hoje optei por colocar arbustos na parte inferior, bem como simular algum restolho. Duas árvores bem cá da terra completam o cenário, e começa tudo a fazer mais sentido, com mais umas horas de dedicação, talvez umas 4 horas o que somado com as 6 já investidas vai para dez horas de trabalho. Enfim coisa pouca, pois isto requer muita camada sobre camada, muita paciência e tempo, sempre ao som de uma música, clássica ou outra, Dos Gipsy King a Beethoven, tudo pode acompanhar menos o silêncio, esse não me estimula. A tela ainda não está pronta, agora ainda falta "estragar" !

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Diferente

A Graciete está a fazer uma tela um pouco diferente do que temos feito usualmente, é um figurativo mas com traço de mancha e penso que não é fácil. Quanto mais nos afastamos do registo naturalista mais dificuldade em nos encontrarmos com a realidade se a queremos manter. Acho que vai ficar muito bem. É uma cópia mas que deve ir mais longe do que o original. E atenção aos detalhes, pois neles fazem a diferença.

Jogos Florais

Um Parlamento desocupado é um perigo, pois ao não ter nada para fazer dedica-se a jogos florais, discussões inúteis, propostas revanchistas, acusações, e iniciativas sem sentido, perante os problemas reais do país. Isto adicionado a uma dose de preguiça... Vejamos, para que serve a ptroposta de comemorar o 25 de Novembro na Assembleia, numa fase em que PS e PCP têm um acordo de incidência parlamentar ? Apenas para gerar divisão, celeuma, obrigar o PS a encostar à esquerda, pois toda a gente sabe que estes dois partidos foram os grandes contendores do 25 de Novembro com vitória do PS e derrota do PCP e esquerda militar. Para quê perderem agora tempo a criar mais divisões. Outra é a proposta de retirar a taxa moderadora na IVG, no valor de 7 euros e picos. Faz sentido? Não faz, pois o que deve neste caso prevalecer a condição económica da mulher. Se pode pagar porquê isentar ? Aplica-se à IVG o que se aplica a qualquer cirurgia, e assim devia continuar. Mais uma das muitas propostas revanchistas, apenas para entrar nos jogos de poder. Assim se perde tempo no nosso Parlamento. Mas como o tempo dos inúteis é inesgotável, cá temos a explicação.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Imperfeito 1

Pois após uma tarde de dedicação já evoluiu um pouco. Aqui é possível comparar e ver que o céu começou a tomar forma, a ter nuvens e volume, os campos começam a ter um pouco mais de vida e variedade de côr e os campos verdes começam a ser mesmo verdes. Ainda a procissão vai no adro...

E agora ?

Tenho sido contra a atitude de Costa ao querer transformar a sua derrota em vitória, e tenho expriamido os meus receios sobre o futuro de acordos oportunistas contra natura. Mas o mal que era para fazer está feito. O Governo foi derrubado, objectivo numero um, mas agora há que avançar, e não entendo o que espera Cavaco para chamar Costa e meter-lhe na mão a "batata quente" ? Quem precisa mais de ouvir, os vendedores de castanhas ? os professores de dança '? os pintores de paredes ? Quem chama a isto manobras dilatórias tem razão, Cavaco até parece advogado, como se sabe são os especialistas destas manobras. Eu sei  que vou nomear Costa, só não sei quando, parece dizer, parafraseando Durão Barroso há uns anos. Agora tem de cerrar os dentes e nomear Costa para que este prove que a sua "geringonça", como diz o outro, funciona.  "Só nos podem causar dano esperas", como dizia a canção.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Imperfeito

Pois acabei uma discussão sobre a perfeição, e eis que pensei que não gosto de estar a pintar sozinho, então porque não partilhar o que fiz hoje ? E o que é ? Não sei, para já estou na fase de "fazer", tenho uma ideia mas essa está indefinida e é apenas um "work in progress", vai-se construindo, aos poucos. Para já cheguei a estas cores e estes "desenhos", parece um campo, mas também pode ser uma estrada, ou um arco iris, ou uma praia, uma ilha no horizonte, ou um horizonte sem ilha nenhuma. Será o que quiser que seja. A ver cenas dos próximos capítulos.

