domingo, 30 de setembro de 2018

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

A arte da aparência

" O ter tem-se sobreposto ao ser. E recentemente parece que nem faz falta ter, basta parecer !" Mais um pequeno extrato do livro de Luis Portela, para quem não sabe foi o grande patrão da Bial. Mais uma verdade que parecendo universal, assim uma do senhor de La Palisse, nos interpela. Sim o ter tem-se sobreposto ao ser, mas ter é também uma necessidade, sobretudo para quem tem pouco e passa o mês esticando o seu magro pecúlio. Muitas vezes "são" mas não "têm" o que mereceriam para uma vida com dignidade. Não é desses que estamos a falar, mas de quem já tem que lhe chegue, e persegue a ganância do quanto mais e mais e mais, sem ponta de estrutura solidária, na permanente procura de por todos os meios obter aquilo a que não teria direito pelo contributo que dá. Os que se aproveitam dos cargos, lugares de relevo, influência, acesso à informação previlegiada, e até da desgraça, como agora vemos nos casos que se suspeita em Pedrogão ! Mas tem pior, a ascenção do parecer, onde tudo vale pela imagem, desde falsificar curriculos, teses académicas, como se tem visto recentemente, até se rodear dos "melhores fatos italianos" e das "gravatas de seda Lanvin", que começam nos 200 euros, e dos amigos bem posicionados. Não "é", não "tem" mas "parece" !! Estão a ver de quem estou a falar... aquele que foi o "ultimo preso político" em Portugal.... ou será que foi apenas um "político preso" ??? Um verdadeiro mestre na "arte da aparência"...

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

T de Tancos

Então não é normal a PJ investigar ? É ! Mas tem ali um concorrente quando se trata de "magalas", a PJM, uma coisa que parece que se destina a "desinvestigar", a fazer fé nas noticias que nos chegam. É sabido que os "botas da tropa" não gostam nada que a "sociedade à civil" se meta nos seus assuntos privados. E muitos têm sido os casos de coisas muito pouco transparentes na esfera militar. Agora parece que trataram de proteger quem retirou as armas de Tancos, e depois organizaram a sua devolução tendo até chamado a GNR de Loulé, para ir buscar umas armas na Chamusca , como se aí não houvesse GNR. Enfim bizarrias que cheiram a corrupção e ajuste de contas, "alegadamente" com a passividade ( no minimo) da tal PJM. Um verdadeiro vespeiro de interesses, que espalha lama no ventilador. Parece coisa de "terceiro mundo", ficção de baixa qualidade. Que mais irá acontecer, pois já nada nos surpreende neste filme. Até sugiro um nome, "T de Tancos" !!!

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Bicicleta

"As palavras correctas geralmente não são agradáveis, as palavras agradáveis geralmente não são correctas". Este é um dos ensinamentos de Lao Tsé, citado por Luis Portela no seu livro. E que bom seria pensarmos bem nesta pequena lição quando ouvimos certos oradores, políticos ou não, quando lemos algumas "citações" de gurus na net, ou mesmo no nosso dia a dia, quando esperamos dos outros ou quando se lhe dirigimos. Esperamos o zumbido dos anjos ou que nos digam a "verdade" ? Dizemos o que convém que se ouça, ou o que deve ser ouvido ? Não estou a defender a má educação, a agressividade ou mesmo a simples vontade de chatear o próximo, que deriva de muita coisa sem sentido que ouvimos. Digo apenas que devemos exigir o que é agradável ou o que é certo ? Quando comunicamos uma doença, um estado de espirito, uma situação relativa a uma pessoa, uma entidade, uma relação. E estamos preparados para o que é certo ou apenas para o que é agradável ? Será que queremos casar ou andar de bicicleta... decidam-se !

