Terminei a leitura de "Vinte anos e um dia", romance de Jorge Semprun. Espanhol, francês, cidadão do mundo, Semprun talvez seja uma das personalidades mais fascinantes da Europa do século XX. Nascido em 1923, faleceu em Junho deste ano. Nascido em Espanha, viveu em França desde cedo por ser filho de personalidades políticas da Republica Espanhola. Fez um percurso político no PCE, foi internado em Buchenwald pelos nazis e sobreviveu; mais tarde veio a abandonar o PCE. Já no período da democracia foi ministro da cultura no final dos anos 80.
Este romance, que eu considero dos melhores que tenho lido, data de 2003, e entre a ficção e a realidade, está assente na recordação de um assassinato em 1936, de um filho de uma grande família rural, o qual, no final da guerra é reconstituido todos os anos com os seus participantes, ou descendentes, numa tenebrosa cerimónia de expiação. Mas Mercedes Pombo, jovem viúva, esposa do jovem assassinado, vai-nos recordar a relações eróticas escondidas, os rituais privados, o ambiente "espesso e violento" do pós~guerra em Espanha. Um romance excepcional, um autor que acaba ele próprio envolvido na trama.
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