sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Vitorino, 35 anos

Vitorino comemora este ano 35 de canções, com espectáculos na próxima semana nos Coliseus. Um dos mais originais e bem vincados autores e intérpretes da música portuguesa, pela originalidade da obra, das raízes que procura manter e do vínculo que mantém com o tango, bolero ou música cubana. O ar "retro" e algo "decadente" da sua música é uma imagem de marca bela e inconfundível, que me encanta. Aliás, o texto que serve de sub título a este blogue é de uma das suas mais belas canções chamada "Sul", fica aqui para recordar.

As sombras do passado

Acabei de ler "A sombra do que fomos" de Luis Sepúlveda. Tinha prometido a mim mesmo ler mais deste tão popularizado chileno, e gostei deste pequeno livro, aliás os seus livros são todos pequenos na dimensão, coisa para 150 páginas no máximo. Sem ser uma visita saudosista ao passado, é um livro acerca de um "remake" de um assalto, com motivações ideológicas. Percorre-se assim alguns estereótipos da esquerda revolucionária dos final dos sessenta, algumas contradições e muitas intervenções políticas hoje risíveis... como aquela da fábrica de produção de frangos ocupada pelos trabalhadores parada e bloqueda pela greve na fábrica de rações... ou do assassínio através de um gira discos. Vale a pena ler e pensar o que fomos, aqueles que alguma vez  alinharam pela esquerda revolucionária e gritaram os slogans a plenos pulmões mas com pouco músculo.

Macedo começa a levantar o véu

Maquiavel escreveu que "as más notícias devem ser dadas todas de uma vez". Parece não ser esse o princípio do ministro Macedo, a menos que esteja convencido que esteja a dar boas notícias, pois as novidades parecem não ser tão más como se pensava. Para já começou a levantar o véu das taxas moderadoras, e aí o bom senso parece imperar. Este homem parece-me que pensa nas coisas antes das anunciar e aconselha-se com quem sabe, coisa que não é para todos os ministros; alguns até sabem, e dão cada argolada, ver o ministro Crato na Educação. Assim, as taxas vão subir, já se sabia, mas os limites da isenção sobem também. Por outro lado as isenção dos doentes crónicos só se aplica aos actos associados à doença que origina a isenção, o que parece razoável, embora possa colocar problemas operacionais para distinguir bem quando é que as situações são separáveis. Ainda decidiu não introduzir os rendimentos no valor a pagar, o que me parece justo, pois se os rendimentos são diferentes, os descontos feitos também são muito diferentes. Continuo sobretudo com receio do que vai passar com a comparticipação nos medicamentos. Para já o bom senso imperou.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Miles Davis, 20 anos

Passam hoje 20 anos sobre a morte do trompetista Miles Davis, talvez um dos mais completos e controversos músicos do século XX. Acompanhou e liderou todas as grandes correntes do jazz, as mudanças que se operaram, sempre no topo, mesmo quando criticado ou menosprezado, o que sucedeu nos finais da carreira, pioneiro, correndo riscos, acomodado era palavra que não se lhe aplicava. Vi-o apenas uma vez, em 1971, quando de rompante, abriu o Festival de Jazz de Cascais, na sua primeira edição, e era acompanhado, entre outros por Keith Jarret no piano eléctrico. Exerceu sobre os que o víamos um impacto tal que esse momento marcará decerto as nossas vidas. Sem receios introduziu os instrumentos eléctricos no jazz, misturou o jazz com a pop, o que lhe valeu acusações dos mais puros, mas nunca foi acusado de o seu som ser não reconhecível. Distinguiu-se de todos os outros, marcou terrenos, diferenças, estilos próprios, fez-se acompanhar dos maiores músicos, ele próprio tocou com os maiores, desde logo com o lendário Charlie Parker. Um grande entre os grandes.

