sábado, 31 de março de 2012

Não toquem no meu queijo...

Grande manifestação popular, que nem Jerónimo era capaz de prever, afinal sem grandes alardes, conseguiu juntar em Lisboa muito mais de uma centena de milhar de pessoas, e não é preciso a CGTP a mexer os cordelinhos, basta arranjar os autocarros. Pessoas de todos os partidos, condições sociais, idades, reformados, activos, apenas com os simbolos das freguesias, os mesmos e o mesmo espírito que leva o pessoal ver o "Gordo" ao Preço Certo da RTP1. É caso para dizer, quem se mete com os autarcas leva !!! Cuidado Relvas, não estás a lidar com o Arménio, mas com o teu próprio partido... que é muito mais perigoso.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Terraço com vista

Hoje de manhã, Ourique, Baixo Alentejo, céu nublado e a esperada chuva cai copiosamente, parece que por pouco tempo. Logo hoje que o Rally de Portugal aqui passa. Afinal a falta de chuva vai começar a ser tema de debate, desde as alergias, poeiras desérticas, medidas contra a seca da ministra das gravatas, falta de alimentos para animais, carestia da palha, falta de leite, aumento de preço do feijão verde, pastos secos, carne mais cara, subsídios em falta, culturas de citrinos perdidas no Algarve, que há anos se borrifa na dita cultura, enfim uma realidade dura mas também mais um pretexto perfeito para explicar o que já estava pensado. Com tanta água na Barragem do Alqueva, que dava para regar dois Alentejos e dar de beber a toda a bicharada, lamenta-se que só se pense em S.Bárbara quando troveja. Não teria sido melhor completar este plano de regadio em vez de fazer uma autoestrada para Beja, melhorando a estrada nacional 121, ou o aeroporto fantasma da dita cidade. Enfim prioridades...

Ondas de choque

Barafunda no PS, com imposição de disciplina de voto na lei laboral, para assegurar a abstenção. Alguns deputados parece que não a vão acatar e votarão contra. O fantasma de Sócrates continua a pairar sobre Seguro, mas é ridículo reprovar agora o que propuseram à troyca há um ano. Afinal em que ficamos? As assinaturas não servem para nada ? Percebo que, no PS, se viveria melhor sem elas, mas ainda não inventaram o verbo "desassinar". Assumam o passado, arrumem a casa, e partam para outra, nós agradecemos.

Não brincam ...

Tumultos por toda a Espanha, centenas de prisões feitas, e para a Espanha ainda a procissão vai no adro. Longe do país dos "brandos costumes", pelos menos por agora, os espanhóis mostram a sua revolta, sobretudo liderada pela camada jovem, sem esperança. O pretexto é a lei laboral, tal como aqui, mas aqui houve uma manifestação com poucas centenas de pessoas. Arménio Carlos rói-se de inveja. De qualquer forma penso que esta violência só vai acrescentar mais desespero e não ajuda a resolver nada. E já se sabia que os espanhóis não se resignam.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Já passaram 38 anos ...

Entrega de prémios da Casa da Imprensa, 29 de Março de 1974, uma grande jornada, premonitória do que aconteceria menos de um mês depois, isto é, o 25 de Abril de 1974. Aqui está um excelente artigo que merece ser lido, escrito por quem lá esteve. Eu não estive. Assim se fez História.

Código Laboral

Discutem-se alterações ao código laboral, na sequência do celebrado acordo com a UGT. Um dos temas sempre presente é a liberalização dos despedimentos. Segundo o secretário de estado, as novas normas permitirão aos empresários contratar sem termo certo ( isto é, para efectivo), pois o risco é menor. Não duvido da importância do acordo, basta ver o que se fala dele por todo o lado, mas neste ponto tenho muitas dúvidas. Ora para quê contratar sem termo se se pode contratar a prazo ? Claro que há um limite ao número de contratos, mas o que efectivamente conta é que tal como o colaborador preza o seu emprego e não o quer perder, o empregador deveria também ter "receio" de perder um colaborador quando este é bom. O problema é que o nível de desemprego actual faz crer ao empregador que pode sempre arranjar um colaborador de igual nível ou melhor. E talvez mais barato... Assim o risco é sempre do colaborador, e esta liberalização só o vai aumentar e os empregadores, cómodamente e bem à portuguesa, vão continuar, enquanto podem, a contratar a prazo.

Sinal de pobreza

No Contracorrente da SIC Notícias, uma grande defesa do papel dos médicos de família, a quem o actual ministro da saúde parece dar grande importância (será que os reconhece... e compensa pelo afastamento dos grandes centros, e dedicação por alguns demonstrada ? ). Dizia-se que o excessivo recurso às urgências é "sinal de pobreza", de grande "fragilidade" do nosso sistema de saúde. E que os portugueses têm de se habituar a que o Centro de Saúde não é apenas um "policia sinaleiro" que reencaminha pessoas, mas sim a ser seguidos por estes. Dizia-se também que o papel dos enfermeiros deveria ser alargado, acompanhar as grávidas, certos doentes crónicos, caso dos diabéticos, por exemplo. Para isso o ratio enfermeiro/médico deve ser maior, ao menos 4 a 5 enfermeiros para um médico, e que quando o nosso sistema de saúde era pior, o número de médicos era maior que o de enfermeiros, outro "sinal de pobreza".
E vêm falar em mais urgências, reinvidicar mais internamentos, pulverizar o sistema, torná-lo ineficaz. Identificar as tarefas chave e investir nelas, eis a chave do sucesso.
Nota: os ilustres intervenientes no programa eram só António Barreto e Sobrinho Simões.

Entrevista de Passos Coelho

Passos Coelho saiu-se bem na entrevista a Judite de Sousa. Controlou o ritmo apressado da jornalista, respondeu a todas as questões, sem optimismos exagerados (não valorizou a quebra actual dos juros), e transmitiu um quadro realista da situação. Agora, à pergunta "E se o desemprego continuar a subir ? " , responder logo como reação imediata  " Não é possível, pois seria um drama para os cofres do Estado" e só no fim referir "bem como seria um drama para as pessoas envolvidas" é no mínimo uma resposta desajeitada... que aliás o lider parlamentar do PS, á falta de melhor, aproveita logo para referir, como se ele só tivesse dito isso.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Porquinhos

Estava a dever a uma parede mais um quadro com "porquitos". Parece que o animal não é muito inspirador, mas na realidade o bicho é interessante e estéticamente muito perfeito. Na realidade só tem um problema, passa a vida nos pântanos mas não se lava. Mas se não fosse assim não seria porco. Em particular o porco alentejano, que anda à solta, pelos campos a comer a bolota, ou aquilo que apanha ou lhe dão, tem muita genica. Acumula menos gordura junto à pele, pelo contrário a sua gordura está na carne. E tudo se come no animal. Ficam por aqui até saltarem para a tal parede.

