terça-feira, 8 de abril de 2014

O meu 25 de Abril (38)

Tiveram uma efectiva influência no inicio dos anos 70, e ficaram conhecidos por ala liberal. Foram eleitos em 1969 e mantiveram-se até 1973, mas nas "eleições" desse ano os que ainda restavam, pois foram-se demitindo de deputados, foram expurgados da lista da ANP. Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Miller Gurra, Mota Amaral, Magalhães Mota entre outros, foram convidados a integrar as listas da ANP, novo nome dado por Marcello à antiga União Nacional, como independentes num total de 30 deputados em 1969. E durante cerca de 3 anos, com as suas intervenções, e com o impacto que tiveram, nomeadamente no jornal Républica, mostraram o quanto a "evolução na continuidade" era uma mistificação. Em 1970, no debate da revisão constitucional, proposeram o que na prática seria a entrada num regime democrático, só que o regime não estava para aí virado, e todas as propostas da ala liberal foram chumbadas e ridicularizadas pela "carneirada". Ficaram célebres as polémicas entre Sá Carneiro e o deputado ultra nacionalista Francisco Cazal Ribeiro. Eu acompanhava muito estes debates que eram publicados com grande destaque, e sendo debates parlamentares a censura tinha algum pejo em cortar o seu conteúdo, pelo que o impacto publico era excecional, numa classe média que lia jornal e que não se identificava nem com o regime, nem com a oposição de influência comunista e terá sido esse um grande contributo para um 25 de Abril em que não se disparou um tiro e em que a unanimidade era total. A ala liberal ajudou muito a desacreditar Marcello Caetano, que no inicio ainda tinha a imagem de liberalizador, e para esse fim muito ajudaram com as suas intervenções. A maioria deles depois dos 25 de Abril criaram o que hoje é o PSD, outros aderiram as PS mas o seu contributo estava dado.

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