Meia Noite em Paris

Novo filme de Woody Allen que tive oportunidade de ver. Mais um dos filmes que conta com o "patrocinio" de uma cidade, tal como o Vicky Cristina Barcelona, mas permanece para mim a imaginação delirante do seu autor. O Woody Allen está lá, embora "esbatido". A magia de Paris, que catapulta o protagonista para viagens no tempo, em que contacta com o melhor dos anos 20 na cidade, enquanto a sua noiva vagueia na realidade de hoje, rendida às palestras pedantes de um perito em "quase tudo". A cidade impõe-se afinal, também, por ser a que melhor acolhe a cultura americana, e a que mais fascínio sobre eles exerce. Sem ser dos maiores de Woody Allen, mata a sede de entretenimento inteligente, quando estamos esmagados pelas superproduções ou pelas tonterias.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Afinal o ministro existe...

Depois de muita gente se questionar acerca de saber se Alvaro Santos Pereira existia ou era apenas um autor de livros de economia (pseudónimo doutra pessoa), um desses livros estou ainda a ler, e que não teria existência real, parece que o mistério se esclareceu, ontem surgiu no Prós e Contras, existe mesmo, e parece que tem estado a trabalhar no recato do seu super ministério 3 em 1, Economia, Transportes e Comunicações e Emprego. Saído do recato não tive oportunidade de o ver, pois o sono atirou-me para local mais confortável que o sofá da sala. No entanto de manhã esperava novas, e não são nada de especial. Mais uma versão do TGV que agora deixou de o ser, passando a Comboio Grande Velocidade, agora em bitola europeia e em duas linhas, a partir de Aveiro e a partir de Sines, mercadorias, mas não sei se com passageiros. Enfim, os espanhóis devem estar totalmente baralhados com tantas alterações, hesitações, hoje isto amanhã aquilo. No entanto ainda parece pouca coisa para quem tem tantas ideias, a fazer fé nos seus livros, e após 100 dias de tanta reflexão. Esperemos para ver que mais virá. Sabemos que é da Economia que pode vir a salvação, mas para já "com palavras destas as esperanças são poucas"...

Todo o tempo

Novo interregno. Entretanto a consulta de rotina da semana passada correu bem, nada de anormal terá sido detectado, a menos os rins que parece estarem um pouco "cansados" de alguma da medicação que os castiga, tal como os diuréticos. Daí estarem a reduzir moderadamente a sua eficácia. A maneira que escolhi para me deslocar, em transportes público pela primeira vez, também resultou, embora cansado cheguei bem, e não mais cansado do que quando me deslocava com os bombeiros. Os problemas da coluna, embora lentamente, estão a querer ser menos penosos, e a permitirem o retorno de uma mobilidade esquecida. Agora a recuperação global é lenta, mais lenta do que poderia imaginar. Mas como tenho todo o tempo do mundo, há que esperar, pacientemente, sem ansiedade.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um cheirinho de oposição

O fim de semana fica marcado pelas "bocarras" do senhor das ilhas. De desculpabilização, vitimização, pretexto de vingança, confissão de acção propositada, combate político contra maçons, cubanos, a mafia, a internacional socialista, se fizeram as intervenções do tal senhor, que empurra com a barriga as dívidas, com a complacência dos políticos do "arco da governação", nomeadamente PS e PSD, que ao longo dos anos adoptaram uma atitude cooperante. O CDS, curiosamente tem-se demarcado mais.

Agora temos oposição, uma novidade, e Seguro tem-se esfalfado em intervenções, procurando tirar partido desta autêntica mina. Mas é tal a pobreza do discurso, a ausência de ideias, que Seguro só parece o que é. Um político manietado e sem ideias para o país, sempre pronto para dizer aquilo que pensa que as pessoas querem ouvir. E que dizer de um senhor, candidato do PS a lider do Governo Regional da Madeira, que veio invocar a noção de "dívida viciosa", para justificar a ideia peregrina de que o melhor que a Madeira tem a fazer é não pagar a dívida escondida ... De candidatos a Presidente do Governo Regional estamos bem aviados. O melhor é chamar o Coelho... pelo menos ainda tem piada.

