segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Dora Bruder

Em 1942 um anuncio num jornal, os pais procuram a sua filha desaparecida. Em Paris, uma Paris ocupada pelos alemães, numa França dividida entre duas realidades que eram duas faces da mesma moeda, os ocupantes, e a zona livre, na realidade composta pelo regime pró nazi de Vichy. A filha desaparecida é Dora Bruder. Filha de judeus, escondida pelos pais enquanto judia, numa cidade onde é perigoso existir, só resulta rastejar, entre os criminosos e os colaboracionistas. O internamento era o mais normal para quem era fora do normal. Vinte anos depois alguém procura Dora Bruder, a partir do anuncio, e percorre o seu caminho nas ruas, nos prédios que se julga ter habitado, nas escolas onde possa ter estado, nas prisões onde uma adolescente terá sido presa, com prostitutas, comunistas, desamparados, judeus e outros "anormais", nos campos onde terá sido internada, nas manhãs geladas de 1942, nos vagões que a terão transportado, nos campos onde terá terminado sua curta vida. Dora Bruder é um excelente pequeno livro do nobelizado Patrick Modiano. Onde reconstrói um enorme puzzle, de uma Paris cidade de escuridão, servidão e desumanidade, em 1942, dias de chumbo, onde o homem foi predador do próprio homem. A ler.

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