Amigos antibióticos

Hoje é o dia europeu do antibiótico, e já vimos que há dias europeus para tudo. Aproveitam este dia médicos, enfermeiros, técnicos da saúde e outros comentadores encartados falarem "contra" oa antibióticos, para mais  ser o dia contra os ditos, pois todos falam do seu uso excessivo, imprudente e inadequado. Quem sou eu para rebater. um leigo, nem me parece correcto fazê-lo pois sei que esses alertas têm razão de ser. Agora como individuo que pertence à tribo dos imunodeprimidos, e esta "depressão" não se trata com Prozac, os antibióticos estão para mim, como o Valium para os psicóticos... Assim tenho de resgatar aqui a honra perdida dos tais, que se não existissem meia humanidade teria desaparecido, como aconteceu na primeira guerra mundial, durante a qual se amputava, cortava e morria por qualquer infeção agora considerada banal, pois a penicilina só foi descoberta por Fleming em 1928, exactamente como sintese da experiência adquirida durante a guerra. Não digo que me tenham salvado a vida, mas já muitas vezes me aliviaram de situações que a complicarem-se teriam consequências, no meu caso, imprevisíveis. Ora que vivam os antibióticos !

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Estranha paisagem

Uma paisagem onde estão muitas nuvens, a planicie, um monte a perder-se no horizonte e até a lua, não deixa de ser estranha, e julgo que as cores não combinam bem, As nuvens são dificeis de fazer e nem sempre traduzem aquilo que queremos. Afinal a mão é livre a cabeça pensa mas ela não obedece. Pretendia uma paisagem quase de Inverno mas saiu uma dia estranho e sem alma como são muitos dos dias cinzentos-

Nevoeiro

Amanheceu com nevoeiro cerrado logo muito cedinho, quando abri a portada do terraço, nada se via, mas eis que rapidamente o esplendor do sol alentejano rompeu. Na foto desta manhã ainda podemos ver o nevoeiro a retirar pela direita baixa e a luminosidade a tomar conta de tudo, o verde a tomar conta de tudo, e a planicie a meter-se pelas minhas janelas a dentro. Nem parece que estamos no mesmo mundo dos atentados.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O Estado

Vivemos agora os ecos dos atentados de Paris. Terminou a fase "operacional", fica o medo, aquilo que os terroristas mais desejam, entramos na fase da retaliação, ainda assim limitada, passamos para a "celebração", com muitas declarações, minutos de silêncio, bandeiras a meia haste, estado de emergência, passaremos depois às "medidas concretas", e aí já se percebeu que nem todos pensam o mesmo, pois os interesses de cada estado sobrepõem-se, e enquanto os terroristas preparam o próximo golpe, o acordo vai sendo protelado, até próximo do esquecimento, até que nova carnificina nos acorde de espanto, e recordaremos nessa altura a sexta feira treze de Novembro, como agora recordamos o Charlie Hebdo. O problema é que estes terroristas são especiais !!! Constituem um auto proclamado Estado, maior que o Reino Unido, e que tem uma ambição expansionista testemunhada na foto, têm uma estrutura de poder, um "presidente", o califa, dois primeiros ministros (para a Síria e para o Iraque), governos, fundos que lhes vêm das contribuições dos "estados amigos" que os há no Golfo, do petróleo e do seu tráfico, das vendas de raridades arqueológicas, entre outras, Estado que é posto ao serviço de uma prática ultra radical, que preconiza o regresso à era medieval, ao puro Islão, à Sharia, tendo como filosofia a crueldade absoluta, o terror e o medo sobre os seus e os outros, num gesto de purificação, servido por hordas de gente radical, que ganhou os valores da crueldade sanguinária, muitos são jovens europeus convertidos pela ausência de alternativas mobilizadoras dispostos a por ao dispôr deste "Estado" os seus conhecimentos adquiridos nas escolas ocidentais. Combater esta realidade, é dificil, e compatibilizar com interesses contraditórios ainda mais. Assim, quando eliminamos lideres ditatoriais, como Saddam, Kadafhi ou Bashar, estamos a abrir as portas a formas ainda mais brutais de poder. Aí a solução passará por combater um estado com as armas dos outros estados, que a ele se opõem, e em simultâneo travar a radicalização forçada de jovens, sobretudo as segundas gerações dos emigrantes muçulmanos. Tempos complicados aí vêm, mas se nada se fizer o, medo pode tomar conta de nós e estimular "estados fortes" na Europa, com a ascenção dos extremos politicos, coisa que já estamos a assistir.

domingo, 15 de novembro de 2015

Horizonte

Um casario na linha do horizonte, agora refeito, de uma aldeia que para mim é a mais bonita do concelho. Não digo qual é para não gerar invejas. Tenho receio de não lhe ter feito justiça mas quem dá o que tem... É uma tela pequena que até já estava feita, mas como acontece muitas vezes algum tempo depois tenta-se melhorar o que parece poder ser melhorado. Hoje a vista não estava particularmente bem, mas tentei inspirar-me no horizonte que se avista na direção nascente. Consegui não consegui, há sempre margem de melhoria.

