Aos 9 anos fiz o exame da quarta classe. Na altura fazia-se também na primeira, na segunda e na terceira, mas o da quarta era diferente, pois enquanto os anteriores eram na escola que frequentavamos, no meu caso os Salesianos do Estoril, o da quarta era na escola oficial, isto é noutra escola, e tinha escrita e oral. O exame era único em todo o país, isto é era um exame nacional. Fiz este exame em 1961, já lá vão 50 anos e ainda me lembro dos nervos e da preparação especial que se fazia para o mesmo. Quando nos apresentavamos, levavamos fatinho novo, no meu caso uns calções de fazenda e um casaco da mesma, a caneta especial do meu pai, se bem que a cópia tinha de se fazer com caneta de aparo, que se molhava no tinteiro incrustado na carteira. Para complementar, todos os alunos que ambicionavam prosseguir estudos tinham de fazer o chamado "exame de admissão", ao Liceu, para quem optava por aí, ou às escolas técnicas, quem queria ir para a escola industrial ou comercial. No meu caso fiz em ambos, pois, não fosse o diabo tecê-las e reprovar nalguma delas. O exame da quarta fiz na Escola Primária das Fontaínhas, em Cascais, o do Liceu, feito após passar o anterior, no Liceu Nacional de Oeiras, único na linha de Cascais, e o das escolas técnicas, na Escola Francisco Arruda, em Lisboa, na Tapada da Ajuda. Passei em todos, com excelentes resultados, e em Outubro de 1961, entrava no Liceu de Oeiras, numa sala pequena, na cave, para começar aquilo que na altura se chamava o Ensino Preparatório, hoje 5º e 6º anos.
Vem isto a propósito da reintrodução deste exame pelo ministro Nuno Crato. Não podia estar mais de acordo, pois penso que estes momentos de concentração, preparação e avaliação, preparam também desde cedo os alunos para a vida onde nada se faz sem avaliação, justa ou injusta, algumas vezes não a podemos controlar, e temos de estar preparados para todas as eventualidades.
Lembro-me que na altura, depois do fim das aulas, e durante uma hora fazíamos uma sabatina geral de preparação para exame em que todas as perguntas eram feitas e as dúvidas tiradas, para termos todas as oportunidades. Não me fez mal nenhum, penso que me fez muito bem, e impediu-se que alunos quase analfabetos funcionais, progridam sem a adequada preparação tornando-se elementos perniciosos à aprendizagem dos outros, pois entram na indisciplina para disfarçarem a sua ignorância.
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