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Recanto

O mar, o promontório instável e a capela. Praia de um e de outro lado. Relembro bem aqueles muros de onde se observava o infinito. Fi-lo muitas vezes naqueles anos, sentado sobre aquelas falésias que parecem sempre em risco de ruína. Alguns momentos bons, alguns momentos dos piores que vivi. A felicidade saborosa de passar as pernas na beira da água, mas também as noites em que o coração disparava até alguma coisa  o fazer parar e retomar juizo. E falo do coração na sua versão física, do músculo, não da versão emocional e "romântica". Dessa prefiro não falar. O mar, o promontório e a capela, de novo o meu pensamento parte para o passado, quando me devia perguntar o que vale esta imagem daqui para a frente. Apenas uma imagem bonita, de um local onde parte da vida foi perdida, outra foi ganha. Como sucede sempre, todos os minutos, todas as horas, em todos os locais. Adoro este local e agradeço a quem o registou.

domingo, 23 de setembro de 2018

Tiros nos pés

Sou um cliente da Uber quando vou a Lisboa e preciso de táxi. Porquê ? Porque usei uma vez e a partir daí já não quero outra coisa. Agora puxemos pela cabecinha !!! Os taxistas estão de greve há 4 dias. Não havendo táxis as pessoas tentam utilizar a Uber instalando a respectiva app no telemóvel. Todos os dias 1000, 2000 novos utilizadores. Quando estes começarem a usar o serviço vão ver a qualidade, o atendimento, o pagamento simples com cartão de crédito sem gorgetas ou alcavalas. Esses já não vão querer voltar aos "fogareiros"... Todos os dias serão milhares de clientes perdidos. Então digam me lá se não é a greve que está a destruir o "sector do táxi" ? Óbviamente que sim !

sábado, 22 de setembro de 2018

Mar de Outono

Hoje começa o Outono, mas por estes lados o Verão permanece com aquela brisa quente que nos abafa. Adoro o mar, mas o mar para mim é pouco mais do que uma miragem, sonho ou recordação. Razões prosaicas afastaram-me dele e desta imagem que parece vinda do paraíso e que me fizeram chegar hoje mesmo, imagens frescas, transparentes, parece que estou a respirar aquele ar. O interior do Alentejo tem destas coisas, acaba por nos fazer valorizar o mar que não temos, ou está um pouco longe. Por mim acabei preso numa assembleia um pouco  tóxica, onde parece que a nossa energia se esgota, e a nossa vontade de ajudar é sugada por discussões de "ponto e virgula". Serão importantes talvez, mas não é coisa para mim. Esta foto foi "a coisa boa do dia", diz me que o mar está para além dos egos dos homens, é mais transparente que eles, afirma-se por si próprio e é bem simples. O homem só complica...

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

A complexidade da gestão

No eco de uma conversa daquelas que nem chegam a ser alguém disse, "não quero que gostem de mim". Curiosa a frase dita por alguém de quem a maioria das pessoas gosta. Estranho não é ? Quem tem de mexer com pessoas há muito aprendeu que ser "amado" não é o mesmo que ser respeitado. E quem tem de mexer com pessoas precisa de ser respeitado. Claro para isso tem de saber fazer-se respeitar. Para isso a chave é a explicita e correcta exemplaridade. Assim todos sabem com o que contam e vale a máxima "follow the leader". O relacional corre bem, até para os prevaricadores e laxistas que não estranharão. Amor e amizade necessitamos na nossa vida pessoal, até podemos ser amigos dos nossos colegas, sem problema, mas sempre no foro pessoal. Separar as águas, criar bom ambiente, procurar as sinergias, o espirito de grupo e de pertença, tudo isso reforça as pessoas. Obter isso sem jamais aceitar ser o "Chefe", o "Boss", e outras idioteiras é a "complexidade da gestão".

O centro das atenções

Conhecemos um tipo de pessoas que vão visitar um Museu, o Louvre por exemplo, e a primeira intenção que têm é tirar uma selfie junto da Gioconda. Se deixassem... Vão a um concerto e o mais importante é obter uma selfie com o artista, vão ver uma exposição do Picasso e a primeira coisa é uma foto ao lado da Guernica.  Aí devem queixar-se, pois Picasso fez a obra demasiado grande e até um gigante ali sente-se pequeno. Quer isto dizer que estas pessoas gostam da arte ? Sim gostam  Mas ainda gostam mais de si próprias, e para elas o centro do mundo é mesmo o seu umbigo o que as rodeia é apenas um pretexto para mostrarem o seu ego sempre superior a qualquer das obras. Não admira que sentindo-se assim tão "enormes" tudo desvalorizem ao seu redor, e se faltar essa gasolina que lhes alimenta o ego, a vitimização é o caminho, a culpabilização dos ingratos o objectivo, a vingançazinha a ferramenta. Nasceram para ser o centro das atenções. As estrelas. Os "special one" !