Vamos aprender a ser "cívicos"

O ministro Nuno Crato deu a última machadada nessa aberração chamada "Formação Cívica". Aquele ideia de que na aula de 90 minutos uma vez por semana vamos aprender civismo, só tem paralelo com a hora da "Religião Moral", ou na da "Organização Política e Administrativa da Nação", e foi introduzida pelo ensino ideológico. O comportamento cívico, ético, honesto, etc etc, aprende-se com a frequência da escola, mas também no contacto com os pais, ou no contacto com a sociedade, as autarquias, as comunidades em geral. Uma sociedade onde o civismo está ausente não pode formar bons cidadãos, por mais horas de Formação Cívica que tenham, pois esta não é estimulada. Fez bem !!!

Congresso e realidade



O Congresso Mundial do Presunto está a ser promovido como grande acontecimento aqui para a vila de Ourique em Maio 2013. É a sua sétima edição e desconheço qual a relevância real de tal evento , gastronómica, comercial ou científica. Certo que em termos económicos, para terra de poucos recursos, o que se gasta deve ser pensado e tirado todo o partido. Tem condições para isso, dada a importância da gastronomia no turismo em Portugal, onde se percorrem centenas de quilómetros para ir comer o "tal" cozido, o "tal" peixe assado, ou o "tal" presunto. Coisa impensável noutros países. Agora não se pode é dar o caso que já me aconteceu várias vezes, de, no meio de um passeio, que gosto de fazer pelas aldeias do concelho, se parar num café, numa tasca ou num restaurante e não se encontrar uma simples sandes porque o patrão ou patroa acham que não vale a pena ter pão, ou presunto, ou alguma coisa para fazer a sandes. Basta-lhes ter café, tirado duma máquina do século dezanove, já cheia de ferrugem, ou ter "mines" que o pessoal bebe de manhã até á noite, sem nada para comer. Claro que não se pode mandar no negócio dos outros, mas pode-se incentivar o turismo interno, criar condições de atracção para que as pessoas visitem, pernoitem ou passem mesmo alguns dias, e deixem dinheiro, sendo para isso necessário facilitar instalação de unidades turísticas por aqui, sem complexos, e sem ligar aos arautos da desgraça, que vêm cataclismos em qualquer iniciativa de desenvolvimento. Sem isso não há Congressos que nos salvem.

Estar desempregado ou ser desempregado, eis a questão !

Os desempregados vão ter entrada gratuíta, ou descontos significativos, em museus, teatros e outros monumentos tutelados pelo Estado. Não é que me pareça mal, mas estes "estatutos" estão reservados para pessoas que "são" e não para pessoas que "estão". Isto é, são idosos, são estudantes, são portadores de deficiência, e não, estão grávidas, estão doentes ou estão desempregados. Quer-se dizer que a tendência é que desempregado passe a ser um estado e não uma situação transitória. Mau sinal !!!

terça-feira, 27 de março de 2012

O exame da quarta classe

Aos 9 anos fiz o exame da quarta classe. Na altura fazia-se também na primeira, na segunda e na terceira, mas o da quarta era diferente, pois enquanto os anteriores eram na escola que frequentavamos, no meu caso os Salesianos do Estoril, o da quarta era na escola oficial, isto é noutra escola, e tinha escrita e oral. O exame era único em todo o país, isto é era um exame nacional. Fiz este exame em 1961, já lá vão 50 anos e ainda me lembro dos nervos e da preparação especial que se fazia para o mesmo. Quando nos apresentavamos, levavamos fatinho novo, no meu caso uns calções de fazenda e um casaco da mesma, a caneta especial do meu pai, se bem que a cópia tinha de se fazer com caneta de aparo, que se molhava no tinteiro incrustado na carteira. Para complementar, todos os alunos que ambicionavam prosseguir estudos tinham de fazer o chamado "exame de admissão", ao Liceu, para quem optava por aí, ou às escolas técnicas, quem queria ir para a escola industrial ou comercial. No meu caso fiz em ambos, pois, não fosse o diabo tecê-las e reprovar nalguma delas. O exame da quarta fiz na Escola Primária das Fontaínhas, em Cascais, o do Liceu, feito após passar o anterior, no Liceu Nacional de Oeiras, único na linha de Cascais, e o das escolas técnicas, na Escola Francisco Arruda, em Lisboa, na Tapada da Ajuda. Passei em todos, com excelentes resultados, e em Outubro de 1961, entrava no Liceu de Oeiras, numa sala pequena, na cave, para começar aquilo que na altura se chamava o Ensino Preparatório, hoje 5º e 6º anos.
Vem isto a propósito da reintrodução deste exame pelo ministro Nuno Crato. Não podia estar mais de acordo, pois penso que estes momentos de concentração, preparação e avaliação, preparam também desde cedo os alunos para a vida onde nada se faz sem avaliação, justa ou injusta, algumas vezes não a podemos controlar, e temos de estar preparados para todas as eventualidades.
Lembro-me que na altura, depois do fim das aulas, e durante uma hora fazíamos uma sabatina geral de preparação para exame em que todas as perguntas eram feitas e as dúvidas tiradas, para termos todas as oportunidades. Não me fez mal nenhum, penso que me fez muito bem, e impediu-se que alunos quase analfabetos funcionais, progridam sem a adequada preparação tornando-se elementos perniciosos à aprendizagem dos outros, pois entram na indisciplina para disfarçarem a sua ignorância.

Urgências e internamentos em Ourique

Recebi um pequeno panfleto que convoca para uma reunião que reinvidica a reabertura das urgências e do internamento hospitalar aqui em Ourique. Recordo que no passado já existiram os dois serviços, mas, primeiro as urgências depois o internamento, desapareceram. Pergunto-me pela pertinência de tal reinvidicação. Claro que se pudessemos, todos gostariam de ter à mão hospitais, escolas, fiinanças, tribunais e outros serviços públicos essenciais. Mas tal será possível ? Haverá massa crítica para uma urgência bem equipada, e que afinal, não seja apenas mais um embuste, um ponto de passagem a mais para um destino final que não será ali, porque não se pode assegurar os meios, tratando-se então de uma "falsa" urgência que apenas desperdiça meios que podem ser úteis noutro tipo de prestação? E o internamento, será que existem condições num local com poucos habitantes, pensar em ocupar médicos, enfermeiros, meios logísticos, num internamento que deve ser substituido com vantagem por um centro de cuidados continuados. Daí as dúvidas quanto à demagogia dos políticos que apoiam (ou se apoiam, cavalgando) estes movimento de genuina expressão popular, mas que requerem que se pense um pouco mais. Aqui a 12 quilómetros temos um centro com urgência e internamento, e a 50 um Hospital com todas as condições, fundamental mesmo é ter bons transportes de doentes para esses locais, e aí entram os Bombeiros que devem ter outro tipo de apoios para prestarem um bom serviço.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Os chamados rituais de iniciação