Amores perfeitos

Não sei se serão tão perfeitos assim, ou mesmo se serão amores perfeitos, Apenas sei que despertaram a minha atenção hoje enquanto fazia o meu passeio matinal no jardim. O sol estava quente, sem exagerar, e o estado de degradação geral do jardim, chamou a minha atenção para estas flores pequeninas e tão perfeitas. Um regalo para a vista no meio de tanta erva por cortar, plantas entregues á sua sorte, e ramos secos. Enfim um oásis mo meio do deserto de abandono e mau cuidado. Jardineiro precisa-se, ou então um reforço de verba, pois regar só não chega.

sábado, 14 de novembro de 2015

"O dia mais feliz da minha vida"

Esta semana, turismo de saúde, S.Marta e outras consultas, e aproveitei para umas voltas. Em vez de visitar um museu decidi visitar o "zoo humano" (como diria Desmond Morris), e ver coisas que há muito não via, onde o humano é o centro de atenção. por exemplo andar de metro em Lisboa, caminhar (ou arrastar-me...) na Avenida, visitar o Colombo, e dentro do centro comercial ver a FNAC, a loja, pois em geral compro na FNAC via net, e finalmente a Primark, onde jamais tinha entrado, embora já me tenham oferecido roupas lá compradas. Recordo que quando da abertura da Primark em Matosinhos, foi feita uma reportagem televisiva, onde milhares de pessoas dos bairros sociais se apinhavam à porta, e uma delas qualificou esse dia como o "dia mais feliz da sua vida", daí o meu título. É bem pior do que eu pensava, pois julgava a loja pelas roupas oferecidas, que foram escolhidas a dedo !  Mas afinal o que é a Primark ? É uma enorme loja de roupas de uma cadeia irlandesa, assim como a "Ryanair da roupa", É o "low cost" da gama baixa da roupa, expositores a perder de vista, milhares de pessoas, que não escolhem roupa, "colhem" a roupa, como se estivessem a apanhar maçãs, sempre mais de uma peça de cada, pois os preços são a nível da feira dos ciganos, 2, 3 euros, por camisas, 1 euro por uma duzia de meias, no ar o cheiro intenso das fibras de péssima qualidade, e toda a gente de saco na mão, como se estivessem a comprar batatas, a peso e não à unidade. Um verdadeiro fresco acerca do consumo para a classe mais modesta, roupa que nem vale a pena lavar, compra-se usa-se e quando tiver o cheiro insuportáveçl do suor e do surrado deita-se ao lixo. É o que se chama "um novo paradigma". E para completar a indignidade esta roupa é feita no Bangla-desh, India, Birmânia, Indonésia, Filipinas, naquelas fábrica que desabam e deixam milhares de "escravos" pagos a um dólar por mês, debaixo dos destroços. Este foi de facto "o dia mais feliz da minha vida". como dizia a Soraia Marlene, moradora no Aldoar, no dia da inauguração de mais uma catedral do "low cost" textil... este o zoo humano que devemos apreciar !

Raminhos

Fui ver ontem o actor, "stand-up" praticante, ou apenas um contador de histórias. Quem esperava ir lá rir à gargalhada frustou-se um pouco, pois Raminhos decidiu contar a história da sua curta experiência de pai, num registo de anti-pai herói. Resultou, embora o espectáculo tenha sido demasiado longo, e por vezes um pouco chato, pois não havia necessidade de tanto "detalhe". Tocou os mitos do pai, do marido, do amigo, e os lugares comuns que alimentamos acerca das crianças, aproveitando para isso a "experiências" das próprias filhas, participantes involuntárias no show, aquilo a que noutros contextos chamaríamos "exploração de trabalho infantil". Não vamos por aí, pois o registo afectuoso e "babado" abre a porta de tudo ter sido feito "por amor" paternal. Decerto a maioria não estaria à espera destas "Marias", embora a linguagem forte e agressiva, tenha arrancado alguns risos, mas raros, pois não estamos perante um "show" verdadeiramente humorístico. Um espectáculo do quotidiano, contado num tom pessoal. Fica um grande esforço de quase duas horas de ininterrupto monólogo, e algum improviso.

