sábado, 24 de maio de 2014

Amadurecer

Vi agora mas já tem um ano e ganhou o Festival de Cannes 2013, "A vida de Adéle", do realizador tunisino Abdellatif Kachiche. O filme acompanha o amadurecimento, o crescimento, a descoberta da sexualidade mas da vida como ela é, de uma jovem, Adéle. O filme não é apologético, não defende causas, não justifica nem explica, apenas acompanha e mostra. Claramente um filme para gente sem preconceitos, que nos deixa partir da certeza para a dúvida, e da dúvida para a certeza de que a vida é um caminho que se aprende caminhando. Está já em DVD.

Minha reflexão

Estamos  no dia da reflexão, se os espanhóis deixarem. Após longa ausência, retomo e partilho com os que quiserem a minha reflexão. Vamos ver, as hipóteses de voto, pois nem me passa pela cabeça não votar, ou votar nulo ou branco. Poderia votar no PS, gosto muito do Assis, mas detesto o Seguro, um mestre do lugar comum, um homem sem ideias, que só quer agradar, a lista é a melhor de todas, com nomes muito bons, basta pensar em Elisa Ferreira ou Maria João Rodrigues, mas ainda não esqueci a forma socrática de fazer política, que nos conduziu ao desastre, a sua postura arrogante, mentirosa e autocrática, um homem detestável num partido que o apoiou sem reservas nem crítica. Poderia votar na Aliança, reconheço qualidades em Rangel, e reconheço que muitas das medidas seriam inevitàveis, mas durante 3 anos este governo foi incapaz de afrontar os grandes interesses, e fez tudo recair sobre os mais indefesos, por isso e por outras não merece o meu voto. João Ferreira surpreendeu pela positiva, mas a CDU é uma aberração, anti Europa, anti Euro, e afinal nasce nos confins do totalitarismo soviético, e essa herança eu nunca esquecerei, por isso, apesar dos cantos de sereia, continuam os mesmos, apesar da grande simpatia do Jerónimo, o avô que todos os netos gostariam de ter. E a CDU não precisa do meu voto, já tem 2 deputados e 2 ou 3 não faz diferença. Resta o BE, do qual discordo, mas reconheço que Marisa Matias foi uma boa deputada, sucedeu bem ao malogrado Miguel Portas, e penso que a delegação de deputados portugueses ficaria mais pobre sem o BE, e nada garante que a Marisa seja mesmo eleita. Por isso vou dar-lhe o meu voto, embora não partilhe as suas ideias, reconheço que é uma das vozes mais ponderadas do BE, ao lado de Semedo, e merece ser eleita. Ainda por outra razão, com o meu voto ajudo a que o CDS perca um deputado, e faço justiça a Diogo Feio, para mim um dos melhores deputados portugueses do Parlamento Europeu, e que agora é substituido por uma desconhecida, não sei se por vontade própria. Assim vou votar na Marisa (não no BE...) e espero que outros também votem, pois nos 21 deve estar a Marisa. Quanto aos partidos ditos pequenos, que continuem pequenos, não penso que acrescentem nada ao debate. E o Marinho e a sua verborreia populista não nos faz falta.

sábado, 10 de maio de 2014

Terraço

Dois fins de semana, um deles alargado, passados no hospital ainda servem para valorizar o meu terraço neste fim de semana de sol. Certo que agora lido mal com o sol, que quase me tira a visão por completo, mas o sol não tem culpa, pois até a luz do ecrã do computador me encandeia... é triste a oftalmologia deixar alguém chegar ao estado em que vou entrando pouco a pouco, e Deus sabe qual o limite. Mas deixemos as queixas e voltemos a terraço onde este vaso de rosas pequenas, anãs ou como lhe queiram chamar florescem. Foi oferecido há muitos anos e vai sobrevivendo às intempérides, para renascer na primavera como se nada fosse, e agora até me faz companhia na solidão da planície, onde pouco parece passar-se. A casa, o terraço e as flores abrem janelas numa vida que tende a tornar-se pouco suportável, são estas pequenas janelas por onde entra uma réstea de luz que ocupam a mente, e rompem o isolamento. Ainda bem que existem.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

