domingo, 29 de julho de 2012

Diálogo improvável

No Público de hoje.

"- Bom dia, é da receção? Gostaria de falar com alguém que me desse informações sobre um doente internado.
- Qual o nome do doente ?
- Chama-se Celso e está no quarto 302.
- Um momento, vou transferir a chamada para a Enfermaria.
- Bom dia. Fala a enfermeira Lurdes.
- Gostaria de saber a condição clínica do doente Celso, do quarto 302.
- Um minuto que vou ligar ao médico de serviço.
- Daqui fala o Dr. Sousa, em que posso ajudar?
- Bom dia Dr. Gostaria que alguém me informasse a situação do senhor Celso, internado há três semanas no quarto 302.
- Só um momento. Hum ! aqui está. Alimentou-se bem hoje, a tensão arterial e a pulsação estão estáveis, responde bem à medicação prescrita e amanhã vai ser retirado da monitorização cardíaca. Continuando assim deve ter alta até quinta feira próxima.
- Ah, graças a deus que boas notícias...
- Certamente é um familiar próximo ?
- Não, sou o próprio Celso, a telefonar aqui do 302. É que toda a gente entra e sai e ninguém me diz nada. Eu só queria saber como estou..."

No artigo "O doente do quarto 302", Laura Ferreira dos Santos, fala-nos sobre o desvio do "especialista" e da necessidade da base do sistema ser a medicina familiar, a partir deste diálogo cuja realidade é algo mais do que uma história anedótica. Eu próprio por vezes recorri a mão exterior para saber o que se passava no interior. Ai os especialistas com pouca capacidade de comunicação e senhores da sua ciência estão em todo o lado. Se pelo menos tiverem ciência...

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