Mais um jovem de 17 anos morto em LLoret del Mar, nas chamadas viajens de finalistas, que levam para Espanha nesta altura do ano milhares de jovens, e que tantos acidentes têm provocado. Os psicólogos, os pedagogos, os agentes de viagens, os gerentes de cadeias hoteleiras em época baixa, e todas as "partes interessadas" neste negócio, falam dos rituais de iniciação. Ora nos tempos que correm estes jovens estão "mais que iniciados", já têm é "a escola toda  tirada", por isso cada vez se justifica menos esta debandada desorganizada, rumo a Espanha, onde o "risco" é a regra, a falta de precauções a norma, e a "maluqueira" a verdadeira mãe de todos os perigos. Drogas que correm, tudo "à vontadinha", e isto sem grande controlo, passe o esforço de alguns, cada vez menos, heróis professores que ainda aceitam acompanhar ou caucionar tais comportamentos. Muitos já recusam tais tarefas pedagógicas...
Não se poderia substituir tudo isto por rituais deste tipo:
1º Passar duas semanas num hospital, sobretudo ortopédico, a tomar contar de alguns jovens que lá se encontram, vítimas de "outros rituais";
2º Passar duas semanas numa cadeia, tomando contacto, com prisioneiros que se encontram a cumprir penas vitimas dos seus rituais;
3º Passar duas semanas num centro de reabilitação de toxicodependentes, tomando conta de tarefas e acompanhado a batalha contra as dependências de alguns rituais, pouco ingénuos;
4º Passar duas semanas numa quinta cuidando dos campos e animais, para se saber que o hamburger não vem de uma árvore que nasce numa quinta em Toledo;
5º Passar duas semanas num Centro de Saúde ou de Cuidados Continuados ou Paliativos, para dar valor à vida que lhes está a ser concedida;
6º Para os mais dotados passar duas semanas no Ministério das Finanças, para entender finalmente para que serve a Matemática...
Assim a iniciação seria à vida real e poderia obrigar a reflectir e a mudar comportamentos.

PS: acabo de saber que o jovem morto residia em Castro Verde, aqui mesmo ao lado. Dificil de aceitar todos os anos estas tragédias em nome de interesses tão pouco claros.

domingo, 25 de março de 2012

Posso ?

Será que um diabético pode comer uma fatia deste bolo de laranja ? Se puder quero já a minha parte. Nada que uma picadela de insulina não resolva, não é ?

O mal está feito

Não sei nada acerca deste assunto com objectividade. Vamos esperar o resultado do inquérito aberto. Mas o mal está feito. O excesso de zelo, a falta de meios, a falta de respeito pelo cidadão, mesmo do cidadão que atira pedras, copos ou garrafas, e para lidar com o qual a policia deve estar formada e bem preparada, conduz a cenas como esta passada na 5ªfeira no Chiado. Ontem era notícia no "very british" Guardian, que critica a intervenção da polícia como se no reino de sua majestade não tivessemos assistido há uns meses a cenas bem arrepiantes. Agora, o Governo arrisca-se a perder com uma simples intervenção policial, o esforço de "marketing" de meses, em que diz, e bem, que Portugal não é a Grécia, no que se trata da reacção popular às políticas de austeridade, e à ausência de violência nas ruas. A imprensa internacional quer é cenas destas que vendem jornais.
Agora reparem a nossa polícia, de "corpinho bem feito", sem capacete, viseira ou escudo protector, como é que um simples copo pode deixar de os irritar ? Será assim que se assegura ordem em manifestações ? Até na repressão tem de haver profissionalismo ...

sábado, 24 de março de 2012

Retorno ao país real

Depois de mais uma visita na "segunda casa", uma consulta, um raio X, uma ecocardiograma e um electrocardiograma e muitas análises depois, verifica-se o que se esperava, isto é, tudo está controlado. assim agora posso "deixar-me de consultas e agarrar-me aos pincéis" fazendo coisas que me dão mais gozo, e que ocupam a cabeça de forma positiva, como é o caso da pintura. E já esta manhã recomecei. Tudo está bem se acaba bem, e para já tem acabado. Assim vamos agora tratar de noutras coisas. Este fim de semana aqui em Ourique decorre a Feira do Porco Alentejano, com actividades tão estimulantes como o "Concurso Miss Piggy" ou mesmo um sonoro "Concurso de Grunhidos", onde penso que os homens imitam os suínos, espero que apenas imitação sonora... Aproveitando a onda vou agora pintar um quadro com uns porquinhos a mostrar as suas graças. Assim me associo ao acontecimento "mediático" alentejano. É o país real a lutar pelo seu lugar e a mostrar aquilo que tem e pode mostrar.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Sem surpresas ?

Hoje nova visita á minha "segunda casa". Desta vez à sexta feira, para contornar a greve de ontem, e seus imprevistos. Até já tinha saudades, pois agora o período de acompanhamento alargou um pouco. De resto o mesmo do costume, espero sem surpresas. As surpresas são indesejáveis e agora cada vez menos, se bem que a minha nova situação de transplantado e o inverno não se dêm assim muito bem. As constipações prolongam-se por meses, esta tenho há cerca de uma ano, o frio amendronta-me um pouco, e o risco de infeções respiratórias, ou outras, é real, e o inverno "caldo de cultura" para essas situações. É um ciclo que recomeça todos os meses, uma via sacra que me torna um eremita, na "catedral" de S. Marta.

quinta-feira, 22 de março de 2012

O dia em que vai acontecer... aquilo que acontecer !

O dia de segunda feira 23 de Setembro de 2013 vai ficar na história. Porquê ? Porque com o rigor de previsão com que se prevê a rota de um cometa, ou o certo inicio do Outono, o ministro das finanças, prevê o "regresso aos mercados", como se se tratasse do previsível regresso à capital depois de umas merecidas férias no Algarve. Fico pasmado, se os economistas conseguem prever com tanto rigor o futuro, porque que é que a situação actual, não foi prevista no ano passado pelos mesmos ? nem a do ano passado no ano anterior. E porque não arrepiaram caminho?
Que grande mistério a luz que iluminou agora as mentes destas luminárias.