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

IC 17

Lisboa é Lisboa com os seus arredores. Aqui o ar é outro, o movimento do trânsito encharca-nos de cheiro a escape, e a construção junta as residências desordenadas, com os prédios modernos e bem equipados. Diziam-me que por aqui nada custa menos de 300 000 euros, até o mais simples T2, mesmo em zonas já fora da cidade, caso do local da foto que foi tirada na varanda do centro comercial Strada, em Odivelas Oeste, com vista para a Encosta da Luz e para o trânsito que circula em permanência fazendo ruído e poluindo. Quem está habituado a vida no campo, estranha, mesmo sendo um inveterado lisboeta nativo. Começamos logo a pensar na autoestrada do Sul, e no caminho para as vastas planícies. No outro dia disseram-me com muita graça que "ovelha não nasceu para o mato", querendo dizer que cada um é para o local que lhe foi destinado. O problema é quando temos dois destinos, quando se é ovelha e cabra ao mesmo tempo, quando a cabeça aponta para o prado, e o coração para as estevas. Ficamos divididos, claro !!!

Prece

Ontem as passadas levaram-me até à Praça de Londres, em Lisboa, por ali teria mais uma consulta médica do meu rol de rotinas a que o meu estado obriga. Deixei o carro no parque, subi na superfície e por ali aquele local que desperta em mim as lembranças dos meus tempos no Técnico, em que a Praça de Londres era nosso pouso ou ponto de fuga, a Mexicana, entre outros, o porto de abrigo. Passei na frente das escadarias da Igreja de S. João de Brito e senti uma enorme força que  puxava para entrar. Por ali as igrejas ainda estão abertas e no interior o silêncio era total, o ar acolhedor, facilitava a introspeção. Tinha um pouco de tempo e por ali estive sentado, não sei se pedi ou agradeci, mas nós não entramos num local daqueles para exigir dádivas ou pagar promessas. Eu, que sou pouco crente nem isso ousaria, mas lembrei das coisas que vão precisar de uma mãozinha de Deus, e pedi sim, que Ele não esquecesse que tem gente que precisa do viver, tem pessoas que recebem tão pouco, e mesmo assim aceitam, pedi também porque há pessoas que precisam que Ele as ilumine nas decisões que tomam, pessoas que precisam das suas indicações, apesar do tal livre-arbítrio que tantas vezes as leva a fazer asneiras. Eu próprio, uma pessoa com tantas limitações, mas com um peso demasiado que aceitei com boa cara, quando me pedem ajuda, ou não pedem mas eu sei que ela fazia falta, não me deixe desanimar ou desistir. Outros que respeito dependem da minha capacidade ou da falta dela para viverem dignamente. É um peso que tenho de compartilhar, e cada vez tenho menos com quem o fazer, e ali pareceu me que alguém ouvia, ou seria o eco do meu pensamento ?

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Id Lib

Estranho nome para uma cidade. Fica na Síria país que é o que todos temos vindo a saber. Aparentemente nesta cidade têm confluído os restos de todos os insurgentes que são contra Bashar Al Assad, desde os restos do dito Estado Islâmico, da Al Nusra até aos terroristas da Al Quaeda, entre outros e a estes junta-se uma população usada como escudo protector por todos aqueles. Todos serão cerca de três milhões, dois quais existe uma grande percentagem de crianças. Aparentemente é o único grande foco de resistência ao governante, e tudo leva a crer que este e seus aliados russos preparam uma ação de grande porte visando a destruição desse foco, como fizeram em Alepo. Assim mais uma tragédia vem a caminho e segundo o secretário geral da ONU pode ser a pior de todas que já se viveram naquele resto de país. Ali não há culpados ou inocentes, apenas as populações civis estão isentas de culpas, mas sempre serão as primeiras a pagar. Para onde vão as cabeças dos seres humanos ? O "Sapiens" de que fala Harare no seu famoso livro, será que entrou em definitivo numa estratégia de auto destruição?