SNS ( versão pós-troyca), uma crónica pessoal

Após esta estadia pelo hospital público a que chamo "a minha segunda casa", e onde sou sempre muito bem tratado pelo pessoal, pois sou um utente "fidelizado" há sete anos, devo confessar que estamos já perante algo diferente, com as medidas que não ferindo o essencial da função hospitalar, atingem o conforto dos doentes. É a saúde pós-troyca. Vejamos alguns exemplos. Começamos pela manhã, ao tomar banho temos de nos limpar a lençóis da cama, pois não existem toalhas, e preparar para procurar gel de banho que escasseia, e nos banheiros a falta de renovação transforma-os em "piscinas", pois a água escorre para fora, e desleixo gera desleixo, o desleixo dos utentes acaba por tornar tudo numa enxovia. Assim melhor tomar banho cedo, levar gel de casa e pedir à familia toalhas de banho. Já agora comprar uns pijamas, pois os que fornecem vieram da prisão de Alcoentre... A meio da manhã acabaram com um iogurte que era fornecido pelas 11 horas, assim comida só ao almoço. Apenas se exceptuam os diabéticos ( me !!! que sorte...) que mantêm este "casse-croute". O pessoal corre dum lado para o outro, pois houve reduções, mas mais do que isso é nitido que a desmotivação impera, o que em alguns afecta o desempenho, com impacto no doente. Têm de dar a cara por decisões que os ultrapassam. Felizmente não faltam medicamentos, nem equipamentos, mas falta "alma". Os medicamentos hospitalares que se trazem para casa, como no meu caso, só são dados para um mês, o que implicaria deslocações, dispendiosas para quem mora longe. Claro que a acção gera reação, e eu que já sou "rato hospitalar", encontro sempre estratégias para contornar estas "pedrinhas na engrenagem", que provocam o efeito contrário ao pretendido por estes que vêm a gestão da saúde como a "gestão de uma fabrica de sabonetes". Mas o essencial salva-se, os cuidados de saúde são bons, e os exames fazem-se sem restrições, falo por mim que neste periodo fiz duas ecografias, um TAC, um Dopler, um cateterismo (onde sofri como um cão...), um ecocardiograma, um RX, um ECG, e muitas dezenas de análises. Fiquei de "papo cheio", espero que a troyca não saiba... assim a saúde pós-troyca é igual à outra, mas em versão "desconfortável", esperemos que fique só assim !!!

Regresso a casa

Após duas semanas e tal de internamento cá estou de novo. A sensação é estranha pois em  muitos aspectos sinto-me pior, nomeadamente a visão que se degrada. Escrever este post é dificil, coisa que há quinze dias não o era da mesma forma. Os edemas nas pernas quase desapareceram, mas na face e olhos permanecem, perturbando a função já degradada por cataratas que aguardam intervenção, que não se deve fazer devido a inflamação permanente nos olhos, e não se pode por falta de disponibilidade. Enfim problema meu e do SNS. O sol no Alentejo está intenso e melhor alguns minutos deste sol do que dias estendido na cama do Hospital, a viver ou assitir ao dramas dos outros, o que nada ajuda a suportar os próprios. Tive a ajuda da minha filha para o regresso a casa, muito apreciada por mim, pois é bom conhecer o interesse da familia, curta, mas é a que tenho. Aqui estou bem, desde que não se sinta risco, e agora não o sinto, apenas sofrimento sem risco. Tudo bem, há que expiar as penas, e Deus guarda-nos mensagens muito fortes, para nos mostrar e de certa forma antecipar, o juizo que faz de nós. Não sendo religioso, era mais fácil se o fosse, acredito numa força qualquer que movimenta aquilo que nos vai sucedendo, Lego gigante em que nos encaixam, sendo a doença aquela pedra que destoa da perfeição. Regresso a casa, o banco ficou outra vez ocupado, obrigado a quem por palavras, pensamentos ou actos se preocupou, e desculpem lá a filosofia.