sexta-feira, 9 de maio de 2014

SNS ( versão pós-troyca), uma crónica pessoal

Após esta estadia pelo hospital público a que chamo "a minha segunda casa", e onde sou sempre muito bem tratado pelo pessoal, pois sou um utente "fidelizado" há sete anos, devo confessar que estamos já perante algo diferente, com as medidas que não ferindo o essencial da função hospitalar, atingem o conforto dos doentes. É a saúde pós-troyca. Vejamos alguns exemplos. Começamos pela manhã, ao tomar banho temos de nos limpar a lençóis da cama, pois não existem toalhas, e preparar para procurar gel de banho que escasseia, e nos banheiros a falta de renovação transforma-os em "piscinas", pois a água escorre para fora, e desleixo gera desleixo, o desleixo dos utentes acaba por tornar tudo numa enxovia. Assim melhor tomar banho cedo, levar gel de casa e pedir à familia toalhas de banho. Já agora comprar uns pijamas, pois os que fornecem vieram da prisão de Alcoentre... A meio da manhã acabaram com um iogurte que era fornecido pelas 11 horas, assim comida só ao almoço. Apenas se exceptuam os diabéticos ( me !!! que sorte...) que mantêm este "casse-croute". O pessoal corre dum lado para o outro, pois houve reduções, mas mais do que isso é nitido que a desmotivação impera, o que em alguns afecta o desempenho, com impacto no doente. Têm de dar a cara por decisões que os ultrapassam. Felizmente não faltam medicamentos, nem equipamentos, mas falta "alma". Os medicamentos hospitalares que se trazem para casa, como no meu caso, só são dados para um mês, o que implicaria deslocações, dispendiosas para quem mora longe. Claro que a acção gera reação, e eu que já sou "rato hospitalar", encontro sempre estratégias para contornar estas "pedrinhas na engrenagem", que provocam o efeito contrário ao pretendido por estes que vêm a gestão da saúde como a "gestão de uma fabrica de sabonetes". Mas o essencial salva-se, os cuidados de saúde são bons, e os exames fazem-se sem restrições, falo por mim que neste periodo fiz duas ecografias, um TAC, um Dopler, um cateterismo (onde sofri como um cão...), um ecocardiograma, um RX, um ECG, e muitas dezenas de análises. Fiquei de "papo cheio", espero que a troyca não saiba... assim a saúde pós-troyca é igual à outra, mas em versão "desconfortável", esperemos que fique só assim !!!

2 comentários:

  1. Pois as saídas limpas têm as suas consequências...

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    1. isso, limpas para uns, sujas para muitos outros, que apanham as canas do foguetório.

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