Um pouco de normalidade

Agora de periodicidade mensal, continuam as consultas de rotina para verificar o estado global do "novo" coração e das "ilhas adjacentes", outros orgãos que num transplantado correm risco, como fígado, rins, entre outros. Desta vez uma novidade, vou tentar o transporte público para a deslocação, pela primeira vez. Devidamente protegido vamos tentar ir como "uma pessoa normal". Aliás estou a tentar entrar nalguma normalidade, pois já vai fazer esta semana um ano sobre o primeiro dia de internamento, que conduziu ao transplante, dia 21 de Setembro. Não dá viver na redoma, sentir a complacência, reconhecer o rosto da incapacidade estampado, identificar os limites, conviver com a impotência, isso não dá. Melhor arriscar um pouco, num risco controlado e com rede. Veremos.

sábado, 17 de setembro de 2011

Nascimento de uma ponte

Terminei a leitura. Não me entusiasmou.  Trata-se de uma romance que relata a construção de uma ponte, num qualquer Far West, onde um autarca quer deixar obra (onde já vi isto?), o tal Jibóia ... Mas a ponte é algo mais que uma ponte. É uma ligação entre uma cidade- selva (Coca), e a zona dos excluídos (Edgefront), entre o grande técnico da obra, e a mais simples das operárias, entre os interesses de uns, que serão prejudicados pela obra, mafias dos transportes no rio, ecologistas que protegem espécies, índios, e de outros que dela retiram dividendos. Entretanto a ponte cresce e conclui-se no cruzamento de caminhos, físicos, de betão, e também dos caminhos das pessoas que de uma forma ou de outra nela participam.

A propósito de livros, abandonei a leitura do "Cemitério de Praga" de Umberto Eco; não posso dar opinião pois não senti motivação para ler mais de 50 páginas, é daqueles livros que "poderei ler mais tarde", agora não...

A Madeira é um Jardim ...

Durante este fim de semana apenas se fala desta personagem de opereta, e o PPC levou agora o seu segundo "murro no estômago", por um longo braço que acertou em cheio no pior local e no pior momento ( na Polónia, e quando se faziam elogios ao esforço da nação...)

Agora parece que se começa a perceber porque é que a tal personalidade da ilha tem sucessivamente adiado a sua saída da vida política activa, pois precisava de ganhar tempo para poder mascarar todas as "trocas e baldrocas" que engendrava, para deixar obra. Não podem é dizer que não sabiam. Todos os políticos assobiavam para o lado, e procuravam não ver o que era óbvio. Quando se continuava a fazer obra, mesmo quando tal estava interdito, sabe-se que de alguma maneira se vai pagar.

Verdade que afinal Sócrates fez o mesmo, mas explicaremos o mal de uns com os erros de outros?

E não se pode responsabilizar tal personalidade, pois só politcamente tal é possível e aí sabemos como as coisas se vão passar.

Mais uma vez pergunto, e não se pode exterminá-lo com Dum Dum ?

Longa interrupção

Há cerca de uma semana que não regresso aqui aos posts habituais. Estive num local onde não disponho de acesso, e ainda não aderi totalmente à internet móvel. Para mim ainda tem os pés assentes na terra. Entretanto reiniciei as aulas de pintura, fui a primeira vez, depois de mais de um ano à Biblioteca de Lagoa, e deu para rever alguma pessoas que me são gratas. Valeu a pena, mau grado algumas dificuldades. E ainda deu para passar na praia, no entanto as marés vivas de Setembro, e algum vento, tornaram essa ida apenas numa sainda para respirar ar do mar, pois quase não se saiu da esplanada do bar da praia. O Algarve agora está a esvaziar de gente, e nem um décimo das pessoas por lá permanece. Melhor para nós, os felizes que podem usufruir da época baixa, e rejeitar, por opção a época alta.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Macedo e a desinformação

