terça-feira, 8 de agosto de 2017

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Vinte cinco anos atrás estávamos tristes, envolvidos pelo sofrimento de uma morte prematura, pela revolta da partida, inapelável, sem recurso e sem regresso. Uma vida que se destroçou na vertigem da doença prolongada, como agora chamam de uma forma benevolente. Um corte com a esperança de prosseguir o sonho, com a liberdade de conhecer filhos adultos, netos, de acompanhar o desenvolvimento daqueles que se ama. E a consciência da morte não alivia, apenas tortura, por isso também foi libertação do fardo de um corpo que pesa. Sei que muitos torceram o nariz a muito do que se passou, ou supõem ter-se passado. A reação de cada um perante a força da morte é assunto seu. A morte nunca é um problema bem resolvido. Apenas desilusão, frustração e falhanço. Para quem morre e para quem sobrevive. Muito mais tarde estive também esperando a morte entrar pela porta da enfermaria. Mas eu tinha a possibilidade de também a salvação chegar antes. Aconteceu. não posso imaginar como seria se ela tivesse falhado.

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