domingo, 5 de janeiro de 2014

Eusébio (1942-2014)

Morreu Eusébio, com uma insuficiência cardíaca, onde teve menos sorte do que eu, que durante quatro anos convivi com ela até á beira do desfalecimento. 1966, com 13 anos, o futebol não se via em casa, pois poucos dispunham da caixinha que mudou o mundo, via-se em casa dos vizinhos, nas montras dos estabelecimentos, ou nos cafés, snacks, cervejarias, tascas e tabernas. Decorria o campeonato do mundo de futebol em Inglaterra, eu ía com o meu tio Zé Pereira ver os jogos no café do Bairro da Mina, na Amadora, onde morávamos, ele pedia um café e uma Mosca, eu bebia uma Laranjina C, e assistiamos aos jogos quase sempre a meio da tarde, os jogos à noite só mais tarde, e foi assim que conheci Eusébio, as suas jogadas mirambolentes, os seus golos convincentes e a sua capacidade de jamais se render e de acreditar na vitória, de se dar completamente ao jogo. Embora integrado nos três F's do regime ( Fado, Futebol e Fátima), ele foi a maior vitima desse regime que não lhe permitiu uma carreira internacional, quase nacionalizando as suas chuteiras. Era o maior, foi o melhor, e só teve a sombra de Pelé. Nos meus 13 anos iluminou aquele meu Verão de 66, que ao terminar deixou a todos um amargo de boca, o regresso a um país cinzento e sem alegria, a alegria que nos transmitiu nesse Verão quente. Obrigado.

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