Dia de greve "geral"

Hoje é dia de greve "geral". Apenas uma das centrais a apoia, e é vital para ela e seus novos dirigentes o seu sucesso. Para nós, a greve não adianta nada, pois não estamos em posição de influenciar nada por esta via. Mais uma vez se falará numa "grande adesão" das massas populares, e o governo tentará reduzir o seu impacto, mas boa parte das "massas" iria trabalhar se tivesse transportes. Por isso vital é parar os transportes, e é aí que tudo se decide. No entanto neste momento não se vislumbra como os seus promotores vão fazer, quando a sucessão de greves penaliza já os magros rendimentos, apesar de ser "um investimento", segundo o recém eleito lider da CGTP, assim como um "depósito a prazo" que renderá juros quando "os amanhãs cantarem". Juros esses que irão para a conta da consolidação do poder das lideranças comunistas, que há falta de nos dizerem o que fariam perante a actual situação, deixam imaginar que a solução seria nacionalizar a economia, ocupar as terras, expropriar as "grandes fortunas", baixar impostos, aumentar salários, tornar gratuitas as prestações de sáude, e outras, reduzir os preços dos transportes, renogociar dívidas para as calendas, até dizer "não pagamos", etc, etc, etc. Só não nos dizem onde iriam buscar o dinheiro para um programa tão popular.
Mesmo assim continuo na minha, a panela de pressão tem de ter um escape... senão pode rebentar, coisa que os tais líderes não vão querer, a bem da sua sobrevivência política.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Reutilizações

Os enfermeiros estão a clamar contra determinadas reutilizações de material esterilizado para poupar. Eu sou sempre contra o desperdício. Aliás considero-me eu próprio um bom exemplo de reutilização de um orgão que, ao que sei, nem sequer foi esterilizado. Neste caso, usado até é melhor que novo...

Diferenças que fazem a diferença


Sendo hoje também o dia mundial do Sindrome de Down, não deixo de chamar aqui a diferença que muitos de nós tem dificuldade em aceitar. Vivemos centrados na "igualdade de iguais", cultura da regra, da fotocópia, do ser como deve de ser, do correcto e exacto, enquanto o mundo é da variedade, da diversidade, e a diferença é a regra. Cada vez mais, ao analisar o que nos rodeia, nos apercebemos como a não aceitação do outro, com as suas características, convicções, aspecto físico, origens, está no centro de todos os conflitos, no centro do furacão que nos tem atingido. O egoísmo egocentrico, o elitismo, o olhar para o umbigo, a ideia de que a regra é a reprodução de nós mesmos, daquilo que pensamos, do nosso modo de vida, que é "universal e único", está a tomar conta das nossas vidas. Daí ser tão importante aceitar a diferença. Pensemos no que seria a nossa vida se todos fossem iguais como amibas, disformes mas iguais, que monotonia....

Viver sempre também cansa!

Talvez o meu primeiro contacto impressionante (para mim) com a poesia portuguesa. Aí pelos idos de 1970, José Gomes Ferreira, um poeta que não se cansou de viver, o auto-intitulado "poeta militante", que o tinha escrito em 1931... Nesses tempos a vida era uma canseira, havia discursos de Mussolini, bairros miseráveis e homens que soluçam, bebem, riem e digerem. Hoje os discursos são outros. Recordo-o aqui no dia internacional da Poesia, embora seja irónico agora este poema apresentado por mim, cuja vida esteve por um fio...

"Viver sempre também cansa!


O sol é sempre o mesmo e o céu azul

ora é azul, nitidamente azul,

ora é cinza, negro, quase verde...

Mas nunca tem a cor inesperada.

O Mundo não se modifica.

As árvores dão flores,

folhas, frutos e pássaros

como máquinas verdes.

As paisagens também não se transformam.

Não cai neve vermelha,

não há flores que voem,

a lua não tem olhos

e ninguém vai pintar olhos à lua.

Tudo é igual, mecânico e exacto.

Ainda por cima os homens são os homens.

Soluçam, bebem, riem e digerem

sem imaginação.

E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,

discursos de Mussolini,

guerras, orgulhos em transe,

automóveis de corrida...

E obrigam-me a viver até à Morte!

Pois não era mais humano

morrer por um bocadinho,

de vez em quando,

e recomeçar depois, achando tudo mais novo?

Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,

morrer em cima dum divã

com a cabeça sobre uma almofada,

confiante e sereno por saber

que tu velavas, meu amor do Norte.

Quando viessem perguntar por mim,

havias de dizer com teu sorriso

onde arde um coração em melodia:

"Matou-se esta manhã.

Agora não o vou ressuscitar

por uma bagatela."

E virias depois, suavemente,

velar por mim, subtil e cuidadosa,

pé ante pé, não fosses acordar

a Morte ainda menina no meu colo..."

terça-feira, 20 de março de 2012

A judiação

Esta justiça que judia connosco todos os dias. Vem agora a lume que afinal alguém confidencia, que lhe confidenciaram, que Sócrates, ao tempo, exigia uma soma "simpática" para aprovar a construção do Freeport no local que se conhece, alterando assim um parecer negativo da DGA. Ora depois de anos de ser cozido em lume brando, de ser investigado e voltado do avesso, de os srs Smith&Pedro (parecem a marca de um revolver...) acabarem acusados de extorsão, de dizerem e negarem a "Cristo" mil vezes, ainda há novidades acerca do ex-primeiro ministro. Não ponho aos mãos no fogo por ninguém, mas não será altura de por cobro a esta enorme fantochada, o que havia para dizer já foi dito, houve um tempo para falar, agora é tempo de julgar estes senhores, que segundo a acusação, terão "imaginado" esta maquinação para extorquir, eles sim, aquela soma aos seus clientes. Se assim foi só o tribunal dirá... entretanto deixem lá o homem estudar filosofia, caramba, comparado com a sua desgraçada governação afinal tudo o resto são "peanuts".

A primavera chegou

Quem diria, mas hoje às 5h24 teve inicio a primavera. Parece que o inverno nem chegou a começar, dada a forma como o tempo se tem comportado nos últimos meses. Seco, solarengo, embora frio, uma permanente primavera fresca. Daqui a pouco os campos aqui do Alentejo pintavam-se com as cores maravilhosas que tentei reproduzir nalguns quadros, mas este ano a secura não o deve permitir. Há dois anos o aspecto dos campos era o que se vê na foto, hoje tudo está cinzento e com pouca vitalidade. Era tudo o que não precisávamos. Um tempo cabisbaixo, de crise, onde não há água nada cresce e fica apenas a míngua e a troyca do nosso descontentamento. Esperemos melhores dias.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Dia do pai

Na vida foi 3 ou 4 vezes ao cinema, nunca foi a um concerto, era pessoa de rotinas, viveu a vida em silêncio, deu-me duas ou três bofetadas merecidas, não fumava, não bebia, lia pouco, fazia a barba usando lâmina e pincel, trabalhava muito e ganhava pouco, não ía de férias para fora, só teve carro quase aos 50 anos, comprou apenas um carro novo, teve televisão e frigorifico depois dos 40 anos, casou cedo, só teve um filho, percorreu a vida com discrição, não terá sido feliz, mas assegurou a felicidade dos outros, morreu de enfarte, deixou-me um coração predisposto ao ataque cardíaco. Era o meu pai.

Eu gosto ...