Regresso

Duplo regresso. Ao blog que não acompanhei como devia, ao Alentejo que não vivi como queria nestes últimos dias. Estive fora, e por fora me ia desanimando com as paisagens suburbanas. Regressei hoje e aproveitei começando a minha reintegração nos ares alentejanos. Vamos por partes, comecei a comer o cozido no Canal Caveira, onde não entrava há vários anos. Um clássico, não tanto do Alentejo, mas do inicio e fim de férias. Continuava bom, "clean", o que pra mim recomenda-se, e atento no que ao serviço toca. Depois fui descendo e ao entrar no concelho optei por uma estrada secundária por Panóias, para espreitar algo que jamais encontraria por mim. Mas caí nessa boa linguagem "cá da terra". Um cruzamento para um local apelidado de "Coito Grande". Tirei a foto da praxe, mas o caminho parece levar a lado nenhum daqueles que começam na estrada e vão se perdendo pelos campos e parecem destinados a nos conduzir à imensidão. Vi no dicionário e "coito" é o que é. Mas "couto" já seria uma terra protegida, isolada para impedir a entrada. Ali fiquei na dúvida. Daquilo que procurava achar seria agulha em palheiro. Acabei por virar pela Barragem que está uma tristeza. Acabei em Garvão onde matei algumas saudades. Tão pouco tempo e parece que não via aquela gente há mais de um mês. Parece que os locais se colam a nós e depois, não tem como descolar ???

sábado, 15 de setembro de 2018

Nesga de sol

Final da tarde no meu terraço, uma vista sobre a vila. Vista daqui apenas um grupo de casas, onde vivem pessoas, e apesar de se encontrarem numa zona mais baixa uma nesga de sol consegue penetrar e trazer luz e calor. Um prenúncio do Outono que se aproxima, o sol está quase a pôr-se e ilumina aquela pequena encosta. Por aqui a sombra. A minha casa entra na sombra a partir do fim da manhã pois está virada a nascente, embora também beneficie de um pouco de sol no fim do dia, na traseira e na entrada, onde o sol acaba por bater nas plantas que estiveram quase todo o dia na sombra. Por mim nem saí à rua. Nem pretexto nem necessidade.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Gratidão

Tenho lido por aqui muitos posts de gente que fala em gratidão, sentir se agradecido, agradecer, agradecimento, entre outras variantes da mesma palavra, da mesma atitude, da mesma postura. Tudo acompanhado por passarinhos, flores, borboletas, entre outros adornos. Devo dizer que uma das "pechas" do mundo actual é que já não se usa dizer "obrigado", o mesmo para "com licença" e idem aspas para "se faz favor". É tudo tu cá tu lá, tudo é obrigação, tudo se esquece, tudo o que se recebe é porque "merecemos" ou "temos direito", "direitos adquiridos", ou porque estão em dívida para connosco. Depois vêm encher a boca com a gratidão, depois de dar dois pontapés nas "graças recebidas" (como se diz nessa linguarejar), e desprezar "quem as concedeu". Frases feitas, lugares comuns, balelas. O mundo, em particular o virtual em que nos movemos está cheio delas. É citado quem nunca disse nada, vangloriado um guru que jamais existiu, e de resto siga em frente para receber outras "graças". De preferência "de graça". Acho "graça"!!!

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Vale a pena ?

Por vezes questiono o que seria de algumas pessoas, nomeadamente idosos, se não tivessem acesso aos apoios sociais de entidades como aquela com que colaboro. Por isso sempre que pergunto se vale a pena passar por muitas "penas e castigos", receber "mimos", ou "simples incompreensões" acabo sempre por pensar que sim. Tudo isso junto vale zero quando se compara com o acréscimo de conforto, paz, tranquilidade, companhia, que aquelas pessoas recebem, e que seguramente de outra forma seriam privados. Não podemos generalizar, sei que muitos familiares são atentos, e que muitos idosos tornam a vida dificil a quem os apoia, sei bem disso. Mas quando vejo pessoas a diambular, apoiados em pessoas, pessoas que nas suas casa recebem apoios que jamais receberiam, quando hoje me sentei e fiz um curto caminho em cadeira de rodas para saber como se vê a vida a partir de lá, e me lembrei dos sessenta e seis que se aproximam percebi algumas coisas. Percebi que não estamos livres de amanhã estarmos por ali... por isso deixemos a arrogância, o ego, ajustes de contas, saber quem tem razão. Tudo isso vale tão pouco como sei até por experiência própria