Compreendo que as medidas a tomar são complicadas e que ninguém gosta de ser portador de más notícias. Mas se a isso se junta a desinformação, muitas vezes programada, estamos pior. Vem a propósito das "medidas" anunciadas ontem de corte nas comparticipações de vacinas, pilulas anticoncepcionais e outros. Durante todo o dia foi anunciado como facto, as pessoas vão pagar vacinas, as pilulas também, os abortos vão aumentar, a educação para a sexualidade saudável, etc,etc,etc. Ora vamos a ver:

1. É apenas e por enquanto uma proposta do Infarmed ao Governo.
2. As pílulas permanecem gratuítas para quem vá aos Centros de Saúde nas consultas programadas para o efeito.
3. As vacinas permanecem gratuitas para quem vá aos Centros de Saúde nas datas apropriadas para todas as que estão no Plano de Vacinação, incluindo a da gripe e a do colo do útero.
4. Estivemos assim o dia todo a ouvir "não notícias". Pode até vir a ser notícia, mas por agora não.

Estas informações foram prestadas por Francisco George, Director Geral da Saúde em vários Governos. No entanto, jornalistas, comentadores, pivots de noticiários, políticos, público em geral, ignoraram tal precisão. Ouve-se metade, ignora-se, e faz-se romances à volta da metade que não se ouviu. Assim estamos. Já basta as más notícias quanto mais agora ainda as "não notícias"...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Macedo no Parlamento

Como já se deve ter percebido o tema da saúde para mim é muito sensível, por razões óbvias, sendo eu aquilo que descrevo como "o utente mais caro do SNS", e também dado o peso das despesas de saúde no orçamento mensal, apesar de tudo. De facto o transplantado, fica dependente de terapias permanentes, caras e imperativas, e de cuidados de saúde associados a todas as "intercorrências" que lhe vão aparecendo sem aviso prévio. Medicamentos, MAD´s, consultas, transportes, etc, tornam a vida difícil, e qualquer alteração pode tornar-se insuportável.

Ontem o ministro foi ao Parlamento anunciar que há hospitais falidos, dívidas de 300 milhões, por hospital, o que gera uma situação explosiva. A resolver, claro ! As coisas não podem ficar na mesma, reconheça-se. Mas, segundo entrevista de Adalberto Fernandes, da ENSP, e ex-director de S. Maria, não pode ficar no ar a ideia de que tudo isto se deve apenas a má gestão. Na realidade o Estado e a ADSE têm dívidas "colossais" aos hospitais e enquanto não pagarem o equilibrio não será atingido. Se há que cortar que se corte, mas primeiro é melhor cada um assumir as suas responsabilidades. Isto Macedo não referiu. É afinal assim uma espécie de "pescadinha de rabo na boca"...

A passarada avoa avoa ...

Sinais do tempo final de verão. As andorinhas nos últimos dias, logo de manhã cedo, concentram-se aos milhares nos cabos telefónicos em frente a casa para combinar a estratégia de partida, para a sua viagem de regresso a locais mais próprios para passar o inverno. É uma maravilha da natureza, pensar como tais aves conseguem, sem falar, pôr-se de acordo, coisa de que dão exemplo aos humanos... Depois partem em conjunto para locais que estão inscritos nos seus genes, e que a aprendizagem de vida lhes ensinou como bons. Afinal é fácil. A Maria Augusta sacou da câmara e obteve esta foto do acontecimento.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

PS terá uma presidenta ?

Tudo indica que sim. Isso é uma boa notícia, não pela importância do cargo, que é pouco mais que honorífico e de representação do partido, pelo menos assim foi exercido por Almeida Santos, mas pelo facto de Maria de Belém Roseira ser uma das pessoas que mais admiro nesse partido, e que ainda nos conturbados tempos correntes tem mantido, como líder parlamentar, uma postura de grande lucidez e dignidade, não fazendo parte dos políticos com amnésia que referi em post anterior. Trata-se de alguém credível, o que já começa a ser dificil de encontrar na política, coerente e de enorme prestígio. Pode ser um bom exemplo a dar para o PS que ajude ao seu reencontro de uma linha política adequada aos novos tempos.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Retoma

Após algumas semanas de interrupção retomei hoje os passeios na Barragem. Senti que a mobilidade melhorou um pouco. A retoma da vida normal, dentro desta normalidade mitigada, vai ter de ser um facto. A dor não pode comandar.

