sábado, 12 de junho de 2010

Em leitura



No quadro do Clube de Leitura da Biblioteca Municipal de Silves, coordenado pelo José Fanha, estamos agora a ler "A neta do senhor Linh", pequeno romance de Philippe Claudel. É a história improvável de uma amizade entre duas pessoas que não se conhecem, que não falam a mesma língua e não compreendem uma palavra do que o outro diz, estiveram no mesmo país (Vietname?) em campos opostos, sendo que o seu entendimento se faz pelo que cada um "ouve" e "vê", e não pelo que "dizem". Pelo meio há uma neta, um bebé que afinal já não existe... Uma curta citação, porque não?

"O senhor Linh olha para o amigo. Vê-o abalado por um profundo soluço, interminável, como se emergisse da última palavra que acaba de proferir. Não se acalma. Todo o corpo de homem gordo estremece, dir-se-ía um navio debatendo-se contra uma tempestade. O senhor Linh procura abraçar o amigo pelos ombros, mas o seu braço é muito curto para uns ombros tão largos. Sorri-lhe. Esforça-se por transmitir muitas coisas através daquele sorriso, mais coisas que uma palavra pode conter. Depois volta-se para o horizonte, dá a entender ao amigo que também precisa de olhar para longe, muito longe, e então, com uma voz que não é triste, é cheia de alegria, o senhor Linh repete o nome do seu país, que soa de repente como uma esperança e já não como uma dor, antes de estreitar o amigo nos braços, e de sentir protegido e não esmagado por eles, o corpo de Sang Diû entre os seus corpos."

O senhor Linh é uma refugiado, o senhor Bark, o homem gordo, um antigo combatente, Sang Diû a neta do senhor Linh, "bebé" de poucos meses.

Cerca de 90 páginas de pura emoção.

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