A vida parou

Mais uma morte violenta de alguém que decidiu pôr termo à vida. Traz me de novo à cabeça a prevalência destas situações aqui no Alentejo onde temos a maior taxa. Muito triste, mas ninguém tem explicação plausível, pois em todo o país há pessoas cuja vida lhes pesa como um fardo, mas resistem. Será uma questão social ou apenas temos de encarar estes casos como decisões individuais que na realidade são. A tristeza, a solidão, a falta de interlocução positiva, a falta de saúde, de dinheiro, o abandono. Mas temos situações em que nada disso está presente. Talvez sejam mais, pois para tomar uma decisão destas é preciso alguma preponderância sobre os outros, capacidade de decidir, capacidade de pensar e sobretudo capacidade de executar não compaginável com pessoas mergulhadas na depressão, a menos que de uma forma patológica, o que muitas vezes não é o caso. Não conhecia a pessoa embora conheça familiares, e fico muito impressionado com o que muito provavelmente sofrem, pois muitas vezes o acto praticado é virado contra eles que permanecem impotentes e sem saber onde falharam. A vida não devia ser assim. Mas o ser humano é insondável nos seus designios.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Amizades

Existe gente que acha que amigo é aquele que lhe diz aquilo que gosta de ouvir, ou que corresponde sem hesitar aos seus intentos, quaisquer que sejam. Por isso essa gente vive rodeada de apaniguados, que os bajulam, mas que se mudam quando não vêm interesse nisso, ou quando o bajulado "cai em desgraça". É triste ser verdadeiro amigo dessas pessoas, pois vai sempre haver o momento em que vemos que afinal apenas fomos utilizados, pois não correspondemos a esse estranho conceito de amizade, e como tal somos descartados pois já não servimos os seus interesses. Isto é verdade. Isto existe, todos sabemos que sim. Não que eu conheça alguém assim, nem pensar, pois todos os que considero meus amigos, pessoas com as quais até tenho pouco contacto, não são assim. De qualquer forma tenho medo dessas pessoas, capazes de fazer mal aos outros para se servirem deles, sem depois serem capazes darem qualquer retorno saudável. Medo pelo mal que fazem, medo pela sua ausência de escrúpulos, medo pela sua total falta de principios, medo porque são imprevisíveis, medo pela sua total falta de capacidade de auto critica. E para mim um dos maiores defeitos de uma pessoa é ela não ser capaz de se avaliar e disso tirar consequências. Cá está de novo a filosofia barata, mas melhor pensar bem nestas palavras...

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

"Impossible n'est pas français"

Não gosto nada de queixumes, carpir mágoas ou criar impossibilidades. Pelos vistos estou a dar de mim uma imagem diferente. Uma pose pessimista que devo afastar por não corresponder à minha forma de estar na vida. Até já  amigos me têm ligado alertados para este estar que não corresponde ao homem que conhecem. É verdade que este último ano me trouxe alguns dissabores, assumidos e jamais revertidos para responsabilidade de terceiros. É verdade que muitas vezes tenho ultrapassado aquilo que me parece serem os limites da sensatez, para me "atirar" ás coisas impossíveis. É verdade que já me tinham alertado para o comportamento das pessoas, mas não para o de "certas" pessoas. Por isso nada tenho de que apresentar fatura, pois esses alertas foram ignorados em consciência. Quando assim é as ações ficam com quem as pratica, e nada mais a acrescentar. Não esperem, no entanto, que assista sentado á destruição do pouco que se construiu. Não dei parte do meu tempo, saúde e boa disposição para serem queimados na fogueira das vaidades e dos egos sempre prontos a pedir o escalpe do "indio" que oferece o corpo ás balas. E digo como Napoleão "impossible n'est pas français"