Notícias de Macedo

Uma boa e outra má. Começando pela boa, assinou um protocolo com a Ordem dos Médicos para a realização de um documento de "Boas Práticas" que, já tinha referido em anterior post, parece ser a boa base de trabalho para que as decisões a tomar não sejam "cegas". Assim podem ser identificadas áreas em que se pode poupar muito dinheiro. Não é, no entanto, para já.

A má. Aparentemente designou para coordenar um grupo de trabalho que vai estudar os cortes na Saúde, um tal Mendes Ribeiro, ex-gestor do BPN de Oliveira e Costa, e segundo o jornal i de hoje, apesar de longo curriculo na economia da Saúde, está esse curriculo recheado de más experiências e resultados desastrosos por onde tem passado. Ainda segundo o jornal i, a sua gestão à frente do Grupo Português de Saúde, da SLN, saldou-se por um enorme fiasco com decisões no mínimo "discutiveis". Mas nisto, diz-me com quem andas...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pedido de desculpa ...

Ontem o ex-secretário de estado Zorrinho, exigiu um pedido de desculpa do actaul Governo por aumentar os impostos ao contrário do prometido. É preciso ter lata ! E quando é que o Zorrinho e outros nos pedem desculpa pela sua incompetente governação no Governo Sócrates, que conduziu o país aonde se está a ver ? De facto políticos atacados de amnésia é um espectáculo sempre triste de se ver...

sábado, 3 de setembro de 2011

Ondas de choque

Já começaram as ondas de choque dentro da coligação acerca das decisões do Governo, seja no domínio fiscal, onde Marques Mendes e Manuela Ferreira Leite abrem as hostilidades, embora ontem no Parlamento os deputados do CDS tenha tratado o tema, demarcando-se destes aumentos de impostos, e questionado o ministro suporífero com a regra do 1/3  receitas 2/3 despesas, cada vez menos clara. As decisões de Paulo Macedo também sofrem contestação, seja da classe médica e enfermeiros, seja hoje de um antigo ministro de Cavaco, Paulo Mendo, e a demissão da responsável pela politica de transplantes. Não se vê na Saúde como os cortes a fazer permitem manter a qualidade dos cuidados prestados. E será que vamos, num país civilizado, embora pelintra, deixar morrer pessoas que podem fazer um transplante e ganhar nova vida, "apenas" porque não há dinheiro? Não seria preferível eleger outros cortes, fazendo uma forte aposta na redução do desperdício, começando pela prescrição médica, favorecendo genéricos, ou estabelecendo protocolos, que podendo ser um pouco menos eficazes, são muito mais baratos. Ainda há pouco numa conversa que assisti, e durante o meu longo internamento pude constatar que assim é, se prescreve terapia intravenosa para doentes que podem muito bem fazer a mesma terapia oral, com eficácia equivalente. Há que juntar quem sabe, analisar de "cabo a rabo" as práticas e fazer propostas de melhoria da eficiência. Reconheço que é mais fácil cortar nos incentivos à recolha de orgãos, e mais rápido, mas será que é humanamente aceitável ?