Uma agente da CIA bipolar, "workaholic" e muito pouco ortodoxa, um agente da CIA com ar de bom cidadão ás compras num centro comercial, um marine herói de guerra, que se converte ao Islão e põe hipótese de ser homem-bomba, um marine super atirador especial, que deve matar o vice presidente dos EUA ao serviço de um grupo islâmico radical, um chefe da CIA negro, um lider da Al Qaeda que quer o filho a aprender inglês e aloja em sua casa um marine raptado para esse efeito, um vice-presidente dos EUA com muito a esconder, esposas de soldados raptados no Iraque que se cansam de esperar pelos maridos, estas são algumas das figuras de "Homeland", série que ganhou os Globos de Ouro 2012, e que está  agora a passar na FOX sob o título "Segurança Nacional". Quem não pode ver ao vivo deve gravar, como eu faço, mas julgo que não deve perder. Dá ás segundas à noite e mostra a histeria do "securitismo" numa América republicana, acossada pelo sua própria falta de causas, e pelo queda do paradigma " América polícia do mundo". Eu cá gosto ...

domingo, 18 de março de 2012

Estarei errado ?

Hoje regressei à Barragem dao Monte da Rocha, fazer uma caminhada habitual no paredão, para dar cabo do excesso de açucar, ou parte dele, aqui mesmo junto a Ourique. Constata-se a presença de muitas auto-caravanas das várias origens, de países distintos pelas suas leis restritivas na protecção ambiental, estacionadas por ali, e onde na maioria reformados, passam dias de férias naquele local paradisíaco, onde nada se pode fazer. Não se pode pescar, velejar, nadar, mergulhar, tudo é interdito a bem da preservação não sei de que valores. Mas pode-se fazer campismo selvagem, despejar detritos, sabe-se lá como se despejam as fossas sanitárias das caravanas, tudo isso é normal, em nome de que princípios é que não sei. E não vejo gente, que tudo faz para impedir a construção ou acabamento de infraestruturas turisticas naquela zona, protestar contra estes senhores, que fazem aqui, sem pagar, sem deixar "tusto" que não seja no Pingo Doce, ou na tasca que no local representa a industria de restauração do concelho, dando dela a pior imagem. De resto tudo à borla...
Este um interior condenado a ser caixote do lixo, e se calhar, ainda feliz e obrigado, por ser visitado por tão excelentes criaturas, que só o são por falarem alemão, inglês ou holandês, e nos fazerem o favor de pelo menos não deixarem lixo no chão, pois de resto, no local nem recolha eficaz de lixo existe. Valha-me Deus... estarei errado ?

sábado, 17 de março de 2012

Borges acumula

Pode ser legal. Pode não ser incompatível. Que tem o sabão do Pingo Doce a ver com as PPP ? Pode até ser uma maneira de complementar um pequeno rendimento de 25000 euros mensais, com mais alguma coisinha, poupando dinheiro ao Estado, habituado que está o senhor a altos voos. Será o melhor economista do país, faz parte do grupo que sempre achou a política pouco rentável, onde alinha com o Dr Vitorino, pode ser um grande professor, e é. Mas acumular uma actividade na função pública, mesmo por via de uma assessoria, que não é qualquer assessoria, mas das mais delicadas do governo e directa ao primeiro ministro, fazendo dele um quase ministro, com um alto cargo privado, não é nada bonito, e é exactamente aquilo que os portugueses mais detestam. Não havia necessidade.

Como fazer uma entrevista ?

Penso que a jornalista Sandra Sousa da RTP deve estudar melhor este módulo do seu curso de jornalista. Vem a propósito da entrevista que conduziu com Francisco George, Director Geral da Saúde, e homem reconhecido pela competência, isenção, coragem e objectividade, jamais fazendo política com a saúde, embora tenha uma política para a saúde. Ora a senhora jornalista tinha duas ou três ideias preconcebidas na sua cabecinha, e para ela a entrevista tinha como objectivo levar o entrevistado a confirmar aquilo que a senhora já pensava. E que ideias eram essas? Primeira, a mortalidade nas últimas semanas era anormal, excessiva e inexplicável por razões científicas. Segunda, a causa dessa anormalidade é a situação económica e em particular o aumento das taxas moderadoras. Terceira, a responsabilidade por esta situação é dos governantes, e contra isso batatas... Assim jamais permitiu que o entrevistado explicasse a situação com objectividade, para o que vinha munido de material, que quase não conseguiu explicar, interrompia a toda a hora não deixando explicar uma ideia, e quando deixava, o seu olhar e a sua postura era de uma enorme desconfiança do que estava a ouvir, e mal podia interrompia e voltava a recolocar as "questões que os portugueses querem ver respondidas". Parece que ela era a entrevistada e o seu convidado um pretexto para ela expôr o seu pensamento.
Desde a saída de Judite de Sousa e José Alberto Carvalho a RTP está com dificuldade em suprir a falta de entrevistadores, mas não me parece solução colocar pessoas pouco preparadas. Mas se não estão que se preparem.

sexta-feira, 16 de março de 2012

A promessa

Querem saber qual a promessa mais prometida de todas as promessas feitas por ministros comprometidos com as promessas que prometem prometer ? Pois é esta "Até final desta legislatura todos os portugueses terão o seu médico de família..." Hoje o ministro Macedo fez também ele a "Tal" promessa. Para mim já não preciso pois estou bem servido e sei bem a diferença entre ter e não ter. Agora para quem não está é um ciclo que se renova. Se cumprir, então sim será um ministro diferente dos outros, um verdadeiro Barnabé... Façamos figas.

David e Golias ...

Não é meu hábito aqui comentar futebol. No entanto, o meu sportinguismo latente, e a sempre irresistível lenda do David contra Golias, trás-me aqui a sublinhar a derrota logo transformada em vitória do Sporting, ontem em Manchester. Depois a imensa falta de coisas para comemorar no universo sportinguista faz com que um jogo se transforme num feito "histórico". É assim que o meu avô, João, me ensinou, pois dele herdei esta minha preferência, que foi mais uma manifestação da admiração que por ele tinha, mas também a vontade dele de se rever num neto "preferido", pois só teve dois netos, o segundo entretanto já desaparecido. Ele ouvia os relatos da bola naquele rádio a válvulas castanho, com uma rede pela frente e rejubilava com os lances, numa altura em que o Sporting ainda era considerado verdadeiramente um grande, e ganhava uns campeonatos, e até ganhou a "Taça das Cidades com Feiras" em 1964, se não me engano, contra o MTK da Hungria, quando na Hungria ainda havia futebol a sério, promovido pelo regime comunista da altura, o célebre 1-0 do "cantinho do Morais", rejubilado no Portugal da altura, que promovia o futebol pelas mesmas razões da Hungria mas com um regime de sinal contrário. Depois disso os feitos europeus resumiram-se à final perdida contra o CSKA em Alvalade. A essa, felizmente, o meu avô João já não assistiu, pois se assitisse morreria de novo, agora de tristeza, que como se sabe é o cancro do espírito. E como se diz "Honra, dedicação e glória, eis o Sporting". Agora esperemos por outros feitos históricos, nem que demorem mais uns anitos...

