sábado, 3 de dezembro de 2011

Regras

A REGRA DO JOGO


Adivinham-se tempos difíceis:

a obsessão apoderou-se das tribos;

uma vírgula pode ser um crime,

a ameaça esconde-se numa frase incompleta.

Os jornais encheram-se de notícias peregrinas,

os editoriais ponderam. Murmura-se

nas fileiras, a especulação prospera.

Com um salário que é como mau tecido,

depois da primeira lavagem, o funcionário público

poupa na fruta, no tabaco, no queijo. Amanhã,

de comboio, a História enfrentará o seu destino,

ou, pelo menos, uma cópia que levará tempo

(medido em lustros) a rasurar.



Do poeta José Alberto Oliveira, uma vista pelos tempos que correm. Curioso, o poeta é também o chefe da Unidade de Cuidados Intensivos de S. Marta, onde estive três meses a aguardar o transplante e sem saber esta sua faceta, quando muitas vezes me auscultava.

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