domingo, 22 de junho de 2014

Manaus by me

Hoje só se fala em Manaus, futebol oblige !!! A mim recorda-me, ao ver as imagens, 3 ou 4 dias que passei em Manaus em Novembro de 1995, uma experiência inesquecível para o bem e para o mal. Integrada numa visita de um mês ao Brasil, em que se deu uma enorme volta ao país, que ainda não era a Meca do turismo de praia em Portugal. Manaus é uma ilha !!! só lá se chega de avião ou de barco, embora a 2000 km da costa atlântica, eu cheguei de avião, ía do Rio com escala em Brasília, e aterramos já depois do meio dia no aeroprto internacional Eduardo Gomes, que era uma pequena gare, onde estavam três ou quatro aviões da TAM, companhia onde voamos, e ao sair sentia-se um calor intenso e um cheiro adocicado muito forte e agradável, de autocarro fomos para o hotel Amazonas, no centro, um hotel no limite do razoável. As ruas apresentávam uma degradação impressionante, o trânsito caótico e autocarros velhos e ferrugentos, mas tudo parecia ter um sentido no caos. De tarde fomos à praia, na Ponta Negra, apanhamos transporte público, mas o aspecto dos amazonenses era muito diferente dos brasileiros que tinhamos conhecido até ali, baixos, atarracados, cor escura e um ar um pouco simiesco, e causavam receio, na praia, que era no rio, havia milhares de pessoas e nós europeus muito branquinhos a dar nas vistas, e a ser olhados como seres estranhos e com razão. Para chegar à praia o autocarro atravessava favelas e favelas sem fim, onde a miséria era total. No regresso a mesma coisa, as ruas esburacadas, os passeios inexistentes e os esgotos a céu aberto, eram substituidos no centro por esgotos, embora as tampas estivessem ausentes. À noite no Hotel um excelente jantar, filetes de pirarocu, o tal peixe gigante, pescado no rio, que chega aos 300 kilos, e que mais tarde vimos ao vivo no mercado, a ser esquartejado e vendido aos bocados como se de carne de vaca se tratasse. Excelente de sabor, a que sempre acrecentavam um sabor tropical. Saida à noite, e a surpresa total. As ruas estavam desertas de pessoas, mas das tampas de esgoto milhares de baratas saiam, e outros insectos tomavam conta do espaço público, aconselhando o regresso ao Hotel aos mais sensíveis, era o meu caso que detesto tais bichos. No dia seguinte visitamos o museu do Amazonas e a célebre Ópera, lindissima, construida peça por peças com material que foi da Europa e que subiu o Amazonas de barco. Um vislumbre para a vista e para o engenho humano, vindo dos gloriosos anos da borracha, entretanto caídos no esquecimento. Visitamos o mercado, o porto onde milhares de embarcações acostavam, pois todo o transporte de mercadorias se faz de barco e o rio é navegável além dos 2000 km até Belém, a juzante,  mais 1700 para montante até S. Gabriel da Cachoeira. A presença de paquetes enormes era uma surpresa a 2000 km da costa mostrando a dimensão do rio. Muita gente vivia nessas embarcações. Uma visão espetacular. No dia seguinte visita de barco ao célebre encontro das águas, um espectáculo único, onde os rios Negro e Solimões, se juntam e  dão origem ao Amazonas, juntando as águas negras do rio Negro  e as lamacentas do Solimões, que durante quilómetros não se misturam.  Ali a largura do rio é tal que não se avistam as margens, parecia mar. A ida a Manaus não fica completa sem uma visita ao rio, às aldeias indias onde se pode conviver com eles e as suas crianças, que para ganhar uns tostões nos nostram aves, cobras. macacos e preguiças, que pegam nas suas mãozinhas pequeninas, sem medo. Uma visita nocturna no rio mostra-nos os jacarés bebés que são procurados e fotografados pelos turistas, quando os seus olhos brilham ao foco de lanternas dos meninos condutores de canoas, e uma pesca às piranhas, nem sempre conseguida. Foram dias inesquecíveis, apesar da chuva torrencial que muitas vezes aparecia nem se sabe de onde vinha. Regressamos pois faltava muito Brasil. No aeroporto todos os brasucas vinham carregados com electrodomésticos, pois os brasileiros vão comprar a Manaus estes aparelhos por ser zona franca, o que atraiu muita industria para compensar a quebra da borracha.
Apanhamos um avião que era um verdadeiro autocarro. Já vinha da cidade de Boavista, capital do estado da Roraima, quase na Venezuela, e a partir de Manaus parava em Santarém, mais uma pequena cidade Amazónica, S.Luis, no Maranhão, Belém no Pará, e Fortaleza, nosso destino final. Logo ao levantar voo, uma enorme trovoada e um relâmpago fez o aparelho perder muitos metros numa queda violenta, causou o maior medo que já tive em viagem de avião, era a Amazónia a deixar a sua marca. Jamais esquecerei estes dias que agora recordo com saudade. Recomendo uma visita, pois segundo vejo agora alguns dos aspectos mais negativos estão ultrapassados, cerca de vinte anos depois.

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