Excessivamente alto Incrivelmente perto

O universo do 11 de Setembro volta a dar origem a um filme. Um excelente filme, em que mais do que a data do 9/11, estão em causa, os seus impactos posteriores, as ondas de choque causadas numa criança, filho de uma das vítimas. Esta mantinha com o pai uma relação muito especial de procura e de descoberta.
O desaparecimento do pai vai lançar um novo desafio, o desafio da procura de uma fechadura para uma chave que, supõe, o pai lhe terá deixado. Essa busca leva-o à descoberta de um mundo exterior, que modera o seu "estado" de irritante sobredotado. Afinal outras pessoas têm dramas, perdem o pai, ou mesmo nunca o tiveram. Afinal a mãe no seu silêncio também "fala" muito alto, excessivamente alto. O pai não é afinal aquela figura mediática que se lançou do alto do World Trade Center, mas alguém que desapareceu na poeira do 11 de Setembro, como milhares de outros. Bom filme, por vezes "incrivelmente" intenso.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Debate de urgência

Tenho seguido com alguma atenção os debates na AR, através da SIC Notícias, nestes últimos meses. Coitado, devem alguns pensar...
Vale a pena ver, quando se pode, para ter-mos a verdadeira noção daquilo que se diz, acerca da qualidade, já não diria dos nossos políticos, mas da maneira de fazer política.
Ainda hoje o debate de urgência acerca da questão da gestão dos fundos do QREN. Desde logo o tema, agendado pelo PS. A forma como se agendou à pressa este debate mostra que o que comanda estas decisões não será a sua maior ou menor relevância, mas o facto de ser um assunto da "agenda mediática". Assim parece ser a comunicação social quem define do que se fala, e os políticos vão atrás. É triste ver grandes partidos, deputados eleitos a fazer de caixa de ressonância das notícias, verdadeiras ou falsas das "agências de comunicação". Depois o nível do debate, salvo algumas exceções, centra-se nos "casos". Os argumentos são banais, as intervenções previsíveis, o debate de ideias não existe, as alternativas, se as têm, nas as apresentam. São críticas e críticas, por parte da oposição, como se o governo tivesse o dom de só fazer coisas erradas, ou dos partidos do governo, como se a oposição só propusesse asneiras. O tom é de irritação ou ressaibiamento, de paternalismo ou de pouca educação. Dá-se uma ideia de desgaste e desperdício de energia. De perda de tempo. As conclusões que se retiram já estão escritas à partida. Todos têm uma resposta diferente, "outro caminho", mas não dizem qual é, nem explicam porque quando foram governo não fizeram aquilo que dizem saber fazer, mas não dizem o que é.
Exasperante.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Aqui não pára o comboio

A estação de caminhos de ferro de Garvão está reduzida a um casebre, rodeada por rede para evitar acidentes (ou suicídios...) e onde os poucos comboios que passam, passam a grande velocidade, mas já não param. Penso que ainda sobra uma pequena tasca. A estação está desactivada. Os comboios ainda param na Funcheira, poucos quilómetros por perto, não se sabe por quanto tempo, mas aqui não, o tempo desta gente parou e vai ficando esquecida. Só se vai lá de propósito ou por engano, para além de algumas pessoas que ainda vivem no local, e devem recordar como seria o largo no momento da paragem do comboio.
Tentei recriar esse momento, mas não sei se consegui dar alguma ideia, mesmo que pálida. Como sempre a foto não ajuda e distorceu a imagem e tornou as cores menos fortes.

terça-feira, 13 de março de 2012

What's new pussy cat ...

Oferta a quem gosta de gatos, grupo onde me incluo, apesar de gostar de os ver no seu habitat, e não por cima do frigorifico ou metidos nos lençóis (pergunto-me se esse não será afinal o seu habitat...)
Pintei este gato a partir de uma excelente fotografia, e é mesmo o primeiro que faço. Será que saiu gato, ou outra coisa ?

O primeiro dia

Um domingo de Março de 1978, começaram as primeiras dores e algumas indicações de que a criança estava cansada da sua "zona de conforto", como se diz agora. Tinha sido um dia de domingo de sol, no subúrbio mais suburbano de Lisboa, a Reboleira, e a gravidez aproximava-se do seu final.
Perante tais sinais, decidimos que seria altura de ir até ao Hospital, com calma e sem preocupações. Final do dia, descemos do 8ºandar, e a pé percorremos os dez minutos que nos separavam da estação dos comboios da Damaia, para apanhar comboio para o Rossio. Aí de táxi até ao Hospital Particular onde o acompanhamento tinha sido feito, e onde a médica iria assistir ao parto como combinado.
Avaliada a situação, o caso ainda estava por horas, mas dado que teríamos de retornar, ficou logo ali decidido internar para prever o que se poderia passar no dia seguinte, isto após avisar a médica, que desde logo "marcou" para a manhã seguinte o parto, já nessa altura os médicos e não os bébés escolhiam o dia e a hora que mais lhes interessava.
Voltei a casa pelo mesmo trajecto e usando os mesmos meios de transporte.
Manhã seguinte, segunda feira, quando retornei ao Hospital já se estava a finalizar o parto. Pelas 8h00 nasceu, era uma menina, coisa que só se soube naquele momento, pois nessa altura as ecografias eram ainda uma miragem. Até já tinha nome. Após algum tempo já foi possível vê-la no berçário, tinha um colar no pulso, respirava com muita calma, e ao final da manhã já se pôde ver a mãe, após um recobro sem surpresas. Era dia 13, mas tinha sido sinal de sorte. O dia acabou por ser passado por ali, entre mãe e filha, pegando num peso tão leve, que parecia ainda não ser de uma pessoa. Tudo simples, tudo calmo, sem ambulâncias, urgências, dramas ou cuidados excessivos.
Vivia-se a outra velocidade e tudo acontecia com muita naturalidade, tínhamos ainda todo o tempo do mundo.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Adaptações...

Mais uma palavra que vai ficar para a história. E de quem tinha de ser, claro que tinha de ser do Ministro Relvas. Perante a chuva de empresas públicas que pedem excepções aos cortes salariais, não por terem salários de miséria, não por terem dificuldade em segurar os trabalhadores, não por terem alguma relevância social intocável, mas "apenas" por serem empresas públicas... e perante a tendência a ceder às suas pretensões, o senhor ministro diz que "não há nenhuma excepção, a regra é para todos, mas há que fazer adaptações". Ora se a política se reduzisse à semântica, bastaria trocar a palavra "austeridade" por "racionalidade", "cortes" por "reorganizações", "impostos" por "contributos", "clientelismo" por "mérito político", "privatização" por "venda a empresa pública estrangeira", e tudo ficaria no melhor dos mundos. Enfim só não convinha trocar "falta de vergonha" para que ficasse tudo ainda mais claro. O homem não se enxerga, e de nós só tem uma ideia, a de que somos estúpidos.