Sangue

Não esperava ter de escrever acerca de Paris, tão breve e de forma tão triste, acerca da cidade luz, que ilumina a cultura europeia, que é a capital de uma Europa de liberdade, de tolerância e de multiculturalismo. O atentados de ontem, promovidos já se sabe, pelos mesmo que em nome de uma fé, aceitável, praticam as maiores atrocidades, mesmo sobre aqueles que partilham da sua mesma fé. Mas aqui a fé é outra. Essa gente só conhece a linguagem da vingança, do olho por olho, onde maior a liberdade mais dela tiram partido para os seus fins, que são destruir essa liberdade, destruir uma cultura que se opõe ao seu fanatismo que faz frente com a indiferença e a aceitação á sua sede de sangue, unica forma de, segundo eles, purificar as ofensas ao seu Deus, que também é o nosso afinal, ofensas essas que passam pelo simples facto de existirmos e vivermos de acordo com os nossos principios de respeito e aceitação dos outros. Mas o mais interessante é que muito provavelmente, estes atentados terão sido perpetrados por cidadãos europeus, treinados na Europa, por europeus. Temos então de nos questionar sobre o que fizemos de errado, para que estes europeus tenham optado pelo fanatismo contra a moderação, pelo radicalismo extremista, contra o respeito pelas opções dos outros, pela imposiçoo da sua fé aos outros, pelo sangue inocente que em lado algum a sua fé preconiza. Não esperava que tal se passasse na mais bela cidade do mundo, onde em vez de usufruir do que ela tem para dar se actue com indiferença para com esses valores e destrua, vidas, património, cultura, humanidade. Paris não merece.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Rio de Janeiro

Majestosa paisagem do Corcovado, de cortar a respiração
Se quero fazer um percurso sentimental pelas minhas cidades de eleição, esta não estando em primeiro, aí está Paris, mas está em segundo. A chamada "cidade maravilhosa", é mesmo  maravilhosa. Porque tem monumentos, não tem. Porque tem património, não tem. Porque tem museus, arte, artistas na rua, não tem. Porque tem ruelas carregadas de séculos de história, não tem. Porque tem gente bem vestida, lojas de primeira água, perfumarias, comércio onde apetece estar, centros comerciais, não tem. Afinal o que é que tem ?  Tem "punch" !!! e o que é isso, não sei ! Vamos descrever algumas coisas que tem e que são adoráveis. Tem caos no transito, tem tunel velho, tem lagoa no meio da cidade, tem samba aos berros, tem bom restaurante, tem floresta tropical ao lado das avenidas, tem morro, tem favela gigante ao lado do prédios da burguesia, tem ladrão a espreitar ocasião, tem praia, calçadão, leblon, tem elevador, tem teleférico velho e assustador, tem pão mas de açúcar, tem cristo redentor, corcovado e bondinho, tem hotel com AC avariado, tem preto, tem mulata, tem branco, tem  coco gelado, chop, e pastel de siriri, tem gente amável, tem no passeio centro comercial a céu aberto, tem sambódromo, tem velhos onibus, que fazem corridas nas avenidas, tem bikini, bumda e marginal "de olho", tem guarda na porta do prédio, assaltante, tem montanha alpina ali na mão, tem abacaxi a um real, tem camisa regata, tem amor em cada janela, olhar em cada esquina, e uma alegria permanente feita a partir do nada, optimismo feito a partir da miséria, espirito positivo que contagia. Passados oito dias já somos meio cariocas.
Secreto desejo de ir ao Carnaval do Rio já está dado por perdido
Visitei em 1995 e 1999, duas viagens bem diferentes, perdidas no tempo da recordação, mas tenho saudade do Rio, cidade onde já não voltarei. Falta um visto na minha lista de locais a visitar, o Carnaval do Rio, esse visto vou morrer sem o obter.

É a democracia, estúpido !