sábado, 8 de setembro de 2018

Bichos e pessoas

Para a minha neta Francisca não há bicho nem pessoa. Bicho e pessoa são ambos merecedores da sua atenção, afecto e partilha. Por isso dorme com os bichos na sua própria cama, que é o chão ! Claro, bicho na cama dela não, que a mamãe não deixa ! Mas de resto o seu sucesso junto da bicharada é tratá-los como iguais, dar iguais oportunidades de brincadeira, e no fim partilhar o repouso. A minha neta Francisca é de facto uma rapariga especial. Tem um dom que lhe permite penetrar no coração das pessoas, e até no coração dos bichos. E lá permanecer. Quem dera ao seu avô partilhar esse dom junto das pessoas !!! (ah! ah! ah!)  Mas todos os avôs não dirão o mesmo ? E Deus não pode dar a todos...

Magia do silêncio

Ontem concerto da Mahler Chamber Orchestra, dirigida pelo conceituado maestro Gustavo Dudamel, na Gulbenkien. Dudamel, de 37 anos, venezuelano, para além de um maestro de projeção mundial, foi também um dos inspiradores do El Sistema, programa de educação musical que há anos tráz para a música clássica muitos jovens de bairros pobres de Caracas, com extenção em Portugal na Orquestra Geração, constituida por jovens de todas as classes sociais ( aliás na passada quarta feira Dudamel aproveitou a vinda a Portugal para um grande ensaio com essa orquestra).
Mas voltando ao Concerto de ontem, tocava-se a 3ª Sinfonia de Shubert, e a 4ª Sinfonia de Mahler, obras de um reportório romântico. Fazendo o foco na 4ª Sinfonia de Mahler, obra escrita entre 1899 e 1900, a obra musical tem quatro andamentos, sendo o último cantado, neste caso pela cantora lirica Golda Schultz. A obra tem cerca de uma hora, e a música alterna momentos de grande dramatismo e intensidade com longos períodos calmos e mágicos. Mahler não é um autor fácil de seguir e exige muita concentração e introspeção. No último andamento interveio a cantora lírica que referi. Para o final a música vai-se estendendo como a água do mar rebentando suave numa praia, intercalada com golpes orquestrais, mas a suavidade vai ganhando espaço até que a música se extingue. Aí o maestro, a cantora e os músicos ficam estáticos como estátuas, na mesma posição durante mais de três minutos. O público nem mexe. Silêncio total, profundo e intenso. A tensão está na batuta de Dudamel, e todos a respeitam. Até que o maestro deixa cair a batuta, e todos respiram finalmente. O público irrompe num imenso aplauso que durará cerca de quinze minutos, em que o maestro e a diva regressam várias vezes ao palco. Mas ninguém lhes arrancou nem uma nota mais. O trabalho estava feito. Mágico.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Medidas de auto proteção

Há pessoas que acreditam em coisas mesmo que todas as evidências as contrariem. Nem sei como classificá-las, acreditam de tal forma em si que correm o risco da arrogância, ou tão pouco confiantes na sua verdade que correm o risco de ser ingénuas. Ainda assim parece que prefiro as segundas. Isto porque acho a arrogância insuportável, e vejo-me muitas vezes rodeado dela por todos os lados. Penso que a ingenuidade é mais leve, e deixa-nos campo para acreditar mesmo nas coisas impossíveis. Pode até vencer as barreiras que as pessoas colocam há sua volta para as proteger de um mundo que as faz sofrer. É aquilo que aqui já chamei "a campânula". Eu próprio por vezes estou dentro de uma também. O problema é que as barreiras também pode ferir. Mas essas medidas de autoproteção apenas nos dão uma ilusão, pois na realidade há sempre forma de nos levar a fazer o que não queremos. Basta que não nos digam a verdade, ou que a ignoremos... que nos pintem um lindo cenário, e já agora que confiemos nas pessoas erradas. Acontece !!! Estar com as pessoas certas é o que nos protege. Mas como saber quem são elas !!!