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Macedo volta a explicar

Em entrevista ontem na TVI, Paulo Macedo explica de novo o que quer fazer na Saúde. Reconhecendo embora que se nada se fizer o SNS cai na ruptura, fiquei preocupado com alguma das afirmações. Que não tem tanta certeza assim da manutenção da disponibilidade dos serviços, da impossibilidade de manter a situação relativa aos transplantes, onde como se sabe Porugal está bem posicionado, do aumento das taxas moderadoras e revisão das isenções, da alteração das comparticipações nos medicamentos. Já a redução dos desperdícios parece bem, o encerramento de urgências também, dada a sua sobreposição ou excessivo recurso aos serviços, entre outras. Espero para ver, mas penso que os rendimentos não devem ser determinantes para  indicação dos novos valores das taxas, pois se é verdade que nem todos têm a mesma necessidade, mas o pequeno valor das taxas não é uma "ajuda", dado que nem todos descontaram da mesma forma, e não é justo que aqueles que muito descontaram durante anos, agora que precisam tenham de pagar, para outros que pouco ou nada descontaram. Peço desculpa, quero que ajudem quem precisa, mas não prejudiquem mais quem deu.

Expresso da Patagónia

Parece impossível, mas ainda não tinha lido qualquer livro de Luis Sepúlveda, sendo ele um escritor tão lido em Portugal. Li agora o primeiro e já terminei, "Patagónia Express". Gostei muito, e fiquei com água na boca para ler mais. Trata-se de um verdadeiro livro de viagens, mas um livro de viagens da fuga à ditadura e do regresso ao Chile, paisagens humanas revisitadas, figuras que marcam pela sua particularidade. Livro que se lê de um fôlego, com muito interesse, como se de ficção se tratasse, recomenda-se, como mosaico da América Latina, e um verdadeiro panorama do Sul.

Figos da Índia

Ouvi na rádio hoje de manhã, um evento este fim de semana em Martinlongo, concelho de Alcoutim, acerca do figo da índia. Não sabia o que era e fui ver. É um figo de um cacto, que nos países mediterrânicos, se come com cautela, pois está rodeado de picos. Verifiquei que em Martinlongo se preparam para lançar tal produto em actividade económica, existindo já uma experiência piloto de plantação, e visam aumentar a produção para exportar. Para além da alimentação, usa-se em produção de corantes, óleos para cosmética, entre outros, sendo assim um produto com real interesse económico a prazo. Saliento que é bem característico do Norte de África, na Tunísia vê-se muito e cresce de forma expontânea, embora possa ser cultivado de forma estruturada. Interessante...

Ai o meu bolso... o munícipio de Ourique aumenta factura da água

Para além do Governo que prepara um verdadeiro rombo ao bolso do contribuinte, outros lhe seguem o exemplo.
O Município de Ourique, fez o milagre da multiplicação da factura da água. Valores que durante anos rondavam os 6 a 7 euros mensais, há cerca de três meses passaram para valores da ordem dos 25 euros mensais, isto é aumentos superiores a 300%. Claro que os ilustres autarcas vão sempre dizer que não é bem assim, pois a factura da água contém outros factores. E anteriormente como era ?
Vamos ver um exemplo. Na actual factura ( Agosto) o consumo de água resume-se a 5 euros mais IVA. Mas a esse valor soma-se uma parcela de "Taxa fixa de água", de 3,5 euros mais IVA. "Águas residuais" 4,8 euros mais IVA, "Resíduos sólidos" 6,2 euros, isento de IVA, "Taxa de recursos hídricos" 1,04 euros mais IVA. No total a cabeças pensantes desta autarquia, conseguiram inflacionar uma factura de água de pouco mais de 6 euros, numa factura de quase 22 euros, sem se saber exactamente o que se está a pagar. Poderíamos dizer que se fizeram obras, que se melhorou a rede, que a qualidade da água é melhor, mas não. A água continua imprópria para consumo humano normal, os valores de parâmetros não são conhecidos, cheia de resíduos, lamas e outras sujidade, tornando-a quase imprópria para o consumo. Basta ver os filtros das torneiras para verificar a qualidade dos resíduos... e se se ferver verifica-se o depósito que resta. Uma vergonha. A rede permanece envelhecida e a precisar de reforma, mas nada é feito neste sentido.
Assim é fácil gerir, com o dinheiro dos outros e fazendo pagar rubricas fictícias que são mero pretexto para assaltar os bolsos dos munícipes.
(As contas estão feitas para um consumo de 13 m3).