E ao domingo... tarde de cinema

Era um velho hábito da nossa juventude. A tarde de cinema no cinema, ou até na televisão, a côr ou a preto e branco. Encantava-me.
Ontem repetiu-se a tarde. E pelo que vi Steven Spielberg continua no seu cinema de encantar. Agora apresenta-nos "Cavalo de Guerra". Um filme que retoma a capacidade que o cinema tem de nos encantar, emocionar, de fazer reflectir, de passar mensagens, neste caso positivas, apesar do contexto ser talvez a mais mortífera guerra de que há memória, a Primeira Guerra Mundial, em que os soldados ainda encaravam a morte olhos nos olhos.
Filmes acerca de "um rapaz e um cavalo" deve haver muitos. Filmes que tratam a relações dos homens com os cavalos, são vulgares, aqui a diferença está naquele toque de magia que Spielberg sempre introduz nos seus filmes, e que é capaz de emocionar, de remeter para as grandes questões do Homem, tais como a amizade, a guerra, a irracionalidade para a qual arrastamos o mundo, a forma como usamos os recursos para destruir aquilo que há de bom e de belo. Filme sem estrelas, como aliás é hábito em Spielberg, mas imagens magistrais, e como sempre, final tocante, em que afinal tudo se acaba por regenerar. Vale a pena.

sábado, 10 de março de 2012

Cavaquismos

Pois o que é que lhe deu agora ? Os segundos mandatos dos PR costumam ser mais "intervenientes", mas a inabilidade e o mau aconselhamento estão a tornar este mandato de Cavaco numa "charada". Os acontecimentos infelizes são regra, as indirectas são a forma de intervir, as piadolas sem tino são diárias, não há nenhum assessor bem pago que lhe diga o que "não deve fazer", no mínimo ? E dos assessores, pelo passado tiramos o presente, vendo em que se tornaram alguns dos seus anteriores ministros.
Agora desancou o Sócrates... Não que este não mereça, não que seja mentira o que o mais alto magistrado da nação diz, ou manda dizer, não que tudo não seja mais ou menos expectável, agora será que o PR já pensou que pode ter de vir a governar com o PS, ainda nesta legislatura? Haveria necessidade de vir agora fazer história? Não poderia guardar para as suas memórias estes remoques ressaibiados ? Que vantagem nesta época tão dura vir agora ajustar contas quando ainda tem 4 anos de mandato pela frente? Se não gostava porque não actuou na altura ? Cavaco bom é Cavaco calado. Agradecemos que conte até dez antes de dizer estas coisas. Tem tempo para acertar contas.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Jardinismos

Então não é que o Dr Alberto João continua a isentar os madeirenses das taxas moderadoras e a obrigar os não residentes a pagar ??? será legal ? aqui os do "contenente" pagam como os estrangeiros. Agora sim os cubanos que lá põem o dinheirinho pagam e não se podem queixar. Ele há coisas ...

Crise, qual crise ?

Tenho lido por aqui que se vão realizar proximamente dois eventos bem peculiares. Um encontro sobre a transformação do medronho, em Santana da Serra, e a Feira o Porco Alentejano (vulgo "porco preto") aqui mesmo em Ourique. Interessante, enquanto em Portugal só se fala dos milhares de milhões, das dívidas, publica e privada, da crise e da austeridade, aqui no "interior desostracizado ... e desesquecido", haja quem faça pela vida com base naquilo que é genuino e natural. Esta a realidade do interior e a vantagem de nele estar imerso. A unidade de medida é outra, o desenvolvimento passa pelo trabalho na terra e naquilo que nela se pode fazer, e, apesar de tudo, o modelo de desenvolvimento, se bem que gerando muita falta de recursos, também permite pôr na ordem do dia aquilo que é local, esquecendo enquanto se pode a "baixa"política da capital. Bem hajam os porquinhos e o medronho, que para mim "doente profissional" não servem, e é pena, uns por excesso de gordura outro por falta dela...
Na imagem pode-se ver o pequeno fruto... bonito não é ?

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mas que linguagem

O pior da política da anterior legislatura está a regressar. Já o debate de ontem mostrou bem que a política do fait-divers, das acusações e contra-acusações, do "nós é que somos os bons", está de novo de regresso, passados uns meses de luva branca, em que os partidos sabiam o estado de país e lembravam-se de como o arrastaram para o abismo. Agora tudo como dantes, já há "folga" para um PSD com poucas ideias para além da ideia chave da austeridade, e a abrir caminhos dúbios, como é o caso da "excepção" da TAP, ou do pagamento à Lusoponte, e um PS a pedir o céu, mas sem fazer qualquer ideia de como lá chegar.
Vem agora o sr deputado Luis Meneses acusar o PS de "chafurdice política" e isto a propósito do caso Lusoponte que deixa muitas dúvidas. Ora valha-me Deus, não havia necessidade Dr Meneses, um jovem e promissor político, filho de uma grada figura que devia respeitar, já na sua primeira legislatura a utilizar esta linguagem, deixa antever um futuro na "política à portuguesa" que é igualzinho ao passado, quando se esperaria de si um corte com aquela maneira de fazer política.
O eleitor não gosta, e cada vez se interessa menos por este tipo de deputados, veja lá sr deputado Meneses, cuide-se ou vai parar aos 35% de jovens, que mesmo tendo licenciaturas, mestrados, doutoramentos, sabendo derivar, integrar, e fazer o pino em cima de uma agulha de cozer, estão no desemprego. E não dizem estas asneiradas.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Europa solidária... querias !!!

