sábado, 21 de julho de 2012

José Hermano Saraiva

Faleceu ontem e vai hoje a sepultar. Dos poucos que atravessou regimes sem ser magoado por eles. A sua postura e dimensão era superior à dos regimes que serviu, a força das suas convicções estava para além das conjunturas. Não precisou da política para nada pois a sua grandeza estava na palavra, a sua força vinha do interior e não da circunstância. Em 1969 foi o ministro que regulou a "agitação" em Coimbra. O que não o impediu de vir a ser o grande comunicador que em 1971 apresenta o "Tempo e a Alma", primeiro grande programa acerca da divulgação da História. Num regime que fazia da História (os célebres 8 séculos... ) a validação de uma politica colonial odiosa, Saraiva apresentava a história dos povos e dos seus líderes, como se de uma "estória" se tratasse. Tinha 19 anos, já andava na Universidade, vi o seu primeiro programa, e todos os outros, e lembro o impacto que me causou, e que causou no país interessado. No dia seguinte comprei o Diário de Lisboa, e fui ler a critica do Castrim. Até o Castrim se tinha rendido ao professor, afinal não estava enganado a história era mesmo outra, e não as "lendas dos feitos dos portugueses". Depois foi o que se viu. Jamais o professor deixou de nos interessar, e fez mais pela divulgação da História de Portugal que todos os Mattosos juntos (salvaguardadas as devidas distâncias). Poucos serão os portugueses, e não só, que não se recordarão dele, pobres e ricos, cultos e menos cultos, poderosos e simples, a todos tocou por igual, sem nunca se negar, contradizer ou querer esconder aquilo que sempre foi, um convicto nacionalista, admirador de Salazar e seu regime, por fidelidade e por convicção.

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