Se não entendes como é que um líder politico derrotado se torna primeiro ministro, como é que partidos de menos de 10% de votos, põem o país à espera das suas decisões, como é que partidos para quem a democracia é "instrumental" (ou seja apenas uma etapa por onde se tem de passar, a chamada democracia burguesa, para atingir mais altos níveis de "democracia" popular), agora enchem a boca, se não entendes como é que partidos que defendem projectos contraditórios, estão unidos só porque são contra alguma coisa, se não entendes mesmo porque é que um líder perdedor chega à AR cheio de si e nem se dá ao luxo de falar, reservando-se para um momento em que já ninguém lhe pode fazer perguntas, se não entendes porque é que partidos que não se entendem numa única moção para derrubar um governo, acham que se vão-se entender para tomar medidas difíceis, se não entendes como é um líder credível pode acreditar que governar é distribuir leite, mel e rosas, num país meio falido por culpa da sua área politica, se não entendes mesmo nada disto, e eu também não, é fácil de explicar... É a democracia, estúpido !!!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Santiago de Compostela

Em Santiago de Compostela no ano 2000
Na minha "peregrinação pessoal" pelas cidades da vida cabe hoje recordar Santiago de Compostela, onde fui por duas vezes, em 1997 e no ano 2000, nunca a pé, pois não sou homem para essas aventuras, mas sempre bem instalado de carro. A cidade é conhecida por ser um dos locais de peregrinação mais importantes da Europa, afecto à imagem do apóstolo Tiago, que ali se encontra sepultado, ou é suposto ali estar. A cidade, vulgar nas suas imediações, detém um centro histórico medieval onde a pedra é rainha, e os monumentos históricos abundam. E desde logo o maior de todos, a Catedral centro de todas as atenções, e local de grande tráfego de visitantes, entre peregrinos, turistas e arrivistas que ali aportam.
A cerimónia do Botafumeiro
Os rituais são interessantes, desde a oração com os dedos metidos num buraco e a cabeça encostada num dos pilares que seguram a majestosa catedral, a visita ao túmulo do apóstolo onde se pode deixar um papelinho com um desejo, um pedido a Santiago, que com grande probabilidade será realizado, e o climax a cerimonia do "Botafumeiro", todos os dias realizada pelas 11h00, e que pode ser entendida como uma benção de acolhimento a todos os que visitam a cidade, impressionante, pela música que a acompanha, pela enorme dimensão de cadinho onde se encontra aquilo que se queima, incenso, e a dimensão em altura da cúpula onde balança como um pêndulo o enorme vaso que lança fumo sobre a cabeça dos visitantes. A cerimónia demora cerca de meia hora, e senda uma actividade religiosa ela cala fundo mesmo dentro daqueles que têm uma fé mais ténue. Fiquei impressionado das duas vezes que assisti. Ali vivemos a nossa pequenez, e ninguém vem de lá igual. Depois temos toda a actividade social da cidade, a boa comida galega, as filas infindáveis de peregrinos que vêm de todo o mundo, e que dão à cidade um ar cosmopolita, mas com moderada dimensão. è uma cidade a que se deseja regressar, pois acolhe bem, tudo está preparado para receber, pois disso vive e disso se alimenta.

Colorir

A côr faz parte da nossa vida, pode mesmo contrastar com a nossa vida. De uma época de problemas em que nos apetece mais esconder-nos no cinzento ou no negro, a côr que exprimimos compensa o nosso estado de espírito e ajuda a puxar em contraciclo com aquilo que a nossa alma nos quer ditar. Aqui mais duas telas ainda não concluídas, que repõem a côr, a vontade de representar a realidade para além do mais óbvio. Quando a côr parece não querer nada connosco eis que explode por outros caminhos.

Não está pronto, prima ...

Hoje mais um dia de arte e artistas sénior, como agora se diz, no politicamente correto. Mas a tela da senhora Maria Domingas não está pronta, mostro agora para ver a diferença entre o que está e o que vai ficar no final, depois de colocar os detalhes, os acabamentos para tornar tudo menos artificial. Hoje a concentração estava no máximo, a vontade de fazer bonito era unânime, e nenhuma resistência ao aperfeiçoamento. Falava-se também na apanha da "zétona" para quem tem oliveiras, e muitas das artistas têm, e não querem deixar o precioso fruto ao abandono. Entretanto se a pintura estivar "almariada" vamos melhorar, certo ?