A semana passada ficou marcada também pela "krugmania", pois o nobelizado economista, guru da esquerda ligeira, esteve em Portugal, para receber de uma assentada três doutoramentos... Aqui não ousou os prognósticos mais pesados, mas aligeirou a coisa, que Portugal teria 75% de hipóteses de se manter no euro, que a economia teria de ser mais competitiva e que o salário em Portugal deveria ser 20% mais baixo que na Alemanha, coisa que ninguèm percebeu, pois já é, ou então defenderia a baixa do actual em 20%. Ouvi no entanto uma análise bem mais interessante. Em vez de descer salários em Portugal porque não sobem os salários da Alemanha, Holanda, Finlândia, os ricos do costume ? Seria um gesto de solidariedade, apreciado por todos, pois ao que parece mesmo nesses países os salários não têm subido apesar de tudo. Isso permitia relançar o consumo nesses países que podem pagar, e indirectamente aumentar as exportações dos "pobrezinhos" que bem precisam de políticas expansionistas onde tal seja possível. A par da detestada "mutualização" da dívida, aqui estão medidas que mostrariam uma Europa solidária.
Receio no entanto que o que esteja na forja sejam três Europas em gestação. Uma com o "euro gold" onde se agrupem os ricos do norte, outra com o "euro de lata" onde se agrupam os pobretanas do sul. A esta junta-se uma terceira sem euro nenhum, onde se juntam os expertos que não quiseram o euro, atrás do seu chefe de fila Reino Unido conservador e americanizado.

terça-feira, 6 de março de 2012

Os novos anos 60

A primeira vez que fui a Paris, em 1973, com o Inter Rail, lembro-me bem da viagem de comboio, cheio de emigrantes, a partilhar garrafões de vinho, canja de galinha em grandes panelas, guisados, broa, a dormir no chão de um comboio apinhado, casas de banho entupidas de excrementos, em cima das tampas das sanitas, alguns dormiam sentados, apesar do cheiro insuportável. Em Paris e noutros locais que visitei, via-se a emigração a abrir valas nas ruas, que para além de portugas abrangia espanhóis, italianos, numa época em que a emigração do Magreb ainda era insípida.
Vem a propósito da reportagem emitida ontem na TVI, "Reporter TVI", acerca da emigração para a Suiça, um antigo El Dorado, hoje foco de enganos, para muitos, que só a caridade de alguns permite assegurar a sopa e um tecto que não seja debaixo das temperaturas de 18 graus negativos.
E as imagens são, infelizmente, parecidas com as que vi há 40 anos atrás. E já lá estão também os espanhóis e italianos, durante anos afastados destas lides, e tidos por povos ricos, nomeadamente os italianos.
Imagens fortes de gente enganada por engajadores, portugueses sem escrúpulos que por uns 100 euros para "tratar da papelada", fazem gente abandonar as suas terras sem nada, e ir à aventura, confiantes numa palavra dada. E continuam a publicar anuncios a publicitar o que não existe, empregos a ganhar 2000 euros quando os desempregados e indocumentados abundam no local sem conseguirem nada para assegurar a sobrevivência, e vivem de esmolas em abrigos nucleares desactivados. Impressionantes imagens de gente que se apeia antes da fronteira para a passar a salto, no meio da neve, pois nem documentos válidos possuem. Imagens de novos anos 60 que jamais imaginava pudessem repetir-se numa Europa "desenvolvida".
Uma bela reportagem que vale a pena rever, pois deve estar disponível no You Tube.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Empresta lá uns pensos ... rápido !

Segundo a imprensa de hoje o Hospital Garcia da Orta para realizar cirurgias tem de pedir compressas emprestadas. Uma dívida de um quarto de milhão de euros por pagar há 19 meses, levou a corte de fornecimento. Isto mostra o estado a que chegámos, e a urgência das medidas que estão a ser tomadas para sanear o SNS. Pagar é a necessidade primeira, e sem crédito, como no passado, não há como pagar com rapidez. Por isso um plano de regularização das dívidas da saúde, reduzir custos, poupar onde for possível, mobilizar para a saúde alguma "folga" que exista, é o que tem de ser feito sob pena de amanhã não termos SNS, ou seja ter mas não servir para nada ! Só não vê que não quer ver !

Um político assume-se

Terminada a leitura deste último livro de Mário Soares, aqui uma pequena nota. Se este político não se assumisse não sei quem em Portugal o poderia fazer, isto quando alguns dos políticos preferem dizer que nem sequer são políticos profissionais, apesar de passarem dezenas de anos na política, e boa parte deles em governos, assembleia ou artarquias, isto porque têm a noção da baixa imagem que têm junto da população. Mário Soares, antes pelo contrário assume-se aqui com a imagem que todos deles conhecem.
A parte relativa aos anos antes do 25 de Abril, e a que vai até à primeira presidência é sem dúvida a parte interessante do livro. Não que sejam divulgadas coisas que quem seguiu essa época não saiba já, mas pela visão que transmite de continuidade da sua luta pelo que sempre defendeu, uma democracia, a que outros chamariam burguesa, um socialismo democrático, a que outros chamariam traição aos trabalhadores. Contra esses outros sempre se bateu, e isso fica claro, antes e depois do 25, e o livro mostra também como os seus adversários, prevendo sempre a sua derrota, se enganaram redondamente, por vezes contra os prognósticos que o davam derrotado, seja Salazar, Marcelo ou Cunhal.
Falo à vontade, pois na casa dos 20 anos na altura do 25, vivi aqueles anos de forma intensa, sempre no lado oposto ao de Mário Soares, sobre o qual tinha a pior imagem em 74/75/76. Hoje reconheço o engano, na realidade as ideologias utópicas que eu defendia na altura mostram hoje que faliram há muito, e a nada conduziriam, senão a mais desgraça, guerra civil e miséria social igualitária. Mário ganhaste !!!
Continua a ser uma referência de uma esquerda do "possível", "socialista" na perspectiva social, políticamente um realista.
O restante do livro mostra um presidente que se entronizou, e um ex-presidente que distribui charme em todas as ocasiões, não sem referir ainda as últimas experiências políticas de parlamentar europeu, e de candidato presidencial, que nos procura explicar como pode, sem se entender muito bem, nomeadamente essa célebre candidatura.
Livro de 500 páginas que se lê num ápice, prometendo continuar a intervir apesar dos seus 87 anos. Caso raro neste país.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Fregueses

Foi aprovada com os votos favoráveis PSD CDS a lei que vai permitir reestruturação das autarquias ( onde se lê autarquias leia-se freguesias, pois os municípios aqui assobiam para o lado...)  Desde logo é lamentável que os municípios não possam ser postos em causa porque "é mais delicado, e tal..."
Quanto ao resto já sabemos que o inevitável Relvas, em todas as arenas fala, fala, mas ainda não disse nada, nomeadamente o que fizeram para negociar com o segundo maior partido autárquico, e "autor" moral da ideia, pois foi o PS que colocou no memorando da troyca a frase "redução significativa de autarquias". Quanto a este, Seguro não resistiu ao mais fácil, e, apesar do que ficou atrás dito, se não queria votar a favor (isso não podia ser, pois feria o axioma básico da nossa política que é, medidas boas são só as que nós mesmos propomos... mesmo que os outros proponham o mesmo), podia ter-se abstido. Agora votar contra uma coisa que eles consideravam bom há um ano, não se percebe. Caso para dizer para uns e para outros, grandes fregueses.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Chuva

O Ministro da Economia veio comentar em conferência de imprensa a chuva que começou a cair. Porquê Álvaro? Será que foi mais uma das reformas estruturais deste Governo ? Se foi já foi tarde ...