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Amigos

Temos amigos. Amigos dos amigos. Amigos dos amigos dos nossos amigos. Na verdade estamos quase sozinhos.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Estar cansado

Tem sido o meu estado de espirito nos ultimos tempos. Uma sensação de não saber se vale a pena. Por um lado levanto-me cedo com energia e vontade de viver. Mas o dia derruba-me. Os contratempos são muitos e manifestamente não tenho muito com quem os partilhar. O peso do meu corpo como que dispara, e as pernas começam a não querer levantar o resto do corpo. E uma fragilidade toma conta de mim. A isto chama-se estar cansado. Claro o calor nada ajuda, e as minhas ocupações só atrapalham. Mas entendo que neste momento as soluções dos problemas passam por cima do meu corpo, e deixam marcas. Já tempo demais a dar o corpo às balas, e estas vêm donde não se espera. Apoios são poucos e acabo mergulhado num "inferno particular". Eu, que sou por natureza um optimista, mergulho na descrença, e a saúde acompanha. Estado fisico e emocional desatinam, zangam-se um com o outro, "guerreiam", como se diz aqui nesta terra de "Guerreiros", e claro, ambos saem a perder. Procuro corrigir mas não há correção. Pessoas que me interessam não se interessam por mim, e o tempo começa a ser curto. No próximo mês chega os sessenta e seis anos e a contagem prossegue. É como se estivesse num beco sem saída. E com uma pesada bola de ferro presa num pé. Este o meu "Tratado sobre o  pessimismo", vindo desta pessoa positiva que sou. Ou represento ?

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Museu Nacional do Brasil

Aconteceu aquilo que é uma grande desgraça para um país. Neste caso para dois, ou para muitos mais. O incêncio no Museu do Brasil consumiu muito do que é testemunho da História do Brasil, e também da de Portugal que ali se uniam num terno abraço. Visitei em 1995 aquando da minha primeira visita ao Brasil, e posso constatar a importância documental e patrimonial. Residência oficial de quatro reis de Portugal, fundado por um deles D.João VI. O edificio é muito parecido com o Palácio da Ajuda, que visitámos em Abril deste ano, e foi projectado pelo mesmo arquitecto. Não ficou pedra sobre pedra, para além de uma ruína que será quase impossivel recuperar. São séculos de História que se vão. Isto serve também para pensar acerca do sub financeamento da cultura, no Brasil e em Portugal. Segundo relatado o estado do Museu do Brasil era de grande degradação a precisar de obras urgentes, como acontece a muitos em Portugal. Quando assim é, brincamos com o fogo, e depois queimamo-nos.

domingo, 2 de setembro de 2018

Domingo "by night" ...

Muitas vezes temos uma estranha sensação de que a casa é demasiado pequena. E sendo grande, só pode ter acontecido duas coisas: as paredes reduziram-se e o espaço agora livre é menor, ou nós aumentamos de tamanho o que pode suceder fora do domínio físico. Fácil de entender, mas tudo isto que parece ficção, é bem real em certos momentos, quando a solidão nos aperta a alma, ou a rejeição nos entristece o coração. Em qualquer dos casos há que deitar a cabeça de fora e respirar, o oxigénio que nos faz falta e de que se carece, nem está assim tão disponível, ou melhor está, mas nós não lhe temos acesso. Ou porque o procuramos e não nos é dado, ou porque nem sempre o procuramos no melhor local. Quem diz local diz pessoa, pois é de pessoas que falo. Mas adiante que a conversa está demasiado hermética para o meu gosto. É bem um post de domingo à noite...

sábado, 1 de setembro de 2018

Só nós três

A relação da minha neta Francisca e seus amigos caninos tornou-se umbilical. Onde ela vai eles vão atrás, onde eles estão ela está no meio. Acompanhada de carícias, lambidelas, sestas e outras brincadeiras, está sempre ao abrigo da proteção dos animais, o Elvis e o Pongo. A empatia é clara, e nem parece que afinal estes bichos nem são dela, são da tia e do Martim, e não vivem todos os dias com ela. Ela gosta de gostar deles, e eles retribuem. Na foto a Francisca após surripiar o "tablet" de alguém mais descuidado, está instalada, fazendo dos seus amigos braços de um sofá animal. Bem instalada e bem protegida. Os animais aproveitam a folga para uma sestinha e ficam a aguardar ordens.